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terça-feira, outubro 18, 2011

China?

Um filho bastardo de Keynes viajou até Pequim, mas os resultados da sua receita revelam-se incertos e algo decepcionantes

The Last Train Home, um extraordinário doc de Lixin Fan

No momento em que a economia portuguesa colapsa diante de todos nós, e o governo hesita em atacar de frente alguns dos principais obstáculos e resistências à esperança de uma saída menos dramática, mais estruturada e mais ética da crise, vale mesmo a pena meditar um pouco sobre a China e a promessa que esta dificilmente poderá cumprir: substituir os Estados Unidos e a Alemanha no papel de locomotiva do mundo.

O filme conta a história de três dos duzentos milhões de trabalhadores migrantes responsáveis pela rápida subida da China ao pódio de terceira economia mundial, logo depois da União Europeia e dos EUA. É uma história triste e muito bela ao mesmo tempo: resume em 85mn a fuga à miséria dos campos tentada e concretizada por quase 20% da população chinesa, a ilusão do trabalho e vida na cidade, o inferno das idas à terra no único feriado anual existente, e o regresso forçado de muitos deles às aldeias de origem na sequência do colapso da economia mundial em 2008.

Na América, este regresso à terra foi-se tornando impossível à medida que as propriedades foram sendo confiscadas pelo sistema financeiro na sequência da falência de milhões de pequenos agricultores e ganadeiros descendentes das primeiras três ou quatro gerações de colonizadores europeus. A concentração fundiária nos EUA deixou os habitantes das cidades progressivamente sem retaguarda, e tornando por isso o desemprego uma verdadeira tragédia pessoal, familiar e social (algo que a lei portuguesa deverá impedir expressamente — seja no que se refere às propriedades rústicas familiares, seja no que se refere à habitação própria nas cidades).

A perda definitiva da terra não acontece ainda na China, nem sequer, por enquanto, em Portugal. Mas o problema, como comenta um analista chinês (McKinsey Quaterly, 2009) a propósito do regresso dramático dos trabalhadores desempregados às aldeias, é que o rendimento dos campos continua a representar pouco mais do que 10% daquele que se consegue nas cidades.




“Talk about being caught between a rock and a hard landing. China just reported (completely fabricated) Q3 GDP of 9.1%, which was the slowest GDP growth in the past 2 years and well below expectations of 9.3%, which has sent the Hang Seng index down to -3% on the news, and which confirmed that the Chinese economy is slowing...” — ZeroHedge.

Para a China, crescer abaixo dos 8% é estar em recessão! E a China tem vindo, de facto, a crescer muito perto deste valor desde 2008 (embora as marteladas estatísticas governamentais puxem os números para cima). A fim de atacar a dramática quebra no ritmo de crescimento e exportações desta potência emergente o governo apostou em duas medidas de compensação, uma de tipo keynesiana, e outra meramente especulativa.

A primeira foi um gigantesco programa de obras públicas: barragens, estradas e ferrovia, nomeadamente de Alta Velocidade. E a segunda foi inundar o mercado de crédito com liquidez, favorecendo nomeadamente o sobre endividamento das cidades e dos municípios em matéria de infraestruturas e construção imobiliária, e o consumo de bens duradouros por parte de uma emergente mas ainda algo desconfiada (e portanto poupada) classe média chinesa: automóveis e a parafrenália infinita de electrodomésticos e gadgets electrónicos que a China produz para todo o planeta mas deixou de exportar em tão grande quantidade.

Acontece, porém, que as estradas estão desertas, os comboios de alta velocidade andam meio vazios, e sobram casas aos milhões. Não tardaremos pois a escutar o estrondo catastrófico da gigantesca bolha com que os burocratas chineses tentaram contrariar os efeitos da recessão mundial sobre a sua economia florescente.

Esta pequena história chinesa ilustra bem o grau de interdependência dos problemas do mundo. Não vale a pena olharmos apenas para o nosso umbigo lusitano, inchados de razões, sem meditar seriamente no planeta em que vivemos temporariamente. A globalização económica e financeira tem que ser rapidamente revista em nome de um novo, humanamente decente e justo equilíbrio mundial.

POST SCRIPTUM

Nem de propósito: acabo de receber este clip do CHINA DAILY!
Trade deficit next year 'possible'

Country facing situation for first time since 1993 as export demand drops

BEIJING - China may see its first annual trade deficit for two decades next year, Wei Jianguo, former vice-minister of commerce, said.

September and October are traditionally the peak time for contracts ahead of the festive season in Europe and the United States but demand is sharply down this year, he said.

"China's export-reliant enterprises are facing their toughest time in years. The possibility of a full-year trade deficit cannot be ruled out next year," Wei, secretary-general of the China Center for International Economic Exchanges, a government think tank, told China Daily. — CHINA DAILY

act.: 18-10-2011 20:26