Se o Pedro Passos Coelho...
WASHINGTON (21 Jan 2010) -- Rep. Dennis Kucinich (D-OH) on Wednesday said the Massachusetts election was a "wake up call" for Democrats and that his party had better change course or it could suffer devastating losses come November.
... "Every area of the economy is still about taking wealth from the great mass of people and putting it into the hands of a few. If you don't have a economic democracy, you don't have a political democracy." — in The Raw Story.
Há dinâmicas imparáveis. E a dinâmica de vitória de Pedro Passos Coelho, goste-se ou não se goste dele, já começou. E assim sendo, o melhor é irmos contribuindo para que o jovem turco não faça demasiadas asneiras.
Eu preferiria, porventura, ver Paulo Rangel suceder a Manuela Ferreira Leite, mas as coisas são o que são, e a entrevista que Pedro Passos Coelho deu hoje ao Mário Crespo foi uma prestação promissora.
É patente e compreensível a decisão da actual líder do PPD-PSD de se afastar, ainda que fazendo um indecoroso frete político à turma de parasitas que há décadas vivem do partido fundado por Sá Carneiro. Refiro-me claramente ao intriguista Marcelo, ao desamparado e manifestamente quadrado intelectual orgânico que dá pelo nome de Zé Pacheco Pereira, à candeia sombria da Fundação Luso-Americana e da SLN, Rui Machete, ao teddy boy já um pouco cota da 24 Julho, Pedro Santana Lopes, e a todas as ratazanas e pequenos parasitas acomodados que torcem pelo suicídio colectivo do PSD. Como lémures ameaçados por praga divina, preferem incendiar a instituição que os tem engordado, a dar lugar aos mais novos — como é natural, humano e inteligente. A síndroma salazarenta é, infelizmente, muito mais difícil de erradicar do que todos supúnhamos. Basta olhar, noutra direcção, para os clubes de inúteis que impedem os sindicatos, as associações patronais, e as ordens corporativas, de se tornarem algo de útil à democracia, para confirmarmos a natureza endémica desta praga hereditária.
Manuela Ferreira Leite perdeu o momento durante a campanha eleitoral que conduziria à sua clamorosa e inesperada derrota. Depois deste desaire, e apesar de ter sido quem primeiro, de entre a nomenclatura partidária, alertou para a gravidade dos nossos problemas, tem vindo a colocar-se primordialmente ao serviço da estratégia defensiva de Cavaco Silva e da velha guarda cor-de-laranja, responsável, a par da decrépita guarda cor-de-rosa, pelo descalabro a que a democracia portuguesa chegou ao fim de pouco mais de 30 anos de desvario populista. O actual regime demo-burocrático e clientelar, protagonizado por uma partidocracia basicamente corrupta, ocupou e asfixiou o tecido social do país, consumindo-lhe as energias criativas e a poupança. Tal como em muitas outras democracias europeias e americanas, a confiança morreu e o caos social espreita ao virar da esquina deste ou do próximo colapso económico-financeiro das economias virtuais do Ocidente. A guinada desesperada de Obama contra os vampiros de Wall Street e da Banca Global, que hoje fez afundar as bolsas americanas, europeias e asiáticas, tal como as declarações do congressista republicano Dennis Kucinich, deveriam inspirar o novel candidato a mudar o segundo maior partido político português.
Obama Calls for Limiting Size, Risk-Taking of Financial Firms
Jan. 22 (Bloomberg) -- President Barack Obama, tapping into voter anger over bank bailouts, called for limits on the size and trading activities of financial institutions in order to reduce risk-taking and prevent another financial crisis.
... “While the financial system is far stronger today than it was one year ago, it’s still operating under the same rules that led to its near collapse,” Obama said yesterday at the White House after meeting with former Federal Reserve Chairman Paul Volcker, who has been an advocate of taking such steps. “Never again will the American taxpayer be held hostage by a bank that is too big to fail.”
The proposals could affect trading at some of the nation’s largest banks, including New York-based Goldman Sachs Group Inc., Morgan Stanley and JPMorgan Chase & Co., according to Frederic Dickson, chief market strategist at D.A. Davidson & Co. in Lake Oswego, Oregon.
A grande pergunta é esta: será capaz?
O título do livro que Pedro Passos Coelho acaba de lançar (que ainda não li), se não for uma máscara da ignomínia, ou mais uma caricatura de política, então denota uma direcção ambiciosa. Ambiciosa porque pressupõe uma ruptura (Mudar/ Change). Ambiciosa porque é irrealizável sem estabelecer claramente que a próxima vitória do PSD tem que resultar de um movimento de opinião pública nascido desta crise profunda, e não de mais uma arranjo floral intra-partidário. Ambiciosa porque, para ter sucesso, implica obviamente a não recandidatura de Cavaco Silva.
Um aviso: cuidado com Alcochete! E Pedro, não me desiluda, como Sócrates me desiludiu!
Post scriptum — (23-01-2010 19:22) Os condottieri da comunicação (vulgo, "agências") iniciaram, na edição do Expresso de hoje, a campanha de demolição de carácter de Pedro Passos Coelho. O ponto de partida foi a sua relação profissional com a Fomentinvest, uma empresa típica de lobbying político-empresarial e gestão virtual de empresas e fundos de investimento, cujo presidente é o antigo ministro laranja Ângelo Correia. O que encontraram, para já, é picuinhas, pífio, e se nada mais houver, pode dizer-se que o procedimento de clearance do bem colocado challenger à futura direcção do PPD-PSD, vai no bom caminho. Pelos vistos, Passos Coelho dificilmente se verá metido no usual colete de varas que a promiscuidade entre dinheiro fácil e poder há décadas limita a independência da generalidade dos decisores políticos. A Fomentinvest, precisamente por causa da sua natureza de empresa de gestão de influências, mesmo tendo em conta a notoriedade dos seus associados —Caixa Geral de Depósitos, Grupo Espírito Santo, BANIF, Banco Africano de Investimentos, Fundação Ilídio Pinho, IP Holding, Millennium BCP, Fundação Horácio Roque—, está em relativos maus lençóis. Com um capital de 20 milhões de euros demonstrou apenas um volume de negócios de pouco mais de 600 mil euros em 2007! Por sua vez, a sua aposta recente no mercado de derivados em volta da esperada super-bolha verde das chamadas emissões de CO2 equivalente, depois do fracasso redondo da Cimeira Climática de Copenhaga, e da agora anunciada suspensão dos subsídios públicos à produção de energia solar por parte da Alemanha e da França (que não deixará de contaminar o resto da UE), augura tempos difíceis numa empresa essencialmente virtual, como a Fomentinvest efectivamente é. Também por aqui, o mais que se poderá afirmar é que Pedro Passos Coelho já terá percebido que precisa de mudar de vida. "Crime, disse ela?" Não creio.
OAM 675 — 22 Jan 2010 00:00