Muhammad Yasin Ahram Pérez, Al Qurdubi |
Um Che ressuscitado? Chamar-lhe terrorista não adianta nada.
A sedução do fundamentalismo deixou de ser uma ameaça, para ser uma realidade global. Em tempos de radicalismo, fruto da época de decadência das velhas narrativas redentoras —do sonho americano, aos amanhãs socialistas que cantam— convenhamos que esta imagem é bem mais sedutora do que a dos acomodados burocratas da esquerda.
O grupo terrorista Daesh divulgou pela primeira vez um vídeo em castelhano. "Com a permissão de Alá, o Al Andaluz voltará a ser o que foi: terra do califado", diz um militante do grupo radical islâmico que surge de cara descoberta e que é identificado como Abu Lais Al Qurdubi (o cordovês).
Segundo a polícia espanhola citada pelo jornal espanhol El País, Abu Lais é Muhammad Yasin Ahram Pérez, um espanhol de 22 anos nascido em Córdova, filho de uma cidadã espanhola e de um marroquino. O pai, Abdelah Mhram, de 42 anos, está preso em Tânger, Marrocos, por ligações ao jihadismo.
"A jihad não tem fronteiras. Faz a jihad onde estiveres", diz Abu Lais. Prossegue: "Cristãos espanhóis, não se esqueçam do sangue dos muçulmanos derramado pela inquisição espanhola. Vamos vingar a vossa matança, e a que estão a fazer agora contra o Estado Islâmico [Daesh]".
in Público, 24 agosto 2017
Nos Estados Unidos, o crescimento de uma mole social desesperada com o fim da prosperidade polarizou-se dramaticamente entre o populismo atávico das tradições, e essa nova florescência de fundamentalismo irracional a que se convencionou chamar a atitude politicamente correta.
Não há hoje nos Estados Unidos mais racismo, nem mais violência civil do que havia no tempo do presidente negro Barack Obama. Basta contar os mortos! O que há é a mesma austeridade, com a destruição paulatina das classes médias, e o acantonamento escandaloso dos ricos especuladores e populistas nas suas conchas de avarícia e pânico, impotentes perante o fim de uma era de crescimento exponcnial.
Quando as classes intelectuais ameaçadas e desesperadas, nomeadamente pelas suas hipotecas estudantis impagáveis, regressam aos tempos bíblicos da iconoclastia violenta, pretendendo rescrever a história, desfigurando e derrubando estátuas, degolando simbolicamente presidentes e assediando milhões de pessoas com uma coação ideológica sem precedentes desde os tempos de Hitler, Mussolini, Estaline, Mao e Pol Pot, o pior parece mesmo esperar por todos nós ao virar desta esquina da História.
Kathy Griffin com cabeça falsa de Donald Trump degolada. Foto: Tyler Shields |