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sexta-feira, dezembro 24, 2021

TAP boa, TAP má

 


Bruxelas salva a TAP por boas razões, mas passando uma pesada fatura aos contribuintes

A Ryanair em 2019 estava à frente da Lufthansa (do Grupo Lufthansa) por uma margem de 7,2 milhões de passageiros. 

A TAP transportou naquele mesmo ano 17,05 milhões de passageiros. 

Percebe-se, pois, o interesse objetivo da Lufthansa na TAP. A entrada da TAP na sua órbita, juntando-se a outras empresas de média dimensão preenchendo nichos de mercado preciosos, como a Austrian Airlines e a Swiss International Airlines, permitiria aos orgulhosos alemães recuperar a primeira posição do transporte aéreo na Europa, perdido vergonhosamente em 2018 para uns piratas irlandeses comandados pelo famigerado Michael O'Leary.

A Ryanair, primeira transportadora aérea europeia em número de passageiros, introduziu no espaço europeu um conceito americano que viria a provocar a maior mudança de paradigma do século no negócio da aviação civil: substituir a ideologia dos grandes aeroportos, funcionando como hubs de distribuição de tráfego, pelo paradigma novo de um transporte de baixo custo assente em ligações ponto-a-ponto. 

Esta mudança estratégica pressupõe a existência de grandes espaços sem fronteiras aéreas, nem terrestres, economicamente dinâmicos. Ajusta-se, pois, que nem uma luva, a países como os Estados Unidos e o Canadá, ou à União Europeia. 

As grandes empresas mundiais da aviação civil levaram, porém, demasiado tempo a perceber a mudança avassaladora anunciada por companhias aéreas como as que David Neeleman foi criando, nos Estados Unidos, no Canadá e no Brasil, desde 1992:  Morris Air, WestJet, JetBlue Airways, Azul Brazilian Airlines, e a mais recente Breeze Airways. Foi este também o caso de praticamente todas as companhias de bandeira europeias, que nem a formação de alianças e grupos evitou, primeiro, a ameaça, e depois, a consolidação das posições das duas principais empresas europeias do novo paradigma: a Ryanair e a EasyJet.

Estas eram as dez maiores transportadoras aéreas de passageiros na Europa em 2019:

1. Ryanair [252 aeronaves; 152,4 milhões de passageiros]

2. Grupo Lufthansa (inclui Germanwings, Eurowings, Austrian Airlines e Swiss International Airlines) [757 aeronaves; 145 milhões de passageiros]

3. International Airlines Group (Iberia, British Airways, Vueling, Aer Lingus, etc) [533 aeronaves; 118,3 milhões de passageiros]

4. Grupo Air France-KLM (inclui Transavia) [570 aeronaves; 104,2 milhões de passageiros]

5. EasyJet [302 aeronaves; 103,3 milhões de passageiros]

6. Turkish Airlines

7. Aeroflot Group

8. Wizz Air

9. Norwegian Air+Shuttle ASA

10. Pegasus Airlines

A TAP Portugal Airlines e a ex-PGA (redenominada TAP Express), ou seja, o Grupo TAP, situava-se então na décima terceira posição, com 94 aeronaves, tendo transportado 17,05 milhões de passageiros.

Para finalizar este panorama da concorrência é necessário ter presente que a frota da Ryanair é totalmente preenchida por aviões da americana Boeing, enquanto que a Lufthansa e outras empresas europeias, como a TAP, apostaram e apostam no fabricante europeu Airbus, fundada por franceses, ingleses e alemães. Este ponto é sobretudo importante para perceber o que determinou a decisão da DG COMP. 

A low cost irlandesa, que é a primeira transportadora aérea de passageiros na Europa (pelo que dificilmente se poderá queixar da concorrência), promete ser em 2022 a primeira em Portugal (correndo, pois, o risco de abuso de posição dominante). Por outro lado, na eventualidade do esvaziamento do plano estratégico da TAP, gizado ainda por David Neeleman, e de que resultou uma renovação completa da frota da TAP (1), esta seria reduzida a algo sem expressão, nem interesse comercial relevante, pelo que a projetada (por David Neeleman?) integração da TAP no Grupo Lufthansa, depois de enxuta de trabalhadores, administradores, assessores, e dívidas, morreria na praia depois de uma decisão precipitada da senhora Margreth Vestager. 

No imediato, uma tal precipitação seria um pesadelo para as empresas de leasing e, desde logo, para a Airbus. Fechar a TAP, abruptamente, como ameaçou em desespero de causa o governo português (pelo vozeirão de Pedro Nuno Santos) teria repercussões altamente indesejáveis nos mercados financeiros. A Alemanha e a França ouviram a ameaça, e alguém explicou rapidamente à UE o caminho a seguir...

Entre as mais recentes aquisições de aeronaves estão dezanove Airbus A330-900neo. O leasing de cada uma delas custa à TAP qualquer coisa como 900 mil euros por mês!

Grande parte das dívidas da TAP (pois o Relatório & Contas da TAP SGPS de 2020 continua por publicar) foi acumulada em negócios obscuros, nomeadamente na TAP Brasil, e em maus negócios, tais como a compra da Portugália Airlines ao BES, trafulhices várias e falta de estratégia ao longo de décadas. 

Como enfiar uma companhia nestas circunstâncias, ou seja, a que existiu até à decisão da DG COMP que modelou o ainda desconhecido plano de restruturação do governo português, num grupo como a Lufthansa, ou a Air France-KLM? 

Neeleman desenhou a estratégia certa, assegurando, de caminho, uma futura ligação da capilaridade das suas empresas no Brasil, Estados Unidos e Canadá, à Europa, nomeadamente através dos hubs de Lisboa-Porto e Frankfurt. A Geringonça, inesperadamente, escaqueirou o que parecia já tão bem encaminhado. 

Até se aperceber que o “não se paga” de Pedro Nuno Santos, e a monocórdica ideologia do PCP, estavam a encaminhar rapidamente a TAP para um buraco negro, isto é, que nos seis anos de frente popular que tivemos, a companhia de bandeira perdeu, para a Ryanair, a EasyJet e a Transavia, os mercados do Algarve e do Porto, e vai perder sucessivamente mais quotas de mercado em Lisboa, nos Açores e na Madeira, ninguém disse nada, ninguém fez nada.... Foi este o preço do desvario tacanho de uma aliança partidária desastrosa.

Entretanto, no meio de tanta irresponsabilidade partidária, a TAP teve a sorte de a Ryanair ter apresentado uma queixa contra o estado português por ajuda indevida à empresa portuguesa. Este processo levou a Comissão Europeia, através da sua DG COMP a promover uma investigação aprofundada da situação da TAP. 

Este sobressalto está ironicamente para a TAP como o pedido de abertura dos livros de contas do BES— como condição prévia a qualquer ajuda ao banco—esteve para o fim do banco da família Espírito Santo, criando, por um lado, um banco mau, para onde foram enviadas as dívidas incobráveis e o lixo financeiro indiferenciado, e um banco bom, onde se prometeu salvar o património e os negócios de uma parte dos seus clientes.

A TAP boa e a TAP má

No caso da companhia aérea, temos agora a TAP má (2), ou seja, a TAP SGPS, onde ficarão os centros de custos hemorrágicos do grupo público (que os contribuintes irão pagar em prestações suaves nos próximos 50 anos), e a TAP boa, ou seja, a TAP Portugal Airlines—com passivos operacionais geríveis, um plano de negócios credível (concebido por David Neeleman), e uma nova gestão francesa, mais próxima da Vinci (a concessionária da ANA), exigindo a manutenção da atual frota de 94 aviões, focada num futuro hub do Grupo Lufthansa sediado em Lisboa, e num futuro aeroporto, com quatro pistas, na margem esquerda do Tejo, talvez em Rio Frio, a inaugurar em 2045, parcialmente financiado pela futura alienação dos terrenos da Portela e do aeroporto low cost do Montijo. Até lá, acompanhando as projeções de tráfego para as próximas décadas, tendo nomeadamente em conta o crescimento demográfico acelerado em África e no Brasil, e moderado no resto da América, haverá que prolongar a taxiway da Portela (ver explicação) —à semelhança do que se fez no Porto— e preparar o Montijo para acomodar o crescimento do tráfego aéreo no período 2025-2045.

Alguém escreveu certo por linhas tortas.


NOTAS

1. A TAP (+TAP Express) somam 94 aeronaves. 

Depois da restruturação imposta por Bruxelas fica com 94 aeronaves [segundo a CNN]. Como? A frota da TAP, antes do comunicado da DG COMP, já tinha 94 aeronaves!

----FROTA DA TAP ---

Embraer 195 [4]

Embraer 190 [9]

ATR32 [8]

Airbus A319-100 [6]

Airbus A320-200 [13]

Airbus A321-200 [3]

Airbus A330-200 [3]

Airbus A320-200neo [11]

Airbus A321-200LR [8]

Airbus A321-200neo [10]

Airbus A330-900neo [19]

2. Este modo de ver a restruturação da empresa equivale, na realidade, ao modelo também mencionado por mim e outros, usado na restruturação da Swissair e da Alitalia: encerrar a empresa num dia, abrindo outra no dia seguinte, com designação diversa, deixando o lixo na empresa falida, e partindo para uma nova aventura numa empresa nova, sem passivos incobráveis. A modalidade escolhida pelo governo português e pela DG COMP relativamente à TAP tem provavelmente que ver com o problema da passagem dos slots subutilizados atualmente para uma nova empresa. Mantendo-se ativa a TAP Portugal Airlines, a cedência ou não de slots é uma decisão discricionária desta última, pelo menos, até março de 2022. Ou seja, dos 30% pedidos pela Ryanair a TAP cederá apenas menos de 5%, ou seja, 18 slots dos 300 de que dispõe para operar em Lisboa.


Atualização: 27/11/2021 00:23 CET

segunda-feira, setembro 27, 2021

"A democracia não tem dono"


Carlos Moedas vence Autárquicas em Lisboa
Foto: ?

Moedas: “Contra tudo e contra todos”

A bipolarização criada pelo perdedor António Costa (atrelando o PS à Geringonça—uma espécie de Frente Popular pós-moderna) começou a virar, como previ a tempo, em direção à maioria sociológica do país, reafirmando, felizmente, o poder das forças empresariais, profissionais e intelectuais que nos deram a independência e a conservaram ao longo dos séculos. É tempo de manter rédea curta nas burocracias palacianas e dos novos velhos do Restelo (representados pela gerontocracia do PCP e do PS). 

Não deixa de ser uma ironia constatar como o filho dum comunista, balbuciando ainda a retórica da Política, devolve a capital do país ao espírito liberal que fez de Portugal o primeiro país burguês da história da humanidade.

Quer na liberal Porto, quer em Lisboa, onde em 1383 se fez uma revolução decisiva, vêm aí “novos tempos” (Carlos Moedas). Oxalá!

PS: o rapazola dos Porsches ficou com menos um adversário na sua corrida para colocar a nova geração ‘socialista’ aos comandos do PS.

Morte da Geringonça e sucessão de Costa

António Costa esperava francamente mais de André Ventura. Esperava, sem nunca o dizer (claro!) que o Chega socavasse ainda mais a base eleitoral d PCP, mas sobretudo a do PSD. O seu sinistro desígnio falhou. No entanto, o Chega continuará a subir nas intenções de voto, pois os estragos sociais e económicos causados ao país por décadas de corrupção, burocracia e paternalismo partidário (com responsabilidades repartidas pelo chamado arco da governação, o qual abrangeu também ao PCP) são de tal monta que o horizonte de dor social não desaparecerá tão cedo. Piorará, certamente, se a vitória de Moedas em Lisboa, a par da conquista/manutenção das principais cidades do país (Lisboa, Porto, Cascais, Oeiras, Maia Funchal, Ponta Delgada, etc.) pelas forças liberais, não se traduzir no início de uma verdadeira dinâmica revolucionária pela liberdade económica, pela racionalidade política, pela transparência dos processos e por uma real igualdade de oportunidades e justiça social.

Jerónimo!

Jerónimo de Sousa é uma espécie de Salazar comunista. Também este caiu da cadeira, metaforicamente, claro. Resta saber se na queda arrastará o PCP para o Nada! Jerónimo acredita piamente que depois dele virá o dilúvio. Compete agora aos jovens comunistas fazerem a sua prova de vida. Depois de perderem Beja, Almada, Loures e Santarém, e praticamente todo o resto do Alentejo para o PS, PSD e Chega (Évora cairá nas próximas eleições...), a vida dos comunistas não será fácil de hoje em diante. Já não existem nas ilhas. Não existem nas principais áreas urbanas do país. Em breve perderão também os seus sindicatos. É tempo de lhes retirar o excesso de microfones e holofotes da falida comunicação social que temos.

Bloco à deriva

O Bloco comprovou nestas eleições o falhanço redondo da estratégia trotskista tardia do senhor Louçã. A ideia dele (desde 1973) era convencer o PS a ser finalmente um partido socialista decente. Não deixa de ser extraordinário constatar como esta criatura conseguiu gastar toda uma vida para conseguir parir apenas o Pedro Nuno Santos e uma frente popular pós-moderna desmiolada, arrogante e sem futuro. Tempo de retirar os tachos e os postos de propaganda mediática privilegiados que foram oferecidos a esta força partidária a caminho da sua eterna condição de seita intelectual oportunista.

PS, um partido provinciano com um distribuidor de esmolas em Lisboa

O Partido Socialista tem vindo a ser expulso das principais cidades do país: Lisboa, Porto, Coimbra, Cascais, Oeiras, Braga, Viseu, Santarém, Portalegre, Faro... 

Costa diz que o PS continua a ser o maior partido autárquico. Pode dizer o que quiser. Presunção e água benta, cada um toma a que quer, costumava dizer o meu avô, anticlerical, anti-salazarista, republicano e nos poucos anos que viveu em democracia, PPD, claro.

Chega?

A proximidade ao Vox de Espanha não ajuda nada André Ventura... No eleitorado urbano das cidades grandes, médias (por exemplo, Braga) e mesmo pequenas (por exemplo, Viana) o discurso extremista não pega, como não pegou o da extrema-esquerda, a qual, apesar do re-branding (querem um país 'decente', dizem), está em declínio inexorável. Até porque o futuro PS, de Pedro Nuno Santos, agregará boa parte dos temas da agenda do Bloco e ambientalistas. A subida dos extremos será sempre sinal de que algo não vai bem no nosso país... Curiosamente, o PCP, alimentado pela sua nova Juventude Comunista, essencialmente urbana e até cosmopolita, poderá renascer das cinzas—depois da saída do Jerónimo de Sousa.


Atualização: 28/9/2021 11:33 (UTC+2)

segunda-feira, novembro 23, 2020

E depois da Geringonça?


Dividir ou unir os portugueses?

A Geringonça, uma experiência de Frente Popular pós-moderna, foi o resultado da convergência de três dinâmicas ideológicas: António Costa anuncia Urbi et Orbi que em Portugal há dois países, um de direita e outro de esquerda, e que ele prefere o segundo e não está sequer disposto a dialogar com o primeiro; a esquerda radical maoista e trosquista reunida no Bloco de Esquerda anuncia que está disposta a fazer parte de uma solução governamental de esquerda, disponibilizando-se para uma coligação com o PS; o envelhecido e decadente partido comunista português, perante a derrota eleitoral do PS de António Costa, depois de uma campanha maniqueísta, populista e divisionista como nunca se vira no PS, mas que não comoveu o eleitorado, anuncia que o seu amigo António Costa e o PS deste só não governariam se não quisessem, abrindo assim as portas a um governo oportunista, irresponsável e ideológico. 

O resultado revelou-se um fracasso redondo, não apenas por atirar outra vez o país para uma situação de endividamento extremo, nepotismo e corrupção, mas sobretudo porque a aliança de esquerda começou a ruir por dentro, à medida que o PS foi canibalizando a seu favor os frutos mais doces da Geringonça, deixando aos comunistas de inspiração estalinista, aos maoistas e aos trostsquistas a perspetiva de uma erosão inevitável dos respetivos eleitorados (o erro destes, com em 2016 sugeri, foi não terem exigido uma coligação governamental, em vez da trapalhada a que o sempre acutilante e saudoso Vasco Pulido Valente chamou uma geringonça. A emergência da Iniciativa Liberal, e sobretudo do Chega, capitalizando a falta de liderança no CDS, a passividade de Rui Rio e a incapacidade da gerontocracia comunista atrair a juventude empobrecida e radicalizada, vieram completar um quadro de alteração estrutural do sistema partidário que vigorou nos últimos quarenta e cinco anos. O modo como se deu a mudança de poder nas recentes eleições regionais nos Açores confirma a hipótese de ter começado já uma metamorfose do regime, que uma reforma profunda da Constituição a seu tempo poderia dar a devida estabilização democrática.

Quais são os cenários possíveis perante os dados e as tendências conhecidos?

1) Uma radicalização à esquerda, a qual suporia a chegada de Pedro Nuno Santos a SG do PS, e a criação de uma verdadeira frente popular de carácter nacionalista, ainda que dentro da UE, mas apoiada por algumas ditaduras bem conhecidas: Rússia, Venezuela, Coreia do Norte, China e Vietname, por exemplo.

2) Uma radicalização à direita, a qual suporia um crescimento sustentado do Chega, da Iniciativa Liberal e de uma ala mais conservadora no PSD que tomaria o poder neste partido. Esta frente populista encontraria conforto em vários países da UE (Polónia, Hungria, Itália, entre outros).

3) Uma convergência constitucional ao centro, europeísta e atlantista, com o objetivo de manter em Portugal um regime rotativista formado por dois grandes partidos moderados, rodeados por uma nuvem de pequenos partidos de direita e esquerda, com os quais os primeiros poderão formar coligações de geometria variável. Esta convergência, no entanto, teria que assentar numa revisão constitucional capaz de retirar a excessiva carga ideológica que a Constituição ainda tem (Preâmbulo, etc), favorecer claramente a representação dos grandes partidos face aos pequenos, fixar um número único de deputados à Assembleia da República (150), extinguir a ideia e o processo de regionalização em curso, mantendo o princípio da descentralização e desconcentração dos serviços públicos, reforçando, ao mesmo tempo, as competências, responsabilidades e poderes das autarquias. A efetiva independência da Justiça seria outro dos desideratos a conseguir numa futura revisão constitucional, separando claramente órgãos de soberania de funções públicas, e tornando eletivos os cargos de topo da administração da justiça. Minar as corporações herdadas do fascismo, a que o PCP tão bem se adaptou, seria outro dos objetivos essenciais a conseguir numa futura revisão constitucional.

Dos cenários possíveis, há um que claramente prefiro: o da convergência constitucional europeísta e atlantista, que supõe uma aliança reforçada com a Inglaterra, seja qual for o desfecho do Brexit. É mais civilizada, produtiva e pacífica.

terça-feira, maio 07, 2019

Very, very Bloco Central

Jerónimo de Sousa, líder do PCP

PCP e Bloco acabam de legitimar Costa e Rio, rangendo entre dentes que são coerentes, e outras parvoíces


Se o objetivo era manter a porta aberta à contagem integral do tempo de serviço dos professores, e outros funcionários públicos com carreiras similares, que fique claro: o PCP e o Bloco fecharam-na, trilhando as mãos e a cabeça de Mário Nogueira.

Em nome de quê, pergunta-se? Da Geringonça? 

De ora em diante, PCP e Bloco, ou se afastam da coligação disfarçada que mantêm com o oportunista-mor do reino, António Costa, ou serão escravizados por ele, numa espécie de namoro e ódio, submissão e sado-masoquismo. Costa dá-lhes de vez em quando um bife, e eles, num reflexo tipicamente pavloviano, abanam as caudas, latem, salivam e rebolam-se de contentes. O resultado, porém, será uma fatalidade para ambos. Até porque, bem vistas as coisas, o que resultará desta Ópera-bufa é o regresso puro e duro da austeridade laboral, em nome de um pragmatismo very, very Bloco Central. Irónico, não é? Afinal, quem é que ganhou, depois deste jogo de sombras?
Resolução da Assembleia da República n.º 1/2018  
Recomenda ao Governo a contagem de todo o tempo de serviço para efeitos de progressão na carreira.  
A Assembleia da República resolve, nos termos do n.º 5 do artigo 166.º da Constituição, recomendar ao Governo que, em diálogo com os sindicatos, garanta que, nas carreiras cuja progressão depende também do tempo de serviço prestado, seja contado todo esse tempo, para efeitos de progressão na carreira e da correspondente valorização remuneratória.  
Aprovada em 15 de dezembro de 2017. 
O Presidente da Assembleia da República, Eduardo Ferro Rodrigues. 
2017-12-15 |  Votação Deliberação
[DAR I série N.º27/XIII/3 2017.12.16 (pág. 42-43)]
Votação na Reunião Plenária n.º 27 Aprovado
A Favor: PS, BE, PCP, PEV, PAN
Abstenção: PSD, CDS-PP
Descongelamento e mitigação 
Tiago Antunes sublinhou que «o que está em causa nestes diplomas não é o descongelamento das carreiras», pois «estas – e todas as outras – carreiras da Administração Pública já estão descongeladas desde 1 de janeiro de 2018». 
Este descongelamento ocorreu no Orçamento de Estado para 2018, pelo qual «todas as carreiras cuja contagem do tempo de serviço esteve congelada – isto é, cujo relógio esteve parado – entre 2011 e 2017, foram já descongeladas – isto é, o relógio voltou a contar – a partir de 1 de janeiro de 2018». 
O Secretário de Estado afirmou que «este foi, de resto, o único compromisso que o Governo desde o início assumiu: o compromisso com o descongelamento», que «já cumprimos, para todas as carreiras, a partir do início do ano passado». 
O Governo «nunca assumiu qualquer compromisso de recuperação retroativa do tempo que esteve congelado», disse, acrescentando que «nem podia assumir, uma vez que as sucessivas leis do Orçamento de Estado que procederam ao congelamento entre 2011 e 2017 sempre estipularam que o tempo congelado não podia vir a ser recuperado mais tarde».  
Aliás, os artigos dos sucessivos Orçamentos do Estado que o estipulavam e «cuja constitucionalidade nunca foi questionada, deram o tempo congelado como sendo irrecuperável», pelo que «a sua recuperação integral não é possível». 
Reduzir efeitos do congelamento 
Todavia, abriu-se a possibilidade de «mitigação dos efeitos do congelamento sobre certas carreiras em que se progride com base no tempo». 
O Secretário de Estado recordou que «o Governo não tinha assumido qualquer compromisso» sobre este tema, acrescentando que «comporta elevados custos orçamentais, que não estavam previstos».  
O quadro de sustentabilidade financeira que foi alcançado, levou o Governo a procurar «dar resposta a este problema, encontrando uma solução que atenuasse os efeitos mais gravosos do congelamento sobre certas carreiras».

sexta-feira, abril 05, 2019

A endogamia

Common fruit fly females prefer to mate with their own brothers over unrelated males.
Wikipedia.

... e a degradação da espécie partidária


A endogamia partidária é o acasalamento de indivíduos geneticamente próximos e do mesmo partido político. Resulta num aumento da zigosidade, que pode aumentar as hipóteses dos descendentes serem afetados por genes recessivos ou problemas de má-formação ética. Isto geralmente conduz a uma depressão endogâmica partidária, a qual conduz invariavelmente à degradação genética, cognitiva, e moral da Política.

Uma definição menos metafórica diria que a endogamia partidária é uma forma de eugenia social, através da qual se procede a uma paulatina seleção dos "bem nascidos" (a "família socialista", "social democrata", "centrista", "comunista", etc.) para fortalecimento geral de um determinado grupo social, ou de mero poder, hierarquizado, cuja sobrevivência e fortalecimento dependem, em grande medida, desta espécie de continuidade genética partidária. Noutro plano (o do colapso seletivo da classe média americana), mas que concorre para este mesmo argumento, vale a pena ler Coming Apart, The State of White America, 1960-2010, de Charles Murray. Aqui se descreve como a eugenia económica e cognitiva tem vindo a estilhaçar seletivamente a sociedade americana nas últimas décadas, à medida que as classes médias e o "sonho americano", nascidos do petróleo barato e abundante, da expoliação colonial, da revolução industrial, e da expansão económica que se seguiu à Segunda Guerra Mundial, entraram em declínio, dando lugar a um novo e poderoso fenómeno de segregação económica, social, política e cultural.


 

Marcelo diz que “vale a pena rever a lei” quanto a nomeações de familiares
Observador, 4/4/2019, 21:17

O problema não está, no entanto, nos casos particulares, mas no padrão genético da coisa.

É aqui que a endogamia tem tecido o regime que se seguiu ao colapso da ditadura, clonando em modo 'democrático' o corporativismo salazarista, ressuscitando o jornalismo situacionista (lamentáveis as prestações dos comentaristas da RTP/SIC e os alinhamento noticiários da RTP/SIC) e retomando uma forma de rotativismo partidário na forma do chamado Bloco Central. Não deixa de ser uma ironia vermos o PCP e o Bloco juntarem-se ao arco do poder no branqueamento do PS e do que acaba por rebentar como o grande escândalo político que explica como foi possível os bancos e os oligopólios indígenas terem rebentado com o país, deixando o povo encalacrado até, pelo menos, 2040.

Era tão simples evitar tudo isto com uma lei simples sobre conflito de interesses!


Atualização: 6/4/2019 12:30 WET

sexta-feira, janeiro 18, 2019

A seca do PSD

O queiroziano conselheiro Menezes


PSD partido em três


A saída de Santana Lopes que rombo provocará no PSD, nas Europeias, e depois nas Legislativas? Montenegro, sem sequer se deslocar à arena dos conselheiros Acácio, para já, placou Rio, que até teve que repescar um cadáver de Gaia em seu auxílio para ver a sua moção aprovada, com apenas 25 votos de vantagem em 126!
Há muito que defendo o fim do Bloco Central, à esquerda, mas também à direita. 
A Geringonça acabou com o PS centrista. A cisão de Santana acabou com o PSD centrista. Só Rui Rio e o Parque Jurássico do PSD não entenderam ainda que o mundo mudou.
Carlos Moedas não virá para Lisboa tão cedo. Sobram portanto duas alternativas visíveis a Rui Rio: Luís Montenegro e Miguel Morgado. 

A crise europeia e a recessão mundial não chegarão a tempo de ferir dramaticamente a Geringonça, mas o PS não chegará à maioria absoluta. A Geringonça vai pois continuar por mais uma legislatura. 

O Rio vai entretanto secar. Se for até ao fim deste ano, Montenegro terá hipóteses de lhe suceder. Mas se fio de água se aguentar por mais um ou dois anos (2019-2020), então Morgado terá hipóteses de encabeçar um PSD muito diferente do atual.

Este país já não é para velhos que não souberam dar conta do recado enquanto mandaram.

sábado, janeiro 12, 2019

O Rio secou. E agora?

Miguel Morgado


Santana, Montenegro, Morgado, ou uma iniciativa mais liberal?


A novidade, a juventude e o realismo informado serão fatores cruciais no desmantelamento do enquistado estado partidário e neo-corporativo que temos.

Vale, pois, a pena visitar um novo partido chamado Iniciativa Liberal e acompanhar as suas atividades. Não tem, e isso é bom, a carga populista reacionária de outras alternativas que começam a aflorar do pântano de dissolução em curso do atual regime.

Outra iniciativa liberal igualmente intrigante surgiu este fim de semana, desta vez com grande estrondo mediático. Chama-se MEL — Movimento Europa e Liberdade, quer dizer, a antítese da Geringonça, onde cresce dia a dia uma praxis anti-europeia e anti-ocidental, e ainda uma espécie de variante 'português suave' do socialismo chavista.

Aflito, Montenegro saltou também para a arena do colapso da desmiolada direita instalada, propondo-se desfazer o PSD. Vai consegui-lo! Se é bom ou mau para a democracia, é uma pergunta retórica que deixou de fazer sentido. Quando o furúnculo exibe tamanha quantidade de pús, há que espremer a borbulha, e pronto.

Marcelo, que poderia ser uma força de reforma constitucional, importante nesta curva apertada do regime democrático, está a revelar-se um embuste que nos vai custar os olhos da cara. O espelho partiu-se, e a criatura não sabe navegar sem mimos.

É certo que os portugueses estão tão habituados ao protecionismo e à corrupção do regime, que tudo aquilo que prometa maior liberdade e ousadia civilizacional assusta o regime e as pessoas acomodadas nas suas pequeninas conchas subsidiadas.

É, porém, melhor para todos nós libertar o regime das suas amarras neocorporativistas, e dos piratas que tomaram as rédeas do poder ao longo das últimas décadas, do que vermos, por inércia nossa, surgirem pequenos monstros de irracionalidade transformarem-se na face e espinha de um novo regime autoritário populista, de direita ou de esquerda.

Chegou o momento de malharmos no PS e nas esquerdas, pois o seu namoro com o populismo venezuelano, perante a apatia patética do presidente da república, ameaça tornar-se uma promessa de casamento. Os beijinhos do presidente são agora uma espécie de reality show. Disgusting!

Entretanto, a direita desmiolada, corrupta e inculta que temos, acordou enfim assustada com o óbvio: Marcelo não a vai salvar de coisa nenhuma, e Caracas pode estar ao virar da esquina.

Iremos sem dúvida assistir a uma implosão ruidosa e algo histérica da direita institucional e instalada, enquanto as esquerdas se agarram ao fascismo fiscal como se pudessem viver desta artimanha por muito mais anos. Não podem. Os credores não deixam.

O que eu quero dizer com isto é simples: tal como no resto do mundo, embora com algum atraso, Portugal vai precisar de novas referências políticas democráticas para se salvar de outra ditadura, ou, para já, de uma espécie de rotativismo populista, hoje 'de esquerda' (Costa, etc.), amanhã 'de direita' (Santana, etc.)

Se repararem bem, o país económico e financeiro português já não existe, ou o que dele ainda resta são duas realidades, felizmente com resiliência histórica. Por um lado, as pessoas que produzem, mais ou menos na clandestinidade fiscal, ou que emigraram e continuam a investir capital na sua terra, e as nano, micro e pequenas empresas. Por junto, estas são as verdadeiras tábuas de salvação da nossa soberania. Por outro lado, temos os sátrapas e capatazes indígenas (JL Arnaut e quejandos) dos poderes e empresas globais que têm vindo a comprar o país a patacos depois das asneiras e crimes da cleptocracia que arruinou Portugal. De fora disto fica uma enorme inércia institucional, partidária e burocrática, que nada produz e que se vem dedicando de modo cada vez mais descarado e desesperado ao assalto fiscal de quem produz ou simplesmente é topado a mexer-se!

O MEL deste fim de semana poderá chegar tarde demais às necessidade políticas do país. Já lá não vamos sem uma verdadeira transformação democrática do regime, com caras e ideias novas. E para aqui chegarmos, será indispensável apostarmos eleitoralmente em programas partidários e pessoas que querem e propõem ao país uma democracia simultaneamente responsável e liberal. O contrário, portanto, da direita e da esquerda que temos, ambas habituadas a viver do erário público, e a corromper-se alegremente com a pouca riqueza genuinamente criada pelos portugueses.

Este vai ser seguramente um ano agitado. Tempo de ouvir, ler e estar atento aos sinais de esperança.

Nota: quem é Miguel Morgado? Tentem no Google, mas vai ser difícil descobrir uma imagem sequer. Antecipou-se, porém, a Luis Montenegro, ao atirar-se à jugular de Marcelo, acusando-o de interferência nos assuntos internos do PSD. Boa malha!

sábado, fevereiro 17, 2018

Capitalismo indígena


O Bloco Central é uma espécie de ecologia encontrada para a convivência entre a burocracia e a sociedade civil. Quanto ao capitalismo indígena, percebemos hoje claramente que não passa de uma espécie em vias de extinção.


A alternância entre o PSD e o PS há muito que não depende das criaturas que em cada momento protagonizam estes dois partidos. O rotativismo indígena é a ecologia do regime que temos, e move-se em sintonia com os ciclos económicos, as recessões, e sobretudo os preços do petróleo (1), do dólar e do dinheiro. Ao fim de três pré-bancarrotas, Portugal depende, antes de mais, dos seus credores: BCE, FMI, UE, dos especuladores financeiros, e ainda de quem tem vindo a comprar os mais valiosos ativos do país: China, Angola e Espanha.

O facto de a Fundação Calouste Gulbenkian ter iniciado a venda de 100% da Partex aos chineses da CEFC (que em dezembro passado compraram o controlo da companhia de seguros da Montepio Associação Mutualista), preparando-se assim para alienar a pedra angular sobre a qual assentou a criação da enorme fortuna do fundador e a prosperidade de uma fundação entretanto tomada de assalto pela voragem partidária local, revela até onde os figurões que temos elegido para dirigir o país têm dado tão má conta do recado.

Quando falam de crescimento mentem com todos os dentes que têm.

REN propõe corte de 30% no investimento na rede elétrica 
Na sua proposta, a REN assume que a procura de eletricidade em Portugal ao longo da próxima década terá um crescimento médio anual de 0,25%. No anterior plano, a gestora da rede elétrica projetava um crescimento médio anual de 0,91%—Expresso, 15.02.2018.
Esta é a verdadeira dimensão, objetiva, do crescimento real do país. O resto é propaganda populista e uma caminhada de zombies para sítio nenhum. Consumimos cada vez menos eletricidade, ou seja, mal crescemos, mas os lucros da EDP continuam em alta, nomeadamente à custa das rendas excessivas denunciadas pela Troika, mas que nem o PCP contesta! Não admira, pois, que a chinesa que controla a REN decida cortar 30% no investimento.

A indigência a que chegámos é de tal ordem e gravidade, que é bem possível vermos o PCP e o Bloco transformarem-se numa espécie de PEV bicéfalo do PS. Se tal vier a ocorrer, só uma renovação radical na direita permitirá o regresso à alternância democrática e, portanto, o regresso do centro-direita ao poder. Rui Rio não é a pessoa certa para esta metamorfose. Assunção Cristas é.

NOTAS

  1. Publiquei este gráfico anotado por mim há já alguns meses. Mas vale a pena recordá-lo.

terça-feira, dezembro 12, 2017

Cavaco II (sem rios de dinheiro)



A impaciência do Norte à vista!


O meu desejo não foi satisfeito: teremos em breve uma cópia de Cavaco à frente do PSD.

Santana falhou no essencial: conquistar o norte do país, ou seja, aquela parte de Portugal mal tratada que produz o grosso dos bens transacionáveis, e de exportação, mas que paga cada vez mais impostos para sustentar um estado perdulário ao serviço duma clientela de indigentes, burocratas e rendeiros que nada produz senão entropia social, ruído e corrupção.

Pelo que se conhece de Santana Lopes, irá agora tentar posicionar-se para as próximas presidenciais. Para tal, continuará a mercadejar com António Costa e a opinar nas televisões, jornais e revistas. Por isso perdeu o partido.

E Rio, que irá fazer? Encostar António Costa à extrema esquerda? Possivelmente, sim. Até porque a decomposição da Geringonça é cada vez mais visível.

E Cristas, poderá e quererá fundar uma direita social culturalmente evoluída? A janela de oportunidade parece escancarada com a eleição de Rio para a presidência do PSD. Mas se jogar a cartada do Queijo Limiano II, então o CDS/PP regressará ao táxi de onde Paulo Portas o tirou.

A idade de Rui Rio recomenda ação expedita e contundente. 2018 vai ser um ano divertido!

PS: Observo e constato que a falência do centro-esquerda vai a par da falência do centro-direita. Que sobra? Direita e Esquerda! Se for assim, há um vencedor antecipado: a Direita. É só uma questão de tempo. Gosto? Não! Por isso defendo uma revolução democrática baseada em mapas de democracia, e no uso das novas tecnologias capazes de gerar múltiplos equilíbrios transparentes entre democracia direta e democracia representativa, controlados por parâmetros sociais, económicos e financeiros objetivos instantaneamente calibrados por algoritmos de descentralização racional das decisões públicas institucionais, governamentais, e eleitorais (blockchain democracy).

sábado, setembro 30, 2017

Marcelo promove geringonça autárquica

Uma no cravo, outra na ferradura, quadratura do círculo, geringonça, Marcelo!


Uma nota presidencial escusada, para não dizer de apoio a António Costa


Nota da Presidência da República
Como é evidente, o Presidente da República não apoia nenhuma candidatura eleitoral e reprova qualquer tentativa de aproveitamento ou manipulação da sua posição.
Esta tarde, quando se dirigia da Igreja do Loreto para Belém, cruzou muitos lisboetas em diversas ações de campanha, de pelo menos três partidos, que saudou como sempre faz; quando estava no carro parado no trânsito, cruzou uma quarta candidatura, tendo a cabeça de lista atravessado a rua para o cumprimentar. Nada neste encontro autoriza qualquer interpretação de apoio específico.

Toda a gente sabe que o presidente da república, Marcelo Rebelo de Sousa, só presta o seu apoio diário à Geringonça, bem como a qualquer asneira que esta, ou os seus subscritores, façam: Pedrógão Grande, Tancos, Autoeuropa, Sindicato dos Enfermeiros, e o que aí vem.

Toda a gente sabe que Marcelo tem um fraquinho oportunista pelo pândego furioso António Costa, ou seja, que apoia sem a necessária e institucional distância o PS, o PCP e o Bloco de Esquerda, sendo que o PCP e o Bloco defendem a saída de Portugal da zona euro, e da NATO. E o PS, PCP, e Bloco, não se cansam de morder diariamente as canelas do regime angolano.

Os falidos e cada mais indigentes meios de comunicação social que temos, e as invisíveis agências de comunicação pagas a peso de ouro que os alimentam e dirigem, aproveitam qualquer coisa para fazer escândalo e assim exibir algum share aos anunciantes.

Acontece que esta estratégia desmiolada já transformou a velha comunicação social que temos numa espécie de pornografia sem graça, nem erotismo.

Do futebol obsessivo, aos 'reality shows' dementes, passando por concursos grotestos e a captura dos canais de debate político pela nomenclatura partidária, tudo vale para manter um sistema político institucionalmente esgotado.

A crise é tanta que deputados (nomeadamente europeus!) e autarcas, ex-deputados e ex-ministros, se esgadanham e multiplicam por jornais, revistas, rádios e televisões, na qualidade de comentadores (incrível, não é?), como se não fosse óbvio para qualquer chofer de táxi o peixe que invariavelmente servem.

Este é o verdadeiro estado de uma nação agarrada a riquexós motorizados a que chamam Tuk Tuk, procurando assim disfarçar a verdadeira natureza desta meia-escravatura: neoliberalismo dos pobres e endividados, dominado por um estado clientelar, corrupto, corporativo e autoritário que regressa subrepticiamente sob o manto diáfano das dita esquerda.

Enfim, é tudo isto que o atual presidente da república, Marcelo Rebelo de Sousa, acarinha em nome das suas próprias fantasias infantis realizadas.

Teresa Leal Coelho recusou ter falado em apoio, elencando que “aquilo que aconteceu foi uma troca de palavras simpáticas, afetuosas”. 
“Havia um meio de comunicação social presente e que interpretou como uma palavra de apoio. Aquilo que eu disse é que foi uma palavra amiga”, referiu a candidata, acrescentando que “a palavra apoio não foi referida”. 
JN

Mas vamos à falácia da nota presidencial:

—se desautoriza, como desautorizou, a candidata autárquica por Lisboa do principal partido português, ainda que na Oposição, qual é a única conclusão que se pode tirar, sabendo-se que a alternativa ao PSD em Lisboa se chama PS, ou PS+Bloco, ou PS+Bloco+PCP? Não é preciso apostar no Euromilhões para chegar a uma conclusão, ou é?

A incontinência verbal de Marcelo é mais aparente do que real, e é mais oportunista do que estratégica. Basta escutar cuidadosamente os seus silêncios, e os seus ses. Por exemplo, a propósito da greve que o PCP promoveu na Autoeuropa, ameaçando os investimentos alemães em Portugal, ou as reticências legalistas exibidas na abordagem da greve dos enfermeiros. Não defendeu a Geringonça, contra os austeritários da direita, o regresso das 35 horas à Função Pública? Então?

Para memória futura.

domingo, agosto 27, 2017

Extrema esquerda e o 'deep state' americano

Imagem difundida sobre a caça de Bin Laden observada em tempo real pelos democratas da Casa Branca

Uma caça ao voto que pode semear tempestades


Marisa Matias acusa Passos Coelho de ensaiar discurso racista e xenófobo 
“O discurso de extrema-direita está a ser trazido para a cena pública eleitoralista nacional não por via dos partidos de extrema-direita, que têm pouca expressão, mas por via de um dos maiores partidos do sistema, que é o PSD”, condenou Marisa Matias em declarações aos jornalistas à margem da abertura do Fórum Socialismo 2017, a “rentrée” política do Bloco de Esquerda que decorre a partir desta sexta-feira e até domingo em Lisboa—in Observador, 26/8/2017. 

A pândega Marisa Matias acusou Pedro Passos Coelho, o ex-primeiro ministro e ganhador das últimas eleições legislativas, de racismo e xenofobia. Não saberá esta pândega da extrema-esquerda caviar, com quem é Pedro Passos Coelho casado? Só mesmo a idiotia, a má fé, ou o sectarismo incendiário pode justificar estes acessos de fundamentalismo invertido.

Se a cor da pele e a xenofobia são os fantasmas que alimentam o populismo eleitoral, perigoso, do Bloco de Esquerda, ou mesmo do PCP, haveria que perguntar-lhes como tencionam anular o défice em que se encontram nesta matéria quando comparados com os demais partidos com assento parlamentar: PS, PSD e CDS/PP. Apesar de há décadas o Bloco estar envolvido no SOS Racismo, não há um único mestiço, ou negro, ou asiático, ou muçulmano, ou sequer brasileiro, que eu saiba, nas estruturas dirigentes do bloco de trotskystas, maoistas e estalinistas arrependidos atualmente no poder. E muito menos na Assembleia da República. Como tencionam recuperar este atraso cultural? Talvez uma política de quotas ajudasse.

Não deixa, por outro lado, de ser uma coincidência curiosa o alinhamento objetivo do Bloco de Esquerda com a política americana para Angola: desestabilização.

Ou ainda com a estratégia propagandística montada pelo deep state americano para enfraquecer e controlar a presidência de Donald Trump: acicatar os ancestrais ódios e discriminações de raça e género existentes na América. Parece que também em Portugal, o Bloco pretende seguir a mesma estratégia de divisão ideológica e política do país.

Presidente da Câmara dos Representantes critica Trump por perdoar ex-xerife 
Donald Trump indultou na sexta-feira o ex-xerife Joe Arpaio, de 85 anos, que arriscava uma pena de prisão de até seis meses, depois de ter sido considerado culpado em julho por desobediência à justiça e continuar a prática de detenção de pessoas por razões raciais—in Observador, 27/8/2017.

Nada mudou no racismo histórico americano depois da chegada de Trump ao poder. Basta contar os negros mortos pela polícia americana durante a era Obama!

Há uma guerra civil larvar nos Estados Unidos, e está a ser alimentada pelas alas radicais mais corruptas do Partido Democrático e do Partido Republicano (o bloco central lá do sítio), precisamente aquelas que querem a indústria militar americana e o poder americano projetados em todos os cantos do planeta.

Ora o símbolo máximo desta fronda verdadeiramente fascista da América é uma senhora chamada Hillary Clinton. Lembram-se como montaram e disseminaram os videos pornográficos sobre o enforcamento de Saddam Hussein, sobre caça de Bin Laden e sobre o assassinato de Mohamad Kadafi? Não foi Donald Trump, pois não? De onde vem então a retórica de meretrizes ofendidas que acometeu os média americanos, bem denomindados por Trump, como FAKE NEWS? Basta de papar toda a trampa mediática que Washington e Nova Iorque nos impingem permanentemente através das suas redes capilares!

Temos que evitar a armadilha que nos lançaram sobre Donald Trump.

Criticar quem o ataca, criticar nomeadamente o 'deep state' americano, de que o sistema mediático falido faz parte, não é defender necessariamente Trump, nem as suas ideias, nem o seu passado. Tal como exigir uma política de imigração que evite e combata a formação e o amadurecimento de células terroristas de exércitos estrangeitos no nosso país, não é prova, nem de racismo, nem de xenofobia, nem de intolerância religiosa. Insinuar, ou pior, afirmar o contrário de forma encapsulada, é que prova a existência de uma agenda escondida que, se não prova uma predisposição para alimentar o terrorismo, exibe, pelo menos, a evidência de um recalcamento psicológico perverso. Como se o radicalismo revolucionário recalcado pelo oportunismo parlamentar, e agora ainda mais pela Geringonça, encontrasse na proteção temerária à imigração descontrolada e aos residentes estrangeiros que praticam crimes e conspiram contra as populações (ou se treinam para isso no nosso país) uma forma de redenção narcísica.

É preciso confrontrar o senhor Louçã e as senhoras que hoje mandam no Bloco com perguntas precisas sobre estes temas. E é preciso fazer perguntas igualmente claras ao primeiro ministro e ao cardeal Santos Silva, sobre a política de segurança e defesa do país.

Os populismos, de direita e de esquerda, serviram-se sempre e continuam a servir-se dos preconceitos, dos atavismos e da fé religiosa, bem como das formas endémicas mais ou menos inócuas de racismo e xenofobia existentes nas sociedades, para dividi-las e queimar os laços de solidariedade social e cosmopolismo que dão força, expressão e paz às comunidades, aos países e às regiões do mundo, mesmo em situações de stress económico duro e prolongado.

No caso de Marisa Matias, brincar com o fogo pode sair caro ao Bloco, o que não me precoupa, mas sobretudo ao país, o que me preocupa muito. Chegou o momento de pedir responsabilidades a António Costa pela geringonça a que se agarrou para chegar ao poder. O preço ideológico deste pacto com o diabo do fundamentalismo oportunista mascarado de marxismo arrisca-se a dividir a sociedade portuguesa para lá dos limites aceitáveis.

Costa quis dividir o país entre esquerda e direita—um tiro que acabará por sair-lhe pela culatra. Mas o calvinista vermelho do Bloco, Francisco Louçã, quer regressar à Idade Média!

Vale a pena ler a este propósito o que opina Paulo Carvalo sobre o racismo em Angola...
‘O racismo em Angola precisa de ser desmistificado, desconstruído e esclarecido’
Outubro 16, 2014 Entrevista Dani Costa. O País.
Professor titular na Universidade Agostinho Neto, Paulo de Carvalho é co-autor do livro ‘O que é racismo?’ que vai ser lançado nos próximos dias, em Luanda. O assunto é considerado por muitos como tabu. O sociólogo aceitou falar a O PAÍS sobre o tema, com ideias próprias, como, por exemplo, acreditar que a ‘mestiçagem é o futuro da humanidade’. De qualquer modo, o nosso entrevistado pensa que a questão do racismo no país precisa de ser debatida sem preconceito.
Em Angola existe ou não racismo? 
É difícil responder taxativamente a essa pergunta, numa breve entrevista. O meu texto, no livro, intitula-se “Racismo enquanto teoria e prática social”. Incluo aí um item intitulado “Há racismo em Angola?”, cuja leitura aconselho. Mas vou tentar responder à pergunta, abordando dois aspectos distintos. Primeiro, se me pergunta se há casos de discriminação racial em Angola, respondo positivamente: há-os, sim. Aliás, não era de esperar outra coisa, pois saímos de um longo período colonial há muito pouco tempo, para se ultrapassarem as sequelas daí resultantes – incluindo as que têm a ver com aquilo que se designa habitualmente por “raça”. Mas se a pergunta é se existe racismo institucionalizado em Angola, a resposta só pode ser negativa. 
Havia, sim, no período colonial, mas a proclamação da independência trouxe uma série de coisas boas, sendo uma delas a eliminação do racismo institucionalizado. Hoje, as pessoas têm acesso ao ensino superior (por exemplo), independentemente da cor da pele – coisa que não ocorria no período colonial. Hoje, não é a cor da pele que determina quem chega ao topo de qualquer carreira profissional em Angola. 
E além disso, é preciso reconhecer que (ao contrário do que sucede com alguns grupos étnicos) não há reuniões de grupos raciais como tais, para se traçarem estratégias de actuação comum. Portanto, acredito que a fase do racismo institucional esteja ultrapassada em Angola, o mesmo não se podendo dizer de manifestações que encerram discriminação racial, que existem de forma isolada, não de forma organizada. As pessoas comuns (e até alguns jornalistas e políticos) confundem estas duas perspectivas, que são distintas e, por isso, não devem ser consideradas no mesmo patamar. Uma coisa é o racismo institucional (mais global, mais abrangente), outra são actos de discriminação racial (mais isolados, menos abrangentes e com menor percepção social). 
Distinga os tipos de racismo que existem em Angola? 
Há, realmente, vários tipos de racismo – desde aquele que encerra apenas preconceito, àquele que encerra discriminação e violência massiva. Em Angola, temos uma série de racismos aprendidos socialmente, seja na família, seja no grupo étnico, seja nos grupos de amigos, seja ainda através de alguns meios de comunicação social cujo objectivo é criar a divisão no seio dos angolanos. 
Pode dizer-se que não há em Angola racismo que envolva violência massiva e praticamente não existem actos de racismo com violência. O racismo mais comum pelo mundo é o que pressupõe a supremacia dos mais claros, como se o dia tivesse supremacia sobre a noite e como se ambos não se complementassem apenas. Por cá existe este racismo tradicional, que foi herdado do período colonial. 
Mas existem também outras manifestações de racismo, que pressupõem que à supremacia demográfica de uns deva corresponder a sua hegemonia e o afastamento dos grupos “raciais” menos expressivos. Um e outro racismo consideram elevada dose de egoísmo, pois em cada um dos casos se pega nalgumas das diferenças somáticas perceptíveis para tirar algum benefício. Esta é a questão fulcral a considerar: tal como sucede com a utilização da diferenciação étnica, também se utilizam supostas diferenças “raciais” de forma mais ou menos subtil, para procurar tirar vantagem económica, social ou política. Temos, pois, de estar atentos a isso.

quinta-feira, julho 21, 2016

Orgulhosamente sós!

O que a UE desenhou, e os indigentes políticos locais rejeitaram, quebrando um contrato escrito.

Enquanto os trabalhadores da Soares da Costa choram, PSD, CDS/PP e PS deitam dinheiro à rua e isolam cada vez mais o país da Europa


Estado condenado a indemnizar consórcio do TGV em 150 milhões
NEGÓCIOS | 21 Julho 2016, 08:51
O Governo vai recorrer da decisão do tribunal arbitral que deu razão ao Elos, o consórcio constituído pela Soares da Costa e a Brisa que ia construir a linha de TGV que em 2012 foi suspensa por Pedro Passos Coelho. Além do recurso, o ministério liderado por Pedro Marques pede ainda o afastamento de um dos árbitros, por considerar que tem conflitos de interesses.
O novo troço Poceirão-Caia estava projetado para ser uma via dupla de bitola europeia (distância entre carris), onde na mesma linha iriam circular comboios de mercadorias, a 100 Km/h, durante noite, e de passageiros, circulando durante o dia. O que estava projetado incluía ainda um novo sistema de sinalização e prevenção de acidentes, e um regime de eletrificação distinto do existente. Na realidade, a integração da rede ferroviária portuguesa e espanhola na rede europeia exige a adoção de uma norma mundial denominada pela sigla UIC—União Internacional dos Caminhos de Ferro). Ver uic.org

O projetado troço Poceirão-Caia faria parte do novo Corredor Ferroviário do Atlântico (representado a amarelo na imagem). Este é um dos corredores ferroviários europeus atualmente em fase adiantada de construção, nomeadamente em Espanha, obedecendo às ditas características UIC (ou standard).

Nesta nova rede europeia não poderão circular comboios com rodados destinados à chamada bitola ibérica. Como toda a rede ferroviária portuguesa destinada a comboios assenta na bitola ibética, nenhum deles, sobretudo os de mercadorias, poderão circular em redes de bitola europeia. Como, por outro lado, muito em breve, todas as linhas espanholas que terminam na fronteira entre os dois países obedecerão à bitola europeia, os comboios portugueses serão impedidos de ir além de Valença, Vilar formoso, ou Elvas. Daqui a metáfora da ilha ferroviária e do regresso ao orgulhosamente sós!

Tal como os aeroportos, que obedecem a normas e funcionam como nós de uma rede mundial, acessíveis a qualquer companhia aérea, também a rede ferroviária europeia está desde há alguns anos num processo acelerado de convergência de normas, permitindo que um comboio de passageiros, ou de mercadorias, possa circular entre Pequim e Xangai e, por exemplo, Moscovo, Berlim, Londres, Madrid e Lisboa, ou Porto-Aveiro. As duas linhas ferroviárias portuguesas que ligam Porto-Aveiro, e Lisboa-Setúbal-Sines à rede espanhola UIC, que por sua vez se liga à rede francesa e por aí adiante, fazem parte da futura rede europeia de mobilidade e transportes, tendo contado até aqui com fundos específicos da União Europeia e empréstimos do BEI.


FACTOS E CRONOLOGIA DE MAIS UM DESASTRE ANUNCIADO

Custo total do projeto e obra da linha ferroviária Poceirão-Caia: 1200 milhões de euros.
Financiamento em 2012

  • 600 M€ da UE a fundo perdido, do quadro comunitário 2007-2013
  • 600 M€ de um empréstimo do BEI com uma taxa de juro de 2,6 %. 

Se alguém invocou falta de recursos públicos, mentiu. Houve 16 mil milhões de euros para barragens inúteis, ruinosas e destruidoras do ambiente (nomeadamente o Património Mundial do Douro Vinhateiro), houve mais de 20 mil M€ para derreter na banca que andou a especular com o imobiliário, mas não houve 600M€ para ligar a região de Lisboa à região de Madrid e resto de Espanha, bem como às fronteiras entre Espanha e França. Um verdadeiro caso de polícia.

SITUAÇÃO A QUE SE CHEGOU
  1. Perderam-se as verbas a fundo perdido do quadro 2007-2013. 
  2. O empréstimo do BEI foi desviado para a Parpública (para pagar faturas da TAP?) 
  3. Deixará em breve de haver ligação direta de Portugal à Rede Transeuropeia de Transportes Ferroviários.
  4. O Estado vai ter que pagar 150 milhões à ELOS, se a lei vingar. Para já, o espetáculo dado pelo Estado Português no tribunal arbitral não é o de uma pessoa de bem, mas o de um indigente coletivo. 
  5. De imediato, a Região de Lisboa e o Porto de Sines, Autoeuropa, etc., ficarão mais longe da Europa, e desde logo, mais longe de um mercado de 50 milhões de pessoas — a Espanha, por sinal, o nosso principal cliente comercial!
  6. Em vez de dar trabalho às empresas portuguesas que ganharam o concurso público, e de promover o investimento publico virtuoso, a nomenclatura que nos tem governado prefere destruir a economia e as pessoas.

Conclusão: a decisão do Governo de Passos de Coelho e Sérgio Monteiro, tomada em 2012, com base numa decisão idiota do Tribunal de Contas, e reiterada pelo imprestável ministro Pedro Marques, que serve sem alma, nem cabeça, a geringonça montada pelo PS, PCP e Bloco, está a transformar-se em mais uma tragédia para Portugal.

O país será em breve ma ilha ferroviária insustentável e falida. Basta reparar no estado de decrepitude em que se encontram as infraestruturas ferroviárias do país, e a sua não menos desmiolada bilhética e sistemas de acesso às plataformas de passageiros.

O novo governo das esquerdas não fez nada para corrigir este desastre.

Pelo contrário, continua a ocultar dos portugueses o verdadeiro isolamento ferroviário para que Portugal caminha com as suas opções absurdas, para não dizer, corrompidas por clientelas partidárias e de rentistas sem emenda.

terça-feira, abril 28, 2015

O regresso da sensatez

Albert Rivera, líder do Movimento Ciudadanos

Se os novos partidos não arrancam, é preciso renovar os velhos!


Espanha dividida em quatro (fim do bipartidarismo à vista)

PP: 22%
PSOE: 21%
Ciudadanos: 19,4% (subiu mais de 14 pp desde janeiro)
Podemos: 17,9% (caiu 10 pp desde janeiro)

(sondagem da Cadena Ser/Myword, de abril 2015)

Ciudadanos, a alternativa viável e sensata para transformar Espanha.

Também em Portugal esperamos por um partido sensato que proponha uma alternativa de mudança viável no país. Um partido que, como o Ciudadanos, atraia gente nova e competente, nomeadamente nas áreas financeira, económica, social e cultural.

Precisamos de mudar a geração que está no poder há quarenta anos, que não quer sair, como Salazar não queria, e que se tornou um lastro insuportável de iniquidade, corrupção e falta de ideias que ajudem Portugal a sair do buraco e renascer.

É natural que os mais velhos que não se revêm nem contribuíram para o descalabro, desiludidos com as perversões que arruinaram a nossa democracia, queiram lançar novos movimentos e partidos para alterar o lamentável estado das coisas em Portugal. Mas se querem ter êxito, o primeiro que devem procurar é atrair os mais jovens, e dar voz e protagonismo aos melhores dos mais jovens no esforço hercúleo necessário para travar o declínio acelerado do nosso país, e relançar a esperança.

Foi isso que fez o Ciudadanos, uma alternativa criativa, jovem e sensata ao oportunismo terceiro-mundista do Podemos.

Em janeiro deste ano, o partido nascido na Catalunha em 2006, liderado por Albert Rivas, contava apenas com intenções de voto entre 5 e 8%. Em fevereiro já ultrapassava os 12%, e este mês superou a casa dos 19%. Uma subida, pois, fulgurante, que tem beneficiado da queda de popularidade do Podemos, cujo radicalismo populista e terceiro-mundista, somado aos escândalos que começaram a rebentar no interior da organização, e à impotência crescente revelada pelo Syriza uma vez chegado ao poder, acabará por atirar este movimento 'revolucionário' para o colo do PSOE se, entretanto, não começar a desagregar-se sob o impacto de dissidências ideológicas internas, muito típicas neste género de formações pequeno-burguesas.

Em Portugal, que fazer?

Do que se vislumbra na paisagem eleitoral, percebemos que os partidos tradicionais mantêm as suas posições relativas, apesar de uma pré-bancarrota e de quatro anos de brutal austeridade. Os novos partidos, em geral formados por iniciativa de cidadãos reformados ou à beira da reforma, com muita vontade de recuperar o tempo perdido, não perceberam ainda que a falta de juventude nas suas fileiras é uma limitação fatal.

O Nós, Cidadãos, em Portugal, o Ciudadanos, em Espanha, e o MODEM, em França, poderão dar um contributo decisivo ao renascimento equilibrado da Política na Europa. Tudo dependerá da consistência e maturidade das suas teses, e dos exemplos práticos que forem dando à medida que assumirem posições de poder. No caso específico do Nós, Cidadãos, ou procuram o elixir da longa vida na ligação natural às gerações mais jovens —de economistas, sociólogos, antropólogos, urbanistas, artistas, advogados, comerciantes, empresários, estudantes, professores, etc.— ou terão crescentes dificuldades de afirmação. Uma relacionamento público mais evidente com as organizações gémeas espanhola e francesa daria certamente um empurrão. Aguardemos pela legalização do movimento, para ver no que dá.

Em Portugal, a presença das esquerdas de origem marxista no parlamento e à frente de municípios, confunde-se com a idade do regime. Talvez por isso os portugueses tivessem aprendido a serem mais pragmáticos no escrutínio das forças políticas, relativamente às quais aprenderam a distinguir a retórica ideológica dos comportamentos no terreno. Talvez por isso qualquer nova formação ou movimento que se apoie no ruído da propaganda ideológica e na exploração da ansiedade dos mais fracos ou atingidos pela crise, sem demonstrar consistência e razoabilidade nas propostas concretas que apresenta, tenha os dias contados. Talvez por esta circunstância, em suma, certamente única na Europa, haja mais lugar para um renascimento partidário a partir do interior dos partidos existentes, do que propriamente uma revolução na paisagem partidária.

Há sinais deste aggiornamento no PSD (com Pedro Passos Coelho, Maria Luís Albuquerque, Paulo Macedo, Rui Moreira da Silva, Paulo Rangel, Miguel Poiares Maduro, etc.) Tudo indicaria que os sinais de juventude introduzidos no Partido Socialista por José Sócrates não acabariam por ter o fim triste que parece anunciar-se no horizonte, como se a derrocada pessoal do líder arrastasse para o mesmo precipício todo o rebanho de jovens turcos do partido. No CDS/PP, tudo permanece ainda debaixo da asa frenética de Paulo Portas. No PCP a mudança vai a passo de caracol. E no Bloco, por fim, depois da quase implosão deste pequeno movimento, que goza, no entanto, de uma ampla caixa de ressonância mediática (ainda bem!), há sinais de mudança muito estimulantes, assim a maturidade de um dos seus mais jovens elementos, Mariana Mortágua —uma verdadeira estrela política— faça o seu caminho e estabeleça novos paradigmas de pragmática e praxis numa minúscula seita atolada nas aporias dos herdeiros degenerados do marxismo.


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domingo, abril 26, 2015

Selfie do PS

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Uma imagem vale mil palavras


Sem reconhecer a escândalo deste quadro, sem rejeitar este modelo de traição económica, sem exigir uma reversão desta privatização selvagem dos nossos recursos, sem questionar os responsáveis por esta alienação estratégica do país, os exercícios intelectuais populistas do PS e dos seus falsos sábios não passa de demagogia eleitoralista barata.

Como esta selfie exibe claramente, o PS é, de longe, o principal responsável pela proliferação do cancro da corrupção em Portugal e, pior ainda, pela ruína do país, em nome da sobrevivência, dos privilégios e do enriquecimento de uma elite partidária totalmente parasitária.

Situando-se o PS na banda esquerda do parlamento, terá a outra esquerda que nos explicar claramente o que pensa deste retrato. E mais: terá que nos explicar que faria concretamente de diferente se fosse governo.


Se gostou do que leu apoie a continuidade deste blogue com uma pequena doação Estamos fartos de demagogia e dos realejos ideológicos.

sábado, abril 25, 2015

A Corja e o 25 de Abril



O gene fascista continua vivo nas entranhas da nossa democracia


A princípio atribuí o ruído à inépcia burocrática proverbial das turmas de deputados que povoam o galinheiro de São Bento, sempre muito ocupados a redigir, discutir e aprovar opacidades constitucionais e legislativas ao sabor dos escritórios de advogados que dominam a poda parlamentar no que realmente interessa ao feudalismo urbano secular e ao indelével corporativismo que continuam a dominar o país, independentemente das máscaras e cores que levam ao baile.

Depois fui começando a ler descrições e transcrições do monstro partidário que o PS, PSD e CDS se preparavam para aprovar no hemiciclo da incompetência e corrupção que conduziu Portugal à pré-bancarrota. Tratava-se, nada mais, nada menos, do que ensaiar a criação de um dos muitos espartilhos da frente populista autoritária que tanto Cavaco Silva, como António Costa, gostariam de instaurar depois das próximas, previsivelmente inconclusivas, eleições.

Ou seja, este ensaio de regresso à censura fascista destina-se a testar a solidez cultural da democracia, saber se a cidadania é ou não capaz de impedir o golpe de estado constitucional que, pelos vistos, está em preparação por quem o povo deseja, cada vez mais, ver pelas costas.

Na realidade, esta farsa é uma prova de pânico do regime. Temem, e ainda bem que temem, um duro castigo eleitoral, sem distinção de qualquer das pernas do Bloco Central da Corrupção.

Ainda não temos nenhum Podemos, nenhum Syriza, nem, felizmente, nenhuma Aurora Dourada a atear fogos pelo país.

Para já emigraram permanentemente, desde o ano 2000, mais de 260 mil portugueses. Só em 2011, 2012 e 2013, entre emigrantes permanentes e temporários, saíram do nosso país mais de 350 mil pessoas (PORDATA). Mas o pico da emigração já foi atingido. Resta agora, aos que ficam, enfrentar a situação de ruína a que uma casta de piratas e de inúteis conduziram o país. No centro desta desgraça está a nomenclatura financeira, corporativa e partidária, uma espécie de argamassa oportunista beneficiada por uma repartição desigual, injusta e corrupta dos rendimentos disponíveis.

Acredito que as novas gerações, que não viveram a ditadura, e mal se lembram do período pré-revolucionário que se seguiu ao 25 de Abril, em geral melhor preparadas academicamente, saberão travar esta deriva, mudando por dentro os partidos existentes, criando novos partidos, e sobretudo expandindo a cidadania democrática livre, nomeadamente através do investimento intelectual e cultural nas redes sociais.

Espero, por isso, que nas próximas eleições a corja leve mais uma tareia de abstenções e de votos nos partidos minoritários e ultra-minoritários. É por aqui, e não ruminando uma vez mais as promessas da corja que quase destruiu o país, que nos salvaremos e salvaremos Portugal, a liberdade e a democracia.

O modo como o El País viu a tentativa golpista dos 'democratas' e 'socialistas' indígenas contra a liberdade de imprensa, a um dia de comemorar o 25A, é um daqueles estímulos culturais que não podemos deixar de estimar e agradecer.

A propósito, já se demitiu algum deputado? O Podemos chama, com razão, a esta malta, casta.
El Gobierno y los socialistas portugueses, de acuerdo en censurar a la Prensa
El País, Javier Martín Lisboa 23 ABR 2015 - 22:22 CEST

Un proyecto de ley obliga a que los medios envíen previamente sus planes de cobertura electoral y a que el espacio de opinión no exceda al de la información
Portugal celebra los 40 años de libertad de expresión, pero parece que no cumplirá los 41 años. Con nocturnidad y alevosía, con una celeridad desconocida en este país, los tres partidos mayoritarios, los gobernantes PSD y CDS, y el principal partido de la oposición, el Partido Socialista, se han puesto de acuerdo para un proyecto de ley que pretende establecer el control previo de los medios de comunicación en la próxima campaña electoral.

El texto de la proposición, que ha sido enviado también a los partidos parlamentarios Partido Comunista y al Bloco de Esquerda, obliga a que cada medio de comunicación, público o privado, presente antes del periodo electoral un plan de cobertura de las elecciones, que será controlado por una comisión mixta formada por personas designadas por los partidos políticos. El incumplimiento de ese plan acarreará multas y sanciones de hasta 50.000 euros, aparte de otras amenazas.

El llamado oficialmente "visto previo”, o sea, la censura previa, afectará a cualquier tipo de contenido, ya sean noticias, reportajes, entrevistas o debates, y abarca a todo tipo de medios: escritos, radiofónicos, televisivos, analógicos y digitales; por primera vez, las páginas de internet van a tener que enviar sus planes de cobertura electoral al poder político.

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segunda-feira, março 02, 2015

Colapso do sistema e experimentalismo radical

Ordem de confisco do ouro nos Estados Unidos, 1933

A Esquerda ou se radicaliza ou morre com o sistema que ajudou a criar


Não é a ideologia que está a entalar a social-democracia, porque esta sempre a soube moldar às suas necessidades de poder. É a realidade.

Foi a realidade que empurrou o neoliberalismo e o neoconservadorismo para o mais ilusório e radical keynesianismo de que há memória. Daí estarem os governos ocidentais —democratas, republicanos, social-democratas, liberais, conservadores, etc.— a transformar os seus países em atoleiros de autoritarismo político e capitalismo de estado, não conseguindo nem assim e apesar de todo o ilusionimso financeiro promovido pelos bancos centrais, travar a implosão quer dos estados sociais europeus do pós-guerra, quer das sociedades de consumo inauguradas com o baby boom americano. Daí, portanto, a impossibilidade de distinguir o senhor António Costa, do senhor Pedro Passos Coelho, ou Paulo Portas. Votar em qualquer destas criatuas, e nos partidos de que são líderes, é uma pura perda de tempo.

A economia dos Estados Unidos não cresce o suficiente para escapar à estagnação e à deflação, e volta a resvalar rapidamente para um novo colapso financeiro—sob a pressão da sua dívida astronómica e das bolhas com que têm tentado, uma vez mais, esconder o grande risco que correm. O rebentamento de qualquer das bolhas críticas atuais —subprime estudantil, subprime automóvel, ou Wall Street— poderá acontecer em breve, e terá consequências planetárias imediatas.

Neste contexto institucional bloqueado, em que as esquerdas tradicionais, que vão da social-democracia até aos partidos que, como o PCP e o Bloco, formam parte ativa da máquina do endividamento sistémico, e declaradamente pertencem a uma nomenclatura política e burocrática cada vez mais contestada, que margem de sedução sobra à esquerda? A estas esquerdas?

Eu diria que só mesmo experimentando soluções desesperadas —como aquelas que o Syriza e o Podemos têm protagonizado— estariam em condições de renovar os laços perdidos com as suas bases sociais e culturais de apoio. Mas, como temos visto, é bem mais provável assistirmos ao colapso paulatino destes cadáveres esquisitos do marxismo, e ao aparecimento de novos movimentos radicais ecléticos, do que a metamorfoses no interior de agrupamentos minados até à medula pela esclerose intelectual, compromissos espúrios e histórias inconfessáveis.

À direita, o desejo de experimentalismo também cresce, obviamente. E onde as novas esquerdas radicais-ecléticas e radicais não avançarem, será uma nova direita radical-eclética a fazê.lo, como temos visto em França


EXCURSO

O artigo do José Manuel Fernandes —Os problemas de Costa não estão nos seus primeiros 100 dias. Estão nos próximos 200— faz um bom diagnóstico da espuma em que o curtido Costa flutua e onde irá necessariamente afogar-se. Não é o antigo ministro de Sócrates que declara que temos que nos habituar às enxurradas?


Bill Gross: "Central Banks Have Gone Too Far In Their Misguided Efforts To Support Economic Growth"
Zero Hedge. Submitted by Tyler Durden on 03/02/2015 08:21 -0500


Em síntese o que diz este artigo:
  1. que há uma guerra cambial, envolvendo as princiais moedas do planeta: dólar, iéne, euro e yuan;
  2. que os mesmos países envolvidos na guerra cambial também praticam agressivamente a desvalorização competitiva das suas moedas;
  3. que a rentabilidade negativa (negative yiels) dos títulos e obrigações soberanas —2 biliões de dólares, só nos EUA— ameaçam a poupança e o investimnto financeiro;
  4. que a destruição das taxas de juro mata os modelos de negócio financeiro e é crítica para o funcionamento das economias modernas. Os fundos de pensões e as seguradoras são as principais vítimas desta forma duvidosa de prolongar a vida de estados obesos e burocracias parasitárias;
  5. que juros a taxas zero/negativas estimulam a poupança, retraem o consumo, e prejudicam qualquer crescimento significativo das economias;
  6. que os bancos centrais continuam a ir longe demais nos seus esforços mal orientados de reanimar as economias.


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quarta-feira, novembro 05, 2014

Nós, PDR ou JGF?

"Quero ser um cidadão que ajude a desbloquear este país", afirma o jornalista
Expresso. "Quero ser um cidadão que ajude a desbloquear este país", afirma o jornalista /  Nuno Fox

Afinal em que ficamos? Perguntam ao António Maria alguns dos seus leitores


Sempre escrevemos que eram necessários dois novos partidos...

Entretanto, surgiram dois candidatos com potencial efetivo: o Nós, Cidadãos!, espécie de social-democracia aberta à colaboração com os monárquicos, rejeitando nesta matéria o perfil jacobino do PS. E o Partido Democrático e Republicano, protagonizado por António Marinho e Pinto, espécie de socialismo popular que rejeita liminarmente os excessos de oportunismo e sobretudo a corrupção que deram cabo do PS.

Claramente próximo do Podemos, que as sondagens colocaram esta semana em primeiro lugar nas preferências dos espanhóis, e podendo arrancar sózinho 10 a 15% dos votos nas próximas Legislativas, o PDR tem sobre o Nós, Cidadãos! a vantagem de apresentar uma cara combativa e conhecida de milhões de portugueses, ainda que o Nós, Cidadãos! tenha mais trabalho realizado no terreno e mais produção de ideias sobre o que pensa mudar no país.

Se o Nós, Cidadãos! conseguisse apresentar até ao fim deste ano um líder conhecido e credível, o seu potencial eleitoral dispararia. Como está, as perspetivas não apontam para nada efetivamente seguro.

Marinho e Pinto, pelo contrário, tenderá a beneficiar de dois fenómenos conjugados: o terramoto político e eleitoral espanhol chamado Podemos, que continua a crescer a uma velocidade impressionante, e a desagregação em curso do Partido Socialista, agora que ficou claro para boa parte dos portugueses que António Costa é uma nulidade político-intelectual, empurrada para a arena do colapso do regime com a missão forçada de segurar o que já não tem conserto. Quanto mais António Costa fugir da sua sombra natatória, mais Marinho e Pinto aparecerá como uma alternativa de esquerda não estalinista à direita rendeira e aos principais piratas que têm saqueado o país. Não me admiraria nada se, em breve, uma parte —inteligente— do Partido Socialista aderisse em bloco ao PDR!

Em que pé fica agora a declaração de hoje de José Gomes Ferreira?

Mais pragmático e capaz de atrair as pessoas e os apoios imprescindíveis a uma solução que impeça o país de resvalar para uma balbúrdia populista de esquerda —risco de que, por enquanto, o PDR não está, de todo, livre—, além de claramente ancorado na defesa da propriedade, da poupança e da liberdade e iniciativa privadas, embora defendendo também mão dura sobre o capitalismo especulativo, rendeiro e oportunista, José Gomes Ferreira, figura simpática, honesta, esforçada e comprometida com o país, poderá preencher o vazio que encontramos no Nós, Cidadãos!, e sobretudo apontar o caminho para mais de metade do eleitorado português que, não gostando particularmente de estado a mais, nem de burocracias parasitárias e incompetentes, está completamente farta das tropelias e enganos a que a direita portuguesa tradicional, representada pelo PSD e pelo CDS-PP, conduziram, de braço dado ao PS, o país.

Em que ficamos, perguntam os emails? Na melhor das hipóteses, ficaremos com duas portas de saída para o perigoso colapso do regime que está em pleno curso e já é incontrolável. Os portugueses, que não são todos iguais, nem se reveem numa só cartilha de valores, precisam, tanto quanto do pão para a boca e o emprego, de decidir que democracia querem ter depois deste regime corrupto implodir.

O tempo de apostar, de decidir e de cooperar é agora. Se tivermos duas portas de saída em vez de apenas uma, melhor.

José Gomes Ferreira admite entrar na vida política
Expresso | 10:29 Quarta feira, 5 de novembro de 2014

"Se aparecer um projeto independente, com pessoas credíveis do ponto de vista técnico, e com vontade de governar olhando ao interesse do país e não olhando a ideologias e se me disserem 'precisamos de ti', no futuro poderei pensar duas vezes e dizer 'sim, senhor'. Mas nunca nesta conjuntura político-partidária e nunca em algum dos partidos atuais". 

Sem papas na língua, José Gomes Ferreira admite, em entrevista ao jornal "i" desta quarta-feira, poder vir a participar num projeto político independente, mesmo garantindo estar sobretudo interessado em continuar a ser jornalista e escrever livros.

[...]

Lembrando as suas origens humildes, o jornalista diz acreditar que essa questão lhe garante uma maior proximidade às pessoas, que acredita ser essencial para a vida política. "Tento sempre ver as coisas do lado de quem está a partir do zero para ter coisas, porque também foi esse o meu percurso. Acho que isso dá bagagem para pensar a política e a organização da sociedade tendo em atenção essas pessoas", afirma.

Quanto ao futuro, Gomes Ferreira garante: "Quero ser um cidadão que ajude a desbloquear este país."

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