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EDP: empresa ao serviço do público ou da especulação bolsista? |
A próxima bolhaEm 1997 rebentou a bolha especulativa das Dot.com, e dez anos depois rebentou, e continua a rebentar, a gigantesca bolha especulativa do Subprime imobiliário, que o atoleiro da invasão, da destruição e da reconstrução cada vez mais problemática do Iraque, não faz mais que piorar.
O dinheiro especulativo retirou-se dos mercados maduros (e sobretudo dos podres!), afocinhando com as suas narinas ensanguentadas nas chamadas
commodities: cobre, ouro, petróleo, carne, soja, leite, milho, trigo, arroz, ... Assim, depois da inflação criminosa do imobiliário, temos e teremos para um ou dois anos mais a inflação criminosa da gasolina e do gasóleo, do pão, do arroz e do leite. A energia barata acabou, e com a sua morte acaba também a vida barata em geral. Iremos, a partir deste ano da Graça de 2008, e provavelmente para sempre, voltar a sentir o valor das coisas e a escassez estrutural do dinheiro. Ou será que novas bolhas especulativas esperam por nós num futuro relativamente próximo, prometendo-nos, como sempre, consumo e felicidade?
A fome e o colapso das empresas devidos à super-inflação dos preços dos bens energéticos e alimentares essenciais, não poderão durar muito, sob pena de provocarem um novo ciclo de lutas globais violentas, com consequências terminais para muitas empresas, muitos governos e muitos Estados, a começar pelos que já hoje fazem parte da lista dos chamados "Estados Falhados". O contrário da bonança prometida pela globalização e pela ilusória razão liberal é o que neste preciso momento chega, como um terrível maremoto de destruição, a milhões de seres humanos em boa parte do mundo. A célebre "mão invisível do mercado", ao contrário do que continuam a afirmar alguns imbecis televisivos pagos para dizerem baboseiras, soube e sabe sempre a que dono pertence! E, por conseguinte, quem se lixa é o mexilhão!
Uma das consequências da amplificação noticiosa enviesada da actual crise energética e ambiental é a mais do que provável transformação da mesma naquilo a que os especuladores chamam uma "oportunidade de negócio". Os biliões ("trillions") de dólares actualmente refugiados nos covis fiscais espalhados por esse mundo fora (com especial destaque para as ilhas piratas da rainha de Inglaterra), para onde, aliás, segue sem controlo algum e no maior segredo parte importante dos milhares de milhões de dólares e euros empresta-dados por todos nós (através da Reserva Federal, do Banco de Inglaterra e do Banco Central Europeu) aos falidos bancos do G7, nomeadamente sob a forma de inflação, falências, quebra da actividade produtiva e desemprego, espera ansiosamente uma oportunidade para voltar a atacar.
Segundo se pode ler no notável artigo de Eric Janszen, a próxima vítima chama-se Energias Renováveis! É para lá que biliões de dólares, euros e yuans se posicionam espumando como sempre a sua incomensurável ganância. O idiota que dirige a EDP disse ontem que não ganha muito, apesar de ganhar 30 ou 40 vezes mais do que os seus sempre dispensáveis empregados, explicando ao rebanho nacional que ele, palhaço-mor dos verdadeiros donos da EDP, apenas deve explicações aos seus accionistas! É para eles que o dito idiota trabalha, ficámos todos a saber da sua própria cavidade oral. Os autarcas, e sobretudo as populações, devem atentar bem nestas palavras quando o Sr. Mexia lhes aparecer com falinhas mansas a prometer um futuro verde à custa das futuras barragens hidroeléctricas, cujo único fito é, já o sabíamos, aumentar a capitalização em bolsa da pervertida EDP, nunca fornecer energia barata, muito menos eficiente, aos Portugueses. Quando este ou o próximo governo se preparar para congeminar, em convénio corrupto secretamente negociado, um cartel energético para quem todos nós passaremos, através da micro-geração que nos vai ser impingida com cânticos primaveris, a vender energia aos preços que nos impuser o oligopólio de turno, lembrem-se deste aviso!
É caso para dizer: Que Mil Bob Geldofs (1) se multipliquem pela pradaria usurpada pelos novos e ridículos vampiros do Capitalismo Terminal e da Pós-Democracia.
De leitura obrigatória:
The next bubble:
Priming the markets for tomorrow's big crash
by Eric Janszen
February 2008
HARPER'S Magazine
A financial bubble (2) is a market aberration manufactured by government, finance, and industry, a shared speculative hallucination and then a crash, followed by depression. Bubbles were once very rare--one every hundred years or so was enough to motivate politicians, bearing the post-bubble ire of their newly destitute citizenry, to enact legislation that would prevent subsequent occurrences. After the dust settled from the 1720 crash of the South Sea Bubble, for instance, British Parliament passed the Bubble Act to forbid "raising or pretending to raise a transferable stock." For a century this law did much to prevent the formation of new speculative swellings.
Nowadays we barely pause between such bouts of insanity. The dot-com crash of the early 2000s should have been followed by decades of soul-searching; instead, even before the old bubble had fully deflated, a new mania began to take hold on the foundation of our long-standing American faith that the wide expansion of home ownership can produce social harmony and national economic well-being. Spurred by the actions of the Federal Reserve, financed by exotic credit derivatives and debt securitiztion, an already massive real estate sales-and-marketing program expanded to include the desperate issuance of mortgages to the poor and feckless, compounding their troubles and ours.
That the Internet and housing hyperinflations transpired within a period of ten years, each creating trillions of dollars in fake wealth, is, I believe, only the beginning. There will and must be many more such booms, for without them the economy of the United States can no longer function. The bubble cycle has replaced the business cycle.
...
... We have learned that the industry in any given bubble must support hundreds or thousands of separate firms financed by not billions but trillions of dollars in new securities that Wall Street will create and sell. Like housing in the late 1990s, this sector of the economy must already be formed and growing even as the previous bubble deflates. For those investing in that sector, legislation guaranteeing favorable tax treatment, along with other protections and advantages for investors, should already be in place or under review. Finally, the industry must be popular, its name on the lips of government policymakers and journalists. It should be familiar to those who watch television news or read newspapers.
There are a number of plausible candidates for the next bubble, but only a few meet all the criteria. Health care must expand to meet the needs of the aging baby boomers, but there is as yet no enabling government legislation to make way for a health-care bubble; the same holds true of the pharmaceutical industry, which could hyperinflate only if the Food and Drug Administration was gutted of its power. A second technology boom--under the rubric "Web 2.0"--is based on improvements to existing technology rather than any new discovery. The capital-intensive biotechnology industry will not inflate, as it requires too much specialized intelligence.
There is one industry that fits the bill: alternative energy, the development of more energy-efficient products, along with viable alternatives to oil, including wind, solar, and geothermal power, along with the use of nuclear energy to produce sustainable oil substitutes, such as liquefied hydrogen from water. Indeed, the next bubble is already being branded. Wired magazine, returning to its roots in boosterism, put ethanol on the cover of its October 2007 issue, advising its readers to forget oil; NBC had a "Green Week" in November 2007, with themed shows beating away at an ecological message and Al Gore making a guest appearance on the sitcom 30 Rock. Improbably, Gore threatens to become the poster boy for the new new new economy: he has joined the legendary venture-capital firm Kleiner Perkins Caufield & Byers, which assisted at the births of Amazon.com and Google, to oversee the "climate change solutions group," thus providing a massive dose of Nobel Prize--winning credibility that will be most useful when its first alternative-energy investments are taken public before a credulous mob. Other ventures--Lazard Capital Markets, Generation Investment Management, Nth Power, EnerTech Capital, and Battery Ventures--are funding an array of startups working on improvements to solar cells, to biofuels production, to batteries, to "energy management" software, and so on.
(artigo integral)
NOTAS
- Bob Geldof afirmou no luxuoso Hotel Pestana Palace, onde certamente ficou hospedado, que Angola é governado por uma súcia de criminosos. Foi um pouco forte! De corruptos até à quinta costela, talvez. Mas criminosos, sem distinguir crimes de colarinho branco de crimes de sangue, é um pouco forte? Enfim, já mataram o Savimbi, e os tempos agora são outros. Por outro lado, quando se faz uma crítica assim tão contundente, há que temperá-la com alguma autocrítica. No caso, referindo a corja de ladrões e assassinos que há quase dois séculos pontificam nos centros de decisão de sua majestade pirata a rainha e Inglaterra, em Downing Street e no sempre atento MI6. Mas enfim, é sempre bom ver alguém atirar pedras para um charco.
"... conheço África há 25 anos, o governo de Angola é uma cleptocracia, potencialmente o país é um dos mais ricos do planeta mas 200 pessoas controlam tudo enquanto 15 milhões vivem na miséria. Claro que Angola vai mudar, há hoje mais países democráticos em África e o papel da sociedade civil está a crescer, os sindicatos estão a regressar. Os africanos estão mesmo a dar lições de direitos humanos aos chineses em África e há bons exemplos na Nigéria, Uganda, Quénia, Botswana ou Moçambique. O resultado desta boa governação é um crescimento económico de 10% ao ano. Não quero insultar ninguém em Angola, mas é um dos países mais pobres do mundo e ao mesmo tempo é um dos mais ricos. Para onde vai o dinheiro? Para os dirigentes, eles estão a roubar, são criminosos." (in Expresso, 10-05-2008.)
- I will use the familiar term "bubble" as a shorthand, but note that it confuses cause with effect. A better, if ungainly, descriptor would be "asset-price hyperinflation"--the huge spike in asset prices that results from a perverse self-reinforcing belief system, a fog that clouds the judgment of all but the most aware participants in the market. Asset hyperinflation starts at a certain stage of market development under just the right conditions. The bubble is the result of that financial madness, seen only when the fog rolls away.
OAM 357 07-05-2008, 17:19 (actualização: 10-05-2008 18:44)