segunda-feira, fevereiro 11, 2008

Portugal 19

Manuel Alegre (Foto: Rui Gaudêncio/Público)
Manuel Alegre (Foto: Rui Gaudêncio/Público)

Afinal a Esquerda ainda existe!
"Não me desafiem para coisas que é perigoso desafiar-me. Não me desafiem para eleições de secretariado, ou para congressos. Eu já fui a um congresso do Partido Socialista e sei como é", afirmou Manuel Alegre, num recado à liderança da sua formação política. "Se me desafiam para combates dessa natureza, eu respondo: vou às urnas, mas no país. Irei às urnas no país", avisou. -- Público, 09-02--2008.

Gordon Brown acaba de incluir estatisticamente no sector público britânico o banco Northern Rock, cuja dívida ascende a 6,7% do PIB inglês! O G7 -- Alemanha, Estados Unidos, França, Itália, Japão, Reino Unido e Canadá --, anunciou que vai promover a venda de ouro em Abril, como forma de contrariar a imparável valorização dos metais preciosos, esperando com tal medida estimular a economia pela via do investimento e da circulação de capitais. O que na realidade irá acontecer será um ainda maior incremento das reservas de ouro acumuladas por países como a China, o Japão, a Rússia e a Índia! Por sua vez, Jean-Claude Trichet parece decidido a baixar as taxas de juro na Europa, correspondendo assim às pressões contínuas dos sectores bancário e financeiro, que por esta via de emergência esperam ganhar tempo para tapar a brutal erupção de dívidas incobráveis produzidas pela economia virtual de que foram promotores. Também aqui, o efeito da medida será contraproducente, recaindo negativamente sobre os povos europeus, na forma de uma inflação acrescida e de uma já inevitável recessão. Ao contrário do que alguns acreditam, a mais do que provável baixa da taxa de referência do Banco Central Europeu não se traduzirá num aumento do crédito disponível, excepto para aqueles que são os principais responsáveis pela brutal crise económica em que estamos metidos! Ou seja, baixar o preço do dinheiro servirá apenas para aumentar o endividamento geral do Ocidente e o próprio agravamento da actual crise de liquidez. O ouro vai-se e com ele vão também as poupanças em busca de mercados mais rentáveis. A China e os países emergentes agradecem!

Enquanto isto acontece no mundo, os portugueses sofrem já os efeitos dolorosos da globalização especulativa que marcou a desconstrução do capitalismo mundial ao longo da última década e meia. O grau de endividamento da sua economia é desastroso. O regresso da emigração é uma vergonha e o sinal mais evidente do fracasso de quem tem governado. A corrupção mete medo! Em suma, a iminente implosão do actual sistema partidário revela até que ponto sair desta crise implica uma nova visão do futuro e uma reestruturação radical do actual regime político.

A contradição gritante entre o governo que temos e os fundamentos originais do partido de onde saiu e que o suporta será porventura causadora da primeira grande ruptura partidária que fará mudar o actual sistema partidário, desde logo aumentando o número de formações partidárias com efectivas possibilidade de representação parlamentar, de modo a reflectir a diversidade ideológica actual, que em muito pouco coincide já com os velhos modelos maniqueístas do século 20.

O PS foi capturado por uma tríade de piratas entusiasmados com o catecismo da globalização e convencidos de que o socialismo e a esquerda em geral haviam sido derrotados no dia em que caira o Muro de Berlim. Enganaram-se. Se olharem bem para o mundo, verão uma América a definhar, uma Europa em dificuldades e, em sentido contrário, uma Rússia a recuperar, o capitalismo de Estado em plena efervescência no Médio Oriente e em países como Angola, Bolívia e Venezuela, e ainda a China a caminho da supremacia! Tudo, por conseguinte, ao contrário da agenda neoliberal adorada pelos bonecreiros que movem o insustentável Sócrates.

Não há nenhuma mão invisível do mercado, como ficou uma vez mais demonstrado pela actual crise financeira mundial. O que há e sempre houve no capitalismo moderno é o proteccionismo de um sistema financeiro imperial, custe o que custar. A crise provocada pelo fim da bolha imobiliária irá custar milhões de milhões de euros, durante muitas dezenas de anos, a todos nós. Mas pior do que o preço económico, será o preço humano que a humanidade poderá ter que pagar se, entretanto, a conspiração em curso para o desencadeamento de uma III Guerra Mundial triunfar. Espero que Barak Obama vença as eleições americanas. Se tal ocorrer, poderemos talvez parar os cavaleiros negros do Apocalipse.

Em Portugal, se conseguirmos travar os piratas que puseram o Senhor Sócrates no poder, refundando de caminho a democracia portuguesa -- e há gente, nomeadamente no Partido Socialista, capaz de tamanho desafio--, então nem tudo estará perdido. A coragem demonstrada pelo poeta-político Manuel Alegre enche-nos de esperança.

OAM 309 11-02-2008, 03:52

6 comentários:

Anónimo disse...

António,

valeria a pena precisar que a gestão desgraçada de Portugal é feita pela administração central.

JSilva

António Maria disse...

José,

...e não só!
Não vale a pena focalizar num bode expiatório males que vêm de muito longe. Seja como for, o "Norte" tem agora uma boa oportunidade de fazer mais algo por si próprio. Esgotado o ciclo comunitário em 2013, esgotam-se também cinco séculos de mesadas provenientes das mais diversas paragens e a chulice fácil do Terreiro do Paço. A árvore das patacas secou de vez! E agora é preciso trabalhar e usar a massa cinzenta que temos. Na esfera política, não vejo como evitar o surgimento de partidos regionais no espaço de uma década, como muito. Do meu ponto de vista, são bem-vindos!

A formação de partidos regionais ou mesmo autonomistas no Norte, no Algarve, na Madeira e nos Açores é praticamente inevitável no médio-longo prazo. A sua futura existência pode ser um factor muito útil de dinamização da democracia e sobretudo de maior equilíbrio no desenvolvimento e na repartição dos rendimentos. Mas atenção: há que começar a trabalhar desde já nestes dossiês, sob pena de os futuros partidos regionais cairem na tentação fácil de se erguerem apenas para fazerem proliferar as burocracias e as nomenclaturas sentadas às mesas dos orçamentos públicos.

Anónimo disse...

Como concliar esta informação de António Maria com esta:

Official gold reserves
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Contents [hide]
1 IMF gold reserves
2 Privately held gold
3 Officially reported gold reserves
4 See also
5 References



Gold ingots, like these from Sveriges Riksbank, form the base of many monetary systemsGold reserves (or gold holdings) are held by central banks as a store of value. At the end of 2004 central banks and official organizations held 19% of all above ground gold as a reserve asset.[1] In 2001, it was estimated that all the gold ever mined totalled 145,000 tonnes.[2] As one metric tonne equals 1,000 kilograms (or 32,150 troy ounces), one tonne of gold equated to a value of US$23.8 million in September 2007 ($739/troy ounces), so the total value of all gold ever mined would be some US$3.4 trillion.[3] For comparison, the entire global market capitalization for all stock markets was US$43.6 trillion in March 2006. About one percent of all above ground gold (370 metric tonnes) was mined in the first five years of the California Gold Rush (worth approximately US$7.2 billion at November 2006 prices).[4]


[edit] IMF gold reserves
IMF gold reserves refers to 3,217 tonnes of gold held by the International Monetary Fund. It is currently priced at a range of $40 and $50 a troy ounce ($1,300 to $1,600/kg), a price that was fixed in the 1970s before the Nixon government stopped pegging the U.S. dollar to the gold and instead allowed market forces to set the dollar's worth. An attempt to revalue the gold reserve to today's value has met resistance for different reasons. For example, Canada is against the idea of revaluing the reserve, as it would flood the market with gold and therefore depress its price.[5] It is also not clear whether the gold reserve is the property of the IMF or of member countries.

Three quarters of the gold reserve was contributed by G5 members, namely France, Germany, Japan, United States and United Kingdom. The gold piles contributed by the French, the Germans, the Japanese, the Americans and the British are each worth $10 bn.


[edit] Privately held gold
As of January 2007, gold exchange-traded funds held 629 tonnes of gold in total for private and institutional investors. In 2004, it was estimated that the Indian public held 13,000 tonnes of gold in jewelry or other forms.[6]


[edit] Officially reported gold reserves
The largest gold holdings in tonnes as reported by the World Gold Council can be seen in the table below, per 22. September 2005 and 14. December 2007, ranked by their 2005 holdings.[7] The United States' holding of gold is worth approximately US$207 billion (December 2006). Though the United States holding is the largest of individual countries, in total the Euro area gold holdings are larger (11,065 tonnes per December 2007).

Rank Country 2005 Gold (tonnes) 2007 Gold (tonnes)
1 United States of America 8,133.5 8,133.5
2 Germany 3,427.8 3,417.4
3 International Monetary Fund 3,217.3 3,217.3
4 France 2,892.6 2,622.3
5 Italy 2,451.8 2,451.8
6 Switzerland 1,290.1 1,166.3
7 Japan 765.2 765.2
8 Netherlands 722.4 624.5
9 European Central Bank 719.9 604.7
10 People's Republic of China 600.0 600.0
11 Republic of China (Taiwan) 423.3 423.3
12 Portugal 407.5 382.6
13 Russia 386.6 438.2
14 India 357.7 357.7
15 Venezuela 357.4 356.8
16 United Kingdom 311.3 310.3
17 Austria 307.5 280.0
18 Lebanon 286.8 286.8
19 Pakistan 283.0 65.3
20 Belgium 227.7 227.6
21 Philippines 187.9 126.9
22 Bank for International Settlements 185.3 142.7
23 Algeria 173.6 173.6
24 Sweden 155.4 150.3
25 Libya 143.8 143.8
26 Saudi Arabia 143.0 143.0
27 Singapore 127.4 127.4
28 South Africa 123.9 124.1
29 Turkey 116.1 116.1
30 Spain 107.9 281.6
31 Romania 104.9 103.7
32 Poland 102.9 102.9
33 Indonesia 96.5 73.1
34 Thailand 84.0 84.0
35 Australia 79.7 79.8
36 Kuwait 79.0 79.0
37 Egypt 75.6 75.6
38 Denmark 66.5 66.5
39 Iran 65.3 N/A
40 Kazakhstan 58.6 62.7

Anónimo disse...

Tb não posso deixar de anotar a evolução comparativa da Socgen com o CAC 40 num prazo de 5 anos:

Name 1 Week 1 Month 6 Month 1 Year 5 Year
Societe Generale GLE:PAR -10.79% -23.19% -35.85% -46.95% +54.85%
CAC 40 -5.85% -12.82% -13.96% -17.74% +69.01%

António Maria disse...

Foi um lapso! Já corrigi o link, apontando-o para o mesmo artigo da Wikipedia. Na realidade, não sei onde é que o Global Fire Power foi buscar as estatísticas citadas (e que já retirei do post aqui em discussão). Seja como for, creio que a China, a India, a Rússia e os países do Golfo têm muito mais ouro do que o declarado nas estatísticas oficiais. Pela mesma suspeita, creio que os EUA e o Reino Unido têm muito menos do que declaram. Leia-se a propósito o artigo de Rob_Kirby, The Illusion of Gold Reserves - Deep Storage, Deeper Holes, Deepest of Troubles no The Market Oracle.

Jose Silva disse...

António,

Se há uma característica que distingue o Norte de Lisboa é o Empreendedorismo e relutância em viver do orçamento público. Exemplos:
- 2 milhões de emigrantes do norte e Centro por essa europa fora...
- A balança comercial a Norte está equilibrada; Em lisboa não. Isto é, as empresas a Norte vivem da exportação. Em Lisboa do mercado interno protegido pelo estado.

Os factos estão aí. O que recomenda, é mesmo para a região de Lisboa.