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sexta-feira, março 27, 2015

Foi o betão, Piketty!

in The Economist

Um puto de 26 anos, Matthew Rognlie, confirma ideia de Marx sobre a queda tendencial da taxa de lucro, desmontando assim a mais recente "narrativa" sobre a rentismo capitalista.


A luta de classes entre o capital e o trabalho talvez explique parte do empobrecimento da classe média, mas não porque o capital tenha ganho vantagem escandalosa sobre quem produz, mas antes e surpreendentemente, segundo demonstra o artigo que promete desbancar o volumoso Capital in the Twenty-First Century, porque houve transferências multi-milionárias e efetivamente escandalosas de rendimentos da classe média para uma elite de especialistas, gestores empresariais e financeiros, advogados de topo e políticos que, em benefício próprio, aproveitando vantagens de conhecimento, e de poder, interferiram de forma pesada na redistribuição dos rendimentos do trabalho.

Por outro lado, grande parte das vantagens obtidas pelo capital, desde meados da década de 1970 para cá, deveu-se ao crescimento imparável do setor da construção, ou seja, do mercado imobiliário, e não propriamente da engorda de um qualquer setor rentista do capital. Assim, quando o setor imobiliário se transformou numa bolha, rebentou (colapso do Lehman Brothers, Fannie Mae e Freddie Mac, etc.), e os cacos ficaram suspensos no interior de uma nova bolha de juros negativos e liquidez contabilística, o desemprego disparou forçosamente como a principal consequência social de uma implosão económica de proporções gigantescas, provocando um efeito de dominó no resto da economia.

Uma economia global baseada em capital intensivo —necessário ao financiamento, cada vez mais caro, da produção de energia, do capital fixo e do próprio trabalho, produtivo e não produtivo— tende a erodir as suas próprias qualidades. A oferta agregada mundial já não é capaz de satisfazer a procura agregada global a preços compatíveis com os rendimentos do trabalho. Ao excesso de procura, numa primeira fase, responde-se com inflação. Mas a inflação faz subir todos os preços, e o efeito, assim que a monetização das dívidas acumuladas para suportar a corrida inflacionista começa a comer todas as poupanças e o capital pela via da morte deflacionista, a procura cai estruturalmente, e todos os efeitos parecem então confluir para a destruição do próprio modelo de sustentação do capitalismo financeiro tal como o conhecemos até hoje.

O paper de Matthew Rognlie é um estudo preciso e precioso. Não se alarga em considerações, como as que acabo de expender. O Economist deu fé do mesmo, et pour cause! Não deixa de ser mais um dardo fatal dirigido ao peito dos maniqueístas de esquerda.

NIMBYs in the twenty-first century
The Economist, Mar 25th 2015, 12:08 by C.R. | LONDON

SINCE the publication of "Capital in the Twenty-First Century", Thomas Piketty has won many plaudits for his work on inequality. The book has so far sold more than 1.5m copies. Its arguments have been praised by Nobel-prize winners and politicians alike. Last year it won the Financial Times's business book of the year award, despite the newspaper's attempts to poke holes in the book's data and arguments. On March 25th Prospect magazine put Mr Piketty atop its World Thinkers list for 2015 (alongside Yanis Varoufakis, Greece's leather-jacket wearing finance minister, Naomi Klein and Russell Brand, it should be noted). But a new challenge to Mr Piketty's book has just appeared, and from an unexpected direction.

On March 20th Matthew Rognlie (pictured), a 26-year-old graduate student at the Massachusetts Institute of Technology, presented a new paper at the Brookings Papers on Economic Activity. Although the paper began its life as a 459-word online blog post comment, several reputable economists regard it as the most serious and substantive critique that Mr Piketty's work has yet faced.

Matthew Rognlie, MIT Department of Economics

Deciphering the fall and rise in the net capital share
BPEA Conference Draft, March 19–20, 2015
Matthew Rognlie, MIT Department of Economics [pdf]

The story of the postwar net capital share is not a simple one. It has fallen and then recovered—with a large long-term increase in net capital income from housing, and a more volatile contribution from the rest of the economy. Outside of housing, it is difficult to explain the observed path of the net capital share via returns on the underlying assets.

[...]

Beyond housing, the results in this paper (if anything) tentatively suggest that concern about inequality should be shifted away from the split between capital and labor, and toward other aspects of distribution, such as the within-labor distribution of income. [Conclusion]

[e...]

There is greater support in the data for narratives that emphasize cyclical and trend variation in market power. [Abstract]


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