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sexta-feira, setembro 07, 2012

Triunfo inSeguro

O dilema da Alemanha: 80% do seu mercado é europeu
Foto © dapd

A panela de pressão vai rebentar, só não sei quando :(

It's Time to Ask the People What They Think

The Germany democratic system has suffered as a result of the euro crisis, but it has also made fighting the crisis harder. Now it's time to hold a referendum on European integration. Only then will Berlin have the democratic legitimacy it needs to take effective action.

in Der Spiegel, By Dirk Kurbjuweit

De momento o jogo é este: obrigar o BCE a engolir toda a dívida europeia, para impedir que o buraco negro dos derivados, em que os 5 magníficos, JP Morgan, Citi, Bank of America, Goldman Sachs e HSBC estão metidos até ao pescoço, desate de um momento para outro a sugar o sistema financeiro ocidental, começando pelos próprios citados banksters de Wall Street e da City! As causas que podem desencadear o dominó são várias e de natureza diversa: bancarrota consumada da Grécia, colapso da Espanha, ou da Itália, queda sucessiva de vários bancos europeus, ou caixas de aforro, ou incumprimentos em grandes empresas, por exemplo, dos setores energético, automóvel, ou aeronáutico.
Spain Requests Bailout On September 14

“Yesterday, when Bloomberg leaked every single detail of today’s ECB announcement, which thus means today’s conference was not a surprise at all, yet the market sure would like to make itself believe it was, we noted that everything that was leaked, and today confirmed, came from a Goldman memorandum issued hours before. Simply said everything that happens at the ECB gets its marching orders somewhere within the tentacular empire headquartered at 200 West. Which is why when it comes to the definitive summary of what “happened” today, we go to the firm that pre-ordained today’s events weeks ago. Goldman Sachs.Perhaps the most important part is this: “September 13-14: Spain to make formal request for EFSF support at the Eurogroup meeting.”

in ZeroHedge

Ou seja, a vitória de Draghi, anunciada horas antes da conferência de imprensa do BCE por uma fuga de informação promovida ostensivamente pela Goldman Sachs, e saudada esta tarde em Lisboa pelo pobre inSeguro, é uma vitória de Pirro para as cleptocracias que afundaram a América e a Europa numa espiral de prosperidade virtual.

Na realidade, a Alemanha (ler resposta do Bundesbank a Draghi) foi encurralada pelos banksters de Wall Street capitaneados pela Goldman Sachs —a qual colocou, entretanto, vários dos seus agentes na Europa: Carlos Moedas e António Borges em Lisboa, Monti em Roma, Draghi em Frankfurt, a malta toda que está na Grécia, etc.

O Quantitative Easing já deixou de funcionar nos EUA e no reino pirata de sua majestade Isabel II, pelo que resta uma última válvula de segurança na referida panela de pressão: o BCE, o euro, ou seja, a Alemanha.

Rebentar com o euro, ou pelo menos colocar a moeda única na mesma situação desesperada do USD foi o plano americano que começou a ser montado com a neutralização do sátiro Dominique Strauss-Kahn, passou pela colocação de Draghi no BCE, e Christine Lagarde no FMI (até eu fui comido por parvo!), e culminou no controlo americano, agora descarado, do BCE!

O risível inSeguro, além de bronzeado, e de já se fazer ladear, despudoradamente, do padrinho Santos nas suas aparições televisivas (certamente um sinal de esperança para a tríades!), está todo contente. Não tem nenhum assessor? Ou a criatura é mesmo assim?

Vejo cada vez menos hipóteses de evitar uma catástrofe.

A menos que a Alemanha tenha ainda duas ou três cartas democráticas na manga: o seu tribunal constitucional, a possibilidade de convocar um referendo sobre o futuro da Alemanha na União Europeia (ler este artigo do Spiegel a propósito), ou até deixar o euro aos PIIGS e refundar o marco, o que vem aí são bancos, grandes empresas, governos, corporações e burocracias, todos juntos, a empurrar os calotes para o BCE, sem mudar uma vírgula nos seus comportamentos inaceitáveis.


ATUALIZAÇÃO

BES e BPI disparam mais de 10% e lideram ganhos na Europa

“Entre os bancos que compõem o índice do Stoxx600 para a banca europeia (que sobe 2,44%), o BES ocupa o primeiro lugar entre os que mais valorizam ao avançar mais de 10%. O banco liderado por Ricardo Salgado avança 10,11% para os 0,675 euros por acção. Segue-se o francês Natixis, que valoriza 7,49%, e o terceiro maior banco italiano, o Banca Monte dei Paschi di Siena, que dispara 7,14%.”

in Jornal de Negócios, 7 set 2012

O novo Far West chegou!

A euforia Draghi não durará mais do que umas semanas, ou no máximo dois a três meses, e tem uma explicação: os especuladores que apostaram nas rentabilidades predadoras das dívidas soberanas, nomeadamente como forma de compensar a atração fatal do buraco negro dos derivados ditos complexos (OTC), sabem desde ontem que terão uma janela de oportunidade para empurrar os títulos de dívida pública que compraram e/ou irão comprar, para a conta do Banco Central Europeu, tornando assim oficialmente o BCE co-responsável pelos efeitos catastróficos do sobre endividamento especulativo dos governos, das famílias e sobretudo dos bancos e shadow banks.

Ou seja, a ideia é empurrar de vez a Alemanha para as areias movediças e inflacionistas da criação suicida de uma chuva de euros virtuais sobre a Europa.

No entanto, tal como sucedeu no Japão ao longo dos últimos 20 anos o dinheiro não chegará às pessoas, nem sequer à economia real (i.e. das nano, micro e PMEs).

A inflação da massa monetária virtual servirá apenas para aumentar a riqueza e o poder dos 0,1% de grandes banksters e cleptocratas americanos, ingleses e de mais alguns países europeus, ao mesmo tempo que conduzirá a uma longa depressão das economias, associada à ruína sucessiva dos povos, a quem será, enfim, passada 99,9% da fatura do sobre endividamento, sob a forma de um assalto bancário e fiscal sem precedentes às suas propriedades privadas!

Resta saber até onde este caminho, não sendo a Europa o Japão, nos levará. Provavelmente, a uma incontrolável instabilidade política, social e militar :(

Apesar da euforia os bancos portugueses, ou continuam mortos (BCP) ou a não dar para a bica!


Última atualização: 7 set 2012 11:19

terça-feira, maio 17, 2011

FMI-BCE: dois porta-aviões ao fundo!

Strauss-Kahn substituído pelo cérebro do FMI que trabalhou com Pinochet
Judeu, financeiro, socialista, arrogante e predador sexual, anunciou, como chefe do FMI, que queria substituir o dólar por uma moeda mundial. O resultado está à vista. DSK era, afinal, um alvo fácil de abater.

Tristane Banon, escritora e jornalista foi também uma das vítimas de DSK

Dinheiro, poder e sexo selvagem sempre andaram juntos ao longo da história. Os predadores sexuais abundam nas classes e corporações poderosas: dos campos, fábricas e prisões, às casas reais, aos recém-chegados ao festim —os governos democraticamente eleitos—, às corporações de juízes e médicos, e às igrejas e ordens religiosas.

Mas não abundam só nestas esferas quase intocáveis do poder. Também nos círculos mais pequenos da vila provinciana, da aldeia, e das famílias, é fértil o terreno dos interditos e da caça sexual. O historial é interminável e foi bem tratado por autores tão eloquentes quanto Sade e Foucault. No fundo, à espreita de um corpo física ou economicamente frágil há sempre um bando invisível de faunos e vampiros sedentos, prontos a atacar. No fundo, à espreita de uma alma frágil, há sempre um predador espiritual com o texto da sedução mais apropriado ao desencadear da captura erótica e, finalmente, da submissão carnal, cuja necessidade de ocultação induz não raras vezes o crime.

Nas sociedades ocidentais modernas, abastadas e educadas, a lei e os costumes evoluíram felizmente em direcção à protecção da integridade da pessoa e da vontade humana face ao desejo alheio e às acções não-consentidas que este possa desencadear. Nenhuma violência, nem ludibrio, são consentidos, por configurarem uma violência física ou psicológica inaceitável. A crescente participação das mulheres na sociedade veio equilibrar decisivamente a balança para o lado dos mais fracos e fracas, penalizando cada vez mais fortemente a violência sexual e a violência familiar contra crianças e mulheres. Pelo que se vai sabendo de Dominique Strauss-Kahn, a justiça só peca por tardia.



E no entanto, a prisão do ainda director-executivo do FMI parece servir como uma luva aos interesses imediatos dos Estados Unidos e da Inglaterra, dois países à beira de um novo colapso financeiro. 

Há uma guerra financeira em curso movida pelo dólar-libra contra o resto do mundo, tendo a Eurolândia como principal teatro de operações. Começaram por atacar a Irlanda, a Grécia e Portugal, e agora querem apressar a ofensiva, indo directamente ao coração do sistema financeiro que ultimamente tem escapado às garras de Wall Street: o FMI e o BCE. Curiosamente, acabam de colocar esta semana no comando interino do FMI o homem que dirigiu o programa de resgate do Chile na era Pinochet. E conseguiram na semana passada assegurar, na próxima presidência do BCE, um sucessor de Jean-Claude Trichet 100% sintonizado com os money-changers desesperados de Wall Street e da City: Mario Draghi, ex-vicepresidente e director executivo da Goldman Sachs. Há só um problema: nem Washington, nem Londres, têm fôlego financeiro suficiente para impedir o maremoto das economias emergentes!

É possível que a DSK tenha sido apanhado por uma armadilha sabiamente montada pelos serviços secretos americanos. Mas para as duas problemáticas aqui abordadas, é indiferente. Se a criatura é, como transparece de vários relatos, um predador sexual, deve ser detido e castrado quimicamente, independentemente dos custos estratégicos que isso possa ter. Se havia suspeitas sobre a sua conduta, não deveria ter chegado onde chegou. Se não é culpado do que é acusado, deve ser absolvido.

Temos que separar os tabuleiros de análise, para não confundir tudo. Mas uma coisa é certa, as mudanças no FMI e no BCE vão aumentar a turbulência financeira mundial, sobretudo se os chineses e brasileiros decidirem que chegou o momento de exigir o peso que lhes é devido na instituição.

Última questão: onde ficam os portugueses no meio desta guerra financeira?

REFERÊNCIAS
Strauss-Kahn Case Bolsters Push for Change in IMF Selection (Bloomberg)

The arrest of International Monetary Fund Managing Director Dominique Strauss-Kahn may bolster a drive by Brazil and other emerging markets for a greater voice in the selection of the IMF and World Bank chiefs. [...]

The IMF’s No. 2 official, John Lipsky, last week said he would leave when his term expires Aug. 31. Lipsky is acting managing director during Strauss-Kahn’s absence from Washington. [...]

Emerging markets have also seen their clout grow under Strauss-Kahn. Last year, IMF nations agreed to rule changes that will give China the third-largest percentage of votes. In 2010, the U.S., as the largest contributor to the IMF’s resources, had 16.7 percent of the votes, followed by Japan and Germany with about 6 percent each.

Yi Gang, deputy governor of the People’s Bank of China, last month urged the fund to “continue to make substantive progress in reforming other parts of its governance, including the merit-based selection of the management.” [...]

Germany prefers having a European as head of the IMF if Strauss-Kahn quits, Chancellor Angela Merkel said today. There are “good reasons” for Europe to keep the post amid the euro area’s debt crisis, even as the role of developing nations grows, Merkel told reporters in Berlin.

[but...] Another possible candidate to replace Strauss-Kahn is Zhu Min, 59, a special adviser to the IMF and a former deputy governor at China’s central bank, said Shen Jianguang, a former IMF economist now at Mizuho Securities Asia Ltd. in Hong Kong.


John Lipsky (bios/ IMF)

Before coming to the Fund, Mr. Lipsky was Vice Chairman of the JPMorgan Investment Bank. [...]

Previously, Mr. Lipsky served as JPMorgan's Chief Economist, and as Chase Manhattan Bank's Chief Economist and Director of Research. He served as Chief Economist of Salomon Brothers, Inc. from 1992 until 1997. From 1989 to 1992, Mr. Lipsky was based in London, where he directed Salomon Brothers' European Economic and Market Analysis Group [...]

He also participated in negotiations with several member countries and served as the Fund's Resident Representative in Chile during 1978-80.

International Monetary Fund director Dominique Strauss-Kahn calls for new world currency (Telegraph)

Dominique Strauss-Kahn, managing director of the International Monetary Fund, has called for a new world currency that would challenge the dominance of the dollar and protect against future financial instability.

DSK ou l’archétype du “Sexus politicus” (Courrier International)

Le récit le plus détaillé est celui de Tristane Banon, une journaliste et romancière qui a rencontré DSK il y a plusieurs années pour une interview. Le lieu du rendez-vous était insolite : une garçonnière proche de l’Assemblée nationale, avec pour tout mobilier un grand lit et une télévision. “La partie interview a duré cinq minutes et demie”, précise Tristane Banon ; le temps que l’ancien ministre de l’Economie pose sa main sur elle et lui propose de transformer l’entretien en ce que la terminologie du FMI appellerait une physical affair. “J’ai déjà croisé des dragueurs un peu lourds, dit-elle. Mais là, c’était effrayant. Il n’était plus lui-même.”

IMF forgives its Director's Amourous Affairs (Mediavigil)

International Monetary Fund said Saturday that it would stand by its managing director, Dominique Strauss-Kahn, despite concluding that he had shown poor judgment in a sexual affair with a subordinate.

After receiving a report from an outside law firm, the executive board of the fund said there was no evidence Strauss-Kahn had abused his power or shown favoritism in his brief relationship with a senior official at the fund, who later resigned to take a job in London.

Still, the longest-serving member of the board, A. Shakour Shaalan, described the affair as a "serious error of judgment" on the part of Strauss-Kahn, 59, a former French finance minister who took charge a year ago and is now steering the fund through the most serious global financial crisis in decades.

In a statement, Strauss-Kahn said, "I am grateful that the board has confirmed that there was no abuse of authority on my part, but I accept that this incident represents a serious error of judgment."