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domingo, janeiro 22, 2023

A longa marcha da Iniciativa Liberal

IL muda de líder numa vitória escassa de Rui Rocha sobre Carla Castro. O novo líder tem algum tempo, mas não muito, para provar o que vale. Carla Castro tem mais carisma e é mais combativa. Dois ingredientes necessários para desalojar os paquidermes partidários do poleiro. Mas para assumir esta missão terá, forçosamente, que remover o recém eleito Rui Rocha assim que este começar a tropeçar no lodaçal que é a política à portuguesa.

Carlos Guimarães Pinto tem sido um notável deputado e excelente pedagogo. Mas não é um estratega.

João Cotrim, que se fez substituir por Rui Rocha—um desajeitado político evidente—fez bem em dar azo a um refrescamento do jovem partido. A Iniciativa Liberal cresceu de forma quase homogénea pelo país fora, ainda que com destaque nos distritos mais industrializados e mais educados.

O eleitorado precisa e quer uma alternativa de regime, quer dizer, uma democracia renovada, em vez do galinheiro de raposas que é há décadas. Costa e os quatro cavaleiros da nulidade socialista, os pedreiros-livres do PSD, a malta do CDS-PP, os fanáticos do PCP e os restos oportunistas da extrema-esquerda já deram o que tinham a dar, ou melhor, já fizeram estragos que cheguem ao regime, colocando o país na cauda da Europa e empurrando alegremente mais de uma milhão de portugueses para a emigração.

O crescimento do Chega é a demonstração clara de que o país está farto de votar no impasse e de pagar faturas escandalosas. Só que nem todos os portugueses fartos do regime confiam no Dr. André Ventura. Esta é a janela de oportunidade da Iniciativa Liberal. 

sábado, janeiro 12, 2019

O Rio secou. E agora?

Miguel Morgado


Santana, Montenegro, Morgado, ou uma iniciativa mais liberal?


A novidade, a juventude e o realismo informado serão fatores cruciais no desmantelamento do enquistado estado partidário e neo-corporativo que temos.

Vale, pois, a pena visitar um novo partido chamado Iniciativa Liberal e acompanhar as suas atividades. Não tem, e isso é bom, a carga populista reacionária de outras alternativas que começam a aflorar do pântano de dissolução em curso do atual regime.

Outra iniciativa liberal igualmente intrigante surgiu este fim de semana, desta vez com grande estrondo mediático. Chama-se MEL — Movimento Europa e Liberdade, quer dizer, a antítese da Geringonça, onde cresce dia a dia uma praxis anti-europeia e anti-ocidental, e ainda uma espécie de variante 'português suave' do socialismo chavista.

Aflito, Montenegro saltou também para a arena do colapso da desmiolada direita instalada, propondo-se desfazer o PSD. Vai consegui-lo! Se é bom ou mau para a democracia, é uma pergunta retórica que deixou de fazer sentido. Quando o furúnculo exibe tamanha quantidade de pús, há que espremer a borbulha, e pronto.

Marcelo, que poderia ser uma força de reforma constitucional, importante nesta curva apertada do regime democrático, está a revelar-se um embuste que nos vai custar os olhos da cara. O espelho partiu-se, e a criatura não sabe navegar sem mimos.

É certo que os portugueses estão tão habituados ao protecionismo e à corrupção do regime, que tudo aquilo que prometa maior liberdade e ousadia civilizacional assusta o regime e as pessoas acomodadas nas suas pequeninas conchas subsidiadas.

É, porém, melhor para todos nós libertar o regime das suas amarras neocorporativistas, e dos piratas que tomaram as rédeas do poder ao longo das últimas décadas, do que vermos, por inércia nossa, surgirem pequenos monstros de irracionalidade transformarem-se na face e espinha de um novo regime autoritário populista, de direita ou de esquerda.

Chegou o momento de malharmos no PS e nas esquerdas, pois o seu namoro com o populismo venezuelano, perante a apatia patética do presidente da república, ameaça tornar-se uma promessa de casamento. Os beijinhos do presidente são agora uma espécie de reality show. Disgusting!

Entretanto, a direita desmiolada, corrupta e inculta que temos, acordou enfim assustada com o óbvio: Marcelo não a vai salvar de coisa nenhuma, e Caracas pode estar ao virar da esquina.

Iremos sem dúvida assistir a uma implosão ruidosa e algo histérica da direita institucional e instalada, enquanto as esquerdas se agarram ao fascismo fiscal como se pudessem viver desta artimanha por muito mais anos. Não podem. Os credores não deixam.

O que eu quero dizer com isto é simples: tal como no resto do mundo, embora com algum atraso, Portugal vai precisar de novas referências políticas democráticas para se salvar de outra ditadura, ou, para já, de uma espécie de rotativismo populista, hoje 'de esquerda' (Costa, etc.), amanhã 'de direita' (Santana, etc.)

Se repararem bem, o país económico e financeiro português já não existe, ou o que dele ainda resta são duas realidades, felizmente com resiliência histórica. Por um lado, as pessoas que produzem, mais ou menos na clandestinidade fiscal, ou que emigraram e continuam a investir capital na sua terra, e as nano, micro e pequenas empresas. Por junto, estas são as verdadeiras tábuas de salvação da nossa soberania. Por outro lado, temos os sátrapas e capatazes indígenas (JL Arnaut e quejandos) dos poderes e empresas globais que têm vindo a comprar o país a patacos depois das asneiras e crimes da cleptocracia que arruinou Portugal. De fora disto fica uma enorme inércia institucional, partidária e burocrática, que nada produz e que se vem dedicando de modo cada vez mais descarado e desesperado ao assalto fiscal de quem produz ou simplesmente é topado a mexer-se!

O MEL deste fim de semana poderá chegar tarde demais às necessidade políticas do país. Já lá não vamos sem uma verdadeira transformação democrática do regime, com caras e ideias novas. E para aqui chegarmos, será indispensável apostarmos eleitoralmente em programas partidários e pessoas que querem e propõem ao país uma democracia simultaneamente responsável e liberal. O contrário, portanto, da direita e da esquerda que temos, ambas habituadas a viver do erário público, e a corromper-se alegremente com a pouca riqueza genuinamente criada pelos portugueses.

Este vai ser seguramente um ano agitado. Tempo de ouvir, ler e estar atento aos sinais de esperança.

Nota: quem é Miguel Morgado? Tentem no Google, mas vai ser difícil descobrir uma imagem sequer. Antecipou-se, porém, a Luis Montenegro, ao atirar-se à jugular de Marcelo, acusando-o de interferência nos assuntos internos do PSD. Boa malha!