segunda-feira, dezembro 21, 2009

COP15

Arrefecimento global!


(AFP/Carl de Souza)

E se o dominó de Copenhaga atingir a EDP Renováveis? De onde virá a próxima OPA?

CO2 Prices Probably Will Fall on Climate Deal, Barclays Says.
By Mathew Carr.

Dec. 20 (Bloomberg) -- European and United Nations carbon prices may fall this week because the Copenhagen climate deal didn’t set targets to boost demand for permits, a Barclays Capital analyst said in an interview.

European Union carbon-dioxide allowances, with trading volume of $92 billion a year, will probably drop about 7 percent as markets open tomorrow in response to the accord, said Trevor Sikorski, emissions analyst for Barclays Plc’s investment bank.

... Permits in the EU, which runs the world’s largest cap-and- trade system, closed at 13.58 euros ($19.44) on Dec. 18, down 6.8 percent last week as UN envoys bickered over targets and funding to fight climate change. Allowances for delivery in December 2010 have fallen 18 percent this year as the lack of progress on climate talks and recession reduced demand.

The UN’s Certified Emission Reductions credits for delivery next year fell 7.6 percent last week to 11.83 euros on London’s European Climate Exchange. They are down 14 percent this year.

... The two-week climate meeting, concluded a day behind schedule, failed to deliver most of improvements needed in the UN market, said Kim Carnahan, a UN emissions-trading researcher at the International Emissions Trading Association, a lobby group in Geneva. Its members include Goldman Sachs Group Inc. and Royal Dutch Shell Plc.

A próxima bolha especulativa chamava-se Mercado de Emissões de CO2 Equivalente, e serviria para tapar, pelo menos parcialmente e no curto prazo, o buraco negro do casino de Derivados, por onde continuam a desaparecer bancos, empresas e... países!

A ausência de Hu Jintao na Cimeira do Clima em Copenhaga e a lambada fria dada a Barack Obama pelo primeiro ministro chinês Wen Jiabao, ao ausentar-se da reunião in extremis com o presidente americano, em que participavam, entre outros, Lula da Silva e os líderes da Índia e África do Sul, foi a principal causa do fracasso de uma iniciativa desenhada para agrilhoar os países emergentes e pobres do planeta numa gigantesca bolha especulativa controlada, como sempre, pelos especuladores de Wall Street e Londres, com a conivência patética da ONU e de Bruxelas. Os ambientalistas, ou pelo menos alguns ambientalistas, poderão ter inconscientemente alimentado esta manobra camuflada e suja da Goldman Sachs, Shell e demais toupeiras da IETA - International Emissions Trading Assotiation.

Uma das consequências imediatas e mais sérias do fracasso redondo de Copenhaga é a provável antecipação da segunda vaga da actual recessão mundial para 2010, a qual poderá atingir muito fortemente as economias americana e europeia, e nesta, os países mais profundamente endividados e sem recursos, como a Grécia, Espanha, Itália e Portugal!

O assalto à CIMPOR é apenas um sinal de partida. BCP, BPI, GALP e ... EDP poderão ser, entre nós, as próximas vítimas de uma recomposição e concentração inevitáveis dos activos financeiros mundiais. A destruição de empresas e de emprego, em nome da rentabilidade da especulação que caracteriza o Capitalismo, parece dificilmente evitável, sobretudo por causa da fragilidade crescente dos principais bancos centrais dos "países ricos": Reserva Federal, Banco de Inglaterra, BCE e Banco do Japão.

A ver vamos.


OAM 665 21-12-2009 02:01

4 comentários:

Jose Silva disse...

António,

1.O fim ou o adiamento do imposto global sobre o carbono é uma boa notítcia. http://amafiaportuguesa.blogspot.com/2009/12/cimeira-de-copenhaga-afirmacao-da-nova.html

2. O capitalismo original, o questionado por Marx, não tem a dimensão especulativa que atribui. Apenas eventualmente após o imperialismo, a financiarização da economia, o neo-liberalismo e as PPP já do século XX e XXI é que são financeiramente especulativas. Lêr Crony Capitalism na wikipedia.

ab

Jose Silva disse...

Além da Cimpor, há agora que juntar a compra de 10% da ZON pelos angolanos.

António Maria disse...

João: um Feliz Natal e um Bom 2010 para si :-)

José: tem razão, até certo ponto. Sabe de onde vem a palavra "bolha"? Pois de "bubble", que era o nome dados às empresas que em Inglaterra, nos anos de 1711-1720, nasciam e morriam no mesmo dia, como bolas de sabão, durante a febre especulativa conhecida por "The South-Sea Bubble".

Há dois livros excepcionais que nos ajudam a perceber até que ponto o Capitalismo financeiro é intrinsecamente propenso às crises, aos colapsos e à especulação. O primeiro, chama-se "Extraordinary Popular Delusions & The Madness of Crowds", escrito em 1841 por Charles Mackay; e o segundo, que estou neste momento a ler, é o "Stabilizing an Unstable Economy" do post-Keynesiano e já desaparecido Hyman P. Minsky — uma descrição brilhante (publicada em 1986) do que está precisamente a ocorrer no mundo desde 2007!

Bom Natal :-)

Jose Silva disse...

A minha tese é que a inerente instabilidade do Capitalismo ultrapassa os limites do aceitável na fase actual de financiarização e do Crony Capitalism da economia mundial. Em fases prévias da história económica, em países como Capitalismo expurgado destes problemas como na China, ou em territórios onde estes problemas não tem peso na respectiva economia, como o Norte de Portugal, o Capitalismo é excelente.

Minsky parece-me ser um Marxismo disfarçado. É uma forma de reabilitar o Marxismo como teoria económica (não confundir como ideologia, porque essa não creio que tenha reabilitação possível).