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domingo, maio 21, 2017

O tigre português

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Afinal, não é só turismo, nem vistos gold. 


boom das exportações e do investimento produtivo que aflui agora abundantemente ao país (1) assenta em vantagens competitivas geradas desde o final século passado, e de que a aposta na formação, o domínio crescente de línguas estrangeiras (sobretudo inglês e francês) e os preços competitivos da propriedade e do trabalho acabam por ser decisivas na hora de combater uma profundíssima crise económica e financeira, ou pelo menos, de reagir aos seus efeitos mais nefastos com as armas que melhor dominamos: dar corda aos sapatos quando é preciso!

Centenas de milhar de portugueses emigraram para não deixar de pagar as suas hipotecas imobiliárias, em vez de ocuparem as praças do país ao som dos megafones populistas da desgraça. Mais, para muitos deles não se trata já de emigrar, mas de assumir a Europa e o Mundo como um espaço comum, e Portugal a sua casa de férias. Deixando para trás a endogamia própria dos pequenos países, centenas de milhar de portugueses (a diáspora portuguesa conta com mais de dois milhões de almas) aprenderam a dominar os idiomas do mundo, e a competir segundo as regras da globalização, mas também da transparência e da verdadeira igualdade de oportunidades. A pouco e pouco estas jovens gerações trazem a lição de volta ao país que os viu nascer e partir. O sucesso sem precedentes de muitos deles (2) é conhecido, e muitos mais há sem o mesmo protagonismo público.

Por cá, a Justiça e os políticos têm começado a expulsar da Política os mais corruptos, e, apesar das divergências, têm estado unidos no essencial: corrigir os erros mais crassos, pagar as dívidas, e seguir em frente. A dupla cesarista formada pelo presidente da república e pelo primeiro ministro, apesar de irritante, tem sabido potenciar os sinais da recuperação económica e financeira do país e, sobretudo António Costa, tem levado a cabo uma diplomacia externa hábil e com sinais de indiscutível visão estratégica. Sublinho, a este propósito, as suas manobras táticas no seio da União Europeia e as suas importantes visitas à China e à Índia.

Poderia ter sido Pedro Passos Coelho a cavalgar hoje a onda de sucesso português. Não foi, porque lhe coube o ónus de castigar os portugueses, e sobretudo porque não aprendeu a falar com os portugueses. A história recente ensina-nos que basta uma subida empinada e prolongada dos preços da energia para deitar por terra o melhor dos governos. O preço do petróleo continua baixo, provavelmente não regressará tão cedo aos 100 dólares, mas poderá ainda assim subir de uma guerra para a outra, ou na sequência de um novo colapso financeiros mundial, para valores que prejudiquem seriamente a nossa balança comercial e as taxas de juro da nossa dívida. Esperemos que tal não lhes aconteça (nos aconteça) nos próximos dois ou três anos. Mas como o seguro morreu de velho, o melhor é prevenir, e enquanto pau vai e vem, puxem as orelhas ao Mexia, e obriguem-no a baixar os preços especulativos internos da energia! Quanto aos rentistas preguiçosos, erradiquem-nos de vez da nossa realidade macro-económica (3).


NOTAS

  1. Galicia agranda el milagro económico portugués llenando sus polígonos
    Más de 300 pymes tienen sede en un país que repunta tras librarse del rescate
    M. SÍO . VIGO / LA VOZ 21/05/2017 05:00

    Antes de ganar Eurovisión, Portugal ya se había quitado de encima otros muchos complejos ante Europa. De entrada, el de ser un país rescatado. Hace meses que la Comisión Europea contempla sorprendida lo que ya todos llaman el milagro portugués, el que lo sitúa en el punto de mira de todas las grandes inversiones que planean sobre el Viejo Continente. Hay datos que dan cuenta de ese momento dulce. El año pasado consiguió captar más de 900 millones de euros de inversión extranjera directa. Con Tesla merodeando por la Región Norte, el país vecino se ha convertido en un polo de atracción de capital extranjero en sectores punteros como el tecnológico (Siemens) o el aeronáutico (Embraer).

    Y en esta pujanza de Portugal, el capital gallego -tan cercano geográfica e históricamente- está jugando un papel muy importante. Hay cifras y son sorprendentes. Se las ha puesto el Círculo de Empresarios de Ourense, que, en un informe a pie de campo, ha localizado más de 300 empresas gallegas instaladas en más de una veintena de polígonos industriales repartidos en la mitad norte de Portugal.

    ¿Qué clase de empresas? Pues según detalla el estudio, de todo tipo, pymes en su mayoría, con predominio de los sectores de alimentación, actividad turística, auxiliares de automoción, distribución, almacenamiento, manejo de mercancías y sector textil.

    Dicen los empresarios que la clave de estas localizaciones está en los costes. Ese estudio detecta en el norte de Portugal una veintena de parques empresariales (23 en concreto) en un radio de 50 kilómetros desde la frontera con el sur de Galicia, con 7 millones de metros cuadrados de suelo industrial a un precio medio de 20 euros el metro cuadrado y en los que hay una ocupación de hasta un 50 % de pymes procedentes del otro lado de la raia.

    • Álvaro Santos Pereira (OCDE) 
    • Álvaro Siza Vieira (arquiteto) 
    • António Guterres (ONU) 
    • António Simões (HSBC) 
    • Carlos Tavares (PGA) 
    • Cristiano Ronaldo (futebolista)
    • Durão Barroso (União Europeia) 
    • Elisa Ferreira (União Europeia)
    • Figo (futebol) 
    • Horta Osório (Lloyds)
    • Joana Vasconcelos (artista plástica)
    • Maria João Pires (pianista)
    • Maria João Rodrigues (União Europeia)
    • Salvador Sobral (músico)
    • Victor Gaspar (FMI)
  2. Costa sabe muito bem (e até Jerónimo de Sousa sabe) que o país tem que libertar as suas energias produtivas, começando por não atrapalhar mais a iniciativa privada das nano, micro e PMEs. Sabe que elevar o nosso PIB COGNITIVO é crucial para que Portugal se transfome num país rico, e culturalmente sofisticado. A mobilidade rodoviária foi conseguida no país inteiro. Falta agora pôr o Montijo a mexer, melhorar as pistas e o sistema de apoio à aterragem do aeroporto Sá Carneiro. Falta, enfim, ligar rapidamente a nossa rede ferroviária de mercadorias, e de passageiros, a Espanha e ao resto da Eurásia, fazendo da interoperabilidade ferroviária uma prioridade estratégica. Quanto às cidades-região de Lisboa e Porto, somos nós, os cidadãos, que temos que puxar as orelhas aos autarcas acomodados.

domingo, maio 31, 2015

Estupidamente sós

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La autovía de la Plata derrota a la ruta portuguesa para viajar al sur

La Voz recorrió la recién terminada A-66 hasta Sevilla para después volver por Portugal. El viaje por España ahorra los 56 euros de los peajes y es más rápido desde el norte. La Voz de Galicia

Portugal adjacente caminha para uma espécie de ilha rodo-ferroviária. E quanto à TAP está tudo dito.


Eis o que os piratas e burros indígenas do PS e do PSD-CDS, PCP, etc, não entenderam e continuam sem entender, apesar do óbvio: a Corunha, Santiago, Vigo, etc. não precisarão em breve, nem das nossas autoestradas (Sem Custos para o Utilizador—lembra-se, António Costa? Lembra-se, João Cravinho?) nem da nossa ferrovia para chegar a Sevilha.

Portugal caminha alegremente, ao som da corrupção, burrice, leviandade e ininputabilidade pandémicas que o têm arruinado, para uma condição insular reforçada. Só falta mesmo colocar o Carlos César em São Bento, e o Alberto João em Belém.

Não há alternativa para sair deste buraco se não corrermos rapidamente com a corja que o abriu e nos empurra, dia a dia, para o lixo de uma economia a fingir, de umas finanças corruptas, de um sistema fiscal cezarista, e de uma democracia cada vez mais populista, partidocrática e indigente diante dos credores que legitimamente exigem juros e pagamentos de dívidas que a corja contraiu sem pedir licença a ninguém, contando apenas com a legitimidade que lhe é conferida pela algazarra buffa do parlamentop e os votos, uma vezes caninos, outras vezes bovinos, das criaturas que habitam tão indecorosa sinecura.

quarta-feira, abril 29, 2015

Eixo Atlântico queixa-se de falta de informação sobre linha Porto-Vigo

E tudo o NAL levou!

A captura deste governo, como do anterior (e do próximo?) pelo lóbi corrupto do novo aeroporto de Lisboa (NAL) congelou durante quase uma década toda a política de transportes do país, ferindo gravemente a confiança da Espanha e de Bruxelas na capacidade do governo português honrar o que promete e assina.

O dinheiro dos fundos comunitários e as verbas orçamentais previstas para a ferrovia ou foram para os bolsos de estudiosos sem ética (ou seja, foram para o lixo), ou foram desviados para a... TAP.

A TAP entrou em bancarrota na sequência do resgate financeiro do país e do colapso da banca indígena, desde logo do seu principal apoio, o GES/BES, e Portugal caminha para numa ilha ferroviária.

Este governo, por ter deixado o condottieri Sérgio Monteiro gerir este dossier até à ruína completa do setor dos transportes (TAP, CP, Refer, Metro, STCP, etc.), vai apanhar com a implosão da TAP nas ventas.

Será que Passos Coelho ainda não percebeu que esta castanha poderá acabar com o seu futuro político?

De que está à espera para despachar o secretário de estado dos transportes e o sucessor do Álvaro para fora deste governo?

“Cando o Pires de Lima diga que fai sol, melhor apanhem o gardachuvas”

O chefe de Governo remeteu os pedidos – e as respostas aos mesmos – para a tutela do sector, o ministério e a secretaria de Estado dos Transportes. Mas nem Pires de Lima nem Sérgio Monteiro responderam, garante Xoán Mao.


“Os portugueses não merecem um ministro que lhes minta. Nem um primeiro-ministro (boa pessoa e honesto, por certo) a quem os seus não obedecem”, escreve Xoán Mao no PÚBLICO. “Nada avançou na linha desde há dois anos. Nenhum concurso foi licitado desde o ano passado. E o dinheiro que se pediu para esta ligação ferroviária desconhece-se o seu destino, pelo que suspeitamos de que tenha sido desviado novamente para outra parte do país”, escreve o secretário-geral do Eixo Atlântico, entidade que tem feito deste tema uma bandeira.

Mao refere-se a um pedido de 147 milhões de euros à Comissão Europeia, revelado em Março pelo presidente da Refer. A notícia deixou na altura muito satisfeitos – embora cautelosos, dado o histórico de adiamentos – os autarcas da euro-região. E verdade é que nada mais lhes foi dito oficialmente, sobre os concursos para as várias fases deste projecto que deveria materializar-se entre 2017 e 2019. O que Mao nota é que o valor em causa permite fazer a prometida modernização da linha – basicamente a sua electrificação – mas não dá, nem era suposto que desse, para que se fale em alta velocidade.

Eixo Atlântico queixa-se de falta de informação sobre linha Porto-Vigo - PÚBLICO

quarta-feira, janeiro 28, 2015

Lisboa e Barcelona boicotam Portugaliza

Estou farto dos piratas catalães!


Oportunistas e peseteiros, os nacionalistas catalães, em perda acelerada de apoio eleitoral, unem-se aos aldrabões de Lisboa para tentar sabotar as ligações ferroviárias de alta velocidade entre a Portugaliza (o nome que José Rodrigues Miguéis deu à união histórica e convulsiva entre Portugal e a Galiza), toda a Península Ibérica, e o resto da Europa. O grave, grave, da questão, é que na sombra das manipuladas avaliações custo-benefício, da ideologia e dos supostos interesses estratégicos e históricos, só existe corrupção e da grande. Na Catalunha, e em Portugal.

CiU pide de nuevo paralizar el AVE a Galicia esgrimiendo informes de Francia y Portugal

El PP le reprocha que critique las obras cuando Cataluña tiene ya una línea de alta velocidad gracias a las inversiones del Estado

Gonzalo BareñoMadrid / La Voz, 28 de enero de 2015. Actualizado a las 05:00 h.

La campaña emprendida por la Generalitat y por CiU para tratar de paralizar las obras del AVE a Galicia no descansa ni siquiera cuando el Congreso se encuentra fuera del período de sesiones. Ayer, el diputado del Grupo Catalán Pere Macias aprovechó la reunión de la Diputación Permanente del Congreso para cargar contra este proyecto y contra el resto de los que están actualmente en construcción, esgrimiendo de nuevo la supuesta falta de rentabilidad de estas infraestructuras. La novedad en este caso es que el representante de CiU se basó también para ello en supuestos informes elaborados en Francia y Portugal que cuestionan este tipo de inversiones.

El diputado catalán llegó a tachar de «grave irresponsabilidad» el hecho de que el Gobierno insista en mantener unas obras de alta velocidad que, según dijo, ponen en riesgo financiero tanto a Renfe como al ADIF, mientras se abandonan inversiones en líneas de cercanías en Cataluña. Pere Macias se refería así al anuncio realizado por la ministra de Fomento, Ana Pastor, de que en el 2015 se pondrán en funcionamiento 1.000 nuevos kilómetros de AVE en toda España, entre ellos la finalización del eje atlántico hasta Vigo.

quarta-feira, abril 23, 2014

Galiza e Guiné Equatorial mais próximos da língua portuguesa



A crise é também uma oportunidade

“A adesão da Guiné Equatorial à CPLP deverá ser realidade já em Julho, na cimeira da organização em Dili, depois de o país ter preenchido os requisitos exigidos” — Macau Hub.

O edifício que vemos em cima foi fotografado em 2006 e situa-se na capital da República Democrática de Timor-Leste, Dili. Este país de pouco mais de um milhão de habitantes e quase quinze mil quilómetros quadrados adquiriu a sua independência total e definitiva de Portugal em 2002, depois de libertar-se de uma ocupação ilegal extremamente violenta por parte da Indonésia na sequência da guerra civil que se seguiu à primeira intervenção militar daquele gigante muçulmano no território — com o objetivo de intersetar e conduzir o processo de independência da então colónia portuguesa, que estava a ser preparada desde 1975 pelo governo de Lisboa.

Trinta e nove anos depois do início do processo de independência partilhado entre portugueses e timorenses, e doze anos depois da consagração e reconhecimento internacionais do novo estado independente, será em Timor que a comunidade de países de língua portuguesa (CPLP) acolherá o seu novo membro, a Guiné Equatorial, e dará as boas-vindas à decisão histórica tornada lei em 24 de março de 2014, e publicada no Diario Oficial de Galicia em 9  de abril (1), de a Galiza se aproximar mais claramente do espaço estratégico, económico, político e cultural da lusofonia.

A importância destes dois eventos e o simbolismo de ocorrerem naquele que foi o último territótio do império colonial português a tornar-se estado independente não foram ainda percebidos no seu profundo significado e desejáveis consequências. Mas a História é isto mesmo: precisa de tempo.

Guiné Equatorial e Galiza reforçam em 76 mil milhões de euros o peso económico dos países de língua portuguesa

Macau Hub, 2014/04/14

“A Guiné Equatorial e Galiza perfilam-se como as duas economias mais avançadas na integração no espaço dos países d língua portuguesa, e poderão dar um impulso de perto de 76 mil milhões de euros ao peso económico do bloco.

Enquanto em Julho a Guiné Equatorial, cuja economia vale 19,7 mil milhões de dólares (14,2 mil milhões de euros), deverá aderir como membro de pleno direito à Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, a região autónoma espanhola da Galiza, que detém importantes laços históricos e culturais com Portugal, adoptou esta semana uma lei visando reforçar os laços com os “8”.

[...]

Com 2,8 milhões de habitantes, a Galiza tem uma economia de perto de 55,8 mil milhões de euros, com importante indústria automóvel, têxtil, florestal, entre outras.

A adesão da Guiné Equatorial à CPLP deverá ser realidade já em Julho, na cimeira da organização em Dili, depois de o país ter preenchido os requisitos exigidos.

O peso económico da Guiné Equatorial, que resulta de uma importante indústria petrolífera, já se faz sentir em Portugal, onde recentemente um fundo de investimento público chegou a acordo para comprar uma participação no banco Banif.

Segundo o presidente da Confederação Empresarial da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CE-CPLP), Salimo Abdula, o PIB conjunto dos países de língua portuguesa representa hoje perto de 4 por cento do total mundial, com tendência de crescimento.

Em recentes declarações, Abdula previa que os países língua portuguesa poderão representar 10% do PIB mundial, dentro de dez ou quinze anos, se os governos se juntarem e apostarem numa verdadeira comunidade económica.”

NOTAS

Da “LEI 1/2014, do 24 de marzo, para o aproveitamento da lingua portuguesa e vínculos coa lusofonía.”

“Artigo 1

Os poderes públicos galegos promoverán o coñecemento da lingua portuguesa e das culturas lusófonas para afondar nos vencellos históricos que unen Galicia cos países e comunidades de lingua portuguesa e polo carácter estratéxico que para Galicia teñen as relacións económicas e sociais no marco da Eurorrexión Galicia-Norte de Portugal.

Artigo 2

O Goberno galego incorporará progresivamente a aprendizaxe da lingua portuguesa no ámbito das competencias en linguas estranxeiras nos centros de ensino da Comunidade Autónoma de Galicia.

Artigo 3

Deberán ser promovidas, así mesmo, as relacións a todos os niveis cos países de lingua oficial portuguesa, constituíndo este un obxectivo estratéxico do Goberno galego. De maneira especial, fomentarase o coñecemento desta lingua por parte dos empregados públicos, a participación das institucións en foros lusófonos de todo tipo –económico, cultural, ambiental, deportivo, etc.–, así como a organización na Comunidade Autónoma galega de eventos con presenza de entidades e persoas de territorios que teñan o portugués como lingua oficial.”

Ler lei completa aqui.

domingo, março 03, 2013

Lusofonia

A esfera armilar apareceu, pela primeira vez, nesta moeda do Brasil, de 1695 (link)

Uma comunidade estratégica para o futuro

A Lusofonia é um dos três espaços estratégicos do futuro, a par da nova Aliança Atlântica e da próxima Aliança do Pacífico. A Lusofonia deveria transformar-se rapidamente no honest broker do planeta, cumprindo a função de amortecedor forte entre as grandes placas tectónicas da humanidade: o Ocidente e o Oriente. Temos tudo para tal: uma distribuição geográfica ímpar, recursos energéticos, naturais e humanos invejáveis, e uma experiência secular de convivência cultural e de tolerância religiosa sem concorrência!

Começo por oferecer a esta nova comunidade um mapa interativo que fui desenhando nos últimos meses.

Plataformas disponíveis:

blog
facebook
google+

quarta-feira, novembro 07, 2012

O crime do Anti-TGV

Um ano para o embate... No deck o baile de máscaras prossegue

Este governo segue a política de transportes corrupta e suicida de José Sócrates!

Ao travar a ligação ferroviária em bitola europeia Lisboa-Madrid, em nome do embuste da Ota em Alcochete e dos piratas dos grupos BES e Espírito Santo (e da Mota-Engil e companhia), o que nós vamos conseguir é isolar Portugal e os portos portugueses da Espanha e, portanto, do resto da Europa!

Face à imbecilidade e corrupção reiteradas dos políticos, banqueiros e industriais rendeiros, no que toca às ligações ferroviárias da rede espanhola/europeia de bitola UIC a Portugal (que a propaganda mediática transformou no papão chamado "TGV"), a Espanha já desenhou e em breve porá em obra três portos secos para mitigar a interrupção das ligações a Portugal e aos portos atlânticos portugueses: um na Galiza, outro em Salamanca e outro ainda em Badajoz. Uma vez concluídas estas interfaces logísticas multimodais, as mercadorias passarão a viajar em TIR das empresas e dos portos atlânticos portugueses até estes portos secos da raia, de onde depois seguirão por via férrea UIC até os destinos espanhóis e do resto da Europa.

A ofensiva do porto de Barcelona no Brasil é uma prova clara de que já perceberam o bloqueio dos mentecaptos lusitanos do oeste, e que portanto os portos espanhóis em geral, e os de Algeciras e Barcelona, em particular, só poderão oferecer vantagens comparativas face às novas Berlengas da Tugolândia. As greves dos estivadores, patrocinadas pelos estalinistas do PCP, são, aliás, uma grande contribuição para o enterro da nossa frente portuária :(

Responsáveis? As elites rendeiras e politocratas criminosas deste pobre país que em breve estará, não como a Grécia, mas pior do que a Grécia.

Ou afundamos este regime, e depressa, ou este regime afundará, por mais de um século, Portugal!

Seco Molhado


Mensagem esclarecida da Blogosfera:
Nada que um porto seco em Badajoz, anexo à zona industrial de Badajoz, com utilização da 2ª saída da Autopista da Extremadura N-V não resolva. Para mais toda a linha do Leste (ao contrário do (Far)Oeste) já possui plataforma ferroviária bem consolidada ao longo de dezenas de anos para levar via dupla entre Abrantes - Torre das Vargens - Elvas - Badajoz". Em Badajoz as próprias linhas já possuem travessas de dupla fixação.

Apenas será necessário aumentar o numero de pórticos em Badajoz para a transferência dos contentores das galeras dos camiões para os comboios que circulam em bitola UIC a partir de Badajoz. Sim que não faz sentido fazer o transporte por via ferroviária em bitola ibéria em apenas 200 km. Para quê carregar um comboio de mercadorias de Sines para Badajoz, quando os ganhos em 200 km são todos da estrada. Apenas fará sentido o transporte por exemplo de contentores de Sines ou Setúbal para o interior da Peninsula Ibérica.

Depois, ainda importa considerar que a bitola ibérica do lado espanhol será irremediavelmente descontinuada. Não acredito que Espanha queira suportar 2 custos de infra-estrtuturas ferroviárias. Atente-se por exemplo no número de comboios de passageiros que chegam e partem de Badajoz com rumo a Madrid. Praticamente todos esses serviços serão transferidos para a nova linha UIC. Apenas subsistirá algum serviço de características regionais que passa numa linha alternativa ao eixo Badajoz-Merida-Placência-Madrid, que é uma linha que passa pela localidade de "Cabeza de Boi". Na melhor das hipóteses Espanha irá propor que Portugal assegure a manutenção das linhas de bitola ibérica que utiliza para os comboios vindos de Portugal, pois os comboios espanhóis, deixarão em breve de as utilizar!

Quem tiver mais paciência para estatísticas e tratamento de dados, é ver a transferência de tráfegos de passageiros que irá ocorrer da estrada e bitola Ibéria para a rede de AV do Eixo Badajoz-Madrid. Para os mais distraídos basta referir que a própria Ibéria deixou de operar voos que se sobreponham às OD (Origens / Destinos) já servidos pela AV.

Toda esta história da bitola faz-me recordar o processo que foi a construção da linha do Douro, em que um dos principais bancos portuenses à época - o BCP (Banco Comercial Portuense) entrou na loucura da construção da linha do lado espanhol, mesmo para além fronteira. O resultado foi a sua falência.

É claro que a não adesão há rede UIC (vulgo, bitola europeia) vai ter as suas consequências e os seus custos. Ao contrário do que nos podem fazer crer, e à populaça, e aos desmiolados políticos da Lusitânia oeste, a competitividade (e a logística) das exportações nacionais (ou produtos desembarcados em portos portugueses) está seriamente comprometida pela falta de alternativas à estrada e à rede de bitola ibérica. Alguém acha que daqui a 20 anos os espanhóis vão querer suportar os custos astronómicos da manutenção de uma rede de bitola ibérica apenas para fazer passar comboios da Takargo?

IMPRENSA

Entre os dias 4 e 8 de novembro o Port de Barcelona, com a colaboração da Câmara de Comércio, Indústria e Navegação de Barcelona e da SEP, Secretaria de Portos de Brasil, realiza uma missão comercial ao Brasil que conta com a participação de mais de 40 empresários, tanto do setor logístico (transitários, consignatários, armadores, operadores logísticos e terminais) bem como de importação e de exportação.

O objetivo da missão é impulsionar o comércio exterior entre a Catalunha e o Brasil, promover novas oportunidades de negócios entre os dois países e aprofundar na relação entre o Port de Barcelona e os portos brasileiros.

[...]

No marco da missão comercial, a delegação de Catalunha visitará o porto de Santos, o principal porto do Brasil e da América Latina, onde o Port de Barcelona vai assinar um acordo de colaboração para reforçar as relações comerciais entre ambas as instalações e desenvolver projetos futuros.
— in Cargo News, 6 nov 2012.

quarta-feira, outubro 15, 2008

2008 Semana 42

Excitações da semana
13 - 19 outubro

António Costa pisou uma armadilha

Ouvi Helena Roseta dizer no "Frente a Frente" do Jornal das Nove (SIC-N) desta semana, que qualquer coisa como 30% da população da capital viveria em fogos alugados ou cedidos pela Câmara Municipal de Lisboa (CML). Provavelmente ouvi mal, e fiquei com uma percentagem errada na memória. Se vivêssemos num país decente, estes números estariam há muito no sítio web do município. Mas como não vivemos...

Na ausência de melhor informação, os dados de que disponho são estes:
A cidade de Lisboa tem 67 bairros sociais com cerca de 25 mil casas onde habitam 87 mil pessoas, de acordo com a Gebalis, a empresa que gere os Bairros Municipais de Lisboa. Os dados referentes a Janeiro de 2007 e citados no relatório do Observatório de Luta contra a Pobreza na Cidade de Lisboa [in Lusa doc. nº 8099219, 12/03/2008 - 09:00].

Existem, por outro lado, cerca de 2000 casas no chamado "património disperso" da CML, cedidas por boas e más razões, com bom senso, mas também com muita cunha, a pessoas, profissionais e entidades várias, quase sempre a "título precário", como consta dos contratos obsoletos e de legalidade contestável redigidos pela CML.

Finalmente, 72,4% das casas atribuídas pela CML regem-se pelo regime de "cedência precária" (Helena Roseta citada pelo Público), o qual é manifestamente obsoleto e não acautela com equidade e justiça os deveres e direitos das partes. Basta reparar no estado de degradação inaceitável em que se encontram dezenas, se não centenas, de propriedades municipais, para entendermos até que ponto a CML não cumpre a missão que a constitui.

É inacreditável que não sejam públicos os critérios de cedência (se é que existem) do vário património camarário: bairros sociais e "património disperso". No caso do Centro de Artes Plásticas dos Coruchéus (vulgo "ateliers" dos Coruchéus) até existem, mas vão mudando ao sabor das vereações, e a sua legalidade é contestável.

Por outro lado, é inadmissível e ilegal colocar listas de inquilinos nos jornais, como se tal fogueira pública pudesse ocultar o óbvio: que a actual CML tem o cancro dentro de si e não no "património disperso" da cidade.

A transparência é ou deve ser uma regra de democracia, não uma arma de provocação política, e muito menos um forma ordinária de molestar cidadãos inocentes, por causa de um ou outro beneficiário da proximidade do poder. Quando se souber quem compilou e preparou o show mediático em volta "das casas da Câmara", estou certo que pagará caro, em termos eleitorais e políticos, a manipulação da opinião pública tentada, e que afinal acabou por não resultar inteiramente. Um dos objectivos da manobra indecorosa que jornais e televisões acolheram sem esmiuçar criteriosamente, como tendem a fazer (em nome do barómetro de audiências), foi certamente ocultar a insolvência económica aguda e a persistente hipertrofia orgânica da CML, que em 2006 empregava 21,5 pessoas por cada 1000 habitantes, enquanto Madrid empregava apenas 8,44. Outro dos objectivos, porventura maquiavélico, da acção concertada das agências de comunicação, foi criar ruído protector da renovação ilegal, escandalosa e corrupta do contrato da Liscont/Mota-Engil-Jorge Coelho com o Porto de Lisboa, à custa dos impostos de todo o país e da destruição de uma parte vital, em termos turísticos, da capital portuguesa. Mas há ainda um outro objectivo, porventura muito bem escondido, na denúncia grosseira dos favores municipais em matéria de cedências gratuitas e alugueres baratos de casas, ateliers e palácios do acervo imobiliário da CML: entalar António Costa no aparente esforço que vem fazendo para limpar uma parte da teia de corrupção que há décadas governa o governo da capital, apesar dos presidentes e vereadores eleitos.

Percebi isto quando soube que Manuela Ferreira Leite tencionava deixar Santana Lopes correr por Lisboa nas próximas eleições autárquicas. Cavaco Silva, no seu tempo de governante, despediu Teresa Gouveia da então Secretaria de Estado da Cultura, para oferecer o cargo a Santana Lopes. É a táctica muito empregue pelo polvo, quando oferece uma perna à voraz moreia, para que esta o deixe em paz. A mesma síndrome prevaleceu de novo na decisão da actual líder do PSD, acossada pelo desembolado de Gaia e às voltas com uma difícil conjuntura eleitoral. Santana meteu-se, pois, ao trabalho. Nem o diletante do Abrupto poderá impedir a sorte do menino da 24 de Julho.

Saldanha Sanches (Expresso de hoje) faz, a propósito, um aviso solene sobre o "ano de António Costa":

votos de António Costa (2007) = 56 761
votos de Santana Lopes (2001) = 131 094

Pensemos neste números com mais atenção:

residentes em bairros sociais = 87 mil
ocupantes de espaços em património disperso = ~2 mil
pessoas que beneficiam dos espaços cedidos a título precário = ~6 mil
pessoal ao serviço da CML = 13 mil

TOTAL = ~108 mil

O problema parece óbvio, não é? Quem for uma ameaça ao bem-estar dos 100 mil habitantes de Lisboa ajudados pela CML, está lixado! Santana Lopes não tardou um minuto em explorar a situação, mesmo que, para tal, tivesse que deixar cair algum companheiro ou companheira cúmplice.

António Costa precisa pois de muita vontade, energia e grande habilidade, para vencer o animal político que convém ao estado de corrupção endémica enraizado no governo da capital. No fundo, no fundo, PS, PSD e PCP, preferem-no a António Costa!

Na circunstância adversa que se aproxima, até nem me importo de dar sugestões construtivas ao edil em funções.

António Costa precisa, desde logo, de se demarcar furiosamente da estupidez e da corrupção óbvia que rodeiam o sórdido negócio da Liscont.

Por outro lado, bastando invocar a queda crescente de tráfego no Aeroporto da Portela, deverá quanto antes recuperar a ideia da manutenção desta mais-valia única na capital, contestando simultaneamente o NAL da Ota em Alcochete -- mera operação de transferência de riqueza pública para depenados, embora vorazes, sectores privados, num tempo cada vez mais desajustado à ideia inicial do NAL --, e a TTT Chelas-Barreiro -- verdadeiro desastre que comprometerá gravemente o rio e a cidade de Lisboa por muitas décadas.

Se não houver um golpe de asa, aproveitando a conjuntura crítica actual para rever orientações que entretanto já ficaram ou ficarão inexoravelmente pelo caminho, o actual presidente do município lisboeta bem pode começar a fazer as malas e regressar ao governo PS, pois perderá as próximas eleições municipais. A moralidade por si demonstrada a propósito das casas camarárias, de maneira atabalhoada e abusiva, voltar-se-à contra ele quando Santana Lopes escalpelizar a ilegalidade e o roubo que a sórdida operação de destruição do Cais de Alcântara representam para o país e para os lisboetas.

A crise financeira actual irá transformar-se numa recessão grave em toda a Europa, com especial incidência nos nossos mercados de exportação e de turismo preferenciais: Alemanha, Espanha, Reino Unido e Brasil. Os impactos na capital poderão ser terríveis. Portanto, tudo o que seja ameaçar o frágil equilíbrio em que vivem os 13 mil contratados da CML, os 87 mil residentes dos bairros sociais, ou mesmo os poucos mas imprevisíveis artistas que trabalham e criam nos injustamente vilipendiados Ateliers dos Coruchéus, só precipitará a queda de quem continuar a tresler a actual situação.

Peço um favor à Helena Roseta: diga isto ao António Costa!




Dalila Araújo
militante PS e Governadora Civil de Lisboa


Letal caruncho partidário


Recebi de António Brotas o relato que a seguir comento e abaixo transcrevo.

António Brotas é engenheiro mecânico e professor catedrático jubilado do Instituto Superior Técnico. É também militante de base do Partido "Socialista". Vale a pena ler na íntegra o que escreveu sobre a aventura kafkiana por que tem passado para fazer ouvir a sua voz num congresso destinado a eleger o chefe da Federação da Área Urbana de Lisboa do Partido Socialista. Eu já sabia que era assim, mas o email desesperado do velho professor do Técnico, que não desiste de opinar sobre o seu país, mesmo quando a voz incomoda o partido-governo em que acredita, entreabre de forma avassaladora a porta desse submundo árido, indigente, corrupto e traiçoeiro de onde brota o regime que actualmente desfaz Portugal. Refiro-me ao submundo das organizações partidárias e sindicais da nossa falida democracia.

A chamada democracia "dos" partidos (é mesmo deles!) deriva, toda ela (o Bloco de Esquerda ainda pretendeu, no início, ser diferente...), de uma conspiração permanente dos mais ousados na arte de trair tudo e todos. O modelo que inspira esta tropa de hienas circunspectas (PCP, PS, PSD e CDS) deriva directamente do "estalinismo", por mais bizarro que tal nos pareça nos dias de hoje. O "estalinismo", aliás, apenas levou até às últimas consequências o cardápio de Lenine para o Partido da Vanguarda Revolucionária. E Lenine, por sua vez, bebera de Marx toda a teoria da justa violência "objectiva" inspirada no Terror de Robespierre e Saint Juste .

Este desprezo pela lei antiga e esta instrumentalização permanente da lei nova, acompanhados por uma espécie de direito divino à violência (por definição, conspirativa, ilegal, tumultuária, revolucionária e sombria) viriam a ganhar corpo na variante Jacobina da Maçonaria. Todos os partidos portugueses, e a República Portuguesa em geral (nascida, como as revoluções francesa e russa, do assassínio da família real), partilham no subconsciente desta vertente imoral da ideia de humanidade. O grau de endogamia, nepotismo e violência desta estruturação do poder absoluto tem uma natureza circunstancial, pelo que a sua aparência pacífica num dado tempo histórico é apenas a face indolor de algo intimamente trágico.

Apesar do folclore partidário e parlamentar,
o ideal democrático e de liberdade é a última das suas prioridades. Tudo visto e revisto numa escala histórica alargada, a doença que vem destruindo a civilização moderna e contemporânea é esta descomunal e criminosa falta de transparência estrutural dos regimes democráticos. Para melhor esconder os seus desígnios, nada melhor do que a Propaganda -- a ferramenta idela de Hitler, mas que o sobrinho de Freud soube depois amenizar e domesticar para o nascente "sonho americano". No caso da economia do consumo, chamou-se e chama-se "publicidade"; no caso da manipulação política e ideológica das massas, chama-se "média" ou "comunicação social".

O ideal de liberdade, igualdade e democracia constitucional, que alimentou a Revolução Francesa, a Independência dos Estados Unidos, e mais tarde a Revolução Russa, perdeu-se há muito. Mas então como explicar que tantos milhões de seres humanos tenham acreditado e continuem a confiar nos partidos e regimes políticos que ostentam na lapela o nome "Democracia"?

Eu só tenho uma explicação: o sonho persiste, mas está cada vez mais longe da realidade.

Entre as causas
da fatal decadência em que a Europa e a América se encontram, a natureza concentracionária, despótica e permanentemente conspirativa dos partidos políticos, saídos de uma comum matriz jacobina, é porventura a mais sinistra, eficaz e difícil de extirpar a tempo!

Meu caro António Brotas: a melhor maneira de demonstrar que estou errado, seria fundar um partido de tipo novo (e olhe que há vontade!), povoado por livres pensadores e gente informada, pragmático, funcionando em rede, com poderes limitados e totalmente transparente. Não quer experimentar?


Texto de António Brotas
:

Intervenção escrita para ser lida hoje, no encontro na Secção de Almirante Reis, às 21 horas, em que serão apresentadas as moções: “Democracia e Socialismo” e “ Ganhar os desafios do Futuro“, entregues no dia 9 à COC.

Camaradas,

No Artigo 45º dos Estatutos do PS vem escrito que os delegados aos Congressos das Federações são eleitos “com base em programas ou moções de orientação política.”

Há dois anos, entreguei uma moção à COC do XII Congresso, que a rejeitou com o argumento de que não era suficientemente geral.

Na altura, não protestei, mas fiquei desde logo com a intenção de escrever para este XIII Congresso uma moção que não pudesse ser considerada com este defeito.

Sabia que o Congresso seria em Novembro, mas tenho alguma dificuldade em encontrar informações na Internet. Só no dia 9, num telefonema para a FAUL, consegui saber o calendário da sua preparação.

Quando perguntei: “até quando têm de ser entregues as moções a que se têm de referir as listas de candidatos a delegados”, disseram-me: “até hoje às 10 da noite”.

Assim, a moção “Socialismo e Democracia”, que aqui venho apresentar, entregue às 8 da noite do dia 9 e escrita num só dia, foi pensada desde longa data sempre com a intenção de servir de moção global.

No Guia eleitoral para este XIII Congresso da FAUL vem indicado que as Moções Globais de Orientação são documentos de “apreciação e definição das linhas gerais da política do partido na área da Federação”.

Estive atento a esta indicação e peço aos presentes para julgarem, por si, se a cumpri, ou não.

Passo a ler a primeira página da moção:


“DEMOCRACIA E SOCIALISMO” –1ª página

“ O futuro da Democracia será em grande parte decidido em eleições entre partidos políticos.

Nestas eleições a grande massa dos cidadãos dos diferentes países pode fazer a sua escolha entre os partidos existentes.

Há, no entanto, outras eleições não menos importantes para o futuro da Democracia que são as eleições internas dos partidos.

Nestas eleições, grupos restritos de cidadãos, os militantes dos partidos, escolhem (estamos a falar de partidos democráticos ) os seus dirigentes e definem, normalmente em Congressos, as linhas de orientação dos seus partidos.

Os militantes dos partidos assumem, assim, uma grande responsabilidade perante a massa dos cidadãos dos seus paises, em particular, perante os eleitores no seu partido.

A Democracia não existe quando os partidos funcionam de um modo inteiramente degradado.

O perigo para a Democracia é a de que , em vez de funcionarem cada vez melhor, os partidos funcionem cada vez pior. Quem se pode opor a esta degradação são, em primeiro lugar, os militantes dos partidos.

A esperança da Democracia, aqui e em todos os países do mundo, é a de que os partidos políticos passem a funcionar melhor. Quem pode, em primeiro lugar contribuir para esta esperança são os militantes dos partidos. “

Passo agora a ler de forma resumida a continuação desta moção em que foco os problemas da FAUL que me parecem mais importantes.


“DEMOCRACIA E SOCIALISMO” – (Continuação resumida)

Vamos ter importantes eleições autárquicas e legislativas em 2009….antes, vamos ter eleições nas Federações do PS. ……. temos uma situação que nos é favorável: os Estatutos do PS são numa larga medida consensuais.

A tarefa política que se nos impõe é, assim, a de, aceitando as regras em vigor, nos empenharmos em melhorar o funcionamento do PS e, por extensão, o da Democracia no nosso País.

As listas dos candidatos a delegados das Secções, que terão de ser entregues até ao dia 19, têm de se referir todas elas (segundo o indicado no Guia) a uma Moção Global de Orientação Política, que poderá ser a do Joaquim Raposo, ou outra. (Só recentemente notei que nos Estatutos não há a exigência da moção ser global)

Não nos choca que haja um só candidato a Presidente da FAUL. ….Choca-nos que todas as listas de candidatos a delegados apresentadas nas Secções se tenham de referir à moção apresentada.por um candidato único a Presidente da FAUL .

O nosso objectivo deve ser o de eleger um Congresso com qualidade,... Esta qualidade, exige alguma diversidade

Esta moção, pretende contribuir para esta diversidade.

Devemos olhar alguns algumas questões que nos parecem relevantes e sugerir, desde já, algumas medidas a tomar:


Parece-nos grave que o Gabinete de Estudos do PS previsto, no artigo 111º dos Estatutos, seja um orgão praticamente inexistente desde há vários anos. Pensamos que o Presidente e a Comissão Política da FAUL devem insistir para que este orgão entre efectivamente em funcionamento.

...enquanto tal não acontece, devemos lembrar-nos que os Estatutos do PS prevêem Gabinetes de Estudo Federativos. ...

É altamente desejável que o Gabinete de Estudos da FAUL comece a funcionar antes das eleições autárquicas. Pensamos que tal é possível. Há inúmeros militantes do PS desejosos de para ele contribuírem com o seu saber técnico. De facto, entre os militantes, há o sentimento dos seus contributos serem desperdiçados. Estes gabinetes de Estudos federativos podem ser uma fórmula para começar a por fim a este estado de coisas.

... Na Área Metropolitana de Lisboa, estão previstas obras que poderão ter custos ambientais e financeiros gigantescos. Não é de excluir um Gabinete conjunto, ou pelo menos uma boa colaboração entre um Gabinete de Estudos da FAUL e outro de Setúbal, que possa que possa dar um apoio aos autarcas e contributos válidos para a solução dos muitos problemas da Área Metropolitana de Lisboa.

... As recentes eleições dos Secretariados das Secções Sócio Profissionais da FAUL, todos eleitos por lista única e com uma percentagem insignificante de votos, foram um momento negativo na vida do PS. Estas Secções são órgãos que deviam dar um contributo muito significativo para a elaboração das políticas do PS em domínios que agitam a sociedade portuguesa, como os da Educação, Saúde, Transportes, Economia, Justica, Segurança Social etc. Este contributo não se vê .

... É absolutamente necessário criar espaços de debate no interior do PS em que a opinião dos militantes possa ser, de facto, ouvida e aproveitada

... Uma melhor utilização dos meios de comunicação electrónica que as novas tecnologias hoje nos facultam é desejável e possível. A FAUL não precisa de ter um jornal impresso, mas pode ter, com encargos diminutos, um jornal electrónico para onde os militantes possam enviar textos e ficar com eles arquivados.

Esta moção, embora escrita, no último dia, por um só militante, procura traduzir as opiniões de militantes que desde há muitos anos falam e pensam os problemas do PS, da Democracia e do País. Hoje, mais do que nunca este debate é necessário. .

No caso de alguns de nós sermos eleitos, queremos claramente dizer que tipo de relacionamento entendemos ter com delegados de outras secções que, eventualmente, sejam eleitos com referência a esta moção.

Entendemos não haver qualquer espécie de dependência ou de obrigatoriedade entre nós e eles. Entendemos, simplesmente, que tendo eles obrigatoriamente de se referir a uma moção, escolheram esta por, por nalguns pontos, lhes parecer preferível. Se esta moção tiver outros eleitos , o que nos deixará muito satisfeitos e honrados, procuraremos, naturalmente, encontra-los no próprio Congresso ou antes. Se formos em número suficiente e estivermos de acordo procuraremos apresentar uma lista candidata à Comissão Política da FAUL sem deixar de colaborar com outros delegados na apresentação e votação de moções e na eleição de outros órgãos.”

(Uma versão completa desta moção é enviada em anexo. A moção "Ganhar os desafios do futuro" pode ser facilmente encontrada, por exemplo, no site da FAUL )

Quando consegui entregar esta moção, às 8 da noite do dia 9, fiquei naturalmente muito satisfeito. Com a do Joaquim Raposo foram as únicas apresentadas.

Mas, perto da meia noite, a camarada Dalila Araújo, Presidente da COC, telefonou-me a dizer que que a COC tinha decidido não aceitar a minha moção como Moção Global. Os argumentos apresentados foram os de que a minha moção tinha sido apresentada com uma só assinatura e de que o seu conteúdo não se enquadrava no “conceito” que a própria COC tinha de Moção Global .Estes argumentos foram depois enviados por email.

Com respeito ao primeiro, a COC ignorou que no mesmo dia 9 tinha aceita a moção do camarada Joaquim Raposo com uma só assinatura. Com respeito ao segundo, disse, desde logo, à camarada Dalila que considerava a apreciação da COC manifestamente subjectiva, despropositada e errada e que considerava inadmissível que num partido democrático a COC de um Congresso se permitisse apreciar o conteúdo das moções apresentadas pelos candidatos a delegados com vista a eliminar as que em seu entender considerava não adequadas .

Desenvolvi estes argumentos num email bastante longo que enviei no dia 10 a cerca de 200 militantes do PS. Agora que as duas moções estão publicadas, convido a quem as ler a interrogar-se sobre a validade do critério que levou a COC a considerar a moção do Joaquim Raposo uma Moção Global e a minha não.

No dia 10, se nada mais fizesse, a minha moção estava eliminada. Apresentei, então, um recurso da decisão da COC à Comissão de Jurisdição da FAUL, a quem pedi urgência, e comecei a recolha de assinaturas para apresentar uma lista de candidatos em Almirante Reis. Sugeri, também, que o tradicional encontro desta 6ª feira na Secção, fosse destinado a este encontro entre apoiantes das duas moções.

Mas sucede, que, ontem, recebi um email da Comissão de Jurisdição da FAUL com a resposta negativa ao meu pedido de impugnação da decisão da COC.

Compete à Comissão Nacional de Jurisdição julgar definitivamente os recursos das decisões das Comissões de Jurisdição das Federações. Vou pois, apresentar, junto da Comissão Nacional, recurso da decisão da Comissão da FAUL.

Pedirei à Comissão de Jurisdição Nacional a urgência possível. No caso da sua decisão poder ser dada nos dias mais imediatos, e me ser favorável, pedir-lhe-hei que me sejam concedidas 48 horas para completar as assinaturas necessárias para apresentar uma lista de candidatos em Almirante Reis, que normalmente devia estar a recolher desde o dia 13.

António Brotas
Militante 19620 do PS


Aeroporto Sá Carneiro: Turistas galegos denunciam "tratamento vexatório" na alfândega

Porto, 16 Out (Lusa) - Um grupo de turistas galegos denunciou um alegado "tratamento vexatório" na Alfandega do Aeroporto Sá Carneiro, o que mereceu a atenção do mais importante jornal de Vigo e pode prejudicar a captação de novos passageiros na Galiza.

"Turistas de Vigo denunciam tratamento vexatório na Alfandega do Aeroporto do Porto" é um dos títulos que ocupam a primeira página, da edição de quarta-feira, do Faro de Vigo.

O jornal, que dedica toda a terceira página a este assunto, refere o "encontro tenso" de quatro turistas galegos que aterraram sábado no Aeroporto Sá Carneiro, depois de viajarem desde Nova Iorque num voo da TAP.

Para o diário, a atitude dos funcionários da alfândega "voltou a endurecer", numa referência à exigência feita aos turistas galegos para que pagassem os direitos relativos a alguns artigos que tinham adquirido na cidade norte-americana.

Os turistas revelam, nesta reportagem do Faro de Vigo, que foram retidos durante cerca de três horas nas instalações alfandegárias, onde afirmam terem sido tratados como "delinquentes". Por outro lado, o jornal adianta que, "tal como em casos anteriores", entre todos os passageiros que viajam naquele voo, "o pessoal da alfândega apenas revistou as bagagens dos espanhóis".

Na sequência deste incidente, os quatro turistas galegos anunciaram que pretendem apresentar queixa contra os "maus modos, tratamento humilhante, vexatório e mal-educado" dos agentes alfandegários a que, alegadamente, terão sido sujeitos.

Comentário:

  1. investigue-se o que realmente se passou no posto alfandegário;
  2. depois, se houve abuso, excesso de zelo ou comportamento teleguiado, exponha-se publicamente o caso (estamos cá para analisar!);
  3. finalmente, a região Norte tem que se organizar e saber o que quer. Se quer ter o aeroporto internacional por excelência do Noroeste Peninsular, prepare-se para as rasteiras de Vigo (as menos relevantes) e, sobretudo, para as rasteiras de Madrid... e de Lisboa!
  4. este incidente vem reportado na comunicação social depois do incidente do leite (no qual portugueses foram mal tratados pelos leiteiros galegos)... Ou seja, já são demasiados incidentes entre povos irmãos e que se dão muito bem! Por acaso, até ocorreram semanas e meses depois de a Galiza e a Região Norte de Portugal terem formalizado a primeira euro-região europeia.
Nada acontece por acaso! Eu, como alguns amigos galegos cultos e bem informados, temos a mesma teoria: sempre que a Galiza se aproxima de Portugal, alguém de Madrid ou de Lisboa, começa a provocar, e depois a sabotar. Desta vez, creio que as armadilhas estão a ser colocadas por gente do Terreiro do Paço (oriunda da nova loja sino-maçónica, envolvida na especulação da Portela, no assalto à ANA e na ocupação territorial das terras de Alcochete), e ainda por gente da Moncloa e do Palacio de Oriente, que detesta as teorias de Richard Florida sobre as mega-regiões, preferindo manter isolado o seu quintal galego. Porto, organiza-te!!


Post scriptum
: já agora, para os deputados e jornalistas ceguinhos (que abundam no meu país), aqui vai a prova de que a Portela em breve estará às moscas, e que as ligações ferroviárias de Alta Velocidade e/ou Velocidade Elevada Lisboa-Madrid (quer dizer, entre Lisboa e toda a rede espanhola de AV/VE), Corunha-Porto, e Aveiro-Salamanca, são a única resposta desejável ao necessário rebaixamento do uso e importância dos aviões e automóveis no sistema de mobilidade regional e interregional.

Reducción del puente aéreo en el aeropuerto de El Prat en favor del Ave “El AVE ya se lleva el 47% de la ruta Barcelona-Madrid” Superado y por mucho el puente aéreo, Renfe aspira a ser dominante del corredor como muy tarde en noviembre. La diferencia entre el avión y el tren se reduce a sólo 29.871 viajeros a los siete meses de tren veloz. (“La Vanguardia”)

“La crisis golpea a El Prat con la pérdida del 14% de los pasajeros”
En septiembre, la instalación fue incluso superada en número de viajeros por la de Palma. Las aerolíneas solo transportaron 30.000 personas más que el AVE entre Barcelona y Madrid. (“El Periódico”)


Cadé os mapas?!
A cangocha do Orçamento de Estado


Alguém sabe por onde anda o Orçamento do Estado português para 2009?
O governo que apregoa as extraordinárias façanhas do seu Plano Tecnológico e do "Magalhães" portátil, não consegue -- pasme-se! -- editar um simples documento electrónico de texto, com algumas folhas de cálculo pelo meio. Alguém acredita nesta aldrabice posta a correr pelo ministro Teixeira dos Santos e engolida sem curiosidade pelos submissos OCS que temos?

Até ao momento em que escrevo estas linhas (11:57) ainda não vi o Orçamento. Não está disponível no sítio do Governo, que era onde deveria aparecer em primeiro lugar (a very High Tech governance!), nem o vejo citado, a não ser nas fugas preparadas pelo Governo, na nossa imprensa, cada vez mais amadora e desmiolada.

Pois bem, eu tenho uma explicação para a cangocha orçamental de 2009!

Das duas uma: ou o Jorge Coelho telefonou aos berros exigindo de José Sócrates mais dinheiro para o betão, ou, mais grave ainda, esqueceram-se de incluir uma provisãozinha de 20 mil milhões de euros para a banca portuguesa! É que sem esta inscrição explícita no documento-base das receitas e despesas do Estado ninguém em seu perfeito juízo irá emprestar um euro à descapitalizada (quer dizer, falida) banca portuguesa!

Porém, se a verba de salvamento do nosso sistema financeiro for inscrita no OE2009, esta pequena quantia na coluna das despesas potenciais do Estado (mas que se tornarão reais num ápice!), teremos o caldo do défice orçamental entornado. Passaria, de facto, de 2,2% para 13,68%!

Que grande bronca!!


ÚLTIMA HORA!

Afinal já temos mapas! Mão amiga fez-me chegar, minutos depois de publicar esta nota intempestiva, o Relatório do Orçamento do Estado para 2009. Vou lê-lo e procurar os 20 mil milhões de euros de garantias que o Governo prometeu aos banqueiros nacionais.

REFERÊNCIAS

Deputados desconhecem o Orçamento
Deputados dizem que OE para 2009 foi entregue incompleto
Problema técnico bloqueou acesso dos deputados ao documento.

2008-10-15 00:30 (Diário Económico) Apesar de ter sido entregue na Assembleia da República às 19h30, o Orçamento do Estado continuava a não estar totalmente disponível à hora de fecho desta edição. Segundo o ministro das Finanças, que entregou o documento numa ‘pen’, as complicações foram provocadas por um “problema técnico informático” . Questionado pelos jornalistas, Teixeira dos Santos respondeu: “Penso que a ‘pen’ que me deram para entregar [a Jaime Gama] tinha todos os documentos”.

Ainda assim, a situação - que só tem paralelo com o último Orçamento do Governo de António Guterres, quando Guilherme d’Oliveira Martins era o ministro das Finanças (2001) - levou os partidos da oposição a levantarem a suspeita de que não existisse qualquer documento na ‘pen’. O líder parlamentar do PSD, Paulo Rangel, lamentou que o OE “tenha estas vicissitudes” que causam “intranquilidade nos agentes económicos”. Francisco Louçã, do BE, diz não perceber “as trapalhadas de última hora” e Honório Novo, do PCP, afirmou que “na prática, parece não ter havido qualquer distribuição à Assembleia da República”.

A entrega do documento ao Parlamento aconteceu três horas e meia depois do inicialmente previsto (apesar de ter sido o próprio Governo a decidir antecipar, num dia, a sua entrega).

OE2009: PCP disse que documento é «ininteligível»

quarta-feira, 15 de Outubro de 2008 | 09:58 (Diário Digital) Os grupos parlamentares tiveram acesso ontem, cerca das 21:30, apenas ao articulado da proposta de Orçamento do Estado para 2009, mas sem relatório nem mapas, o que «torna o documento ininteligível», afirmou o deputado do PCP Honório Novo.

«Isto é o articulado, a proposta de lei. Falta o quadro macroeconómico, o relatório não veio, não há nenhum mapa, nem o do PIDDAC [Plano de Investimentos e Despesas de Desenvolvimento da Administração Central]. Na prática, não foi entregue o Orçamento do Estado», afirmou Honório Novo, em declarações à Agência Lusa.

OAM 459 15-10-2008 12:11

domingo, maio 25, 2008

Portugal-Espanha

Pontevedra - acidente em obras do AVE
Pontevedra - acidente em obras do AVE, onde trabalham centenas de trabalhadores portugueses ilegais, com a conivência dos socialistas de ambos os países!

Socialistas ibéricos promovem dumping social!

Se a situação de inconcebível e vergonhosa ilegalidade que vem ocorrendo há meses na construção das linhas férreas de alta velocidade para o combóio AVE e outras grandes obras públicas espanholas prosseguir sem que as autoridades de ambos os países actuem de forma exemplar, começando por deixar de serem elas próprias quem hipocritamente as promove, haverá fenómenos crescentemente graves de xenofobia, numa primeira fase laboral, mas que rapidamente se poderão transformar em tensões sociais alargadas absolutamente indesejáveis.

O governo socialista espanhol promove o trabalho ilegal para assim diminuir os custos gigantescos das suas obras públicas. Tem-no feito através de subcontratações de empresas que por sua vez participam em complexas redes de angariação e exploração de trabalho imigrante, fingindo ignorar o que se está passando. Esta atitude permissiva perante um crime de exploração passou algo despercebida da atenção pública enquanto durou o boom imobiliário naquele país. Com o colapso deste, a pressão sobre as obras públicas em curso, por parte dos milhares de operários e técnicos dispensados pelas centenas ou mesmo milhares de empresas espanholas que estão a fechar as suas portas, vem empurrando os trabalhadores portugueses ilegais para um beco sem saída. Se em Espanha deixa de haver em pão, também não o encontrarão no nosso país!

Os trabalhadores portugueses têm ainda e apesar de tudo uma grande vantagem sobre os demais imigrantes que chegaram a Espanha nas últimas duas décadas (latino-americanos, magrebinos, africanos sub-saharianos e asiáticos) e que agora começam a ficar sem trabalho: muitos portugueses passam os fins-de-semana em suas casas. Isto é, regressar ao país de origem, em caso de desemprego, não é uma opção dramática para os próprios, e é, pelo mesmo motivo, um alívio enorme para o governo espanhol! Daí que a "expulsão" dos imigrantes portugueses, pela cultura e pela vizinhança dos dois países ibéricos, tenda a ser uma dor de cabeça bem mais ligeira do que a enxaqueca que advirá das comunidades oriunas de geografias mais longínquas, entretanto legalizadas em Espanha, mas que se verão submetidas a pressões xenófobas inesperadamente graves quando o descalabro económico decorrente da actual emergência energética global começar a fazer efeitos indisfarçáveis na sociedade espanhola.

O governo socialista português, por sua vez, promove sem vergonha a emigração portuguesa para toda a parte, sobretudo para a Europa, e em especial para Espanha, não registando tais movimentos nas suas estatísticas de emigração -- pois sendo livre a circulação de pessoas e bens na União Europeia, não faz formalmente sentido registar os movimentos demográficos internos à comunidade como migrações, ao mesmo tempo que se enganam as estatísticas do desemprego. Et voilá!

Sucede porém que, por efeito da crise económica em curso, a qual afecta gravemente o sector da construção, muitos milhares de emigrantes não contabilizados como tal irão regressar a Portugal nos próximos dois anos. Entretanto, ouviremos falar cada vez mais de problemas com trabalhadores ilegais portugueses em Espanha e no Reino Unido. Ouviremos falar de xenofobia e ouviremos falar de dumping social. Não chegaremos aos extremos que actualmente ocorrem na África do Sul com os imigrantes moçambicanos, mas não vai ser bonito de ver! Que tudo isto ocorra durante a vigência de um governo socialista, e sobretudo numa democracia multipartidária que até agora nenhuma atenção prestou a esta bomba de relógio, dá que pensar até que ponto esta mesma democracia se deixou corromper pela cupidez e falta de sentido da história.

Não vejo outra solução que não passe por forçar os governos de Portugal e Espanha a eleger esta preocupante situação como uma das prioridades da próxima cimeira ibérica. Se os acomodados políticos do sistema e os parlamentares bem sentados de ambos os países nada fizerem rapidamente, terá que ser a sociedade civil e a democracia virtual que prolifera pela blogosfera a forçá-los a assumir as responsabilidades para que foram eleitos e para cuja assumpção são suficientemente pagos.


REFERÊNCIAS
Galiza: Sobrecarga do horário laboral motiva acidentes
Muitos dos acidentes de trânsito envolvendo trabalhadores portugueses na Galiza acontecem devido à «enorme sobrecarga» do seu horário laboral, já que chegam a cumprir mais de 11 horas diárias, disse um responsável sindical.
O secretário nacional da Confederação Intersindical Galega para o sector da construção, Xosé Melón, garantiu que, em média, cada português que trabalha na construção civil na Galiza cumpre entre 10 a 11 horas diárias, mas há muitos que chegam a ultrapassar essa carga horária.

«Depois é evidente que isso se reflecte na condição física dos trabalhadores e na sua agilidade e capacidade de reacção, nomeadamente quando se sentam ao volante para fazerem longas viagens», acrescentou.

Xosé Melón reagia, assim, ao acidente de viação que sexta-feira à noite ocorreu em Lugo, na Galiza, onde morreram três trabalhadores português e outros dois ficaram gravemente feridos.

As vítimas seguiam todas numa furgoneta, em direcção a Peso da Régua, de onde os trabalhadores são naturais.

«Os portugueses cumprem horários laborais que são verdadeiramente assassinos, e a culpa é tanto das empresas empregadoras como dos governos dos dois países, que continuam a fechar os olhos a toda uma série de ilegalidades no trabalho luso na Galiza», acrescentou Melón.

Este responsável sindical já denunciou publicamente o alegado «dumping laboral» dos portugueses que trabalham na construção civil na Galiza, «aceitando trabalhar em condições muito precárias, o que configura uma situação de concorrência desleal» para os galegos.

Segundo Melón, os portugueses não têm um salário fixo, aceitando ser pagos à hora, o que «conduz imediatamente» a jornadas de trabalho de 10 ou 11 horas, quando a lei laboral impõe apenas oito.

Uma hora de trabalho português poderá custar ao patrão cinco ou seis euros, enquanto os galegos recebem nove euros.

Além disso, os portugueses também não têm direito a férias, subsídios de Natal ou qualquer indemnização no final dos contratos.

Explotación laboral
Cientos de portugueses contratados a bajo coste construyen el AVE gallego
Los obreros lusos hacen jornadas de diez y doce horas por salarios un tercio menores que los de un operario local.
El empleo de trabajadores fronterizos en la obra pública abarata la subcontratación y acorta tiempos de entrega.

Que tres de cada diez obreros de la construcción son portugueses es una realidad constatable en cualquier parte de Galicia. La novedad es que la mano de obra lusa ha dado el salto al sector público aportando casi la mitad de los trabajadores que construyen el AVE gallego en las provincias de Pontevedra y Ourense, con costes salariales un tercio más bajos y máxima disponibilidad horaria.

Basta un recorrido por el trazado de la alta velocidad para comprobar la situación de desigualdad con la que operan en una misma obra empleados gallegos y portugueses. El testimonio de un grupo de sindicalistas de la CIG que ha recorrido las obras acompañado por La Voz de Galicia pone de manifiesto una realidad «tercermundista».

Xosé Xan Melón, secretario nacional de CIG Construcción, denuncia una clara situación de dumping social, o competencia desleal, con el empleo de millares de obreros lusos, y el agravante de que se trata de construcción financiada por el Estado. Jornadas continuas de 10 y 12 horas (solo descansan hora y media para comer), por salarios de 6 euros la hora, sin derecho a vacaciones son las condiciones habituales de un trabajador portugués, frente a los 9 euros la hora más plus de transporte y máximo de 8 horas de jornada estipulados en convenio para los trabajadores gallegos. «Se está a tirar o prezo do traballo e isto xenera unha situación de rechazo e xenofobia por parte dos traballadores galegos», alerta Melón. Desde el sindicato se insiste en dejar claro que no existe repudio hacia los operarios fronterizos -para los que exigen igualdad de condiciones que un obrero español-, pero sí hacia el subcontratista.

¿Qué hace la Inspección? El sindicato denuncia la existencia de un pacto no escrito entre los Ejecutivos de España y Portugal para permitir esta desigualdad. «O Goberno luso amortigua a crise, e o Goberno español abarata costes e recorta plazos de execución», afirma Melón.

El salario medio luso es de 650 euros. Solamente en la región norte de Portugal hay 182.000 parados. El pasado ejercicio, el sector industrial perdió 11.000 trabajadores.


OAM 368 25-05-2008, 00:21

segunda-feira, maio 19, 2008

Espanha 4

Manif a favor do uso da língua galega na Galiza
Santiago de Compostela: a favor do uso oficial efectivo da língua Galega.

Ibéria: dois ou mais Estados?

Findo o ciclo colonial, de que as ditaduras Franquista e Salazarista foram os derradeiros símbolos, e sobretudo perante a dinâmica da União Europeia, vai ser muito difícil impedir que os anseios independentistas profundos da Catalunha acabem um dia destes por chegar à almejada recuperação da sua perdida independência. O mesmo se dirá do País Basco, ou melhor, da antiga Navarra. E creio que é tempo de sabermos para onde se inclinará a Galiza -- se para Madrid apenas, ou se finalmente para Portugal também. Os sinais recentes são sintomáticos: a chamada Espanha das autonomias entrou num impasse, que apenas poderá agravar-se à medida que o milagre económico espanhol começar a esmorecer e os fundos comunitários chegarem ao fim (em 2013-2014), como podemos constatar nas notícias deste domingo vindas da Galiza e da Catalunha, mas também do reavivar do processo pendente de Olivença, de que abaixo dou conta.

Pergunta-se: como deverá Portugal reagir à polémica e aos apelos?

Em primeiro lugar, participando sem complexos na discussão em curso, respeitando naturalmente o melindre do problema.

Em segundo lugar, defendendo uma visão estratégica própria clara que em nenhum momento suscite dúvidas sobre a nossa rejeição liminar de qualquer forma de federalismo radial com capital em Madrid. Pessoalmente, acredito que a Espanha poderia evoluir para um Estado federal a sério, em vez de persistir no actual esquema autonómico, cujo resultado mais visível parece ser a crescente macrocefalia de Madrid e a radicalização dos movimentos independentistas, que aumentará à medida que finde o maná de Bruxelas. Também creio que a Ibéria, como grande região estratégica da nova Europa, poderia evoluir, resolvido que fosse o caso espanhol, para uma rede colaborativa de Estados e Nações sustentada em objectivos comuns e compromissos claros, sem quaisquer tentações centralistas, fazendo desta cabeça europeia um dos elos decisivos da força europeia futura.

Sobre a questão linguística, falo do que sei: na península ibérica há três línguas historicamente consolidadas: o Português (com cuja normas internacionais o Galego deve alinhar se quiser efectivamente preservar o seu património linguístico próprio e participar de uma diáspora linguística a caminho dos 240 milhões de falantes), o Castelhano/Espanhol e o Catalão. O Basco, por sua vez, embora recheado de espanholismos, poderá vir a consolidar-se como um idioma efectivo ainda que residual. Ou seja, muito provavelmente, teremos antes de 2050, na península ibérica, quatro línguas oficiais efectivamente faladas pelos povos que a habitam. Não vejo nenhum dramatismo nisso. Antes pelo contrário.


Reflexões complementares podem ser lidas em Espanha 3, Espanha 2, Espanha e Portugal 12.


Galiza: 25 mil pessoas reunidas em defesa da língua galega

18-05-2008 16:10:00. Vinte e cinco mil pessoas manifestaram-se hoje em Santiago de Compostela, na Galiza, em defesa da língua galega, criticando a alegada tentativa estatal de impor o uso do castelhano naquela região autónoma espanhola.

«O que nós exigimos, acima de tudo, é o reconhecimento da condição internacional da nossa língua, que é falada por centenas de milhões de pessoas no mundo, quer como língua nativa, como é o caso dos galegos, quer como língua oficial de oito Estados», disse, à Lusa, Alexandre Banhos Campo, um dos principais mentores desta manifestação.

«A nossa língua não é regional nem dialectal, mas sim internacional. O galego é o português da Galiza, e o que nós queremos é que o galego se confunda com o português, mantendo, obviamente, as suas especificidades próprias», acrescentou. -- in Diário Digital.

Catalunha garante que "Espanha ainda não assumiu independência de Portugal”

18.05.2008 - 14h26 Lusa. O vice-presidente do Governo Autónomo da Catalunha, Josep-Lluís Carod Rovira, disse hoje em Barcelona que Espanha ainda não assumiu que Portugal é um Estado independente. Carod Rovira considera que Madrid pretende manter uma "tutela paternalista" e uma atitude de "imperialismo doméstico" sobre o Estado Português, onde, acrescentou, "historicamente, sempre houve um certo complexo por parte de alguns sectores dirigentes em relação a Espanha". -- in Público.

PS: sobre a polémica provocada por este sound bite do político catalão, e a ingenuidade dos que crêem na absoluta bondade da diplomacia Castelhana, há que reflectir um pouco... Se souberem responder à pergunta: porque censurou o El País a figura de José-Manuel Durão Barroso nas duas fotos que publicou da Cimeira das Lajes (Açores), antes do início da guerra contra o Iraque, ficarão com uma bela ideia sobre as ambições óbvias do nacionalismo espanhol face a Portugal.

O Sr. Saramago, que defende abertamente a submissão de Lisboa a Madrid, não tem autoridade moral para atacar os independentistas catalães! Escreva livros!

Fotos censuradas pelo El País sobre a Cimeira dos Açores: falta o então primeiro-ministro português! Foto 1, Foto 2.

Olivença: Manifesto de 1 de Maio

Passam hoje duzentos anos sobre o Manifesto de 1 de Maio de 1808, acto legislativo do Príncipe-Regente após a chegada da Corte Portuguesa ao Brasil na sequência da invasão francesa comandada por Junot, pelo qual o Governo Legitimo e Soberano de então declarou «nulo e de nenhum efeito» o Tratado de Badajoz, assinado sob a coacção dos exércitos espanhóis e franceses, sete anos antes.

Assim foi repudiada a ocupação de Olivença por Espanha, alcançada com um acto de guerra que nem o Direito de então havia de admitir, conforme veio a explicitar o Congresso de Viena, em 1815.

Com o Manifesto de 1 de Maio de 1808, Portugal jamais reconheceu ou aceitou a ocupação de Olivença pelo Estado espanhol, posição que obteve e tem consagração constitucional.

O Manifesto, proclamação da perenidade e independência de Portugal, visto por todos os portugueses como indicação para a insurreição contra os invasores, teve para os oliventinos, em particular, o significado de que a sua Pátria não os esquecia e não os abandonava. Duzentos anos de separação forçada não apagaram a identidade mais profunda e verdadeira de Olivença.

O reencontro de Olivença e Portugal, sustentado na História, na Cultura, no Direito e na Moral, sendo uma promessa por cumprir, é desafio para ambas as margens do Guadiana. -- Amigos de Olivença.

OAM 363 19-05-2008, 04:08

domingo, novembro 25, 2007

Espanha 3

Menos mal que nos queda Portugal

"El lehendakari Juan José Ibarretxe ha convocado a los ciudadanos vascos a una consulta popular para el 25 de octubre de 2008. La elección de la fecha no es casual, ya que coincide con el aniversario del Estatuto de Gernika." -- PÚBLICO / AGENCIAS - VITORIA - 28/09/2007 10:45.


"Serbian Prime Minister Vojislav Kostunica said on Saturday that the government has been preparing measures and action plans to reject ethnic Albanians unilateral declaring Kosovo's independence.

"The entire Serbia must strongly and unequivocally show that it does not recognize that illegal entity and that the province of Kosovo and Metohija is an integral and inalienable part of Serbia," Kostunica said in a statement.

Kosovo, which legally remains a Serbian province, has been under U.N. administration since 1999. The predominantly Albanians of the 2 million population demand outright independence instead of maximum autonomy offered by Serbia." -- BELGRADE, Nov. 24 (Xinhua) -- Xinhuanet, 2007-11-25.


What kind of Europe are we likely to see in 2057? There are three major elements in any response to this question. First of all, given the precipitate geopolitical decline of the United States, we are living amidst the creation of a truly multipolar world-system. The question for Europe is whether it can compete - economically, politically, culturally - not with the United States but with East Asia. This depends in part on whether or not East Asia (China, Japan, and Korea) will come together in a meaningful way. But it also depends on whether Europe is able to create a more politically cohesive structure and, on top of that, will be one that includes both Russia and Turkey. -- Immanuel Wallerstein, "Europe, 2057".

Um dos desígnios estratégicos do Reino de Espanha desde a união entre Castela e Aragão, em 1469, tem sido sempre reunir os territórios e povos ibéricos sob um poder único. Nunca tal foi possível, salvo no período de 60 anos (1580-1640) em que foi estabelecida a união com Portugal, na sequência da crise dinástica provocada pela morte do rei português de então (Sebastião) na batalha dos Três Reis, em Alcácer Quibir (Marrocos). Em rigor, nem sequer durante aquele período houve uma completa união ibérica (e portanto uma Espanha única propriamente dita), pois persistiram formalmente duas coroas em funções, com os seus territórios bem delimitados, moedas próprias e fronteiras aduaneiras: a união entre Castela-Aragão e Portugal, e Navarra. O fim definitivo do reino de Navarra e consequente submissão ao "Reino de Espanha" (designação que aparece após a união entre Castela-Aragão e Portugal) só viria a ocorrer em 1841, na sequência de uma guerra civil. As guerras civis dentro do Reino de Espanha foram, aliás, menos esporádicas do que se pensa -- 1702-1744, 1833-1840, 1872-1876, 1936-1939 --, tendo invariavelmente como pano de fundo a unidade estratégica projectada pelos Reis Católicos. Em suma, o uso da expressão Reino de Espanha ("Espanha", no singular) como denominação oficial de Estado, só é fixada no século XIX, em 1868, na sequência da Revolución de 1868, ou La Gloriosa (1).

Sempre que Portugal atravessou crises graves de sucessão ou foi ameaçado por potências estrangeiras, a Espanha Castelhana aproveitou ou tentou aproveitar a oportunidade. Foi assim durante a crise dinástica de 1383-1385 (ainda antes, portanto, da existência da união Castela-Aragão). Foi assim com a crise dinástica aberta pela morte do rei Sebastião em Marrocos (que levaria o duque de Alba a conquistar pela força, em 1580, o reino português, para a coroa castelhana-aragonesa). Foi assim por ocasião da restauração da independência portuguesa, em 1640-1668, com a perda de Ceuta para os Reis Católicos. Foi assim durante as Invasões Francesas, com a tentativa de retalhar Portugal entre a França e o Reino Católico de Espanha, de que resultaria a usurpação de Olivença (cuja devolução a Portugal, acordada em 1814-1815, no Congresso de Viena, ainda está por cumprir.) Foi assim com o pacto secreto entre Hitler e Franco, que previa a anexação de Portugal pela Espanha Franquista, no rescaldo da vitória alemã, que felizmente não ocorreu. E parece estar a ser outra vez assim com a Espanha pós-Franquista, aproveitando-se esta da persistente crise de liderança política em Portugal, para o controlo progressivo de alguns sectores estratégicos da nossa economia -- energia, banca (Totta, BPI, BCP), telecomunicações (PT), transportes e redes viárias (Alta Velocidade ferroviária e Brisa), produção agro-alimentar --, e ainda para a propaganda intelectual duma espécie de Iberismo recauchutado e neo-liberal, encabeçada pelo El País, socorrendo-se para tal de escritores sofríveis (Saramago e Grass), cujas intuições ideológicas e apostas históricas inspiram os maiores cuidados!

As movimentações de Madrid têm, porém, no actual momento, um aspecto contraditório: enquanto pressionam paulatinamente o nosso país no sentido de uma maior integração subordinada ao contexto ibérico, por outro, parecem cada vez mais incapazes de segurar a unidade interna do próprio Reino de Espanha. As autonomias do País Vasco e da Catalunha dirigem-se inexoravelmente para a independência, legitimadas aliás pelos exemplos da Irlanda e da Escócia, de várias repúblicas centro-europeias recentemente libertas ou em fase de libertação de antigas potências, e sobretudo do Kosovo. Não é outra a lógica da União Europeia!

O Reino de Espanha, que sofreu recentemente dois enormes revezes diplomáticos -- o primeiro, em Marrocos, e o segundo, num conjunto de países da América Latina (Venezuela, Argentina, Bolívia e Equador) -- caminha, no seu próprio território, para uma conjuntura particularmente crítica, alimentada pelas tensões independentistas e pela contaminação do abalo financeiro mundial actualmente em curso e que poderá ocorrer a qualquer momento. A direita e a extrema direita espanholistas estiveram até agora adormecidas por uma abundância superficial, mas as suas cabeças venenosas e violentas começam a assomar à varanda da crise que se avista no horizonte. Daí que o desejo madrileno por Lisboa me pareça mais um reflexo defensivo, do que a mera prossecução do desígnio estratégico, originalmente congeminado por Isabel de Castela e Fernando de Aragão, que permitiu à península ser o berço de dois imensos impérios coloniais.

Mas se é assim, teremos que trabalhar todos em plena e franca colaboração de vontades e inteligências para uma nova acomodação das várias antropologias e culturas ibéricas, prudente, negociada, equilibrada, sem centros radiais, referendária sempre que se justificar, e tendo um horizonte suficientemente generoso para tão complexa transição. O ano de 2057 parece-me justo! A Ibéria de Unamuno e Antero de Quental, se for tratada com muito carinho e bom senso, poderá um dia ser uma das malhas apertadas de nações de uma rede maior, a Eurásia, sem que ninguém perca nada, e todos ganhem alguma coisa. Se foi possível fazer avançar os eternos rivais europeus para a grande União que hoje somos, porque motivo não poderemos sonhar com uma Confederação Ibérica dentro da primeira?

O que será sempre intolerável é confundirmos a razão democrática com agendas secretas e insidiosas que, em nome dos bons princípios, pretendem prosseguir ambições deslocadas do espaço-tempo da humanidade.

Para dar, neste sentido, um sinal de visão estratégica inconfundível, bastaria elevar a Língua Portuguesa e o Castelhano ao patamar de idiomas oficiais da Ibéria, ensinados em toda a península desde a mais tenra idade. A decisão é racional e pragmática. Sem entendermos isto, que é básico, dificilmente iremos a alguma parte.


Post scriptum -- Alguém me questionou sobre o lugar do Catalão e do Basco na "minha política linguística". Respondo assim: enquanto os idiomas português e castelhano seriam adoptados à escala de uma futura Confederação Ibérica, basicamente por causa da sua origem, estatuto actual e expressão internacional, as línguas catalã e basca deveriam ser oficiais nas respectivas nações e opcionais no resto da península. O Galego, por razões históricas e propriamente linguísticas, deveria integrar-se na corrente geral do Português, enriquecendo-o com as suas variantes vernaculares.

NOTAS
  1. ERRO MEU! Ao contrário do que escrevi acima, verifiquei no passado mês de março de 2013, que a expressão 'Reyes de españa' aparece inscrita no planisfério do português Diogo Ribeiro (assina Diego Ribero), desenhado em Sevilha no ano de 1529, e no qual aparece claramente delimitado o Tratado de Tordesilhas, assinado em 1494. É ainda curioso notar que num globo chinês construído por Manuel Dias e Niccolo Longobardo, em 1623, e exibido com o planisfério acima referido na exposição 360º (Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa, 2mar-2jun, 2013) a Austrália continua a não aparecer representada.

OAM 282, 25-11-2007, 03:54 

ÚLTIMA ATUALIZAÇÃO: 8 abr 2013 - 17:20 WET