domingo, novembro 25, 2007

Espanha 3

Menos mal que nos queda Portugal

"El lehendakari Juan José Ibarretxe ha convocado a los ciudadanos vascos a una consulta popular para el 25 de octubre de 2008. La elección de la fecha no es casual, ya que coincide con el aniversario del Estatuto de Gernika." -- PÚBLICO / AGENCIAS - VITORIA - 28/09/2007 10:45.


"Serbian Prime Minister Vojislav Kostunica said on Saturday that the government has been preparing measures and action plans to reject ethnic Albanians unilateral declaring Kosovo's independence.

"The entire Serbia must strongly and unequivocally show that it does not recognize that illegal entity and that the province of Kosovo and Metohija is an integral and inalienable part of Serbia," Kostunica said in a statement.

Kosovo, which legally remains a Serbian province, has been under U.N. administration since 1999. The predominantly Albanians of the 2 million population demand outright independence instead of maximum autonomy offered by Serbia." -- BELGRADE, Nov. 24 (Xinhua) -- Xinhuanet, 2007-11-25.


What kind of Europe are we likely to see in 2057? There are three major elements in any response to this question. First of all, given the precipitate geopolitical decline of the United States, we are living amidst the creation of a truly multipolar world-system. The question for Europe is whether it can compete - economically, politically, culturally - not with the United States but with East Asia. This depends in part on whether or not East Asia (China, Japan, and Korea) will come together in a meaningful way. But it also depends on whether Europe is able to create a more politically cohesive structure and, on top of that, will be one that includes both Russia and Turkey. -- Immanuel Wallerstein, "Europe, 2057".

Um dos desígnios estratégicos do Reino de Espanha desde a união entre Castela e Aragão, em 1469, tem sido sempre reunir os territórios e povos ibéricos sob um poder único. Nunca tal foi possível, salvo no período de 60 anos (1580-1640) em que foi estabelecida a união com Portugal, na sequência da crise dinástica provocada pela morte do rei português de então (Sebastião) na batalha dos Três Reis, em Alcácer Quibir (Marrocos). Em rigor, nem sequer durante aquele período houve uma completa união ibérica (e portanto uma Espanha única propriamente dita), pois persistiram formalmente duas coroas em funções, com os seus territórios bem delimitados, moedas próprias e fronteiras aduaneiras: a união entre Castela-Aragão e Portugal, e Navarra. O fim definitivo do reino de Navarra e consequente submissão ao "Reino de Espanha" (designação que aparece após a união entre Castela-Aragão e Portugal) só viria a ocorrer em 1841, na sequência de uma guerra civil. As guerras civis dentro do Reino de Espanha foram, aliás, menos esporádicas do que se pensa -- 1702-1744, 1833-1840, 1872-1876, 1936-1939 --, tendo invariavelmente como pano de fundo a unidade estratégica projectada pelos Reis Católicos. Em suma, o uso da expressão Reino de Espanha ("Espanha", no singular) como denominação oficial de Estado, só é fixada no século XIX, em 1868, na sequência da Revolución de 1868, ou La Gloriosa (1).

Sempre que Portugal atravessou crises graves de sucessão ou foi ameaçado por potências estrangeiras, a Espanha Castelhana aproveitou ou tentou aproveitar a oportunidade. Foi assim durante a crise dinástica de 1383-1385 (ainda antes, portanto, da existência da união Castela-Aragão). Foi assim com a crise dinástica aberta pela morte do rei Sebastião em Marrocos (que levaria o duque de Alba a conquistar pela força, em 1580, o reino português, para a coroa castelhana-aragonesa). Foi assim por ocasião da restauração da independência portuguesa, em 1640-1668, com a perda de Ceuta para os Reis Católicos. Foi assim durante as Invasões Francesas, com a tentativa de retalhar Portugal entre a França e o Reino Católico de Espanha, de que resultaria a usurpação de Olivença (cuja devolução a Portugal, acordada em 1814-1815, no Congresso de Viena, ainda está por cumprir.) Foi assim com o pacto secreto entre Hitler e Franco, que previa a anexação de Portugal pela Espanha Franquista, no rescaldo da vitória alemã, que felizmente não ocorreu. E parece estar a ser outra vez assim com a Espanha pós-Franquista, aproveitando-se esta da persistente crise de liderança política em Portugal, para o controlo progressivo de alguns sectores estratégicos da nossa economia -- energia, banca (Totta, BPI, BCP), telecomunicações (PT), transportes e redes viárias (Alta Velocidade ferroviária e Brisa), produção agro-alimentar --, e ainda para a propaganda intelectual duma espécie de Iberismo recauchutado e neo-liberal, encabeçada pelo El País, socorrendo-se para tal de escritores sofríveis (Saramago e Grass), cujas intuições ideológicas e apostas históricas inspiram os maiores cuidados!

As movimentações de Madrid têm, porém, no actual momento, um aspecto contraditório: enquanto pressionam paulatinamente o nosso país no sentido de uma maior integração subordinada ao contexto ibérico, por outro, parecem cada vez mais incapazes de segurar a unidade interna do próprio Reino de Espanha. As autonomias do País Vasco e da Catalunha dirigem-se inexoravelmente para a independência, legitimadas aliás pelos exemplos da Irlanda e da Escócia, de várias repúblicas centro-europeias recentemente libertas ou em fase de libertação de antigas potências, e sobretudo do Kosovo. Não é outra a lógica da União Europeia!

O Reino de Espanha, que sofreu recentemente dois enormes revezes diplomáticos -- o primeiro, em Marrocos, e o segundo, num conjunto de países da América Latina (Venezuela, Argentina, Bolívia e Equador) -- caminha, no seu próprio território, para uma conjuntura particularmente crítica, alimentada pelas tensões independentistas e pela contaminação do abalo financeiro mundial actualmente em curso e que poderá ocorrer a qualquer momento. A direita e a extrema direita espanholistas estiveram até agora adormecidas por uma abundância superficial, mas as suas cabeças venenosas e violentas começam a assomar à varanda da crise que se avista no horizonte. Daí que o desejo madrileno por Lisboa me pareça mais um reflexo defensivo, do que a mera prossecução do desígnio estratégico, originalmente congeminado por Isabel de Castela e Fernando de Aragão, que permitiu à península ser o berço de dois imensos impérios coloniais.

Mas se é assim, teremos que trabalhar todos em plena e franca colaboração de vontades e inteligências para uma nova acomodação das várias antropologias e culturas ibéricas, prudente, negociada, equilibrada, sem centros radiais, referendária sempre que se justificar, e tendo um horizonte suficientemente generoso para tão complexa transição. O ano de 2057 parece-me justo! A Ibéria de Unamuno e Antero de Quental, se for tratada com muito carinho e bom senso, poderá um dia ser uma das malhas apertadas de nações de uma rede maior, a Eurásia, sem que ninguém perca nada, e todos ganhem alguma coisa. Se foi possível fazer avançar os eternos rivais europeus para a grande União que hoje somos, porque motivo não poderemos sonhar com uma Confederação Ibérica dentro da primeira?

O que será sempre intolerável é confundirmos a razão democrática com agendas secretas e insidiosas que, em nome dos bons princípios, pretendem prosseguir ambições deslocadas do espaço-tempo da humanidade.

Para dar, neste sentido, um sinal de visão estratégica inconfundível, bastaria elevar a Língua Portuguesa e o Castelhano ao patamar de idiomas oficiais da Ibéria, ensinados em toda a península desde a mais tenra idade. A decisão é racional e pragmática. Sem entendermos isto, que é básico, dificilmente iremos a alguma parte.


Post scriptum -- Alguém me questionou sobre o lugar do Catalão e do Basco na "minha política linguística". Respondo assim: enquanto os idiomas português e castelhano seriam adoptados à escala de uma futura Confederação Ibérica, basicamente por causa da sua origem, estatuto actual e expressão internacional, as línguas catalã e basca deveriam ser oficiais nas respectivas nações e opcionais no resto da península. O Galego, por razões históricas e propriamente linguísticas, deveria integrar-se na corrente geral do Português, enriquecendo-o com as suas variantes vernaculares.

NOTAS
  1. ERRO MEU! Ao contrário do que escrevi acima, verifiquei no passado mês de março de 2013, que a expressão 'Reyes de españa' aparece inscrita no planisfério do português Diogo Ribeiro (assina Diego Ribero), desenhado em Sevilha no ano de 1529, e no qual aparece claramente delimitado o Tratado de Tordesilhas, assinado em 1494. É ainda curioso notar que num globo chinês construído por Manuel Dias e Niccolo Longobardo, em 1623, e exibido com o planisfério acima referido na exposição 360º (Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa, 2mar-2jun, 2013) a Austrália continua a não aparecer representada.

OAM 282, 25-11-2007, 03:54 

ÚLTIMA ATUALIZAÇÃO: 8 abr 2013 - 17:20 WET

19 comentários:

Anónimo disse...

António, então você aceita a integração de Portugal em Castela ? Estou surpreendido ! No Norteamos tive sérias birras com comentadores que querem integrar o Norte na Galiza.

JSilva

António Maria disse...

José,
Não, não aceito! O que aceito é discutir a questão ibérica num momento, aliás cíclico, em que a questão volta a colocar-se.

A Espanha actual encontra-se à beira de uma ruptura sem precedentes, a qual, quando ocorrer, levará necessariamente à re-romanização da península! E sendo esta a minha expectativa, creio que devemos discutir o tema abertamente, sem preconceitos e revendo toda a informação histórica (muito deformada em ambos os países) disponível, e sobretudo, analisando as questões à luz do projecto europeu em curso -- com pragmatismo.

O pior que nos poderia suceder seria deixar prosseguir paulatinamente o deslizamento actual do país para debaixo do tapete (i.e. conselhos de administração e chancelarias) Castelhano. É o que está a acontecer, e tamanha imprevidência poderá custar muito caro a toda a península!

O que defendo é a necessidade de discutir a possibilidade e viabilidade de criar uma União Ibérica de Estados e Nações, desenhada com muita paciência e flexibilidade, que venha a ser não uma árvore com tronco madrileno (o projecto em plena implementação actualmente por parte da Zarzuela e da Moncloa!), mas uma Rede de Iguais e uma Rede de Cooperação Estratégica.

Será que podemos discutir estas questões sem sermos imediatamente atacados de urticária? Uma coisa sei: as elites actualmente no poder, em Portugal, andam a dormir no conforto do vai-e-vem entre Lisboa e Bruxelas. Viciaram-se na gastronomia belga, e não há quem os ponha a pensar e trabalhar!

Anónimo disse...

Ant�nio,

Lamento diz�-lo, mas qualquer coisa �iberica� que surja em Lisboa ser� sempre visto com venda de p�tria pelo centralismo impotente e decadente. Ali�s, � mesmo um sintoma de esgotamento do modelo de desenvolvimento de Portugal comandado por Lisboa. Repare como paises pequenos sempre sobreviveram sem capitular �fus�es� junto a grandes vizinhos: Austria/Alemanha, Noreuga/Su�cia, etc. H� outros caminhos a percorrer, como por exemplo dar mais poder �s regi�es para fomentarem o seu pr�prio desenvolvimento como ocorreu em Espanha nos �ltimos 30 anos, ou terminar com o modelo de desenvolvimento sovietico-mafioso que vigora em Lisboa desde o 25 de Abril (estatiza�o da actividade econ�mica e posterior privatiza�o d�bia aos suspeitos do costume, como por exemplo o neg�cio da OTA/Alcochete ou as Estradas de Portugal). Al�m do mais, penso que o iberismo n�o ter� aceita�o fora das elites de LX. Hoje comemora-se os 32 anos da derrota de uma moda lisboeta, derrotada precisamente no Porto.

JSilva

Anónimo disse...

sorry se o 25 de Novembro foi moda lisboeta então a república (pateta) foi invenção tripeira....
quanto ao pacto Hitler-Franco o VpValente diz que não senhor que o Franco não se comprometeu com o Hitler e esse não via em Salazar um inimigo. Que diz Maria?

Anónimo disse...

quanto ao pretenso iberismo das elites lisboetas...
1º em Lisboa num há disso nós por cá é carapau assado e só o molho é que é à espanhola...a pedantice pirosa da classe média (excluo a ralé que é patriota e porreira) portuense de quem a Ministra da Cultura e outros piores são exemplo, iberistas já que são todos muy galhegos e que eu saiba na nossa Lisboa não pensamos trocar beijinhos com asturianos nem andaluzes ou extremenhos

António Maria disse...

Talvez por nascido em Macau, ter tido uma avó brasileira, de Belém do Pará (filha de alemão e índia amazónica), um pai de Santo Tirso, mãe de Ovar, e um grande e saudoso avô de Cinfães do Douro, velho republicano e PPD até morrer (com quem discutia, na década de 70, as minhas teses Trotskystas!); talvez por ter vários amigos espanhois e uma filha formada na Complutense e a viver em Madrid; talvez por ter passado cinco anos da minha infância brincando pelos corredores do Convento de Mafra, entre soldados, aspirantes e capitães que se embebedavam em intermináveis jogos de cartas, antes de embarcarem para Angola e Moçambique; talvez por estar realmente preocupado com a situação de Portugal, não vejo as diferenças entre Lisboa e Porto, ou entre o Sul e o Norte do país, como alguns.

Como qualquer jovem que tenha passado pelo programa Erasmus, como qualquer jovem europeu de hoje que tenha tido a oportunidade de realizar a sua formação em vários países da União Europeia, vejo os problemas geo-estratégicos a uma luz menos crispada. Não deixam por isso de ser problemas, por vezes de difícil solução. Exigem, como tal, reflexão, reflexão, e reflexão!

Quanto ao VPV, não o leio há muitos anos...

António Maria disse...

Nota de rodapé sobre os lisboetas:

1) em Espanha existem os mesmíssimos lugares-comuns entre madrilenos e barceloneses, e nos EUA, entre nova-iorquinos e californianos.

2) boa parte dos lisboetas são de Braga, Porto, Oliveira do Hospital, Évora e Faro, entre outras cidades e vilas de Portugal.

3) os piores centralistas que Portugal e Espanha tiveram vieram ambos da província: Franco, de Lugo, e Salazar, de Santa Comba Dão.

Que tal começarmos por abandonar os lugares-comuns?!

Anónimo disse...

1- A minha pátria é a lingua Portuguesa!
2- Portugal felizmente e estratégicamente é Atlântico (daí ser natural atrair e integrar a Galiza para além da lingua)!
3- Madrid que se f... apenas foram Atlantistas através do nosso Colombo e mais recentemente pelo Aznar...
4- O eixo Atlântico (Lisboa, Porto, Corunha) pode e deve em 20 anos ser o mais pujante e rico da Península Ibérica saibamos exigir boa governação!
5- Afirmar irreversívelmente a CPLP
6- Acompanhar e exigir democratização do Brasil, Angola e Moçambique.
7- Criar por exemplo CNN em português 24 sobre 24h.
8- Integrar-se como Nação na União Europeia! Para quê confederação Ibérica dentro de Federação Europeia se o nosso dstino joga-se no Âtlantico Sul...

Anónimo disse...

António,

Apesar de tudo a prevista paragem na Globalização não levará ao fecho de fronteiras. Assim a natural cooperação e competição entre vizinhos não implica necessariamente absorção. Podem haver Erasmus e simpatias com Espanhois de todos os quadrantes sem necessariamente fundir os 2 estados. Aliás, Portugal tem mais a ganhar se mantiver totalmente independente após uma implosão de Espanha. Leia o que diz Rui Moreira sobre a Iberia em «Centralismo for dummies» no Norteamos. Enfim, reflexão e debate são positivos, mas a viabilidade do desenvolvimento de Portugal terá que ser alcançada com medidas mais prosaicas e ainda não testadas do que uma Iberia.

PS: Efectivamente a Norte há muitos sebastianistas galaicos. PF ler precisamente no Norteamos «O que revela o sabastianismo galaico».

JSilva

António Maria disse...

José,

A conversa começa a ficar interessante! Em primeiro lugar, quando me refiro a uma confederação ou união em rede ibérica, parto do princípio de que haverá primeiro uma explosão do actual estado espanhol. E só depois se porá a questão da Ibéria... Esta discussão tem assim um interesse sobretudo heurístico e releva dum exercício, para já teórico, num jogo virtual de estratégia situado na península.
Entretanto vou ler o q recomenda do Norteamos e voltarei à carga amanhã!

1ab

a

António Maria disse...

Mais um dado para o problema: a perda progressiva de soberania nacional pela via do esvaimento da nossa economia a favor do sector financeiro espanhol.

25-11-2007. La Caixa promove fracasso da absorção do BCP pelo BPI.

Os dois bancos já perderam 900 milhões de euros com esta brincadeira e amanhã irão perder algo mais!

Entretanto, pode estar para breve um ataque combinado do La Caixa (desempenhado pelo BPI) e do BBVVA contra o BCP. O aparecimento de duas OPAs concorrentes para o domínio do maior banco privado português parece estar eminente. Se tal ocorrer, uma coisa é certa: o banco vai parar a Espanha! Entre o gigante de origem basca e a caixa catalã, o resultado parece previsível.

http://www.jornaldenegocios.pt/default.html

Anónimo disse...

E que tal examinar estes palpites
sobre o que pode vir a acontecer ou não á luz de algo que hoje é essencial por causa da rapidez de comunicações.
A velocidade ! Porque se não se tomam certas medidas ou atitudes no tempo certo as coisas depois já não funcionam como tinham sido pensadas ou planeadas etc.
Será que os Partidos e outras organizações tem um Gabinete de Estudos pronto a dar resposta atempada aos problemas que se põem às Sociedades ? Eles lá ter têm ( ou tinham) mas porventura fechados para obras

Anónimo disse...

sorry, mas a questão Norte-Sul tem sido exacerbada pelos chamados nortistas ( hj temos na politica nacional um confesso o medical doctor Menezes) e claro que é uma bacorada uma falsa questão. Terão razões de queixa os Portistas ? Não me parece ! O que sei porque falo muito com eles e vou amiúde ao Porto ( de que gosto muito e onde tive família ) é que a burguesia alta média e mesmo menos abastada da cidade do Portugal é insuportável e hostil a Lisboa, não obstante quando precisa de prestígio e mesmo de fama vir cá abaixo buscá-la. Veja-se por exemplo o exemplo dos artistas que nunca medraram lá em cima antes de virem a Lisboa conquistar os media e alguma fortuna ! Do Norte acho que só mesmo Trás-os-Montes tem razão de queixa do tal centralismo lisboeta, mas mais por culpa dos transmontanos que cá estão e nada fazem pelas suas respectivas terras. De resto como o país é uma posta longitudinal e foi civilizado ( ahaha) de cima para baixo todos os equívocos são possíveis. Eu por exemplo decidi cortar com todas as raízes lusitanas romanas árabes godas etc.
Sou descendente dos Cempsi a minha mãe era Cónia e casou-se com um Cempsi. E contra factos nõa há argumentos. Mas ao contrário do Antonio Maria o futuro de Portugal não me preocupa ( preocupa-me mais o meu) porque um país que resistiu ao o nosso resistiu em 900 e tal anos é indestrutível. É a minha convicção. E nem é perciso sermos nacionalistas +atriotas etc.basta mantermos o barco a navegar...... Perceberam?

Anónimo disse...

Juro que o comentário estava sem gralhas e impecável antes de o publicar mas foi do beaujolais Nouveau que se destrembelhou sorry

Anónimo disse...

barco a navegar mas mantendo vigia para intervenções just in time n esqueçamos que a pirataria anda á solta

António Maria disse...

Pois, pois, somos todos celtas, Australopithecus, e no fundo vimos duma longa simbiose entre bactérias e células eucariotas. Aliás só existimos porque biliões de microrganismos, dentro e fora do nosso corpo, assim o permitem. A terra é um super-organismo: Gaia. E nós, humanos, uma cada vez mais insuportável praga! É verdade. Aceitá-lo, ajuda-nos a relativizar certas questões e a acalmar ansiedades. Por isso aceito discutir a nova questão ibérica sem pensar que o mundo vai acabar por aí. Encaro-a como um jogo de estratégia e de conhecimento, que até pode ser divertido. Se pelo caminho conseguirmos evitar que a península mergulhe em novas guerras civis e longas depressões económicas, melhor!

António Maria disse...

Sobre a questão Norte/Sul:

Portugal é um país bipolar.

Comporta-se como uma ave em pleno voo. Se lhe ferirmos uma asa deixa de voar em condições, e até pode tombar.

O Porto deve assumir-se como uma verdadeira cidade-região e principal atractor cosmopolita do Noroeste Peninsular. Lisboa deve manter os braços bem abertos, um em direcção ao Porto, outro em direcção a Madrid. Lisboa e Porto devem manter canais bem oleados com Barcelona e Bilbao.

O essencial é passarmos à ofensiva no jogo de xadrez em curso!

Anónimo disse...

António,

1. A Drenagem Lisboa->Madrid das actividades mais lucrativas/de maior valor acrescentado, que refere já se inicou: A Nissam, SAP e ORacle são «ibéricas», as decisões de crédito de elevado valor e o centro de processamento de dados do Totta e BNC já foram para Madrid; A sala de mercados do BES também; O importador de material dentário do meu dentista foi viver para Lisboa há 30 anos e agora está a viver em Madrid; Aliás, agora os lisboetas vão perceber de que é que o Norte se queixa: A EDP, PT, banca, tinha sede parcial ou total no Porto há 30 anos e animavam a economia local.

2. De facto Portugal foi um pais bipolar ao longo do século 19 e 20. Porém está a deixar de o ser por causa da Drenagem que Lisboa pratica. É isso que por cá combatemos. No Norte ninguem quer ser capital. Só queremos que Lisboa deixe de «sabotar»/drenar, o resto de Portugal através do seu modelo de desenvolvimento sovietizante seguido de privatizações mafiosas, como você sem se dar conta vai contestando e oportunamente explicarei melhor no Norteamos.

3. Antes de pensar na Iberia há que fazer trabalho de casa. Ou de outra forma, não me sinto cosmopolita o suficiente para tecer grandes comentários sobre como Portugal deve agir nesse cenário. Espero que os liboetas me representam bem. A minha especialidade é mesmo defender o Norte da drenagem Lisboeta.

Abraços.
JSilva

António Maria disse...

Restauração da Independência Portuguesa (1640-1680)

Uma referência oportuna do "Sol" ao tema. Vou ver se leio livro do Rafael Valladares. Parece um historiador avisado e sensato!

27-11-2006. "Para os cidadãos espanhóis, o 1º de Dezembro, data da Restauração da Independência de Portugal, em 1640, é um dia normal, cujo significado histórico desconhecem, segundo o historiador espanhol Rafael Valladares. A vontade de 20% dos portugueses pertencerem a Espanha, de acordo com uma sondagem do SOL, deve-se sobretudo a um descontentamento com o Governo português."

... «Na sociedade espanhola existe uma indiferença infelizmente prolongada durante gerações face a Portugal (...), que é responsável por que ninguém saiba que o 1º de Dezembro é uma festa nacional em Portugal», disse o historiador, autor do livro A Independência de Portugal - Guerra e Restauração 1640-1680, que acaba de ser lançado em Portugal.
Na sua opinião, essa indiferença decorre da «frustração que a sociedade espanhola sentiu por causa da perda de Portugal e essa frustração, com o tempo, transformou-se em indiferença espanhola em relação a Portugal».
«É uma maneira de dissimular a frustração que causou naquela altura a perda de Portugal. Mas hoje, acho que essa indiferença é inconsciente, é um fruto do passado», acrescentou o especialista em monarquia hispânica dos séculos XVI e XVII. -- Sol.