terça-feira, agosto 16, 2011

A morte dos "grandes grupos"

O fim do regime não foi em 1974, vai ser em 2011!


A edificação criminosa de Obras de Arte como esta, e das anunciadas barragens da EDP, é a causa mais visível do colapso em curso. Mas a causa profunda foi o incesto entre uma burguesia palaciana inculta e uma classe partidária ávida de mordomias.
Família Mello dá património para garantir dívida do Grupo

Situação financeira do Grupo Mello está no limite. Garantias dos empréstimos estão a valer menos, família já entrou com património junto dos bancos. Grupo desvaloriza. Acções da Brisa também” — Jornal de Negócios, 16-08-2011.

Pergunta ao primeiro ministro Pedro Passos Coelho: foi para segurar os Mellos da Brisa e dos hospitais (que o contribuinte deixou de poder alimentar a Pão de Ló) que o senhor colocou o seu colega de partido e empregado da Brisa, António Nogueira Leite, na Caixa Geral de Depósitos? Não acha que é tempo de perceber que a Caixa está demasiado exposta e já não aguenta mais patifarias?

Um dia antes da notícia do Jornal de Negócios acima citada tínhamos escrito do Facebook d' O António Maria:

“As receitas têm vindo a cair a pique tanto na Ponte 25 de Abril, como nas autoestradas e SCUTS com portagem. Logo, a solução não é cobrar o que não deveria ser cobrado, mas sim parar imediatamente as PPP programadas para mais estradas e barragens inúteis, destinadas apenas a alimentar grupos económico-financeiros aventureiros e falidos. Mas atenção: não há quem corrompa se não houver corruptos, e neste caso os corruptos de serviço pertencem à nomenclatura partidária instalada.”

O Grupo Mello é um dos vários parasitas típicos da economia portuguesa, a par dos Espírito Santos, e outras sobrevivências renascidas do Antigo Regime. Ambos estão visivelmente falidos, pois têm mais dívidas que proventos numa conjuntura duradoura em que já não conseguirão sugar mais sangue fácil ao contribuinte português, nomeadamente através da corrupta nomenclatura partidária que colonizaram descaradamente, nem renovar os créditos que outrora conseguiram nos mercados financeiros. A especulação financeira joga agora contra eles!

Quanto à indigente nomenclatura partidária que temos, em breve perderá toda a confiança do eleitorado, e afundar-se-à tão redondamente quanto os bancos e famílias que serviu escondida atrás de um biombo de democracia.

Com o estouro que este Outono promete, não vejo como poderá o actual governo salvar o que quer que seja dos falidos grupos financeiros e empresariais portugueses sobre endividados. Se ao menos a Esquerda Empalhada que temos não fosse, in extremis, a sua mais inesperada e valiosa muleta!

BPNs, Mellos, Espíritos Santos, EDPs, Impresas (SICs, Expressos, Visões, etc.), Bloco Central do Betão, Berardos, Rendeiros, quem os salva?

Parece que a Esquerda Empalhada Portuguesa se tornou no mais diligente bombeiro voluntário desta turma do passado. Estes clérigos desmiolados e oportunistas (na realidade sem uma Roma que os guie) transformaram os partidos de esquerda em sindicatos, e como tal, para defender o emprego a todo o custo, acabaram por transformar-se nos melhores aliados do incesto entre quem pode e quem manda, mesmo se ambos falidos até ao tutano. Manda a gravidade geral do capitalismo que a sua renovação pressuponha a falência dos mais fracos, ou fora de tempo, para dar lugar aos mais produtivos, inovadores e até socialmente mais justos. Pois bem, os mais corruptos, os mais desorganizados, os menos competitivos, e os que mais especulam em vez de produzir, beneficiaram e gozam do apoio objectivo da Esquerda Empalhada Portuguesa, em nome, claro está, do emprego, aliás: do pleno emprego, do emprego para todos! O epílogo desta história não poderá deixar de ser uma tragédia.

E no entanto, vai acabar por ser inevitável renacionalizar a banca e alguns grupos económicos (ou parte deles), engavetando também os banksters e políticos piratas responsáveis pela bancarrota do país. Os países emergentes, se virmos bem, estão todos ancorados em empresas e instituições públicas estratégicas, ainda que, frequentemente, escondidas atrás de nuvens impenetráveis de marcas aparentemente privadas. São estas empresas (angolanas, brasileiras, chinesas, árabes, etc.) que se preparam para tomar o lugar da ignorante burguesia de São Bento. Mas será prudente, apesar da eventual importância das alianças que poderão vir a ganhar forma entre países amigos, deixar correr tal tendência sem uma reviravolta de objectivos, de estratégias e de poderes por parte das energias anímicas e seminais que há séculos garantem a independência do nosso país?

1 comentário:

Karocha disse...

Dai andarem tão preocupados, Caro António Maria!