Ministro ao fundo por causa da Ota
O modo como o actual ministro das obras públicas anunciou o carácter definitivo e a urgência da escolha da Ota para novo aeroporto internacional de Lisboa foi um autêntico acto de ligeireza política. Pergunta-se: poderemos um dia responsabilizar este senhor pelo disparate em curso?
Perante a perspectiva provável de vir a perder as próximas eleições autárquicas, o governo Sócrates parece ter enveredado já por uma daquelas fugas em frente que normalmente vêm a custar muito caro aos respectivos autores. Para já, custou-lhe o ministro das Finanças. Acham pouco? Pois eu acho muito. E acho também que o declínio do actual governo pode muito bem começar por deslizes deste tipo. Cavaco Silva, sobretudo depois da manhosa entrevista de Freitas do Amaral, nunca esteve tão próximo de ver realizado o seu sonho presidencial (que para ele só terá sentido se for um trampolim para um regime mais presidencialista, capaz de demitir o actual governo, apesar da respectiva maioria absoluta).
Que lóbi é este, o da Ota, que consegue eliminar um ministro tão crucial para este governo, como era Luís Campos e Cunha? Que fará o dito lóbi a gente como António Vitorino, e outros, que se atrevam a ter dúvidas sobre a bondade da opção governamental pela Ota? Este caso começa a ter contornos muito esquisitos.
Entretanto, como o tema dos novos aeroportos nos interessa, e sobre ele temos vindo expender opiniões e a resumir argumentos de alguns especialistas, recomendamos uma passagem pela compilação de textos sobre o assunto reunidos no sítio de O Grande Estuário.
O-A-M #85 21 Julho 2005
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