sexta-feira, maio 20, 2011

Fukushima: a grande mentira nuclear

Central nuclear finlandesa em construção. Um desastre semelhante ao de Fukushima será um desatre imediato para a Finlândia, Suécia, Noruega, Dinamarca, Rússia, Alemanha, Polónia, Estónia, Letónia e Lituânia.
Os demónios atómicos da energia nuclear pacífica saíram da garrafa de mentiras em que a ciência comprada se transformou  
Reactor totalmente fundido desde primeiro dia do desastre
 DN, 20 maio 2011

Milhares de documentos tornados públicos pela empresa que gere a central nuclear de Fukushima mostram que alguns dos factos conhecidos desde o início do desastre eram mentira. As instalações ficaram fortemente danificadas logo após o sismo de Março e o reactor número um está totalmente fundido desde o primeiro dia. Os reactores dois e três estarão em situação idêntica.

Fukushima: a imprensa portuguesa acorda finalmente para as notícias alarmantes que começaram a sair a 16 de maio. Mais vale tarde...

Os reactores EPR (que franceses e alemães querem impingir ao resto do mundo), e as centrais nucleares em geral, vão seguramente passar por um escrutínio público sem precedentes depois da tragédia em curso, cuja extensão e cuja gravidade têm vindo a ser escondidas do grande público.

Tal como em Fukushima, se um dia houver um grande terramoto na Finlândia, que cause o mesmo tipo de estrago (fundição dos reactores atómicos) que o terramoto do Japão causou à central nuclear supostamente preparada para todas as eventualidades, a central de Olkiluoto, em construção, derramará também, por imposição política dos países alvo das nuvens de partículas radioactivas, a inundação dos compartimentos onde se encontram os reactores, e a expulsão da água radioactiva para o mar. A própria Alemanha, e a Rússia, perante dilema tão terrível, poderão ter que deixar contaminar todo o Báltico, em vez de permitir que a nuvem radioactiva invade ambos os países! A alternativa a este dilema será, à menor percepção de um desastre de semelhantes proporções, cobrir imediatamente as instalações nucleares com cimento — à semelhança do que tem vindo ser feito em Chernobyl.

Hillary Clinton exigiu (tanto quanto se consegue perceber agora da sequência dos eventos conhecidos) às autoridades japonesas o desvio da radioactividade para o mar. Estas não tiveram outra alternativa senão envenenar as suas próprias águas territoriais! Mesmo assim, EUA e Canadá não evitaram a invasão dos respectivos territórios por nuvens radioactivas muito preocupantes.

Isto é o mais parecido que pode haver com uma guerra nuclear involuntária. O debate sobre o uso pacífico da energia atómica vai ganhar uma dimensão inteiramente nova a partir de Fukushima.


ACTUALIZAÇÃO (30.05.2011 8:51)

Como previmos, Fukushima foi mesmo um tiro no porta-aviões nuclear

Atendendo a que tanto a indústria petrolífera, como a nuclear, foram, são e serão (a última, na fase de desmantelamento das centrais e armazenamento do lixo nuclear) pesadamente subsidiadas pelos governos, parte deste dinheiro público irá agora para as renováveis: biocombustíveis em África, Ásia e América do Sul; eólicas e solar na Europa e África (sobretudo no Mediterrâneo). Big time para a I&D no sector energético!

Germany will shut all its nuclear reactors by 2022, parties in Chancellor Angela Merkel's coalition government agreed today (30 May), in a reaction to Japan's Fukushima disaster that marks a drastic policy reversal.

As expected, the coalition wants to keep the eight oldest of Germany's 17 nuclear reactors permanently shut. Seven were closed temporarily in March, just after the earthquake and tsunami hit Fukushima. One has been off the grid for years.

Another six will be taken offline by 2021, Environment Minister Norbert Roettgen said early on Monday after late-night talks in the chancellor's office between leaders of the centre-right coalition.

The remaining three reactors, Germany's newest, will stay open for another year until 2022 as a safety buffer to ensure no disruption to power supply, he said. — EurActiv (30 May 2011)

1 comentário:

António Maria disse...

Recebi e dou a conhecer...

Caro Cerveira Pinto:

por razões relacionadas com a geologia e a tectónica de placas é impossível ocorrer perto da Finlândia um terramoto da magnitude do que ocorreu em Março no Japão. A Finlândia está longe das falhas que separam as principais placas tectónicas, onde ocorrem os sismos de maior magnitude. A mais próxima da Finlândia é a que separa a Europa da África ao longo do Mediterrâneo, ao passo que o Japâo está nos limites da placa do Pacífico, ou seja, em cima de falhas que podem gerar os sismos mais fortes.

No entanto, creio que na Finlândia podem ocorrer sismos mais fracos, gerados no interior das placas tectónicas. Estes podem mesmo assim provocar danos em centrais nucleares, como por exemplo fendilhação nas paredes das estruturas, possibilitando eventuais fugas de radioactividade.

Provavelmente um desastre como o de Fukushima seria impossível na Finlândia, pois as acelerações no solo seriam mais baixas e um desastre deste género mais fácil de evitar.

Mas infelizmente não sei o suficiente para transformar o provável numa certeza. Vale a pena debater o assunto.
Abraços
Mário Lopes