terça-feira, julho 13, 2004

Santana Lopes 1

Do Povo, pelo Povo, para o Povo.


MenemO-A-M
#32
13 Julho 2004

Não resisto a citar o mais conhecido discurso de Abraham Lincoln, 16º Presidente dos Estados Unidos, proferido em 19 de Novembro de 1863, dois anos antes do seu assassinato, e do fim da Guerra Civil que protagonizou e venceu em nome da união norte-americana e do fim da escravatura.

The Gettysburg Address, by Abraham Lincoln.
Four score and seven years ago our fathers brought forth upon this continent, a new nation, conceived in Liberty, and dedicated to the proposition that all men are created equal.
Now we are engaged in a great civil war, testing whether that nation, or any nation so conceived and so dedicated, can long endure. We are met on a great battlefield of that war. We are met to dedicate a portion of it, as the final resting place of those who here gave their lives that that nation might live. It is altogether fitting and proper that we should do this.
But, in a larger sense, we can not dedicate, -- we can not consecrate, -- we can not hallow -- this ground. The brave men, living and dead, who struggled here, have consecrated it, far above our poor power to add or detract.
The world will little note, nor long remember what we say here, but it can never forget what they did here. It is for us the living, rather, to be dedicated here to the unfinished work which they who fought here have thus far so nobly carried on. It is rather for us to be here dedicated to the great task remaining before us, -- that from these honored dead we take increased devotion to that cause for which they here gave the last full measure of devotion; -- that we here highly resolve that these dead shall not have died in vain; -- that the nation shall, under God, have a new birth of freedom; -- and that government of the people, by the people, for the people, shall not perish from the earth.
— in Wikipedia


A comparação é naturalmente lisongeira para Pedro Santana Lopes. Na verdade, os ecos da sua figura hipocondríaca, recordam-nos muito mais depressa um morph patético ente Menem e Berlusconi, do que a austeridade exemplar de Lincoln. Mas ainda assim não convem minimizar o poder do mediatismo demagógico encarnado por esta aparição no cerne da actual crise política. A crise está para durar, tanto na economia como nos modelos institucionais do Estado e da Praxis política em geral. Os senhores Santana Lopes e Paulo Portas têm, pois, uma rica vindima à sua frente. Resta saber como e quando irá acabar. Para melhor prever e compreender as suas tácticas e comportamentos, o melhor será começarmos todos por estudar a história do populismo. Recomendo vivamente, a este propósito, a leitura da entrada Populism da Wikipedia.

Não tenhamos dúvidas sobre a natureza intrinsecamente demagógica do futuro Primeiro-Ministro de Portugal. Os sintomas estão aí: ainda antes de formar Governo, multiplicou-se em entrevistas "exclusivas" aos canais de televisão (com a excepção punitiva da TVI) sobre a futura descentralização do Governo (Economia para o Porto, Turismo para Faro e Agricultura para Santarém...). Depois, antes mesmo de convidar os seus futuros ministros, anunciou um aumento da Função Pública, e anunciou ainda que não dormiria enquanto houvesse um desempregado no nosso País! A procissão vai no adro, e já se vê que o homenzinho não precisa de Governo para nada. Ele é o Governo, e os Ministros serão tão só uma decorativa turma de eunucos ao serviço de sua Senhoria. Os que aceitarem convite, sabem ao que vão. Depois, não se queixem!

Seis meses disto chegarão provavelmente para o Senhor Presidente da República tocar a rebate e convocar finalmente eleições antecipadas. O PS que se apresse, com ou sem Vitorino. -- AC-P

IMG: Carlos Saùl Menem, Presidente da Argentina entre 1989 e 1999. Foto: Scanpix/AFP

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