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domingo, outubro 09, 2011

Cultura: quem vai à guerra...

A cultura portuguesa também está cheia de buracos

Foz Coa, gravura rupestre.
A luta contra a barragem e pela preservação das gravuras foi um dos poucos combates culturais realizados em Portugal nas últimas décadas

Fiquei a saber hoje que o Francisco José Viegas, actual secretário de estado da cultura, nasceu no Pocinho. Mais um transmontano certamente duro de roer! A malta da cultura que comece rapidamente a puxar pela imaginação, em vez da gritaria histérica do costume.

A geração de lapas que se alimentou nos últimos 30 anos da seiva orçamental do país, sem sequer se aperceber a que se deveu tanta generosidade, deve dar agora lugar aos mais novos, mesmo sabendo todos nós que este últimos vão apanhar apenas migalhas.

Conhecendo-se, no entanto, a propriedade mais notória das lapas, recomenda-se que estas sejam removidas das rochas onde estão agarradas de forma decidida e sem aviso.

Aplique-se, pois, uma gestão puritana ao sector, se quiserem salvá-lo de uma morte súbita. Não é preciso inventar nada. Basta copiar o exemplo holandês. Nem um euro público deve ser gasto sem se saber para quê, porquê e sob que patrocínio técnico e intelectual.

Já agora: nem os EUA, nem a Alemanha, Reino Unido ou Japão —os países culturalmente dominantes do planeta— têm ministérios da cultura. Porque continuam os nossos desmiolados jornalistas a fazer perguntas tontas sobre este particular não-assunto?

Na Holanda, por exemplo, há um ministério da educação, ciência e cultura, e para o sector específico da cultura o ministério conta com o apoio de um Conselho para a Cultura, independente, renovado de quatro em quatro anos — ou seja, uma solução civilizada e racional.

Não é preciso inventar nada. O que faz falta é não ter medo de decidir.


PS: a história da Fundação Berardo começou mal, e mal acabará. Ver notícia do Expresso e entrevista de Francisco José Viegas à SIC.


ACTUALIZAÇÃO: 9 Set 2011, 14:23