Países solventes interessaram-se pela EDP
Hoje era o dia limite para serem entregues as propostas à privatização dos últimos 24,35% do capital da eléctrica que ainda está nas mãos do Estados. Foram entregues na Parpública propostas de quatro empresas estrangeiras: a alemã E.On, a chinesa Three Gorges e as brasileiras Eletrobras e Cemig. In Jornal de Negócios, 9-12-2011.
O interesse pela eléctrica portuguesa é seguramente grande e poderá superar três grandes escolhos que afectarão o futuro imediato desta empresa:
- a sua enorme dívida: mais de 16 mil milhões de euros;
- os privilégios, cada vez mais contestados, de que a EDP goza em Portugal pelo seu estatuto de quase monopólio e empresa rendeira que mensalmente expropria, através dos preços exagerados que cobra e dos chamados Custos de Interesse Económico Geral (CIEG), recursos económicos desproporcionados ao potencial produtivo do país;
- o Plano Nacional de Barragens, através do qual a EDP avançou para a construção de duas barragens inúteis, salvo para incrementar artificialmente o valor potencial dos seus activos: barragens do Baixo Sabor e do Tua.
Parece que Manuel Maria Carrilho, anterior ministro da cultura e comissário português na UNESCO, teria avisado o governo Sócrates sobre o conflito óbvio entre as barragens previstas para o Alto Douro e a classificação da UNESCO. E parece que a correspondente em Lisboa da UNESCO não fez ou fez mal o seu trabalho em matéria de tamanha importância e melindre, ocultando informação à sede da organização para quem trabalha.
Em suma, ou teremos a barragem do Tua um dia concluída, e perderemos a classificação patrimonial do Douro conferida pela UNESCO há uma década —agora que o turismo induzido pelas Low Cost cresce exponencialmente da Ribeira do Porto até ao Museu do Côa. Ou então, as barragens do Baixo Sabor e do Tua serão interrompidas, e o Plano Nacional de Barragens de Elevado Potencial Hidroeléctrico suspenso, em nome de um valor económico bem maior: o inestimável potencial vinícola, turístico e cultural da bacia do rio Douro.
Em nome da inadiável redução do sobre endividamento da EDP, que já não poderá contar garantidamente com as prometidas rendas do insolvente Estado português, mas também em nome de soluções técnicas de mitigação das quebras de produção dos geradores eólicos, que podem passar perfeitamente por aumentos de potência em barragens existentes (Barragem da Bemposta, etc.), parar as barragens poderá afinal revelar-se como um mal menor que serve aos ecologistas, ao governo e ao futuro imediato da EDP. Só as construtoras sairão a perder neste volte-face. Mas já não ganharam de mais? Não estragaram já o suficiente a paisagem que é de todos? Não foram já suficientemente responsáveis pela bancarrota do país? E quem disse que não poderão ser parcialmente compensadas com alguma obra na China, Brasil ou Alemanha? Tudo se negoceia quando há juízo!
Sobre quem será o país a tomar conta de 25% da EDP, sabe-se que:
- O Brasil não quer a China a entrar no Brasil através da EDP, e quer, por seu lado, entrar na península ibérica e na Europa através da EDP;
- Os Estados Unidos não querem a China a entrar no seu sector energético através da EDP, e já fizeram saber isso mesmo às autoridades portuguesas;
- A Alemanha não quer a China a entrar no sector energético europeu através da EDP, no preciso momento em que a crise das dívidas soberanas e empresariais vai obrigar a múltiplos movimentos de concentração económico-financeira na Europa;
- A China, portanto, para entrar, terá que colocar muita massa em cima da mesa e oferecer extras irresistíveis.
Seja como for esta privatização vai ser um excelente barómetro da inteligência estratégica e negocial deste governo. Estamos todos em pulgas para saber!
NOTA
Sobre o assassínio progressivo do Douro, vale a pena ler este artigo do engenheiro Francisco Gouveia.
“A região do Douro, que já era emblemática muito antes de ser considerada Património Mundial, pois foi a primeira região demarcada vinhateira do mundo, foi recentemente galardoada com o tal título da UNESCO que a consagrou definitivamente perante o mundo. Todos lucramos com isso, especialmente a região, que passou a ter publicidade gratuita, que passou a ser falada em todos os sítios onde se aconselhavam paisagens, que passou a andar em todos os roteiros da net, que começou a ser apetecida por turistas que a desconheciam.“Que estranha forma de vida”, Francisco Gouveia.
O turismo no Douro deve a este facto o seu crescimento. E a mais nenhum. Tudo o que se fez depois, foi um enorme zero, dinheiro mal gasto por quem percebia pouco do assunto e tirou um curso acelerado nos corredores dos partidos. Foi o DOURO PATRIMÓNIO MUNDIAL, que arrastou para cá a curiosidade dos estrangeiros. Mas como tudo o que é belo e grandioso, é cobiçado.
E logo as empresas que necessitam deste tipo de relevo e hidrografia, para instalarem as suas centrais de produção, começaram a olhar o Douro com os olhos do Tio Patinhas. E não tinham dúvidas de que era neste Douro, nesta região, que tinham as condições naturais de excelência, que não encontravam em mais nenhuma parte do território.
Foi assim que o Plano Nacional de Barragens Com Elevado Potencial estipulou para o Douro a maior fatia e, consequentemente, a sua maior destruição. A Bacia Hidrográfica do Douro, para que se saiba, já possuía mais de 50 barragens antes deste Plano! Sendo que muitas são de terra e de enrocamento. As de gravidade (aquelas que habitualmente designamos como sendo de betão) são as maiores.
Mas não só. Este Plano Nacional de Barragens, prevê a devastação do Tâmega com inúmeras barragens, algumas dentro de um circulo de 10 Km, bem como a do Baixo Sabor (em construção) e polémica barragem do Tua, esta última que será, talvez, a razão próxima para a perde do título que o Douro ostenta de património mundial.
A barragem do Tua, para além de ser um monstro de betão à saída do Tua com vistas para o Douro, e a que nem a arte do arquitecto Souto Moura (inexplicável, ou explicavelmente envolvido neste processo) conseguirá amenizar, será também o caixão onde repousará parte de uma região de beleza sublime. Ainda por cima, com uma Barragem que será a desgraça das nossas Finanças Públicas, pois o que o Governo anterior contratualizou com a EDP e a IBERDROLA (relativamente às barragens do Tua e Sabor), equivale ao pagamento a estas empresas, de uma quantia que é três vezes superior ao nosso défice, pelo prazo de 70 anos!!!!!!!!!!
E o que é mais grave, é que estas barragens apenas vão contribuir com 0,5% da energia que consumimos!!!!!!!!!!”
Artigo integral em Notícias do Douro.
ÚLTIMA HORA!
11-12-2011 22:06
Negócios online (com base em notícia divulgada pelo Der Spiegel): “O governo PSD/CDS reduziu recentemente a quatro os candidatos à compra da referida quota, dando também preferência aos alemães.”
Comentário: Se o Der Spiegel acertar, então é porque o governo português terá feito a melhor escolha. A entrada da E.ON aos comandos da EDP é a que melhor servirá os interesses do país. À China, Portugal deverá reservar uma penetração consolidada em Sines e em geral no negócio marítimo e portuário, pois será aqui que ambos os países poderão obter vantagens mútuas mais produtivas — OAM.
1 comentário:
http://pensar-ansiaes.blogspot.com/2011/12/crime-disseram.html
comentários
"não está em risco iminente",
pois não...iminente não...
começaram mal.. não informando a Unesco da intervenção que pretendiam
fazer e faltando assim ao compromisso de honra
(tipo xico esperto .. a ver se passava ..eles são nabos e tal..)
agora não há problemas...iminentes
(tipo xico esperto.. pinta-se o paredão com 120 metros de altura de verde e castanho.. cobre-se um predio de 4 ou 5 andares com umas giestas... o Paulo Gonzo imita através de uma potente aparelhagem os passarinhos.. projectam-se umas águias e à entrada da ponte inaugurada por Oscar carmona e que penso ser do Cardoso.. colocamos uma grande estátua de uma Oliveira com uma videira de baixo...com uma grande placa dourada ..
dizendo
Obra da autoria do grande galardoado arquitecto dos est´dios
Souto DE Moura e inaugurada por suas Exªs os autarcas destes confins
por baixo .. embora desfocados os bustos em "baixo" relevo
no fundo à direita .. escrito..com o alto patrocínio da EDP que ofereceu todas as estruturas e tornou possivel esta obra da prima
.............
Perguntarão e os gajos do governo e da missão do douro e mais não sei quem???!!!
bem .. esses por compromissos inadiáveis não puderam estar presentes... pois não quiseram habilitar-se como herdeiros... mas .
assim ainda recebem umas benesses e.. quem sabe... não vá o diabo tecê-las.. um lugarzito na EDP.. pode fazer jeito e não custa nada .. só mais uma taxa e um aumento nas tarifas
e..entretanto tipo xico esperto os burros da Unesco chegam cá.. bebem um copo na quinta da cascarejalandia , ficam com os copos e.. "prontos"
lá vão eles embora com duas caixas de vinho nãO SEI DE ONDE E ..
O douro continua de todos .. os parolos
cumprimentos
mario carvalho
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