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segunda-feira, novembro 17, 2014

PSA avisa Pires de Lima


Não estamos em Portugal para perder dinheiro!  


Carlos Tavares pede ligação ferroviária a Vigo e redução nos custos da energia

Jornal de Negócios, 14 Novembro 2014, 17:26

Os argumentos não são novos. Os custos de energia e o modo como os veículos são exportados contribuem para diminuir a competitividade da fábrica portuguesa da Peugeot Citröen. "Está-se a pôr a fábrica numa situação difícil para o futuro", admitiu o presidente-executivo da PSA.

Sem ser pessimista, mas sim realista, estes são daqueles avisos que trazem claras implicações, especialmente sabendo-se das graves dificuldades que o grupo PSA está neste momento a atravessar nomeadamente em França, onde o governo Hollande está a intervencionar o grupo.

Uma das tarefas de Carlos Tavares vai ser a redução do número de modelos que neste momento são fabricados pela Peugeot-Citröen

A gestão das marcas (marketing) irá manter a Peugeot, a Citröen e a "DS", mas com redução do número de versões, o que implica claramente uma racionalização das linhas de fabrico e montagem, como a de Mangualde.

Por outro lado, não estou a ver o estado francês a subsidiar o emprego em Portugal mantendo uma fábrica que não seja rentável. Este assunto faz-me recordar a opção da Opel na Azambuja quando concluiu que os custos de fabrico em Portugal eram altos E atenção, a fábrica da Azambuja tinha o caminho de ferro à porta, pela qual transportava muitos materiais e veículos acabados.

Curiosa a opção por Vigo!

Em vez da utilização da linha ferroviária da Beira Alta, a PSA considera Vigo como o melhor acesso (na realidade, aquele que estará disponível mais cedo) ao standard ferroviário UIC, posição essa que coincide com a do presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, que defende o porto de Leixões e quer a construção de uma nova estação ferroviária no aeroporto Sá Carneiro com ligação ferroviária à linha UIC de Vigo. Recorde-se que Rui Moreira ignora quaisquer ligações ferroviárias a sul do rio Douro.

Espanha, por sua vez, tem praticamente todas as marcas de automóveis a serem fabricadas em vários pontos do seu território, servido pela sua cada vez mais extensa e abrangente rede ferroviária de padrão internacional UIC (mais conhecido por 'bitola europeia'), obtendo por esta conjugação estratégica claras vantagens competitivas que começarão a pesar seriamente nas opções futuras de várias indústrias ibéricas e europeias à medida que o bluff do petróleo barato acabar, lá para 2017.

É óbvio que Portugal (porque andou e anda a dormir ao colo das cidades aeroportuária da Ota e da Ota em Alcochete) não pode competir com Espanha no que toca à nova rede ferroviária UIC, no que respeita aos custos energéticos (cuja rendas excessivas foram devidamente podadas, ao contrário do que ocorreu em Portugal, nomeadamente depois de despedirem o Álvaro) e, finalmente, no que se refere aos portos atlânticos e mediterrânicos.

Não parece, pois, que o futuro porto de contentores do Barreiro, além de uma ruína anunciada para o erário público, seja capaz de seduzir seja quem for, apesar do bluff posto a circular pelo Sérgio das PPP, sobre o interesse da Maersk no assunto. O Barreiro é servido por uma via dupla ferroviária, mas em bitola ibérica.

Definitivamente a Europa está a ficar cada vez mais longe. Cortesia dois grunhos que mandam neste país.



Em co-autoria com RMVS