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Portugal: 100 mil emigrantes por ano!
Estamos a assistir a uma deterioração rápida do país. Os emigrantes de baixas qualificações, oriundos na sua maioria da chamada província, muito sujeitos ainda à influência católica, ainda enviam remessas para os bancos portugueses estourarem na TAP, e construirem, apesar do assalto fiscal, uma casinha na aldeia que provavelmente não irão usar, pois a segurança social portuguesa está em queda acelerada, e os descendentes destes emigrantes jamais virão viver num país estrangeiro...pobre, provinciano, atolado em corrupção e burocracia. Os emigrantes urbanos, com o secundário, formação tecnológica profissional, ou canudos universitários debaixo do braço, normalmente arranhando o inglês, já não pensam em regressar. As suas poupanças vão para a compra de casa e carro nos sítios que os acolheram e lhes deram trabalho, vida digna, creches gratuitas e segurança social a sério (falo de vários casos que conheço na família e entre os amigos). A terrinha, enfim, só para passar uns dias por ano, no verão, para ver os pais, molhar o pé no mar, rios e albufeiras, e apanhar Sol. Isto enquanto não forem os pais a voarem regularmente para a Europa rica e civilizada, nomeadamente para cuidar dos netos bilingues ou trilingues e desemburrar os preconceitos, as ideias e as vistas. Na verdade, a nova geração da emigração deixará em breve de alimentar a pátria ingrata tomada de assalto por piratas de todas as cores e feitios. O declínio per capita das famosas remessas dos emigrantes é cada vez mais evidente. Alguns farão mesmo das heranças investimento local para gozo pessoal esporádico e rentabilização adequada, com o devido envio das rendas, desta vez, da terrinha para os destinos da emigração!
Portugal envelheceu, corrompeu-se e deixou-se corromper, faliu, em suma, está adiado por um século. Nos próximos cem anos o que resta dos lombos suculentos do país (alguns oligopólios, centros urbanos, costa atlântica e terras férteis) será vendido aos credores, aos bolsos fundos da especulação mundial, aos que melhor apetrechados de tecnologia e financiamento global buscam oportunidades produtivas, mas também aos emigrantes bem sucedidos. E este é, apesar de tudo, o melhor cenário...
PS: A percentagem de portugueses que têm casa própria (ainda que hipotecada por via de empréstimo de longa duração) é das mais altas da Europa e do mundo. Trata-se de uma forma de poupança antiga, conservadora e própria de culturas familiares ainda fortes. A maioria dos emigrantes (todos os que conheci até agora em Bruxelas) ou têm casa própria/quinta própria em Portugal, ou têm os pais, ou têm ambos! Até aqui nada de novo. O que é novo é o destino que estão a dar e tencionam dar a esses bens patrimoniais. Ou os rentabilizam, ou os vendem para mudarem de bairro em Bruxelas!
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