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domingo, junho 08, 2014

Cleptocracias

Os interesses de Álvaro Sobrinho. Infograma de "Os Donos Angolanos de Portugal"

BES ou DDT: dono de tudo? Como acabará esta família?


BES Angola não sabe a quem emprestou 5,7 mil milhões de dólares
in Esquerda.net — 7/6/2014

Segundo o Expresso, o buraco das contas do Banco Espírito Santo Angola deve-se a créditos, que representam 80% do total da carteira, sobre os quais não há informação de quem são os beneficiários nem para que fins serviram. Decisão de conceder os empréstimos foi do empresário Álvaro Sobrinho, presidente do banco até 2012 e acionista de diversos meios de comunicação em Portugal. 

Quando se verbera a cleptocracia angolana, na verdade deveríamos verberar a cleptocracia luso-angolana. Com uma diferença: Angola é um país em formação, onde a acumulação primitiva e a formação de elites está em pleno desenvolvimento —processo que, como qualquer nascimento, tem partes violentas e sujas que ninguém gosta de ver, mas que são geralmente aceites como historicamente inevitáveis. Já no caso de Portugal a coisa deveria ser diferente.

Mas não é. E sabem porquê?

Porque ao fim de 600 anos de cosmopolitismo comercial e colonialismo (1415-2015), Portugal  regressa ao seu exíguo território e está de mãos a abanar. Pior, precisa de uma sociedade transparente, institucionalmente justa, onde prevaleça o mérito, a livre concorrência, mas também a solidariedade genuína, e nada disto existe. Deixar a nossa cleptocracia à solta, fingir que não vemos, já não nos levará a parte alguma e pode causar grandes estragos à nação.

Os lunáticos que propõem a saída de Portugal da União Europeia e do euro deveriam meditar um pouco mais sobre estas questões. Os velhos e os ressuscitados estalinismos, assim como o neo-corporativismo entranhado, que regressam virulentos à sociedade portuguesa nesta espécie de estertor histórico por que estamos a passar, deveriam perceber que ou mudamos para uma sociedade genuinamente democrática e livre, sem donos, nem cortesãos e cortesãs indigentes, e sociedades secretas pindéricas, ou esperam-nos no prazo de uma ou duas décadas surpresas muito desagráveis.

Uma nota final: é do interesse de Angola e de Portugal continuar e reforçar a cooperação estratégica entre os seus povos, empresários, técnicos, intelectuais e artistas, escolas e universidades, sem confundir nunca este plano com os casos de polícia.

Vale a pena ler a notícia completa do EsquerdaNet...

BES Angola não sabe a quem emprestou 5,7 mil milhões de dólares
in Esquerda.net — 7/6/2014

Segundo o Expresso, o buraco das contas do Banco Espírito Santo Angola deve-se a créditos, que representam 80% do total da carteira, sobre os quais não há informação de quem são os beneficiários nem para que fins serviram. Decisão de conceder os empréstimos foi do empresário Álvaro Sobrinho, presidente do banco até 2012 e acionista de diversos meios de comunicação em Portugal.

[...]
A notícia do buraco nas contas do BESA já fora dada pelo site informativo Maka Angola e reproduzida pelo Esquerda.net. O jornalista Rafael Marques calculava que os créditos malparados eram na ordem dos 6.500 milhões de dólares, incluindo 1.500 milhões em juros – um valor não muito diferente do que foi adiantado agora pelo Expresso.

Segundo o artigo do Maka Angola, a origem do buraco foram os empréstimos generosamente distribuídos por Álvaro Sobrinho, “a conhecidas figuras do regime angolano, incluindo vários membros do Bureau Político do MPLA”.

[...]

Uma fonte ouvida pelo Expresso afirma que há uma alta probabilidade de que o aval do governo angolano terá de ser executado, de modo a proteger o Banco Espírito Santo de impactos diretos nos resultados e no seu capital. Nesse caso, o aval poderá ser convertida em capital social do BESA, o que tornaria o Estado angolano no principal acionista do banco, cujo capital social não chega aos 700 milhões de dólares.