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quarta-feira, outubro 19, 2011

A Brigada do Reumático II

Cavaco Silva, o Insurrecto? Armou-se, ao que parece, em chefe de fila de uma vasta coligação de privilegiados e senis que não desistem de arruinar Portugal



Cavaco, o Insurrecto
Vítor Bento, economista, presidente da SIBS e Conselheiro de Estado do Presidente da República garante que a única forma de conseguir financiamento é mesmo fazendo os sacrifícios que são pedidos.

[...]

Cavaco Silva sinalizou que o seu entendimento é que o corte dos subsídios de Natal e de férias, em exclusivo para a Função Pública e pensionistas, traduz uma violação ao princípio da equidade consagrado na Constituição Portuguesa.

O Presidente da República mostrou também ter dúvidas sobre o princípio da protecção da confiança, igualmente consagrado na Lei Fundamental, ao revelar preocupação quanto à admissibilidade da amplitude da redução de rendimento que estas medidas provocarão, já que, para 2012, o Governo reconduz também o corte médio de 5% nos salários mensais do sector público — in Jornal de Negócios (19-10-2011).

Cavaco Silva, que esteve muito caladinho durante o consulado pirata de José Sócrates, deixando-o culminar o processo de contínuo desfalque do país, nomeadamente permitindo que o anterior governo concretizasse esses verdadeiros crimes económicos em que se transformaram as PPP rodoviárias e hospitalares, as SCUT do lunático Cravinho, as barragens do cabotino Mexia, Jorge Coelho e Sócrates (e respectivos acólitos: Paulo Campos e Carlos Zorrinho), e ainda as tropelias do BES e da TAP em volta da PGA, já para não falar das centenas de milhões de euros pagos às consultoras e gabinetes de advogados corruptos do Bloco Central, nomeadamente para empurrar o embuste da Ota para o embuste de Alcochete, ou fantasiar sobre, e depois construir, um aeroporto às moscas em Beja, ou ainda negociar os contratos leoninos que conduziram à falência das Estradas de Portugal, ou colocaram todos os portugueses e as suas empresas a desembolsar mais de 2,5 mil milhões de euros (duas pontes Vasco da Gama e meia!) anualmente para alimentar as rendas escandalosas da EDP e o despesismo da RTP/RDP/Lusa. Tudo isto, e ainda os casos de polícia do BPN, BCP e BPP, passou incólume por baixo do nariz do senhor Aníbal Cavaco Silva, presidente de Portugal.

Entretanto, o país está literalmente na bancarrota, e o grande macro economista Aníbal Cavaco Silva, reeleito presidente da República por uma escandalosa minoria dos portugueses, em vez de nos pedir desculpa pela sua óbvia e grande quota-parte de responsabilidade no descalabro financeiro, económico e social do país, resolveu atacar cobardemente o governo de maioria em funções, que não é obviamente culpado da actual situação, suscitando objecções constitucionais sobre temas que nunca, noutras ocasiões, o atrapalharam!

Foi este medíocre professor de economia e finanças quem afinal criou o monstro da administração pública que temos, e quem, ao mesmo tempo, permitiu que medrasssem as condições para o restabelecimento de um regime capitalista burocrático e rentista, retardatário e corrupto, hoje falido, mas que continua a pretender sobreviver a Pão de Ló e Beluga à custa da miséria dos demais.

Aníbal Cavaco Silva, esta mesma miserável criatura de Deus, vem agora ameaçar Pedro Passos Coelho, do alto da sua presidência, com um golpe de Estado, ou pior ainda, com uma insurreição burocrática, a partir do já sugerido uso do veto presidencial, certamente com o apoio dos conjurados conselheiros de Estado capitaneados pelo jornalista-conselheiro Marcelo Rebelo de Sousa. Menos mal que Vítor Bento manifestou e espero que também Ramalho Eanes e Bagão Félix manifestem opinião diferente e não alinhem nesta Brigada do Reumático II.

As alternativa aos cortes temporários de subsídios quais são? Despedir 70 mil funcionários públicos? Atrasar pagamentos como acontece a centenas de milhar de trabalhadores nas empresas privadas? Aumentar o IVA para 25% e mais? Desde quando é que a tarefa de uma rainha de Inglaterra, ainda por cima desterrada em Belém, é governar? Não lhe chegou o monstro que criou quando foi primeiro ministro?

POST SCRIPTUM

A Brigada do Reumático II e a Esquerda Empalhada apostam numa falência, dita controlada, de Portugal (a chamada "reestruturação"), copiando assim o exemplo da Grécia. O objectivo é óbvio: manter os privilégios da nomenclatura. É uma manobra de esperteza saloia típica, na medida em que, por um lado, atacam o governo pela via populista, e por outro, se este cair na armadilha, atirarão as responsabilidades da bancarrota assumida para cima de Passos Coelho!

É por isso que a posição de Angela Merkel é uma vez mais bem-vinda, ao recusar abrir os cordões à bolsa em nome desta corja. Os bancos e os especuladores que paguem a crise — ou pelo menos 60% das perdas especulativas. E os Estados que façam dieta, sobretudo uma severa dieta de privilégios!
Resposta global e "ambiciosa" adiada para quarta-feira.
Nicolas Sarkozy e Angela Merkel agendaram uma nova cimeira para dia 26 de Outubro. Acompanhe aqui todos os desenvolvimento sobre a Cimeira Europeia de 23 de Outubro. Jornal de Negócios, 21-10-2011.


act. 21-10-2011 12:24

sexta-feira, março 11, 2011

Presidente subliminar

Cavaco Silva aponta estratégia ordoliberal para Portugal
Como tem a faca e o queijo na mão... Sócrates acabará por ser demitido.

Por mais que Francisco Assis e Miguel Macedo tentem dourar a pílula, a verdade é que Cavaco Silva colocou José Sócrates a caminho do cadafalso. Suspeito, aliás, que Passos de Coelho se veja forçado a seguir, encapuçado, no mesmo auto de fé que começou a ser instaurado à degenerada democracia que empurrou Portugal para uma bancarrota que poderá escravizar-nos ao longo dos próximos noventa anos!

As palavras de posse do actual presidente da república foram demasiado claras, cortantes e audíveis, para que este regime indecoroso, corrupto e incompetente, dure muito mais. Cavaco ontem fez um discurso tipicamente cesarista, iniciando assim o processo de uma nova relação institucional com o povo português, cujo futuro está em aberto. O que lhe faltou em votos para uma legitimidade substancial no mandato que ontem iniciou, poderá em breve recuperar como resultado de um programa político que é seu. Muito acima dos partidos acossados por uma opinião pública cada vez mais impaciente, as palavras de Cavaco tiveram o sopro supra partidário de um autêntico programa de salvação nacional — a que o formalismo da actual democracia indecente acabará por sucumbir.

Sócrates jamais se demitirá por livre vontade e iniciativa própria. Nisto não difere de nenhum dos ditadores que recentemente têm vindo a provar o sabor amargo da poeira da ira popular. Não lhe desejo a mesma a sorte, mas todos sabem que a paciência tem limites. Em suma, acabará por ser demitido por Cavaco Silva, quando já nada nem ninguém der um cêntimo pelo mitómano.  O cronómetro da crise está efectivamente nas mãos do presidente, que ontem premiu o botão.

A manifestação da Geração à Rasca, que traduz o tal direito à indignação que tanto agrada a Mário Soares, é a próxima estação do calvário de Sócrates. Pudesse ele, e faria o mesmo que José Eduardo dos Santos. Mas não pode...

Hoje, em resultado da cimeira extraordinária dos chefes de estado e de governo da Eurolândia, outro grande prego será porventura martelado no caixão do actual governo. A agonia, sob o olhar atento de Cavaco, prosseguirá nua e crua, até que não reste qualquer dúvida sobre a necessidade imperiosa de demitir o desgraçado pirata a que a súbita fuga de Guterres, do pântano "socialista", abriu caminho.

Um dos motivos por que suspeito que a demissão de Sócrates estará, no cronómetro de Cavaco Silva, sincronizada com o afastamento de Passos de Coelho, e a sua substituição por um líder mais social-democrata, é que o discurso de tomada de posse do novo presidente afasta liminarmente qualquer apoio ao actual líder laranja.

Cavaco Silva sabe que a receita neoliberal está nos antípodas do que é necessário e é possível fazer nas actuais circunstância de explosão da bolha das dívidas soberanas. Nem neoliberalismo, nem socialismo burocrático. A única receita que poderá fazer algum efeito no corpo exangue da nossa economia chama-se ordoliberalismo, vem da Alemanha do pós-guerra, e encontra nas economias emergentes, nomeadamente a da China, ecos cada vez mais convincentes. Sem um efectivo direito à propriedade privada, sem liberdade empresarial, e sem circulação internacional de pessoas e mercadorias, regressaríamos a uma qualquer forma de Idade Média. Mas, por outro lado, sem equilibrar estes direitos com os direitos, igualmente inalienáveis, ao bem público e ao bem comum, as sociedades tendem a precipitar-se numa fatal espiral de egoísmo individual, de grupo e de geração. Ou seja, a liberdade individual, e a liberdade dos grupos de interesses, têm ou devem ter na teleologia republicana um princípio moderador imperativo, de que a propriedade pública (nomeadamente dos recursos estratégicos) e o bem comum são constituintes democráticos inalienáveis. Há, pois, um trilho por explorar entre o socialismo corrompido do PS, do PCP e dos trotsquistas-e-estalinistas-unidos do Bloco de Esquerda, e o liberalismo imberbe, colado com cuspo, de Passos de Coelho. O estimável Eduardo Catroga que se cuide, pois, quando recomenda ou aceita a ideia louca de entregar as autoestradas, os aeroportos e a saúde a uma única família do nosso desgraçado e incestuoso capitalismo (o Grupo Mello), está, consciente ou inconscientemente, a tentar apagar um fogo com gasolina!


Discurso presidencial comentado
Pela minha parte, pode contar o Governo com uma magistratura activa e firmemente empenhada na salvaguarda dos superiores interesses nacionais.
Não disse com a “minha colaboração leal”, mas sim magistratura activa e firme...
...serei rigorosamente imparcial no tratamento das diversas forças políticas, mantendo neutralidade e equidistância relativamente ao Governo e à oposição.
Ou seja, o PSD que não espere tratamento deferente, pelo menos enquanto mantiver o incapaz Passos de Coelho a fazer de chefe partidário e putativo candidato primo-ministerial.
Os indicadores conhecidos são claros. Portugal vive uma situação de emergência económica e financeira, que é já, também, uma situação de emergência social, como tem sido amplamente reconhecido.
Quer dizer, estão criadas as condições para a presidencialização do regime.
Nos últimos dez anos, a economia portuguesa cresceu a uma taxa média anual de apenas 0,7%, afastando-se dos nossos parceiros da União Europeia. Esta divergência foi ainda mais evidente no caso do Rendimento Nacional Bruto, que constitui uma medida aproximada do rendimento efectivamente retido pelos Portugueses. O Rendimento Nacional Bruto per capita, em termos reais, cresceu apenas 0,1% ao ano, reflectindo na prática uma década perdida em termos de ganhos de nível de vida.

De acordo com as últimas estimativas do Banco de Portugal, “o crescimento potencial da economia portuguesa, o qual determina a capacidade futura de reembolso do endividamento presente”, é actualmente inferior a 1% e, em 2010, o valor real do investimento ficou cerca de 25% abaixo do nível atingido em 2001.

O défice externo de Portugal tem permanecido em valores perto de 9% do produto, contribuindo, por força do pagamento de juros ao exterior, para a deterioração do saldo da balança de rendimentos, cujo défice anual, de acordo com o Banco de Portugal, se aproxima rapidamente dos 10 mil milhões de euros, privando a nossa economia de recursos fundamentais para o seu desenvolvimento.

Simultaneamente, a taxa de poupança nacional tem vindo a decair, passando de cerca de 20% do produto em 1999 para menos de 10% nos últimos dois anos.

Em 2010, o desemprego atingiu mais de 600 mil pessoas, o que contrasta com cerca de 215 mil em 2001. Nestes dez anos, a taxa de desemprego subiu de 4% para um valor de 11%.

Os dados publicados pela Comissão Europeia indicam que, em 2008, o número de residentes em Portugal que se encontravam em “risco de pobreza ou exclusão social” superava os 2 milhões e 750 mil, o que equivale a cerca de 26% da nossa população. De acordo com as informações qualitativas disponibilizadas pelas instituições que operam no terreno, esta situação ter se á agravado nos últimos dois anos.
Arrasador!
Neste contexto, surpreende que possa ter passado despercebido nos meios políticos e económicos o alerta lançado pelo Governador do Banco de Portugal, em Janeiro passado, de que, e cito, “são insustentáveis tanto a trajectória da dívida pública como as trajectórias da dívida externa e da Posição de Investimento Internacional do nosso País”.
Esta vai direitinha para os políticos de serviço e para os banqueiros.
Neste contexto difícil, impõe-se ao Presidente da República que contribua para a definição de linhas de orientação e de rumos para a economia nacional que permitam responder às dificuldades do presente e encarar com esperança os desafios do futuro.
Segunda nota presidencialista evidente.
A nível estrutural, e como há muito venho a insistir, temos de apostar de forma inequívoca nos sectores de bens e serviços transaccionáveis. Só com um aumento da afectação de recursos para a produção competitiva conseguiremos iniciar um novo ciclo de desenvolvimento. Este é um desafio que responsabiliza, em primeiro lugar, o Estado e o sistema financeiro. De resto, é fundamental que os Portugueses assimilem, de forma convicta, a necessidade de produzir mais bens que concorram com a produção estrangeira. Um défice externo elevado e permanente é, por definição, insustentável.
Pelo menos neste passo do discurso o PCP deveria ter batido palmas. Mas não bateu, claro. E no entanto...
Ainda no âmbito da afectação de recursos, é necessário estimular a poupança interna e travar a concessão indiscriminada de crédito, em especial para fins não produtivos e para sustentar gastos públicos. É imperioso reafectar o crédito disponível para as pequenas e médias empresas criadoras de valor económico e de emprego e para as exportações.
É isto que o BCE e a senhora Merkel farão com todos os PIGS: travar a fundo o insaciável endividamento especulativo e burocrático.
Em paralelo, é essencial traçar um caminho que permita o reforço da nossa competitividade e o aumento da produtividade do trabalho e do capital. A perda de competitividade da economia portuguesa é talvez o sintoma mais grave das nossas fragilidades.
Aqui, uma nota para Cavaco: sem partir a espinha à burguesia geriátrica e clientelar que cerca e definha o país, e que V. bem conhece, isto é, sem arrumar de vez o compadrio e o proteccionismo burocrático que atropelam e esmagam há séculos a iniciativa e a criatividade nacionais, as suas palavras continuaram a esfumar-se no deserto da indiferença.
Neste contexto, é crucial a realização de reformas estruturais destinadas a diminuir o peso da despesa pública, a reduzir a presença excessiva do Estado na economia e a melhorar o desempenho e a eficácia da administração pública.
Palpite:  duvido que as criaturas que actualmente se sentam na Assembleia da República alguma vez se atrevam a dar semelhante passo. E se for assim, têm razão aqueles que já começaram a defender uma mudança de regime. A evidente degenerescência da actual democracia portuguesa não deixa lugar a muitas saídas.
É preciso valorizar a iniciativa empresarial e o conceito de empresa como espaço de diálogo e cooperação entre gestores e trabalhadores, captar e manter investimento de qualidade e aproveitar as vantagens comparativas de que Portugal dispõe.

É crucial aprofundar o potencial competitivo de sectores como a floresta, o mar, a cultura e o lazer, as indústrias criativas, o turismo e a agricultura, onde detemos vantagens naturais diferenciadoras. A redução do défice alimentar é um objectivo que se impõe levar muito a sério, tal como a remoção dos entraves burocráticos ao acesso da iniciativa privada à exploração económica do mar.
100% de acordo! Não é isto a essência da social-democracia? Que estranha praga atacou os corações ideológicos do PS e do PSD?
As iniciativas locais de emprego e os investimentos de proximidade são aqueles que podem produzir resultados de forma mais imediata e que melhor podem ser avaliados, reformulados ou reproduzidos.
100% de acordo. Mas não interessa à clientela que alimenta a federação partidária instalada.
Urge remover os obstáculos à reabilitação urbana, cujas potencialidades de criação de emprego e de promoção turística, embora há muito reconhecidas, permanecem em larga medida desaproveitadas.
100% de acordo. Mas é preciso mudar primeiro o paradigma do financiamento autárquico que imperou nas últimas décadas.
Não podemos privilegiar grandes investimentos que não temos condições de financiar, que não contribuem para o crescimento da produtividade e que têm um efeito temporário e residual na criação de emprego. Não se trata de abandonar os nossos sonhos e ambições. Trata-se de sermos realistas.
Porque será que o CDS de Portas, e o PSD de Passos de Coelho, leram nestas palavras “TGV”? Também poderiam ter lido novo aeroporto da Ota em Alcochete (ou embuste aeroportuário nº 2), mas não leram. Porque será? Também podiam ter lido novas SCUDs em projecto, mas não leram. Porque será? Também podiam ter lido novos hospitais PPP. Mas não leram. Porque será? Também podiam ter lido barragens. Mas não leram. Porque será? Cavaco percebeu e avisa que não há dinheiro. Já todos sabemos disso. Mas então porque insiste a direita, em vésperas de regressar ao poder, num último e desesperado assalto à riqueza nacional (ANA, portos, sistema de saúde, bacias hidrográficas, etc.), para desgraça de todos nós?
A nossa sociedade não pode continuar adormecida perante os desafios que o futuro lhe coloca. É necessário que um sobressalto cívico faça despertar os Portugueses para a necessidade de uma sociedade civil forte, dinâmica e, sobretudo, mais autónoma perante os poderes públicos.
A marcha para um presidencialismo menos mitigado já começou.
O País terá muito a ganhar se os Portugueses, associados das mais diversas formas, participarem mais activamente na vida colectiva, afirmando os seus direitos e deveres de cidadania e fazendo chegar a sua voz aos decisores políticos. Este novo civismo da exigência deve construir-se, acima de tudo, como um civismo de independência face ao Estado.
O populismo acabará por ir ter com Cavaco se os partidos insistirem no encapsulamento atávico dos seus privilégios.
Em vários sectores da vida nacional, com destaque para o mundo das empresas, emergiram nos últimos anos sinais de uma cultura altamente nociva, assente na criação de laços pouco transparentes de dependência com os poderes públicos, fruto, em parte, das formas de influência e de domínio que o crescimento desmesurado do peso do Estado propicia.
O populismo ameaça a Europa, mas não seremos capazes de o evitar, se a passividade de todos nós continuar a dar rédea solta aos piratas que tomaram de assalto a democracia.
É uma cultura que tem de acabar. Deve ser clara a separação entre a esfera pública das decisões colectivas e a esfera privada dos interesses particulares.
100% de acordo!
Os cidadãos devem ter a consciência de que é preciso mudar, pondo termo à cultura dominante nas mais diversas áreas. Eles próprios têm de mudar a sua atitude, assumindo de forma activa e determinada um compromisso de futuro que traga de novo a esperança às gerações mais novas.

É altura dos Portugueses despertarem da letargia em que têm vivido e perceberem claramente que só uma grande mobilização da sociedade civil permitirá garantir um rumo de futuro para a legítima ambição de nos aproximarmos do nível de desenvolvimento dos países mais avançados da União Europeia.
É preferível que o apelo venha de Cavaco, do que uma inesperada Le Pen Lusitana qualquer...
Necessitamos de recentrar a nossa agenda de prioridades, colocando de novo as pessoas no fulcro das preocupações colectivas. Muitos dos nossos agentes políticos não conhecem o país real, só conhecem um país virtual e mediático. Precisamos de uma política humana, orientada para as pessoas concretas, para famílias inteiras que enfrentam privações absolutamente inadmissíveis num país europeu do século XXI. Precisamos de um combate firme às desigualdades e à pobreza que corroem a nossa unidade como povo. Há limites para os sacrifícios que se podem exigir ao comum dos cidadãos.
Por mais cordatos e subtis que os actuais líderes parlamentares do PS e do PSD sejam, a verdade é que a política portuguesa se deixou corromper até à medula. Sem rupturas internas, de onde brotem porventura novos partidos, a gangrena que actualmente enche de pús a matriz partidária do regime acabará por liquidá-lo.
A pessoa humana tem de estar no centro da acção política. Os Portugueses não são uma estatística abstracta. Os Portugueses são pessoas que querem trabalhar, que aspiram a uma vida melhor para si e para os seus filhos. Numa República social e inclusiva, há que dar voz aos que não têm voz.
Somos um país cristão. Este pormenor, que a estúpida “esquerda” portuguesa ignorou até agora com arrogância ganhará, quando menos se esperar, a força de um magma imparável.
O exercício de funções públicas deve ser prestigiado pelos melhores, o que exige que as nomeações para os cargos dirigentes da Administração sejam pautadas exclusivamente por critérios de mérito e não pela filiação partidária dos nomeados ou pelas suas simpatias políticas.
Além do mais, a gula partidária revelou-se como uma monumental degenerescência do ideal democrático.
A coesão entre as gerações representa um importante activo de que Portugal ainda dispõe. Os jovens não podem ver o seu futuro adiado devido a opções erradas tomadas no presente. É nosso dever impedir que aos jovens seja deixada uma pesada herança, feita de dívidas, de encargos futuros, de desemprego ou de investimento improdutivo.
A pesada herança que esta democracia degenerada deixará à minha filha e ao netos que ainda não tenho é infelizmente um dado adquirido e inultrapassável. Só esta responsabilidade sinistra move a minha indisfarçável ira.
É fundamental que a sociedade portuguesa seja despertada para a necessidade de um novo modo de acção política que consiga atrair os jovens e os cidadãos mais qualificados. O afastamento dos jovens em relação à actividade política não significa desinteresse pelos destinos do País; o que acontece, isso sim, é que muitos jovens não se revêem na actual forma de fazer política nem confiam que, a manter-se o actual estado de coisas, Portugal seja um espaço capaz de realizar as suas legítimas ambições. Precisamos de gestos fortes que permitam recuperar a confiança dos jovens nos governantes e nas instituições.
Acredito, senhor presidente (que asperamente critiquei, e em que continuo a depositar fracas esperanças), que não só a pobreza cruzou já o Mediterrâneo em direcção à Europa, mas ambém a revolta vem a caminho!
Seria extremamente positivo que os jovens se assumissem como protagonistas da mudança, participando de forma construtiva, e que as instituições da nossa democracia manifestassem abertura para receber o seu contributo. A geração mais jovem deve ser vista como parte da solução dos nossos problemas.
Fá-lo-ão, sobretudo a partir da nova Diáspora a que a nomenclatura bem sentada deste regime condenou centenas de milhar de portugueses ao longo dos últimos vinte anos.
Os nossos jovens movem-se hoje à escala planetária com uma facilidade que nos surpreende. Cidadãos do mundo, familiarizados com as novas tecnologias e a sociedade em rede, dispõem de um capital de conhecimento e de uma vontade de inovação que são admiráveis. Muitos dos académicos, investigadores, profissionais de sucesso e jovens empresários que trabalham no estrangeiro aspiram a regressar ao seu país, desde que possuam condições para aqui fazerem florescer as suas capacidades. Temos de aproveitar o enorme potencial desta nova geração e é nela que deposito a esperança de um Portugal melhor.
Uma vez mais, para que às galinhas cresçam dentes é preciso introduzir a ideia de mérito em Portugal.
Foi especialmente a pensar nos jovens que decidi recandidatar-me à Presidência da República. A eles dediquei a vitória que os Portugueses me deram. Agora, no momento em que tomo posse como Presidente da República, faço um vibrante apelo aos jovens de Portugal: ajudem o vosso País!
Este compromisso é talvez o momento crucial da tomada de posse presidencial.
Façam ouvir a vossa voz. Este é o vosso tempo. Mostrem a todos que é possível viver num País mais justo e mais desenvolvido, com uma cultura cívica e política mais sadia, mais limpa, mais digna. Mostrem às outras gerações que não se acomodam nem se resignam.
Dito assim, tão claramente, não tem volta atrás.
Sonhem mais alto, acreditem na esperança de um tempo melhor. Acreditem em Portugal, porque esta é a vossa terra. É aqui que temos de construir um País à altura das nossas ambições. Estou certo de que, todos juntos, iremos vencer.
Coragem, senhor Presidente!

sábado, março 27, 2010

Portugal 175

Para Passos Coelho, Cavaco é um empata
Para Cavaco, o novo líder pode significar o fim da reeleição presidencial

Eu teria preferido ver Paulo Rangel ganhar as eleições do PSD (1) apesar de saber que a sua candidatura fora precipitada pelos acontecimentos e pressionada por Durão Barroso, Manuela Ferreira Leite e Cavaco Silva. Simplesmente preferi Rangel pela sua rapidez de manobra e instinto predador apesar das fragilidades manifestas. Mas as iminências laranjas, incluindo o comentador Marcelo, preferiram Rangel a Passos Coelho por motivos muito diferentes.

Como o pensamento político do novo líder eleito do PSD, apesar de estar no partido laranja há décadas, é absolutamente desconhecido (diz-se vagamente que o homem é mais liberal do que social-democrata), deduzo que os barões e Cavaco não gostam dele há muito tempo por motivos meramente partidários. Consideram-no, suponho, um produto fabricado, intelectualmente vazio e politicamente artificial. Em suma, um oportunista esperando a sua oportunidade.

Mas a verdade é outra. O homem de família, jovem, alto, cordato, algo tímido, que ganhou a pulso estas eleições directas no PSD é afinal um político profissional. Daí que os seus opositores internos tenham sido tão implacáveis. Suspeito agora (fez-se luz no meu espírito!) que a sua não inclusão na actual bancada parlamentar social-democrata foi uma decisão premeditada de Cavaco Silva executada por Manuela Ferreira Leite. E se assim foi, o tempo começou esta noite a jogar contra estes e outros velhos dirigentes do PSD, Pacheco Pereira incluído. E sobretudo contra a reeleição de Cavaco Silva!

A crise gravíssima que Portugal atravessa não tem apenas uma marca cor-de-rosa. As marcas do betão cavaquista e da hipertrofia do Estado são bem visíveis, e serão cada vez mais notadas à medida que se desbobine a história do endividamento estrutural do país. Passos Coelho não tem realmente nenhuma responsabilidade efectiva no descalabro actual. Ao contrário de José Sócrates, que acabou por se tornar no seu último protagonista.

Por sua vez, o estado catatónico em que se encontra o actual presidente da república, por mais medos atávicos e infundados que se atirem sobre a população relativamente ao bem supremo da estabilidade necessária para sangrar fiscalmente e esmagar socialmente a maioria dos contribuintes, não impedirá a justa e crescente indignação da democracia. Só uma nova maioria, um novo governo e um novo presidente poderão comprar o tempo necessário à dolorosa recuperação da nossa capacidade de produzir e exportar, e à mudança de comportamentos em todos os níveis da sociedade e em todos os departamentos de actividade profissional.

Por mim, a recandidatura presidencial de Aníbal Cavaco Silva e o cavaquismo morreram. E seria muito útil que o homem compreendesse e aceitasse rapidamente a evidência dos factos. Fernando Nobre poderia ser um bom substituto.

Ao contrário do que pensa a generalidade dos analistas, não vai ser o inquérito parlamentar ao primeiro ministro a prova de fogo de Passos Coelho. A prova de fogo serão as grandes obras públicas que a Mota-Engil, o BCP e o BES querem prosseguir no meio de um país que empobrece a olhos vistos e onde o desemprego, a emigração e o declínio dos serviços de saúde e dos apoios sociais acabarão por conduzir a uma tremenda instabilidade social.

Recomendação ao novo líder do PSD: não fale sobre o apoio do PSD à recandidatura de Cavaco Silva antes de este se pronunciar sobre o tema. Aliás, que sentido faz emitir uma opinião sobre um não acontecimento. Cavaco Silva diz que tem muito tempo para decidir. O PSD também!


NOTAS
  1. Ler "O PSD precisa de sumo novo!", "Se o Pedro Passos Coelho…", "E se o PS volta a ganhar?", "Entre Paulo Rangel e Aguiar Branco".


 OAM 675—27 Mar 2010 2:55

quinta-feira, dezembro 04, 2008

Portugal 55



Abraço fatal

BC europeu corta juros pelo terceiro mês consecutivo


2008-12-04 (BBC Brasil) O Banco Central Europeu (BCE) anunciou nesta quinta-feira um corte recorde na taxa básica de juros de 3,25% para 2,5% nos 15 países que usam o euro como moeda oficial. A redução foi a maior nos dez anos de história do Banco Central Europeu.


Sampaio e Mello : "Demiti-me por dificuldades internas do PSD"


12:03 | Quarta-feira, 3 de Dez de 2008 (Expresso)

"Tenho muita pena de deixar este trabalho a meio e fui fazendo diligências para ultrapassar alguns problemas mas não é fácil transformar culturas e instituições", argumenta o professor, que tem no currículo uma colaboração com a equipa que preparou propostas económicas para a campanha presidencial de Barak Obama nos EUA e que reconhece haver em Portugal uma cultura muito diferente.

Afirmando "ter um enorme apreço pela honestidade da dr.ª Manuela Ferreira Leite", António Sampaio e Mello diz que é "fundamental a oposição em Portugal conseguir, de forma fundamentada, desenvolver um trabalho alternativo" ao do Governo. Mas reconhece que, apesar de ter trabalhado "com pessoas fantásticas" encontrou pela frente, no PSD, "dificuldades" que tornaram impossível o trabalho "de exigência" que se propunha fazer.

Enquanto a recessão e a deflação se instalam a grande velocidade na Europa, o ano 2009 apresenta-se com cores cada vez mais sombrias para todos, excepto para os especuladores profissionais.

De momento, como tenho vindo a repetir, os juros do BCE caminham para zero, na esperança de que a inflação monetária empurre de novo as pessoas para o consumo, ao mesmo tempo que reduz a cinzas as poupanças de quem trabalhou e guardou para a velhice e para ajudar os seus.

Sucede, porém, que o dinheiro demasiado fácil (e sobretudo virtual) injectado pelos governos e bancos centrais, isto é, pelos contribuintes, no sistema financeiro, desaparece num ápice assim que lá chega. Vai, na sua maioria, parar aos 58 paraísos fiscais recenseados, a que nenhum governo se atreve declarar guerra. Barak Obama chegou a falar do tema, mas alguém lhe disse para meter imediatamente a viola no saco!

O buraco negro formado pelo mercado de Derivados, que concentra no seu interior 80% de toda a liquidez existente, e exige que as dívidas e apostas perdidas sejam pagas, já levou os Estados Unidos a comprometerem mais de 50% do respectivo PIB —leram bem, mais de metade de $13,78 biliões de dólares, ou seja, $7.760.000.000.000 (1)— na tentativa desesperada de salvar o sistema financeiro e a economia americanas de um completo colapso e falência. Os espectros do Zimbabué e da Islândia não andam assim tão longe de Wall Street. Entre outras causas, porque as saídas tradicionais para estes apertos —resultantes da ganância e leviandade extremas do Capitalismo decadente das democracias ocidentais— estão semifechadas. E forçar tais saídas, como sempre se fez, i.e. à bomba, teria como consequência inevitável uma proliferação incontrolável de grandes conflitos bélicos, da qual o arrogante Ocidente não se sairia tão bem como das outras vezes.

A fase deflacionária em curso dificilmente arrancará as endividadas economias europeias e americanas das trajectórias que já levam em direcção à falência e estagnação. O que poderemos ver lá para 2010, ou mesmo antes, é a inversão do actual ciclo deflacionário na direcção de um inesperado e súbito ciclo marcado pela hiperinflação. Se os Estados Unidos e a Europa continuarem a injectar rios de dinheiro falso nos mercados mundiais, uma possível consequência desta nova leva de expropriação da riqueza e poupança dos Segundo e Terceiro Mundos será a emergência de moedas regionais fortes na Ásia, no Médio Oriente e mesmo na América do Sul. A economia real está farta de receber papel mal impresso, pelo seu petróleo, pelo seu arroz, e pelos seus computadores. Ou seja, a maior ameaça ao perigoso jogo encetado pelas democracias ocidentais decorre duma mais do que provável interrupção ou abrandamento sério do comércio global. Se a tendência já exibida pelo Baltic Dry Index se prolongar por todo o ano de 2009, então teremos hiperinflação nos Estados Unidos e na Europa! O mercado acabará por ficar encharcado de liquidez, mas com pouco para vender ou comprar.

A ideia peregrina do papagaio Sócrates, segundo a qual o senhor Trichet acaba de dar carta branca à maioria socialista e a todos nós para que nos endividemos ainda mais, desta vez em nome do emprego e da necessidade de salvar bancos e multinacionais, é na realidade um boomerang muito perigoso. Quando este regressar da fantasia deflacionária e das taxas de juro negativas, mostrando as mandíbulas aterradoras da hiperinflação, será tarde demais para quem tiver acompanhado alegremente a irresponsabilidade da tríade de Macau. A prioridade máxima de cada um de nós é uma e uma só: LIVRARMO-NOS DAS DÍVIDAS quanto antes!

Cavaco Silva precisaria, nestas circunstâncias sinistras, de ter as mãos livres para agir. Só que os astros não lhe sorriem desta vez. A procissão fúnebre do Cavaquistão começou e é feia (2). Há, no entanto, um provérbio para cada situação. Neste caso, o mais apropriado é este: Em tempo de guerra não se limpam armas! Isto é, Cavaco tem três meses para libertar-se de quem se corrompeu à sua sombra, sem apelo nem agravo. Sacuda pois, Senhor Presidente, o abraço das lapas que desesperadamente se agarram ao seu braço. Ou assistirá a uma fuga sem precedentes dos intelectuais sérios do PSD para outras bandas, sejam eles economistas internacionalmente prestigiados, como António Sampaio e Mello, ou intelectuais políticos de gema, como Pacheco Pereira. Parece pouco, mas não é. Sem eles, V. Ex.ª afundar-se-à a pique num instante.


NOTAS
  1. U.S. Pledges Top $7.7 Trillion to Ease Frozen Credit

    By Mark Pittman and Bob Ivry

    Nov. 24 (Bloomberg) -- The U.S. government is prepared to provide more than $7.76 trillion on behalf of American taxpayers after guaranteeing $306 billion of Citigroup Inc. debt yesterday. The pledges, amounting to half the value of everything produced in the nation last year, are intended to rescue the financial system after the credit markets seized up 15 months ago.

    The unprecedented pledge of funds includes $3.18 trillion already tapped by financial institutions in the biggest response to an economic emergency since the New Deal of the 1930s, according to data compiled by Bloomberg. The commitment dwarfs the plan approved by lawmakers, the Treasury Department’s $700 billion Troubled Asset Relief Program. Federal Reserve lending last week was 1,900 times the weekly average for the three years before the crisis.

    Outro dado revelador da situação americana é o crescimento imparável e empinado (ver gráficos) da sua dívida pública, que ultrapassa já os 10,66 biliões de dólares.

  2. Fui há duas semanas a Mafra visitar uma vez mais o belíssimo Jardim do Cerco, junto ao Convento onde vivi quatro anos inesquecíveis (1960-1964), e à Tapada onde pude explorar, como poucos, grandes espaços de liberdade e aventura. Depois do almoço fui visitar a vila, que entretanto crescera a um ritmo vertiginoso. Vieram-me as lágrimas aos olhos à medida que me deparava com a bestialidade imobiliária que praticamente assassinou um dos mais notáveis ícones do antigo império português. Ninguém cuidou de estabelecer um rígido cordão sanitário à volta do convento e da tapada, nem muito menos se lembrou de fazer um concurso mundial de desenho urbano e paisagístico para actualizar os planos municipais existentes, que em toda a sua prudência foram incapazes de resistir por si sós à voragem "democrática" de um regime autárquico entregue à especulação imobiliária mais sôfrega, à ignorância e cupidez crescentes dos eleitos, e à corrupção mais boçal. Dei-me então conta até que ponto aquele desastre urbano, que nenhum terramoto, nem guerra, conseguira, era o espelho mais brutal do Cavaquistão. Como foi possível? Como deixámos escavacar o país até este ponto? É claro que o homem que hoje habita em Belém não fez aquilo. É claro que todos acreditamos que não deve nada a ninguém, nem cedeu a tentações. Só que isto não chega, e talvez nem seja o essencial. O que Aníbal Cavaco Silva deixou os seus amigos e correlegionários fazer —espatifar meio país—, o que agora aparece em carne viva, na sequência da derrocada do nosso sistema financeiro, foi bem pior!


OAM 486 04-12-2008 20:16