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domingo, fevereiro 01, 2015

Pablo Iglesias: ¡Hácen falta Quijotes!


¡Sí, se puede!

Soñamos, pero nos tomamos muy en serio nuestros sueños.


“Rajoy escuta, Espanha está em luta” é a palavra de ontem gritada por milhares de espanhóis que estão nas ruas de Madrid. As Portas do Sol estão cheias de gente vestida de roxo. O comício do Podemos já começou. Pablo Iglesias encabeçou a ‘Marcha da Mudança’

Ler mais: Expresso

O discurso que poderá levar Pablo Iglesias e a frente populista Podemos ao governo de Espanha, este ano, foi pronunciado no sintomático dia 31 de janeiro de 2015. Em Portugal, este dia, no ano de 1891, marcou a revolta (falhada) que deu início ao movimento político que conduziria, quase vinte anos anos depois, à queda da monarquia e subsequente implantação da República.

E em Espanha, como será? Viam-se muitas bandeiras republicanas entre a mole de mais de cem mil manifestantes que foram ouvir Pablo Iglesia naquela que foi anunciada como La Marcha del Cambio—el momento es ahora. A cor púrpura do Podemos, curiosamente, é a mesma de uma das faixas da bandeira republicana espanhola.

A sondagem mais recente, de janeiro último, dá ao movimento liderado por Pabo Iglesias mais de 5% de vantagem sobre o PSOE, e mais de 9% sobre o PP de Mariano Rajoy. Depois da grande manifestação de ontem, sob o impacto das recentes eleições gregas, que deram o poder ao Syriza, é bem possível que as próximas sondagens aguentem a vantagem de janeiro, ou acentuem mesmo o entusiasmo crescente de uma parte importante dos eleitores, sobretudo nas cidades, pela ideia de mudança.

Vale a pena ouvir o discurso cirúrgico de Pablo Iglesias contra o 'totalitarismo dos cortes', e contra o 'totalitarismo financeiro', notando a forma certeira como assaca as responsabilidades pelo empobrecimento e pela situação humilhante do país, aos partidos instalados, com especial destaque para Mariano Rajoy, mas também aos banqueiros e especuladores, aos ricos de sempre, que deixaram o país numa situação que urge reverter, e ainda à visão, na sua opinião arrogante e inaceitável, de Angela Merkel.




A austeridade está a destruir e a dividir a Espanha em duas, diz Iglesias: os de cima, que estão mais ricos, e os de baixo, que estão mais pobres. E por isso, a manifestação de 31 de janeiro não é para protestar, mas para fazer mudanças, já em 2015, que vão marcar o futuro da próxima geração.

Podemos defende a reestruturação sábia das dívidas e contas públicas em ordem, em nome dos direitos democráticos da cidadania, da justiça social, contra a burla da austeridade, e contra o totalitarismo financeiro. A soberania é dos países e não reside em Davos, invetiva Iglesias.

Neste discurso, curiosamente, Pablo Iglesias evita repetir demasiadas vezes a palavra Espanha, embora fale, naturalmente, de cidadãos espanhóis e de espanhóis. Mas sublinha substantivamente a Pátria, contornando com este artifício retórico a ferida dos nacionalismos, sem deixar de saudar os manifestantes em castelhano, basco, galego e catalão.

O tom retórico é de outro tempo, recordando por vezes discursos da época heróica das utopias socialistas e comunistas, mas também de Jesus quando expulsou os vendilhões do templo—¡malditos sean aquellos que quieren transformar nuestra cultura en mercancía!, exclama Iglesias contra os os novos vendilhões do marketing.

A necessidade é muita e dramática. Os pobres e os injusta e subitamente empobrecidos escutam... e provavelmente votarão para provar a boa-nova deste jovem demagogo.

O comício termina com estas palavras: Madrid, Europa, 31 de janeiro de 2015, ano da mudança, podemos sonhar, podemos vencer.


COMENTÁRIO DE UM AMIGO


María Pacheco (Granada, c. 1496 - Oporto, Portugal, 1531), de nombre completo María Pacheco y Mendoza. Noble castellana. Fue esposa del general comunero Juan de Padilla; tras la muerte de su marido asumió desde Toledo el mando de la sublevación de las Comunidades de Castilla hasta que capituló ante el emperador Carlos en febrero de 1522—Wikipedia.

António,

Foi o Ribeiro Telles que me explicou.

A cor lilás vem originariamente do movimento dos comuneros.

Este movimento opôs os proprietários de rebanhos contra o Imperador Carlos V. A própria Joana a Louca terá sido afastada por ter tomado o partido desta revolta.

Os proprietários lutavam contra os impostos de ter de pagar passagem pela transumância (o mesmo conflito opôs nos USA os cowboys a outros proprietários fundiários)

Ainda hoje uma vez por ano os pastores atravessam ostensivamente o centro de Madrid.

A República adoptou a cor dos comuneros contra o poder Real.

O Pablo Iglesias, um erudito Leninista confesso, sabe usar o simbolismo histórico como ninguém. Fiquei completamente banzado com o discurso de Madrid e as suas metáforas.

Utiliza um discurso demagógico clássico, estruturado e pedagógico, de perguntas e respostas, ao estilo de Hitler, Goebbels ou Martin Luther King, muito ao estilo da retórica eclesiástica dos Jesuitas.

Domina totalmente a reacção das massas, inclusivamente ordenando quando aplaudir ou quando se conter. Num os seus discursos desafia a audiência em êxtase, a abster-se a aplaudir e permanecer em silêncio, para no fim permitir uma forte ovação.

Não só se viam as bandeiras de da Republica e a cor dos comuneros, como uma total ausência da Bandeira de Espanha.

Foi também nessa Praça que foi declarada a II Republica de 1931.

Pablo Iglesias é algo muito mais importante do que pensamos.

abc
F.B.

Atualização: 2/2/2015, 10:20 WET