O dirigente sindical dos professores defende o emprego de quem o tem. |
Nuno Crato continua o trabalho da Maria de Lurdes Rodrigues, e quem vier depois seguirá as mesmas pisadas, só que com maior urgência orçamental
O ministro da educação, interrogado por Judite de Sousa, jornalista, estrela da TVI e professora universitária, não deixou de dizer o que devia, isto é, que a população escolar, tal como a população do país, atingiram o pico.
Ou seja, a partir deste pico é sempre a descer :(
O grande equívoco da discussão sobre o ensino é que ninguém realmente discute a qualidade do ensino em Portugal, mas usa este tema bondoso como cobertura do problema, sério, mas que ninguém (governo, sindicatos, professores, burocratas, e empresários do canudo) quer discutir abertamente, e que é simplesmente o do rebentar de uma bolha educativa.
O crescimento contínuo da população escolar (Pordata) nos últimos 44 anos (1960-2004), induzido pela extensão do ensino básico obrigatório (1960-1987), secundário (1974-2009) e a proliferação e massificação do ensino universitário (1980-2004), público e privado, atingiu o pico em todos os graus de ensino, estagnou brevemente em cada um dos graus de ensino, e depois começou a declinar.
Este boom transformou-se numa bolha a partir do momento em que os orçamentos e o número de professores continuaram a crescer, enquanto a população escolar começava a declinar, ou só já crescia episodicamente no novo segmento das ditas pós-graduações e aquisição de créditos.
O boom induziu a expansão das obras públicas, e induziu muito emprego associado às ditas obras, ao fornecimento de equipamentos e material didático, e à formação/emprego de professores. Não é por acaso que este setor e a saúde pública são os que mais pesam no OE.
Pois bem, a bolha educativa chegou ao fim, e como se isso não bastasse, o Estado, boa parte da empresas e as famílias estão falidas ou à beira da insolvência.
Enquanto não tornarmos esta discussão transparente, chamando os bois pelos nomes, só desviaremos as atenções para questões secundárias, como a aldrabice sindical e corporativa em volta da qualidade do ensino, e só agravaremos uma situação que se degrada dia a dia :(