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domingo, fevereiro 02, 2025

Da Doutrina Monroe ao Tratado de Tordesilhas 2.0

Quando os portugueses chegaram à Gronelândia não havia por lá nórdicos.
Planisfério dito de Cantino (1501)

GRONELÂNDIA — dois milhões de Km2; 57 mil habitantes, 80% dos quais são parte da nação indígena do Ártico, conhecida por Esquimós, os quais habitam a Sibéria, o Alasca o Canadá e a Gronelândia há milhares de anos.

Que relação existe entre estes habitantes e a maior ilha do planeta? Uma relação tangencial do ponto de vista geográfico, pois a ilha há muito que está gelada, e a ocupação humana conhecida foi sempre escassa, local e periférica. Os vikings islandeses e noruegueses terão sido os primeiros povos a ocuparem uma parte minúscula da grande ilha, a que chamaram Verde. Atrás destes vieram, mais tarde, os dinamarqueses. Porém, entre os século 15 e 18, os povos nórdicos deixaram a Gronelândia, provavelmente por falta de condições climáticas. A Dinamarca reclamaria a posse da ilha, como colónia, a partir de 1721. Perderia mais tarde toda a soberania sobre aquele vasto território gelado e deserto, ao ver-se ocupada pelos alemães em 1940, durante a Segunda Guerra Mundial. No mesmo ano os americanos avançaram para a Gronelândia ao abrigo da Doutrina Monroe. Por tratado assinado com a Gronelândia em 1941, os Estados Unidos adquiriram o direito de estabelecer bases militares na ilha, até hoje...

Os indígenas e o resto da população da Gronelândia encontram-se há décadas num processo de afastamento da Dinamarca. Apesar de cidadãos comunitários, excluiram a Gronelândia da União Europeia. Fizeram um referendo sobre a independência com uma votação esmagadora a favor da mesma. Ora bem, que significa tudo isto? Estão a ver um novo país soberano com dois milhões de quilómetros quadrados chamado Gronelândia, cuja população não chega às 57 mil pessoas, das quais 46 mil são inuites da nação esquimó que habita o Alasca, o Canadá, a Gronelândia e a Sibéria (russa)? 

Olhando a localização da Gronelândia no Ártico percebe-se imediatamente que a ilha está praticamente encostada ao Canadá, logo muito próxima dos Estados Unidos, mas banhada por um mar hoje disputado por americanos, russos e chineses!

Não sei de onde vem o alarido contra a proposta de Donald Trump. É uma proposta antiga, que faz todo o sentido estratégico, quer na lógica da Doutrina Monroe, quer na de um eventual Novo Tratado de Tordesilhas!


Referência

Como correram as várias tentativas dos EUA de comprarem a Gronelândia

Desde a Era da Reconstrução até à Guerra Fria, diversas administrações tentaram (e fracassaram) comprar a ilha do Árctico. Saiba por que razão a Gronelândia tem permanecido fora do alcance – e porque sempre foi tão importante.

Jordan Friedman
National Geographic Portugal