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quarta-feira, fevereiro 17, 2016

TAP ou TAL?

Após o Aeroporto da Portela, também a TAP acabará por ter novo batismo

TAP é a nuvem, mas alguém perguntou por Juno?


LUÍS MÓR: “Acho que a sua entrada [da Ryanair] - e de outras companhias ‘low cost’ [transportadoras de baixo custo] - em Lisboa é um grande equívoco porque pode inviabilizar um segundo aeroporto”.... in Notícias ao Minuto (07/10/13).

Eis a explicação dada em 2013 para a manutenção, à custa do contribuinte, de uma empresa mal gerida e falida chamada TAP. Sem a saturação artificial da Portela, sem o monopólio da TAP na Portela, e sobretudo sem uma TAP pública, seria impossível justificar um grande negócio chamado NAL, Novo Aeroporto de Lisboa. Foi penoso assistir à colaboração de tantos técnicos e instituições indigentes na impossível demonstração de que a Portela se encontra saturada há mais de uma década.

O NAL começou, no atual regime, por ser na Ota. Mas já no tempo de Marcello Caetano foram condicionados os usos de terrenos na margem sul do Tejo (triângulo de Rio Frio, Canha, Alcochete) para o efeito. Mas voltando ao NAL da Ota, construiu-se, a contar com o ovo no cu da galinha, a chamada auto-estrada do Ribatejo, A10, com uma longa ponte sobre o Tejo, com mais de 12Km, e o maior nó rodoviário do país (Carregado), e iniciou-se a construção da gigantesca plataforma logística fantasma de Castanheira do Ribatejo, tudo à conta do que viria a revelar-se uma operação de especulação e assalto à riqueza nacional sem precedentes. Alguém inquiriu? Foi alguém preso? Que eu saiba, não.

Mais tarde, quando Sócrates transferiu o NAL para as terras de Jamé, piratas acolitados no BPN encaminharam mais de 250 milhões de euros para a compra de terrenos em Rio Frio, contando, uma vez mais, com o ovo no cu da galinha, quer dizer, com um Novo Aeroporto de Lisboa, desta vez, em Alcochete (mais propriamente em Canha).

Por sua vez, o PS do tempo de Almeida Santos, de João Cravinho e do ex-comunista Pina Moura imaginou com Stanley Ho a venda dos terrenos do aeroporto da Portela ao magnata chinês, os quais se destinariam à famosa, prometida e luxuosa Alta de Lisboa que, como sabemos, borregou (muitos apartamento da primeira fase acabariam vendidos a preço de saldo).

Cereja em cima do bolo: a geringonça capitaneada por António Costa parece ter retomado a estratégia de desertificação aérea e ferroviária do país em nome do mais escandaloso e obscuro negócio do Bloco Central que, como se vê, está mais vivo que nunca. Repararam como o novinho ministro do Planeamento e Infraestruturas fugiu por três vezes às perguntas de José Gomes Ferreira sobre a solução Portela+1, i.e. sobre a solução Portela+Montijo? Para bom entendedor...

Metida a Esquerda oportunista, populista e desmiolada na algibeira, há agora que dividir o PSD, dando a cidade-região de Lisboa a Santana Lopes e a cidade-região do Porto a Rui Rio. É nisto que Costa parece andar entretido. Veremos se o novo presidente eleito irá tragar esta fava.

Rui Moreira venceu em toda a linha a estratégia furada da geringonça lisboeta, transformando a ofensiva TAP numa TAL—Transportes Aéreos de Lisboa

As explicações dadas pela TAP sobre as desistências de várias rotas no Porto, além de serem um embuste estratégico, pois demonstram que a TAP não é competitiva (facto comprovado pela imediata corrida de outras companhias Low Cost, mas também de bandeira, aos slots deixados vagos pela TAP), revelam ainda quatro realidades escandalosas:

  1. a TAP continua em situação de insolvência;
  2. a TAP, sobretudo depois de conhecidas as dificuldades da Azul no Brasil, não é capaz de atrair capital para renovar a sua frota e proceder à inevitável restruturação da empresa, a qual implicará sempre despedimentos e indemnizações;
  3. a TAP é uma empresa político-partidária, mas estando falida, resta saber até onde poderá contar com mais ajudas de estado, nomeadamente do tipo das que ficaram escancaradas na privatização e posterior pseudo-reversão da mesma. Os contribuintes terão que desembolsar pela privatização da empresa 21,9 milhões de euros (10.000.000-1.900.000-30.000.000), mais o que o prometido ‘corte de cabelo’ nos créditos mal parados da TAP que a banca, nomeadamente a Caixa, têm por saldar. Qual é montante total destas dívidas bancárias da TAP? Os contribuintes têm todo o direito de saber, antes de embarcarem no clubismo patético de um qualquer cineasta do regime;
  4. a TAP foi varrida do Porto pela concorrência europeia, como já antes fora de Faro, e sê-lo-à em breve dos arquipélagos atlânticos. Q.E.D.: a TAP está rapidamente a transformar-se numa TAL—Transportes Aéreos de Lisboa. De onde a pergunta: terão os portugueses do país inteiro, fora e de dentro de portas, que continuar a sustentar o desvario político-partidário de uma empresa regional?

ÚLTIMA HORA

A Federação do Porto da Juventude Socialista “recusa aceitar que a TAP se transforme em TAL(isboa) e arredores”, cenário que atribui aos “instintos centralistas”, reclamando do Governo que “assuma os interesses nacionais”, colocando “termo à presente indefinição”.
Jornal de Negócios



Mensagem acabada de chegar do nosso correspondente Garganta Funda, de Sarilhos Grandes
Dia grande para a Blogosfera, as coisas vão batendo todas certas. 
Com a simplicidade e frontalidade que se lhe conhece propõe a Blogosfera que, no seguimento das “boas novas” anunciadas pela TAP, esta  passe a chamar-se TAL, ou “a TAL”.  
As forças vivas do Norte (não foi apenas o Rui Moreira) resolveram o problema da TAP, e por cada rota cancelada da TAP a estratégia vai ser uma nova rota da Ryanair (e até de várias companhias de bandeira: British Airways, Lufthansa, Turkish Airlines, etc.), mandando o Costa e o seu parceiro Gaúcho meter a 'ponte aérea' num certo sítio.

Bem sabemos que existem especialistas que juram a pés juntos que a Ryanair recebe subsídios, que é favorecida e outras tretas do género. Esquecem, por exemplo, que as antigas paixões do Luis Mor(mente) pelos lados da Rússia —o grande filão da TAP, lembram-se?— custaram cada uma a módica quantia de 100.000€. Sim, cada nova rota tem aproximadamente este custo.

Espera-se igualmente alguma azia da imprensa que regulamente é convidada a viajar (e a passar férias) à conta da TAL, como é o caso da rapaziada do Económico. Por acaso, a amiga Hermínia anda muito calada, fazendo de conta de que “no pasa nada”, passando-se na verdade uma VERDADEIRA REVOLUÇÃO.

NÃO FOI A TAL QUE ABANDONOU O PORTO, MAS SIM O PORTO QUE DEFINITIVAMENTE ABANDONOU A TAL
Vai demorar algum tempo a perceber esta evidência, pois são conhecidas as limitações cognitivas de muitos a este propósito, mas é um facto que, paulatinamente, a TAL, pelo famoso efeito low cost, irá dar ao Porto a mesma configuração que deu a Faro.  
É claro que no Funchal e em Ponta Delgada a TAP (como a SATA) estão cada vez mais ameaçadas, encerrando diariamente a sua actividade. Na SATA andam todos calados que nem ratos. Será que corre tudo sobre rodas?

Da parte da AZUL, que ainda ontem veio oferecer aos seus colaboradores excedentários licença sem vencimento durante dois anos, esperando que a crise passe, fez contas e chegou à conclusão de que o financiamento de “investidores” chineses não chega para cobrir o passivo.  
Presumo que sejam esses mesmos “investidores” chineses que reconverteram o seu “papel verde” em empréstimo à TAL com o devido aval do PM Costa. 
Entretanto, a saída progressiva da TAL de alguns aeroportos europeus (pois quando eliminam uma rota europeia deixam de estar presentes, não apenas no Porto, mas também nas cidades europeias para onde voavam), levará a AZUL a reclamar os slots para si, pois, como poucos saberão, o real valor da TAP está nos slots que tem nos principais aeroportos europeus. Slots são as janelas temporais de descolagem disponíveis em cada aeroporto, normalmente -5 a +10 minutos relativamente ao horário de descolagem. 
Podem acreditar, NADA VOLTARÁ A SER COMO DANTES, e então depois da chegada dos A321LR e dos B737LR (versão melhorada do B757), e de os vermos nas unhas das Low Cost, vamos ter a costa leste dos EUA e Canadá, e o norte do Brasil, a serem servidos por Low Cost. Será que esta nova encomenda de 100 B737 da Ryanair não contempla esse cenário? Acredito que sim. Quando este cenário se verificar o futuro dos voos intercontinentais da TAP, perdão, da TAL, perdendo dinheiro como pelos vistos perde desde que põe as suas aeronaves no ar, estará definitivamente condenado.

O casamento da TAP com a falida Suissair foi um flop que saiu muito caro à empresa. Este casamento com a (falida) AZUL, seja lá em que proporção for, tem igualmente bastantes riscos. Deixa ver o que dizem os bancos credores, ..., por enquanto os chinocas estão a pôr a mão por baixo,.... Resta saber até quando.

53 novos aviões não será fruta a mais? 
A AZUL tem aviões em excesso e está desejosa de os alugar à TAL, como se viu com os ATR-70-600 e a famosa ponte aérea Porto-Lisboa.

No meio disto tudo, onde fica o Gaúcho? 
Não foi ele quem afirmou que eram as “Low Cost que tinham que cuidar-se com a TAP”? Onde está “a esquadra brasileira que salvou a TAP”.

TAL & QUAL.

quinta-feira, junho 11, 2015

TAP tem novas asas

David Neeleman (Reuters)

Sérgio Monteiro está de parabéns. Ministro do próximo governo?


A Gateway, consórcio de David Neeleman e de Humberto Pedrosa, vai comprar 61% da TAP por uma proposta que lhe custa cerca de 350 milhões de euros. Uma tranche adicional de 5% está reservada a trabalhadores. Expresso (11.06.2015 13h24).

O PS perdeu hoje as eleições. Basta ouvir a criatura que reagiu à notícia da escolha do vencedor do processo de venda de 61% da TAP para intuir o radicalismo neo esquerdista (e neo estalinista) de António Costa e da corja de piratas que o acompanha. No que é, aliás, ladeado pelos realejos do PCP e do Bloco de Esquerda, numa espécie de mata-esfola populista e eleitoral.

Os idiotas, e sobretudo os piratas incorrigíveis deste PS querem privatizar a TAP, mas querem também continuar a mandar na companhia, metendo lá os seus boys&girls, mantendo as mordomias da nomenclatura partidária que arruinou o país, e retomando a negociata do novo aeroporto que in illo tempore impingiram ao já debilitado Stanley Ho, com a muleta financeira do Espírito Santo e a bênção de Almeida Santos. Na realidade, os piratas do PS prometeram a Stanley Ho os terrenos da Portela para aí se construir uma nova cidade radiante. Mas para isso era preciso esgotar a Portela, e para esgotar a Portela era preciso fazer crescer a TAP de qualquer maneira. O gaúcho Fernando Pinto foi o testa de ferro desta criminosa manobra destinada a viabilizar um negócio de muito betão e muitos milhões. Felizmente este embuste morreu.

A maioria do capital (61%), e portanto a gestão da empresa, será entregue ao consórcio privado que envolve David Neeleman e Humberto Pedrosa, 5% da empresa será vendida aos trabalhadores da companhia, e finalmente 34% da mesma será possivelmente dispersa em bolsa—não faltarão portugueses interessados em comprar títulos da nova fénix.

A TAP está falida, tem gente a mais, não se adaptou aos novos tempos da aviação e da economia mundiais, e esteve desde o governo de António Guterres ao serviço dos piratas do PS e dos banksters do BES e do BCP, mais o embuste do Novo Aeroporto de Lisboa, que começou por ter que ser na Ota, e depois passou a ter que ser em Alcochete. Esta longa conspiração cor-de-rosa, a que os lunáticos do PCP e do Bloco não prestaram qualquer atenção (ou será que prestaram?) conduziu a TAP à insolvência depois de ter contribuído pesadamente para o fardo da dívida pública que todos (menos os deputados, claro) transportamos aos ombros.

Não foi a direita que colocou o país em saldo. Foi a esquerda desmiolada e corrupta que temos. E percebe-se porquê: enquanto a direita representa os interesses patrimoniais e o valor tangível do país, incluindo o interesse em criar empresas e postos de trabalho, a esquerda que temos apenas extrai da pouca matéria prima existente todos os direitos e regalias que consegue arrebanhar, estando-se nas tintas para o que vem depois. A esquerda não sabe criar riqueza, mas sabe destrui-la.

Dos três candidatos desta terceira tentativa de encontrar uma solução de viabilidade efetiva para a TAP, venceu o melhor. Defendeu-se neste blogue a opção que viria a ser escolhida pelo governo. Ainda bem!


Artigos recém publicados sobre este assunto

Pais do Amaral: saída de pista na reprivatização da TAP (21/5/2015)

Blue TAP (14/5/2015)

TAP azul (3/6/2013)

quinta-feira, abril 30, 2015

António Costa defende capitalização da TAP em bolsa

Há 15 anos que o gaúcho Fernando Pinto foi contratado por um governo do PS, a peso de ouro, para privatizar a TAP. Lembram-se?


Agora a TAP está na bancarrota, e os políticos transformaram-se em baratas tontas passando culpas a quem se puser a jeito.

Andaram a brincar aos aeroportos, contaram com a Alta de Lisboa no cu da galinha (para especulação imobiliária, claro!), e agora descobriram que acabaram de rebentar com a TAP.

Quem deve sentar-se no banco dos réus não são os pilotos, mas o anterior governo, e este!

O Partido Socialista (PS) defende que a capitalização da TAP em bolsa
é uma alternativa viável ao processo de privatização em curso. O
secretário-geral socialista considera que é "imprudente privatizar a TAP
a 100%" e que este processo é uma "ameaça" para os "interesses" e a
"soberania nacional".

António Costa lamentou que a possibilidade de "reforçar o capital" da
TAP "via dispersão em bolsa", com uma posição maioritário do Estado
português, não tenha sido tida em conta pelo Governo de Passos Coelho. Esta possibilidade, lembrou, já foi aprovada pela Comissão Europeia em relação a outras transportadoras aéreas europeias.

Sobre a greve dos pilotos da TAP, o líder socialista atirou uma
posição formal do PS para mais tarde. Contudo, apontou que a greve é "um
retrocesso para a economia nacional" e que neste momento é preciso
"encontrar uma solução que evite a greve".

António Costa defende capitalização da TAP em bolsa - Aviação - Jornal de Negócios

domingo, abril 26, 2015

RTP, quem paga?


Que tal privatizar 51% da RTP/RDP?


Só há uma solução: privatizar a RTP/RDP a 51%. O estado fica em minoria, com 49%, e a empresa passa a concorrer em pé de igualdade com as demais empresas do ramo. Toda a taxa do audiovisual (100%) deve ir para a conservação e disponibilização pública do espólio documental destas empresas e para um museu da televisão e da rádio.

Assim, RTP e RDP deixarão de depender do Estado, e deixarão de sofrer interferência dos governos e dos poderes partidários. Se for assim, não me importo nada que comam caviar e bebam Champagne ao pequeno-almoço, ao almoço, ao lanche e ao jantar!

Porsche de diretor da RTP gastava 3 mil euros de combustível
Novo presidente da RTP vai ganhar 10 mil euros

O novo presidente do conselho de administração da RTP, Gonçalo Reis, vai ganhar 10 mil euros por mês, um valor superior ao do seu antecessor no cargo, Alberto da Ponte.

Gonçalo Reis irá assim auferir uma remuneração mensal de 10 mil euros e Nuno Artur Silva, 7390,29 euros, sem despesas de representação.

O anterior presidente da RTP, Alberto da Ponte, abdicou deste regime, obtendo em 2013, de acordo com o último relatório e contas disponível no site da televisão pública, uma remuneração bruta anual após deduções de 91987,39 euros, ou seja, 7665,6 euros por mês.

Na altura, a administração da RTP contava ainda com dois vogais, que auferiram uma remuneração anual de 73590 euros, o que significa um ordenado mensal de 6132,50 euros.

PAGAMOS OS BOYS QUE ENTRAM E OS QUE SAEM TAMBÉM

A RTP gastou no ano passado 13 milhões de euros em rescisões por mútuo acordo.

O número de trabalhadores da empresa no final de 2014 era de 1.689, menos 129 que em 2013 (1.818). Recorde-se que em 2014 a RTP deixou de receber a indemnização compensatória, passando a viver somente da taxa para a contribuição audiovisual (CAV) e das receitas comerciais.

Alguns dos rostos famosos que ganhavam em 2011, ordenados milionários na RTP, como são os casos de Fátima Campos Ferreira (10 mil euros mensais), Catarina Furtado (30 mil euros), Fernando Mendes (20 mil euros), José Carlos Malato (20 mil euros), Maria Elisa (7 mil euros), Jorge Gabriel (18 mil euros), Sónia Araújo (14 mil euros), João Baião (15 mil euros), Tânia Ribas de Oliveira (10 mil euros) ou Sílvia Alberto (15 mil euros), entre outros.

in Apodrece Tuga, 25/4/2015


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sexta-feira, abril 17, 2015

TAP quer vender um buraco chamado A350



Presidente da TAP admite realizar mais valias com a venda de 12 Airbus A350-900 que ainda não pagou. Este gaúcho é impagável!


O presidente da TAP admite vender os A350 que deveria começar a receber em 2017 caso falhe o processo de privatização em curso.

Fernando Pinto, presidente da TAP, admitiu esta noite, em entrevista à SIC Notícias poder vir vender os 12 Airbus A350 que a companhia deveria começar a receber em 2017, aviões que a preço de tabela terão custado à companhia cerca de 2,7 mil milhões de euros, a preços de 2007.

"Os aviões novos estão adquiridos, esses aviões tem um valor muito mais alto no mercado do que foi pago, foram valorizados... muitas vezes, uma forma de fazer a sustentação da empresa é ir buscar essas mais valias que já se conseguiram", disse o presidente da TAP quanto questionado sobre se dispõe de um plano B no caso de vir a falhar a privatização.

Económico, 16/04/2015

Em outubro de 2012 escrevíamos neste mesmo blogue (BESTAP):

Quem comprar a TAP terá ou não que comprar os ativos, mas também as dívidas e as responsabilidades? Terá! E quais são?

Estimativa

  1. +950 milhões de euros: ativos tangíveis (aviões, etc.)
  2. +2.250 milhões de euros: cerca de 4.500 pares de Slots (2250 voos semanais: ±9000 Slots)
  3. -500 milhões de euros: capitais próprios negativos*
  4. -140 milhões de euros: prejuízos em 31 de agosto de 2012 (Sol)
  5. -2.325 milhões de euros: passivo acumulado (consultar o relatório e contas do grupo TAP**)
  6. -2.573 milhões de euros (12x215M-6,802M): encomendas firmes de 12 Airbus A350-900
  7. -127 milhões de euros: indemnizações para despedimentos.

    Total estimado: [1+2] 3.200 - [3+4+5+6+7] 5.792  = -2.592 milhões de euros
Nesta perspetiva otimista, a TAP vale -2.592 milhões de euros! Ou seja, é daquelas situações em que vendendo o grupo por 1€, significaria entregar ao comprador uma companhia a funcionar, mas com um buraco efetivo de mais de 2.500 milhões de euros :(
* O valor de capitais próprios negativos viria a ser oficialmente registado no Relatório e Contas de 2012 em -381 M€. O que se traduz numa correção do total anterior para -2.473 M€. No entanto, há que ter em conta que os Relatórios e Contas da TAP são de uma inconsistência conceptual e gráfica atroz! Por exemplo, em 2013 registavam 2.325M€ de passivo, o El País escreve em 19/9/2014 que o dito passivo acumulado é de 2.400M€ (mais 200 milhões do que em 2012), e agora a TAP, com contas revistas pelos rapazes do costume, afirma que a dívida é só de mil milhões. Então, em dois anos abateu-se a dívida em mais de mil milhões de euros, e não houve garrafas de Moët & Chandon a explodir pelas redações da RTP, da SIC e da TVI? O gaúcho esquecer-se-ia de ocupar as primeiras páginas de todos os jornais da província lusitana, com uma notícia destas? Não façam de todos nós parvos!
** Este LINK morreu, e assim desapareceu o valor do passivo acumulado de 2011 à época reportado: -2.325 M€. Esta cifra foi misteriosamente substituída nos relatórios agora disponíveis, pela cifra -1.231 M€. Para onde foram 1.366 M€?

Alguém comentou então que os 2.573 milhões de euros de responsabilidades relativa à aquisição dos A350 era um ativo, e que assim sendo deveria ter um sinal + atrás, e não um sinal menos. Respondi que seria assim se, e só se, a TAP fosse solvente. Caso contrário correria o risco de os aviões estarem prontos para entrega (em 2017) mas não ter como pagar os novos leasings.

A prova está na sugestão desesperada ontem sugerida por Fernando Pinto: vender as encomendas dos Airbus A350...

Depois da falência do GES/BES e das investigações que recaem sobre o Crédit Suisse, os dois bancos que suportaram financeiramente a encomenda firme dos 12 Airbus A350-900, e que por isso exigiram a sua presença no processo de privatização da TAP, e depois ainda do fim do crescimento rápido dos chamados países emergentes, com especial destaque para o Brasil, Angola, Rússia e China, a TAP não tem, pura e simplesmente, dinheiro para pagar estes aviões, com ou sem greve dos pilotos.

A compra dos A350 traduzia um estratagema: se se fizesse crescer a TAP, sobretudo com unidades wide-body seria ser preciso construir um novo aeroporto! Doze aviões para reforçar as ligações com o Brasil e Angola, e ainda para ligar Lisboa a Pequim, Macau e Tóquio era, pois, a estratégia do BES, da Mota-Engil, com Jorge Coelho no posto de comando operacional, da GEO Capital, do senhor Ho e cuja AG é presidida por António Almeida Santos, e ainda da parelha António Costa-Manuel Salgado, que presidia e ainda preside aos destinos da Câmara Municipal de Lisboa. O novo presidente da autarquia é um vigário do velho PS.

A treta da passagem de posição dos A350, com grandes mais-valias para a TAP, não passa de mais uma aldrabice. Porquê? 

Porque as encomendas estão todas feitas, e não há lista de espera. Em 2015, até à data, foram encomendados ZERO A350...

E mais: a treta sobre as mais valias relacionadas com a circunstância de as aeronaves de fabrico mais recente serem tecnologicamente mais avançadas não faz sentido nenhum. Até à data apenas foram entregues dois aviões A350 (à Qatar Airwys).

Se a TAP não pagar o que deve à Airbus, com garantias prestadas pelo ex-GES e pelo Crédit Suisse, será o Novo Banco e o Crédit que terão de abrir os cordões à bolsa. E aí toda a gente quererá saber quanto e onde pára a dívida real da TAP. É um caso em tudo semelhante ao GES/BES, mentiras com aval de estado!

A Globalia/ Air Europa ao ter furado o compromisso de confidencialidade, dando uma notícia bombástica à imprensa espanhola, está a fazer um sério aviso à navegação, e a tocar à campainha das autoridades da concorrência e de vigilância financeira europeias....

A estratégia, como avisámos vezes sem conta, iria falhar, e falhou.

O negócio principal da TAP, como da economia portuguesa em geral, está na Europa, e na Europa não se voa com A350, mas sim, com os Airbus A319, A320, A321, A330, os Boeing 737-300, 737-700 e 737-800, e aviões mais pequenos, como os Embraer brasileiros. Logo, findo o boom dos emergentes, e estando a TAP na situação de uma empresa insolvente, os 12 Airbus A350 não servem para coisa nenhuma. Resta saber que mais valias poderá a TAP obter ao tentar desfazer-se, agora, de tamanho cutelo financeiro pendurado em cima de Fernando Pinto, dos caras de pau que integram a turma de administradores da empresa, dos piratas de governo que tiveram sucessivamente o abcesso da TAP ao colo.

German Efromovich só está interessado na TAP para poder transferir os Slots que a TAP detém na Europa para a Avianca. Capiche?

Só há uma solução para a TAP que não destrua o instrumento estratégico de que dispomos ao ter uma companhia de bandeira: encerrá-la num domingo, e a reabri-la na segunda-feira seguinte sob um novo enquadramento jurídico. Ou seja, é preciso equacionar nas próximas semanas uma RESOLUÇÃO DA TAP: todos os administradores despedidos sem indemnização, ativos tóxicos chutados para uma qualquer lixeira chamada TAP MÁ, criação da NOVA TAP, com apoio financeiro temporário e condicional de Bruxelas e do BCE, redefinição estratégica da empresa, reestruturação da empresa, e só depois, venda de 51% da mesma ao capital privado, desde que haja candidatos com ideias ajuizadas e capital fresco para investir.

Atualização: 17/04/2015 18:37 WET


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quinta-feira, abril 16, 2015

TAP: Globalia denuncia privatização obscura

2014: Air Europa: 9,6 milhões de passageiros; TAP: 11 milhões

Qual é o grau de exposição do Novo Banco (ex-BES) e da Caixa à TAP?


A pseudo privatização da TAP
  • Avianca — fora
  • Globalia — fora
  • Azul — fora
  • Germán Efromovich/Synergy — fora? (esperemos bem que sim!)
Na iminência de uma greve de dez dias, que poderá levar a TAP definitivamente ao fundo, o governo deve esclarecer imediatamente se ainda há, ou não, algum pretendente credível à privatização da TAP, e se tentou, ou não, que os candidatos à privatização pagassem, por baixo da mesa, dívidas escondidas da empresa, nomeadamente ao ex-BES e à Caixa Geral de Depósitos.
“Nosotros hemos desistido ya de esa idea, no se puede comprar una empresa con tanto endeudamiento que no puedas sanear y gestionar tú. No podemos invertir y quedarnos esposados de pies y manos. Al no poder manejarnos con criterios privados hemos desistido”, ha asegurado Hidalgo en un encuentro con prensa especializada.
...
“Solo el grupo brasileño colombiano del empresario Germán Efromovich, Synergy Group, mostró interés por la aerolínea lusa pero su oferta, de unos 340 millones de euros, fue rechazada por los órganos gubernamentales del país.”


Europa Press. 15/04/2015 - 10:02 Actualizado: 11:09 - 15/04/15. elEconomista.es


Pilotos marcam greve de 10 dias e fazem tremer privatização da TAP
Negócios, 15 Abril 2015, 19:52 por Celso Filipe

Os cerca de 500 pilotos da TAP presentes no plenário do Sindicato dos Pilotos da Aviação Civil (SPAC) marcaram uma greve de 10 dias que começará a 1 de Maio e terminará a dia 10, ou seja, cinco dias antes da data-limite que o Governo fixou para os candidatos à compra de 66% da companhia apresentarem as suas propostas vinculativas.
Há fortes suspeitas de que sucessivos governos, incluindo o que está em funções, têm andado a subsidiar ilegalmente a TAP, nomeadamente através da Parpública, do ex-BES, do Novo Banco, e da Caixa Geral de Depósitos.

Estas dívidas acumuladas, com garantias do estado, não aparecerão todas nas contas oficiais da empresa e, ao que parece, o governo, através do ministro Pires de Lima e do secretário de estado Sérgio Monteiro, estariam envolvidos na tentativa de 'vender', por baixo da mesa, estas responsabilidades ao próximo dono da TAP. A notícia, posta recentemente no ar, de que o resultado oficial da venda da empresa poderia ser mais magro do que o esperado teria, aliás, que ver com esta operação, a qual, a ser verdade, colocaria o governo português numa situação explosiva.

Cabe a Pires de Lima desmentir o que claramente decorre da notícia do elEconomista, e do comunicado do Sindicato dos Pilotos da TAP:
19. A TAP e o Governo procuram valorizar artificialmente o Grupo TAP perante os potenciais investidores, encobrindo os prejuízos exorbitantes que os seus gestores lhe infligiram.
...
23. O valor dos depósitos bancários do Grupo TAP apresentava, em 1 janeiro de 2015, um saldo positivo de 234 milhões de euros.
[Ou seja, quem paga as dívidas que vencem este verão?]
...
25. O Governo prefere entregar graciosamente o capital de uma empresa que transporta a bandeira nacional a interesses privados estrangeiros, que em nada contribuíram para a sua construção e que não têm incentivos para a retenção da sua base em território nacional, no longo prazo, à semelhança de outras grandes empresas nacionais privatizadas no passado.
O Costa do PS anda muito calado sobre tudo isto. Não percebo, aliás, a posição da Oposição a este respeito.

Tudo leva a crer que está informada, mas prefere assobiar para o ar, como fez durante o colapso financeiro do país. Sabe que a casa vai ser assaltada, sabe que o assalto está em curso, mas só depois da casa assaltada começa a berrar. E vem depois pedir o nosso voto, com ar de confraria de santos salvadores. De mim só levarão um grande manguito, com os cumprimentos cordiais do Raphael Bordallo Pinheiro!

Ao contrário da propaganda governamental, que a indigente média indígena amplifica sem qualquer contraditório, os pilotos suspenderão a greve se o governo cumprir o que prometeu, e sobretudo se o governo demonstrar que o processo de privatização da TAP não é, afinal, uma farsa que vai acabar da pior maneira.
C. Os Pilotos manifestam a sua disponibilidade para desconvocar a greve no exato momento em que sejam assegurados de forma inequívoca os direitos acima considerados.
A Globalia, um grupo de turismo espanhol, que arrecada mais de três mil milhões de euros por ano, e que detém uma companhia aérea, a Air Europa, que já compete com a Iberia, e que transportou 9,6 milhões de passageiros em 2014 (a TAP transportou 11 milhões), poderá ser a grande beneficiária do mais que provável colapso da TAP, e sem ter que se meter na trapalhada nebulosa da pseudo privatização da companhia. Basta-lhe que a empresa cesse pagamentos, que a Comissão Europeia intervenha, e que os Slots da Portela fiquem disponíveis. Depois é só alugar uma dúzia de Airbus e contratar os pilotos da... ex-TAP! Capiche?


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quarta-feira, abril 15, 2015

TAP volta a borregar privatização

A TAP não vale zero, como o governo tenta fazer crer à populaça

Este governo perdeu a oportunidade de privatizar a TAP


Sempre aqui defendemos a inevitabilidade da privatização da TAP. Mas sempre escrevemos que o processo de privatização deveria ser precedido pelo saneamento financeiro da empresa, pela reestruturação da sua gestão, e em geral por uma redefinição estratégica da empresa tendo em conta a aproximação rápida do Peak Oil (2010-2030) e a concorrência manifesta das companhias Low Cost, cuja estratégia antecipa o impacto previsível do pico petrolífero e dos fenómenos concomitantes: fim do crescimento rápido das economias, perda de salários e do poder de compra em geral, desemprego, deflação, endividamento privado e público insustentável, sucessivas crises financeiras.

No caso específico da TAP, e do mal chamado TGV, a Blogosfera refletida neste blogue olhou para a área dos transportes de forma integrada, tendo sempre no horizonte a crise sistémica para que fomos chamando a atenção desde fevereiro de 2006.

As ideias aqui expostas foram claras:
  1. prioridade ao transporte coletivo;
  2. alinhamento da rede ferroviária portuguesa com a rede ferroviária europeia (vulgo, de bitola europeia), conferindo primazia às ligações transversais entre as regiões de Lisboa e centro-norte, e a rede espanhola/europeia de bitola europeia de alta velocidade e transporte de mercadorias;
  3. reforço do transporte elétrico nas cidades, nas periferias urbanas e entre cidades;
  4. reestruturação da TAP, com inclusão do modelo Low Cost nas ligações europeias (reestruturação profunda e spin-off);
  5. oposição à construção de novos aeroportos, e aposta na requalificação dos existentes;
  6. reforço dos portos e da sua interoperabilidade com as redes ferroviárias europeias.
O atual presidente da TAP, Fernando Pinto, está em Portugal há quase quinze anos, tendo saído da falida Varig e da falida VEM para a TAP no ano 2000, com a missão de preparar a privatização desta empresa. Pelo caminho participou no processo de aquisição da referida empresa de manutenção aeronáutica, em que intervieram a TAP, isto é, o governo da altura (PS), e a empresa macaense do senhor Stanley Ho, a GEO Capital, com interesses na Alta de Lisboa e a quem o PS terá prometido uma cidade radiosa.

Os prejuízos da ex-VEM, hoje TAP Maintenance & Engineering, ao longo de mais de uma década, são em parte responsáveis pela ruína da TAP. O esforço de crescimento da empresa, à revelia de uma visão realista do negócio, apenas para promover artificialmente e provar o esgotamento da Portela e a necessidade de um novo aeroporto, foi o segundo pilar da hoje reconhecida falência da empresa.

O terceiro e último pilar que ruiu, abrindo portas ao colapso inevitável da TAP, foi a pré-falência do Estado, a qual empurraria o PS para fora do governo, exigindo um programa de resgate e a presença dos credores em Portugal para gerirem a mesa orçamental. As dívidas escondidas foram postas a nu e proibiu-se o financiamento clandestino, nomeadamente via Parpública, da TAP e de outras empresas públicas, verdadeiras vacas leiteiras dos rendeiros que tomaram de assalto o aparelho de estado e a democracia.

Fernando Pinto conseguiu, no entanto, fazer de Portugal um hub para as ligações entre o Brasil e a Europa. É um mérito que lhe deve ser reconhecido.

A coligação andou bem até despedir Álvaro Santos Pereira. E andou razoavelmente bem na área financeira —gestão da dívida, recapitalização bancária e resolução do BES—, em parte porque foi vigiada de perto e monitorizada pelo BCE, e ainda pelo grupo Rothschild.

No resto, onde a nomenclatura continuou a dominar, a manha predominou sobre a responsabilidade e as exigências do momento. O governo não atacou suficientemente as rendas excessivas da EDP, não renegociou a sério as PPP, não fez a reforma autárquica necessária, geriu com os pés a Administração Pública, o setor educativo, e a segurança social, congelou a ferrovia e empurrou a TAP para o buraco.

A coligação prepara-se para uma nova tentativa de privatização da TAP.

Os candidatos quase desapareceram do mapa depois de conhecerem melhor o caderno de encargos, a dimensão do endividamento da empresa, e os problemas sociais e jurídicos que se perfilam no horizonte. Nestas circunstâncias, a ideia de privatizar a TAP de qualquer maneira, por um euro, até ao início do verão, atirando a batata quente para o próximo governo, é inaceitável.

Mas se não o fizer, quem pagará os salários e as dividas da empresa?

Em que ficamos? Vai a Caixa Geral de Depósitos continuar a substituir o BES no financiamento mais ou menos camuflado da TAP? Qual é neste momento a exposição do banco público à TAP? Alguém se preocupa?

Estará o governo a contar com o famigerado plano Juncker para empurrar com a barriga o buraco da TAP por mais algum tempo?


REFERÊNCIAS

Não faltam candidatos para a compra da TAP! Ou por outra...

Globalia desiste da corrida à compra da TAP

«Desistimos da ideia, não se pode comprar uma empresa com tanto endividamento que não se possa sanear e gerir. Não podemos investir e ficar de mãos e pés atados. Ao não podermos gerir a empresa com critérios privados, desistimos», assegurou o responsável num encontro com a imprensa.

TVI24, 15/4/2015, 09:54

Fecho da privatização da TAP sobra para o próximo governo
O Governo quer decidir o vencedor da privatização da TAP a 30 de junho. Mas o processo ficará pendurado nos reguladores, pelo que já será o próximo governo a pôr o carimbo final. O PS põe em causa a legitimidade do processo e diz que o próximo Executivo fica condicionado em operações que contesta.

Expresso, 18:00 Segunda feira, 13 de abril de 2015.

O alto preço pago pela Espanha por não ter reestruturado a Ibéria a tempo e horas.

'Iberia sigue viva, todo lo demás se ha perdido'

EL MUNDO/ JUSTO PERAL: Cuando empecé como jefe de la sección sindical en noviembre de 2007, Iberia era muy distinta a lo que es hoy. Aquel año ganó 327 millones de euros, acababa de estrenar su nuevo 'hub' en Barajas, contaba con una flota de más de 140 aviones de largo corto y medio radio y una plantilla de 22.000 personas. Pero cuando llegó el momento de negociar los cambios vimos que el plan era distinto y que IAG utilizaría los activos de Iberia para salvar British Airways y su déficit millonario con el fondo de pensiones de sus empleados, sin importar si eso suponía el cierre de Iberia. Nadie, ni el Gobierno ni los medios de comunicación nos creía.

El Mundo, 26/10/2014.

Atualização: 15/4/2015, 10:41 WET


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terça-feira, fevereiro 24, 2015

Voos Low Cost varrem TAP e SATA

É politicamente incorreto, mas funcionou ;)


O email ultrapassou o snail mail 

as low cost paparam as companhias de bandeira


Base da Ryanair em Ponta Delgada abre no final de Março

Jornal de Negócios. 24 Fevereiro 2015, 12:43 por Sara Ribeiro

A base da Ryanair em Ponta Delgada vai abrir a 29 de Março. Para o Inverno de 2015 a Ryanair vai lançar sete novas rotas, que vão gerar 6,7 milhões de clientes por ano e suportar 6.700 empregos. Um reforço que vai no seguimento dos objectivos pessoais do CEO: “Ser a companhia número 1 em Portugal daqui a quatro anos”.

Low Cost Portugal, objetivo: conquistar 60% do mercado (40% à TAP e SATA)

Prejuízos estimados da TAP e SATA neste rombo: dois a três mil milhões de euros.
Quem quer casar com a Carochinha, perdão com a Menina TAP, quem é?
Eu diria que uma boa dúzia de inúteis, que espatifaram a TAP ao longo dos últimos quatorze anos, e deram muitos milhões a ganhar aos rentistas e devoristas do reino, deveriam ser rapidamente destapados e enviados num carrro celular para Évora.

TAP e British Airways já deixaram de fazer a ligação Londres-Funchal. Capiche?


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segunda-feira, fevereiro 23, 2015

TAP boa e TAP má

TAP—aviões parados durante uma greve (2014)

 

TAP perde dinheiro com ‘fuel hedging’


Quem vai suportar as apostas erradas da TAP no hedging do combustível?
“Actualmente, a sobretaxa de combustível cobrada pela TAP custa 43 euros nas viagens de médio curso e 165 euros no longo curso.” — Público, 20/02/2015 - 08:53.
Novas quebras de competitividade com as Low Cost?
Mais 150 milhões a esconder debaixo do tapete da dívida pública?
Não somos a Grécia, dizem.
Não parece!

A TAP, cujo CEO foi contratado há mais de uma década para privatizar a companhia continua a filosofar um esperanto cada vez menos compreensível, enquanto as araras parlamentares palram do que não sabem, defendendo sempre as conveniências eleitorais do momento.

E o momento recomenda-lhes despachar, uma vez mais, a batata quente da privatização da TAP para o próximo governo. A fatura do adiamento subirá pois mais uns milhares de milhões de euros, a endossar ao contribuinte, invariavelmente entretido com os magnos assuntos do Futebol.

Não conheço o novo Caderno de Encargos da privatização, mas presumo que foi desenhado para fazer borregar o leilão.

Só há uma hipótese de a TAP permanecer uma empresa pública: separar a TAP má da TAP boa.

Para tal bastaria criar uma nova empresa, com um nome ligeiramente diferente (PA—Portugal Airlines, por exemplo), onde o estado asseguraria a maioria do capital e gestão totalmente independente, dispersando em bolsa 49% da propriedade da empresa, enquanto os ativos tóxicos e a dívidas da TAP má seriam negociadas, renegociadas, renunciadas, recicladas, incineradas, em suma, desfeitas ao longo de uma ou duas décadas. 

Se os chineses o fazem, por exemplo na Three Gorges, porque não podemos nós fazê-lo? A Europa não deixa? Mas a Europa somos nós!
“In Sept 2002, CTG, as the initiator, established its sub company, China Yangtze Power Co., Ltd. (CYPC), which was assigned to manages the two hydropower plants CTG has, i.e., Gezhouba and Three Gorges hydropower plants. It began to be listed in Shanghai Stock Exchange (SSE) as Yangtze Power Stock A on 18 Nov 2003.” — Three Gorges Corporation.


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quinta-feira, fevereiro 12, 2015

Uma bomba-relógio chamada TAP

Fernando Pinto, contratado pelo governo protuguês em 2000 para privatizar a TAP

Uma TAP de dívidas, encargos e segredos insustentáveis


Governo quer anunciar vencedor da venda da TAP em final de junho
Observador. 11/2/2015, 20:17

Secretário de Estado dos Transportes espera anunciar em final de junho o vencedor do processo de privatização da TAP, que terá de capitalizar a transportadora aérea nacional em 300 milhões de euros.

Ora vamos lá por partes

Plano de reembolsos da dívida de médio-longo prazo da TAP relativamente a 2012 e anos seguintes (Relatórios e Contas, 2006): 401.602.272€.

O Sérgio das PPP diz que são precisos 300 milhões para capitalizar a TAP. São mais, não é?
Talvez fosse prudente duplicar o número oficial, para chegarmos mais perto da verdade: uns €600 milhões para começar... pois ninguém no seu perfeito juízo vai comprar uma empresa sem um plano de reestruturação, ou sem contabilizar este impacto no custo do investimento. Isto para não mencionar sequer custos escondidos debaixo dos vários tapetes onde era habitual esconder dívida das empresas públicas — Parpública, Caixa Geral de Depósitos, etc. Por exemplo, que é feito do pagamento da PGA ao BES, no valor de 144 milhões de euros, e intermediada pelo então cor-de-rosa Millennium BCP?

Dúvida

Irá a ANA Vinci escavacar a Pista 17/35 (1), fundamental à segurança do aeroporto da Portela, atirando ao lixo centenas de milhões de euros gastos recentemente (2004-2010) na melhoria desta pista (iluminação da mesma), em novas placas de estacionamento, em duas novas saídas rápidas e um cruzamento de "taxi" na Pista 03/21, e mais de uma dezena de novas mangas telescópicas, acessos a parques de estacionamento, etc.?

O argumento da necessidade de espaço para estacionamento dos A350 quando estas aeronaves poderão nem chegar a Lisboa —no caso, por exemplo, da privatização da TAP borregar mais uma vez— é, no mínimo, imprudente.

Que estará a ANA Vinci a dizer ao governo ao lançar este balão temerário para o ar?

Que quer ir já para o Montijo? Ou andará alguém a zurzir os bolsos dalgum facilitador da ANA Vinci para a célebre narrativa do esgotamento da Portela e da necessidade do NAL seja onde for, desde que seja grande, e se possa ganhar muito dinheiro com especulações de terrenos e betão?

Foi assim que a Tríade de Macau montou a narrativa da Ota, depois de o distraído Cravinho ter engolido a fantasia dos aviões a caírem aos trambolhões na capital (ver relação de acidentes aéreos). A única aeronave que levantou voo da Portela e caíu na cidade foi objeto de sabotagem e matou um primeiro ministro, um ministro da defesa, acompanhantes e tripulação.

A TAP, a PGA e a SATA estão substancialmente falidas

Estão falidas e vivem de sucessivos balões de oxigénio orçamental que os portugueses pagam com a famosa austeridade, contra a qual os sindicatos e a pseudo esquerda partidária, ao mesmo tempo que enchem o peito de patriotismo hipócrita, reclamam.

O argumento patriótico sobre a necessidade de manter estes centros de custos e corrupção no balanço da dívida pública deixou de convencer e não é mais tolerado pelo Eurogrupo. E o Eurogrupo tem sempre razão, não tem, senhor Presidente da República?

Além do mais, alimentar empresas públicas insustentáveis à custa da ruína de toda uma classe média não é certamente uma ideia com grande futuro.

Passa-se com a TAP-PGA-Sata, o mesmo que ocorre na Refer, na CP-Carga ou na RTP: existem em toda a parte do mundo alternativas privadas que funcionam melhor, que são mais baratas, e que não pesam diretamente nos bolsos dos contribuintes — nomeadamente em mau serviço, preços caros, indemnizações compensatórias e outro contrabando orçamental. A menos que enveredemos por um sistema comunista fechado, perder tempo com estes dossiês apenas implicará maiores custos para todos nós—menos estado social, maior insanidade fiscal, mais falências e mais desemprego sistémico.

O previsível colapso da TAP —falência declarada inclusive— deixará os famosos doze Airbus A350-900, originalmente encomendados pela gloriosa TAP da Tríade de Macau, no estaleiro, a menos que alguma grande companhia resolva adquirir a TAP e de caminho aproveitar para ficar com a posição na encomenda dos Airbus. Por 600 milhões de euros, transformando a TAP numa Low Cost europeia e intercontinental especializada nos mercados da América Latina e África, até pode ser um bom negócio!

De contrário, ou seja, com uma TAP a arrastar prejuízos e a perder voos e rotas para as Low Cost, que pagam menos taxas, a ANA Vinci irá reclamar indemnizações ao estado português pela perda de receitas causada pela crise na TAP.

Talvez seja esta a mensagem que o balão da destruição da Pista 17/35 pretende transmitir aos decisores políticos.


NOTAS
  1. A destruição da pista 17/35 é um erro crasso.

    Mas porque razão é um erro crasso destruir a pista 17/35, apesar desta ser utilizada em apenas cerca de 4% dos voos? Resposta: porque a pista 17/35 reforça a fiabilidade do aeroporto da Portela.

    Por vezes as condições meteorológicas podem dificultar, ou tornar menos confortável para os passageiros, o uso da Pista 03/21 (a principal). Nestes casos a navegação aérea pode então encaminhar as aeronaves para a pista 17/35, optando por uma direcção da aterragem diferente da direção da pista principal.

    O aeroporto da Portela tem uma excelente fiabilidade, raramente encerrando por causa de condições meteorológicas adversas. Mas para conservar a fiabilidade elevada do aeroporto é fundamental contar com as duas pistas construídas em 1962, que sempre deram excelente conta do recado.

    Encerrar a pista 17/35 iria, portanto, diminuir a fiabilidade da Portela—erro crasso, portanto.

    O aeroporto da Portela é dos mais pontuais da Europa. Basta observar as tabelas internacionais para o confirmar.

    Encerrar a pista 17/35, nomeadamente em dias de ventos cruzados fortes, teria como consequência inevitável o desvio de aviões para outros aeroportos e a perda, com prejuízos óbvios, da fiabilidade de que a Portela sempre gozou ao longo de mais de 50 anos.

quarta-feira, janeiro 28, 2015

Batata quente da TAP vai explodir no próximo governo

Tal como a PT, a TAP é um fruto podre do senhor BES e do... PS


Pelo andar dos carroceiros, a TAP vai mesmo falir durante o próximo mandato. Trata-se de uma batata quente do tamanho ou maior ainda que a PT, e foi vítima dos mesmos pontapés que atiraram o BES e a Portugal Telecom para o charco, arrastando atrás de si centenas de empresas, e milhares de especuladores e incautos.

O BES e o Crédit Suisse, dois grupos financeiros conhecidos e abraços com a Justiça, por causa das suas piratarias de alto coturno, eram os fiadores, e os consultores, para quase tudo, da TAP. Foram estes banksters, por exemplo, que aconselharam o Governo, nomeadamente através do senhor Arnaut, do senhor Relvas e doutra corja da mesma laia, no processo de privatização abortado da TAP.

Convém recordar que o BES (ESI), antigo dono da Portugália Airlines, impingiu a PGA à TAP no tempo do Pinóquio Sócrates, mais precisamente em 2006—por cento e quarenta milhões de euros.

Por fim, relembro que o gaúcho Fernando Pinto foi contratado milionariamente, no ano 2000, para privatizar a TAP, transitando para esta companhia duma extinta empresa chamada Varig, de que a VEM era parte integrante e que, adquirida pela TAP em 2007, por 500 milhões de euros, num negócio que conviria investigar, pois até envolveu a Geocapital, de que Almeida Santos ainda é o presidente da respetiva Mesa da Assembleia Geral, nunca deixou de dar enormes prejuízos ao Grupo TAP, ano de 2014 incluído.

Creio mesmo que a operação TAP, apesar de mal orientada estrategicamente, pois não se preparou para a emergência das companhias Low Cost, tem sido mais ou menos rentável, mas os lucros obtidos têm servido sistematicamente para tapar o buraco sem fundo da agora designada TAP Maintenance & Engineering. Alguém colocou alguma vez a hipótese de estarmos na presença de um sistema de vasos comunicantes, onde os prejuízos circulam num sentido, e os lucros noutro?

Reproduzo, a propósito dos últimos desenvolvimentos do fogo fátuo em volta da segunda tentativa de privatização da TAP, a opinião de um leitor atento...

TAP - Uma privatização à grega
Avianca não entrega proposta para compra da TAP.
       
Segundo o Económico, o colombiano não está muito inclinado a entregar proposta para compra da TAP.

Parece pois que as coisas irão orientar-se para que a bomba-relógio vá cair direitinha nas mãos do PS quando este chegar a governo lá para o final do ano.

Como já se disse, a maturidade máxima do negócio do Gaúcho ocorreu no dia em que a Ryanair começou a operar em Lisboa. Parece que esta constatação é de alguma forma incontestável pois, segundo o relatório trimestral da TAP, o 3º trimestre, em vez de demonstrar um bom desempenho, revelou-se dececionante, e o 4º trimestre, com as paralizações, também não ajudou. Ainda faltam os dados do final do ano de 2014, que deixam antever, porventura, um cenário ainda mais complicado.

A receita por milha voada/ passageiro está claramente em queda, o que implica níveis de rentabilidade do próprio negócio em declínio. Eventualmente a Carga Aérea poderia dar uma ajuda. Mas apesar da competição na Portela ser reduzida, as coisas na TAP não se equilibram, ne por aqui.

A indecisão do colombiano decorre do acompanhamento do processo que se fez em 2012.
As condições de concurso foram substancialmente alteradas, sendo evidente na posição do colombiano que o seu interesse na TAP dependeria da total liberdade na área do pessoal. Como existem restrições em matéria de despedimentos e de rescisões de contratos, morre a margem de manobra para restringir a despesa.
Não será preciso perceber muito de gestão para entender que os efeitos são mais imediatos atuando diretamente na despesa, do que na receita, sabendo que esta (a receita) demora muito mais tempo a concretizar-se, para mais numa indústria altamente competitiva, onde as vantagens da TAP no médio curso (de onde provêm 60% das receitas) são praticamente nulas. Resta, pois, à TAP explorar a rota Lisboa-Terceira, que a Ryanair não disputará tão cedo.

O Diário Económico de ontem revela que as Low Cost (Ryanair, etc.) estão especialmente satisfeitas com os níveis de reserva conseguidas para Ponta Delgada, o que coloca a SATA numa situação especialmente desconfortável, pois as rotas para Ponta Delgada foram em tempos dadas à SATA como nicho protegido de mercado (à TAP deram a Terceira). A SATA é, assim, outra bomba-relógio, que deverá rebentar no futuro governo (PS?), e ainda durante a vigência do atual Governo Regional dos Açores (PS), que reivindicou publicamente a última vitória eleitoral do PS nos Açores como resultado da sua boa governação. Houve foguetes, champanhe a rodos, coisa de arromba. Vamos ver agora como irá acabar a festa.

No tocante ainda à TAP e à Terceira, a saída dos americanos das Lajes vai trazer complicações várias à economia da Terceira e do Açores. Mais uma bomba nas mãos do PS. Como é a TAP que opera na Terceira, com o poder de compra do pessoal em baixo, também não haverá muito dinheiro para a compra de bilhetes em aviões da TAP. Como em Porto Santo, vamos assistir a outro kaput da operação TAP nas ilhas adjacentes.

Talvez a Ryanair venha um dia a estar interessada na operação Lisboa-Terceira. Será que uma frequência de dois voos semanais poderá interessar-lhes?

E no meio disto tudo temos ainda o Montijo.

A Vinci quer maximizar os lucros na Portela. A TAP, para a sua sobrevivência, quer as Low Cost fora da Portela, coisa que no passado conseguiu através dos obstáculos colocados pela ANA às companhias Low Cost, mas que agora numa lógica de lucro rápido, não há como pressionar...

A TAP, ao restringir a sua operação ao mini-hub da Portela, por efeito evidente da concorrência e da falta de aviões que não deixem cair porcas pelo caminho, será uma má notícia para a Vinci. Esta irá certamente colocar mais pressão sobre o futuro governo. Imagino que no contrato assinado entre o governo e a Vinci tenham sido estabelecidas cláusulas de salvaguarda sobre tráfego, obrigando a compensações públicas caso a dminuição do mesmo seja imputável à TAP. Se é assim nas auto-estradas, não vejo que para a Vinci seja de outra forma.

A Vinci está, pois, muito atenta ao processo de privatização da TAP, bem como às opções futuras da TAP, nomeadamente em matéria de gestão. A falência da TAP é certamente um dos cenários que a Vinci tem em cima da mesa. Qual será o cenário da Portela e do Porto se a TAP fechar num dia e abrir no outro com uma nova configuração, onde haja uma redução de rotas? Estima-se em dois anos o tempo que leva outras companhias aéreas a ocuparem inteiramente o espaço deixado por uma companhia que faliu. Dois anos para a Vinci, com contas ao dia, é certamente muito tempo.

Vamos ver se a malta ainda não terá de entrar com o caroço para a Vinci. É claro que se pode agradecer ao BES/ESI, ao Gaúcho e ao Sérgio, se tal vier a ocorrer!

Apesar da queda do preço do petróleo, a TAP ainda cobra a "taxa de combustível".

Imagino que o Gaúcho lançou mão daquilo que ele diz ser o hedging, ou seja, um seguro para compra de Jet Fuel a determinado preço. Um swap no seu melhor! Ou seja, a TAP terá feito um seguro de combustível para preços superiores aos atuais, e agora está a pagar mais do que deveria pelo Jet Fuel. Deve ser por algo deste género que a malta que viaja na TAP, ao contrário de outras companhias aéreas, continua a pagar esta espécie de taxa FP. Como esta houve e há ainda outra que se chama VEM...

R.

PS. Num cenário de falência da TAP, ou de eventual privatização, cada vez mais afastada, a empresa simplesmente deixará de operar em Faro. Por sua vez, o destino da frota e do pessoal da PGA está traçado: não se podendo despedir pessoal, quem é que vai ter que os suportar durante dois anos sem fazerem nada? Acertaram! Será a TAP.

R.

terça-feira, dezembro 16, 2014

TAP — Era uma vez...



Mas não foi Mário Soares que quis entregar Macau aos chineses antes de tempo?


Na fúria de vender o país a qualquer preço, o governo resolveu vender também a TAP, que é um dos grandes símbolos nacionais. Fá-lo porque só tem por objetivo obter receitas a qualquer preço. É o único critério que o move.

Contudo, a TAP é um instrumento fundamental de afirmação da nossa política interna e de todos os países lusófonos.

Este governo não tem nenhuma cultura lusófona e não entende, de todo, a importância que têm para Portugal os países independentes que falam a nossa língua. Neste mundo global, onde somos a quinta língua mais falada do mundo, perder o controlo deste instrumento de soberania que é a TAP é de extrema gravidade.

Mário Soares. "Uma greve patriótica". DN 16 dez 2014.

Não são as principais companhias aéreas do mundo, nomeadamente as americanas, privadas? Não é a Lufthansa privada? Não está a Iberia ligada à British Airways e à Vueling, e a Air France associada à KLM e à Alitalia, etc., etc.?

Não foi o gaúcho Fernando Pinto contratado, no ano 2000, pelos ministros Jorge Coelho e Pina Moura, para privatizar a TAP?

Não foi a TAP avisada ao longo dos últimos oito anos, nomeadamente por mim, sobre a necessidade urgente de uma reestruturação que a tornasse competitiva face ao novo panorama da aviação comercial pós-11S, e nomeadamente face ao ascenso inexorável das companhias de voos ponto a ponto Low Cost? Não foi escrito tantas vezes que a TAP precisava de parceiros e de uma privatização que preservasse uma presença mínima de capital português e até de capital público na futura empresa, mas que as coisas tinham que ser feitas, e que os adiamentos só tornariam as coisas bem mais difíceis?

Em que quimera vive este senhor Mário Soares?

É bom registar mais esta sua declaração do Além, para memória futura. O socratino e desajeitado Costa, apesar de ser transportado no andor da imbecilidade indígena, já deve ter as orelhas a arder!

Nota bene: Passos Coelho, através do seu secretário Sérgio Monteiro (o homem das PPP), chegou a declarar em Setembro passado que a privatização da TAP só seria efectuada depois das eleições. A ideia era transferir, como sempre os governantes que fomos tendo e temos adoram fazer, o problema para quem viesse depois. Mas entretanto ocorreu algo inesperado para alguns: o BES faliu, a Parpública foi proibida de injetar mais dinheiro dos contribuintes na TAP, e o eterno saco azul da Caixa Geral de Depósitos (que um dia será investigado) está sob forte vigilância e também não pode 'ajudar'. Numa palavra: a TAP está falida e insolvente. Desatou a vender aviões, e em breve não terá dinheiro para pagar aos seus trabalhadores, nem aos seus fornecedores, arriscando-se a ver aviões retidos num qualquer aeroporto do planeta, por falta de cash. A jogada de forçar o recém empossado presidente da Comissão Europeia, Claude Juncker, a safar os amigos portugueses não terá sucesso. O pobre deve andar bem mais preocupado em safar a sua própria pele!

Já repararm que uma greve geral na TAP durante quatro dias representa uma apreciável poupança de tesouraria — no preciso momento em que os cofres estão vazios? É que os voos Low Cost da TAP, com a estrutura de custos que a empresa tem, não pode deixar de ser uma farsa e um caso de provável sub-faturação...

POST SCRIPTUM

Republicamos a este propósito um artigo de Rui Rodrigues saído no Público em 2012

IBERIA RENDE-SE PERANTE AS LOW COST E ALTA VELOCIDADE
Público, 26 de Novembro de 2012
por Rui Rodrigues

Em Novembro de 2012, a Administração da Companhia Aérea espanhola, a Iberia, anunciou um rigoroso plano de reestruturação que vai obrigar ao despedimento de 4500 funcionários (23%), num total de 20 mil trabalhadores. Em cada três pilotos, um vai ser dispensado.

Os salários dos trabalhadores que continuam na empresa terão fortes quebras (25 a 35%), sendo congelados até 2016 e, no caso dos pilotos, os seus vencimentos terão uma redução de quase 50%. A empresa anunciou que vai encerrar as rotas que dão prejuízo e vai diminuir, no próximo ano, o número de voos em 15%, prescindindo de 25 aviões.

A data limite para terminar acordos com os Sindicatos é o dia 31 de Janeiro de 2013, pois a empresa está a ter perdas diárias de 1,7 milhões de euros, o que é uma situação insustentável.

Neste contexto, as rotas nacionais e europeias serão fortemente reduzidas ou abandonadas. Recentemente, parte deste serviço já tinha sido transferido para a sua filial Iberia Express.

O grupo IAG, a que pertence a Iberia associada à British Airways, está interessado em efetuar uma OPA a 100% à Vueling, companhia aérea de baixo custo. Será esta empresa que deverá explorar parte das rotas abandonadas. A opção de transferir uma quota do mercado das companhias tradicionais para as de baixo custo não é inédita.

A Air France anunciou, este ano, uma reestruturação que prevê transferir voos para a Transavia, subsidiária Low cost. A Lufthansa vai fazer o mesmo com a Germanwings.

A estratégia futura da Iberia passará por apostar mais nos voos de longo curso e abandonar as ligações para as cidades espanholas, que já estão ligadas à nova rede ferroviária de bitola europeia. Nas 40 rotas nacionais só duas ainda são rentáveis. Uma delas, é a ponte aérea Madrid-Barcelona, cujo tráfego caiu para metade desde o início da existência do comboio de Alta Velocidade (AV).

Tendo em conta a soma de postos de trabalho diretos, mais os indiretos que vão ser afetados, será provavelmente um dos maiores despedimentos de sempre em Espanha.

Em 2013, as alterações no espaço aéreo espanhol terão assim profundas mudanças e devem-se a várias causas. As principais são:

1.    Forte concorrência das companhias aéreas de baixo custo, Low Cost. Estas, nos 10 primeiros meses de 2012, já representavam 58,7% dos passageiros internacionais do país vizinho, estando o seu mercado mais concentrado para os destinos das Ilhas Baleares e Canárias, bem como a Catalunha. Os principais mercados emissores são o Reino Unido e Alemanha com 36,1% e 19,7%, respectivamente.

2.    O comboio de Alta Velocidade na nova rede de bitola europeia está a retirar mercado ao avião, em território continental espanhol. Nesta rede ferroviária, mais de 23 milhões de passageiros já utilizam o comboio de AV anualmente. Nos próximos anos, este valor vai aumentar à medida que mais linhas entrarem em serviço.

3.    O aumento do preço do petróleo e das taxas aeroportuárias em Barajas (112% em 2 anos), que é a principal base da Iberia.

Iremos analisar os 3 pontos mencionados.

CONCORRÊNCIA DAS LOW COST

A melhor imagem que se pode dar do mercado aéreo espanhol e do êxito das Low Cost é observar os valores do tráfego dos 10 primeiros meses do ano. De Janeiro até Outubro de 2012, considerando o mercado de Espanha para U.E.-Schengen, as companhias que mais passageiros transportavam eram:

1º - Ryanair com 11,4 milhões,
2º - Air Berlin 7 milhões,
3º - Vueling 5,1 milhões
4º lugar a Iberia com 3,6 milhões
5º - Easyjet com 3 milhões.

As três primeiras e a 5ª são Low cost. Estas posições eram impensáveis, pois, há poucos anos, a Iberia era a primeira. Muitos até diziam que as companhias de baixo custo não passavam de uma “moda” e que, mais tarde ou mais cedo, iriam desaparecer do mercado.

A gestão destas companhias aéreas Low Cost tem por objetivo reduzir os custos em todos os setores. Os gastos desnecessários são eliminados, excepto na manutenção e segurança - só existe classe turística, não são servidas refeições durante as viagens, os serviços em terra são reduzidos ao mínimo, porque a venda de bilhetes é efectuada através da internet, ou reserva via telefone, evitando intermediários.

Estas empresas geralmente utilizam um aeroporto base com baixas taxas, de onde irradiam os voos para os diferentes destinos, unindo 2 pontos entre si (ligações ponto a ponto). As tripulações, 6 pessoas por avião, pernoitam sempre na sua própria casa e raramente utilizam os hotéis dos destinos. Se se considerarem os 365 dias do ano, este procedimento permite uma enorme poupança de recursos.

Os aviões adquiridos são novos, para tirar partido da eficiência no consumo de combustível e é utilizado um só modelo, geralmente o A320 da Airbus ou o Boeing 737-800, o que possibilita uma enorme diminuição nos custos de formação e manutenção. Esta estratégia de redução dos gastos permite converter os ganhos em tarifas mais baixas.

O modelo de negócio das Low cost é mais eficaz até aos 2300 Km, desde a base em que operam. Acima deste valor, a rentabilidade do negócio é menor.

NOVA REDE DE BITOLA EUROPEIA

Está a ser construída, em Espanha, uma nova rede ferroviária de bitola europeia que já transporta mais de 23 milhões de pessoas, ligando mais de 20 cidades entre si. Os novos corredores já terminados, desde Madrid até Sevilha, Málaga, Barcelona, Valência e Valladolid, levaram à migração de milhões de passageiros do avião e viatura particular para o comboio, que agora é o modo de transporte mais utilizado, nos respetivos corredores, o que permitiu uma forte poupança de energia, pois a nova ferrovia é de tração elétrica e não depende do petróleo.

TAXAS E PREÇO DO PETRÓLEO

Nos últimos anos a AENA, empresa espanhola equivalente à ANA-aeroportos, efectuou avultados investimentos nos aeroportos de Madrid, Barcelona e Málaga, que atingiram um valor superior a 13 mil milhões de euros. Quando foram feitos os respectivos projectos, o crescimento de tráfego anual atingia uma média de 8%. Este valor levaria a que o tráfego mais do que duplicasse ao fim de 10 anos. Como o mercado diminuiu, as verbas gastas não tiveram o retorno esperado. Esta situação, obrigou a empresa a subir as taxas aeroportuárias e, de 2011 para 2013, o aumento será de 112% em Madrid e em Barcelona de 108% (fonte - AENA).

Caso se considere os custos totais para as companhias aéreas, o preço do combustível já representa 33%, as taxas aeroportuárias 12% e as taxas de navegação 6%. Os restantes 49% são outros gastos, necessários para o funcionamento das empresas (manutenção, pessoal etc).

O forte aumento das taxas em Barajas, vai levar à saída da Easyjet que ali tinha criado uma base e à redução de voos por parte da Ryanair.

A AENA está a gerir 47 aeroportos e 20 deles têm menos de 500 mil passageiros, por ano. Muitos devem ter um encerramento parcial para reduzir os custos.

Desde que as Low cost iniciaram a sua atividade, em Portugal, o seu mercado já se aproxima dos 40% e com tendência para aumentar. A TAP, seja privatizada ou não, vai ter que ser reestruturada brevemente, pois, a empresa tem tido prejuízos divulgados pela Imprensa, para além do elevado passivo acumulado. A estratégia da TAP deveria também passar pelo mercado de longo curso.

TENDÊNCIAS PARA O FUTURO

O preço do petróleo vai ser determinante nas opções futuras do mercado dos vários modos de transporte. A rodovia já paga, em vários países da U.E., quase 60% de impostos sobre combustíveis. Se os mesmos valores forem aplicados à aviação, as Low Cost estarão melhor preparadas para tal situação do que as companhias aéreas tradicionais.

As Low Cost como só efetuam ligações “ponto a ponto” desfizeram a estratégia da Iberia, que utiliza o aeroporto de Madrid como Hub. A nova rede ferroviária agravou ainda mais esta situação por ter desviado milhões de passageiros para o comboio. No futuro, o mercado vai cada vez privilegiar as ligações “ponto a ponto” em detrimento dos aeroportos Hub.

As grandes alterações que estão a ocorrer no transporte de pessoas na Europa e em Espanha permitem concluir que, para distâncias até aos 750 Km, o mercado de passageiros opta pela ferrovia e, no intervalo 750-2300 Km, cada vez mais pelas Low cost.

sexta-feira, dezembro 12, 2014

TAP sem dinheiro para salários

O grande estouro da TAP aproxima-se

TAP encerra rotas e vende aviões enquanto ministra das finanças pede socorro em Bruxelas

 

No BES demitiu-se o contabilista, e depois foi o que se viu. Na TAP demitiu-se há dias o diretor financeiro. Que virá a seguir a mais esta vítima do BES e do Bloco Central da Corrupção (+PCP)?

Enquanto as agências de comunicação encharcaram a imprensa e as televisões com a imagem de uma TAP apetitosa com pretendentes a salivarem do céu como verdadeiros príncipes encantados, a verdade é que a companhia viu secar as suas fontes de financiamento depois de a Troika ter terminado o financiamento disfarçado da Parpública e a torneira do BES fechar subitamente!

O modelo da TAP, cujo negócio principal está centrado na Europa não pode competir com as Low Cost (LC) sem uma profunda reestruturação que passa por concorrer efetivamente no segmento LC, pela alienação dos negócios fora do core business, e por uma racionalização drástica da empresa que implicará inevitavelmente uma diminuição do número de trabalhadores.

Não tendo sido reestruturada quando aqui nos fartámos de aconselhar, o negócio da TAP foi sendo literalmente comido pelas LC — primeiro em Faro, depois no Porto e Funchal, e finalmente em Lisboa e Ponta Delgada.

Em breve as LC usarão os Açores para se lançarem nos voos intercontinentais para várias cidades americanas: Lisboa — Ponta Delgada — Newark — Boston — Toronto — Miami — Los Angeles, etc., acabando com a sustentabilidade da SATA, que passará então a dedicar-se sobretudo aos voos inter-ilhas.

Empresas como a Alitália, Sabena e Swissair colapsaram de um dia para outro depois de arrastarem as pernas pelas secretarias do poder. Será que os sindicatos que decretaram a próxima greve da TAP saberão disto? Acreditarão que desta vez será diferente? Que mais uma vez serão socorridos pelos contribuintes depenados? Não repararam ainda que o país está mesmo falido?

Costa diz que é “extremamente perigoso” privatizar a TAP

Porquê? Explode? Não, implode!
António Costa, em vez de andar a dizer que quer um consenso pós-eleitoral, ao mesmo tempo que diz ter outra solução para a TAP, etc., porque não propõe desde já a sua solução para impedir a queda da TAP no buraco negro para que caminha? Ainda não ocorreu à sua cavidade craneana que a TAP em 2015 poderá já não existir?

Post scriptum 1

As companhias de bandeira de todo o mundo deixaram praticamente de voar para Portugal, por não poderem competir com as LC e porque Portugal deixou de ser um destino particularmente interessante para as companhias tradicionais, abraços com a dimuição imparável das suas margens de lucro. Este dado, como refere Hugo Zsolt* de Sousa num oportuno comentário a este post, coloca à TAP especiais responsabilidades. Sem uma companhia de bandeira a diáspora portuguesa (sobretudo nas Américas e em África) ficaria sem garantias de ligações aéreas ao país. Daí a cavilha da privatização a 60%, que poderá depois chegar aos 90%, na condição de a nova companhia privada ter que obrigatoriamente servir a diáspora portuguesa sempre que outras companhias não derem resposta à procura portuguesa, brasileira e africana lusófona.

TAP. Bruxelas diz que injetar dinheiros públicos em companhias aéreas é "questão delicada"

Comissária europeia responsável pela Concorrência diz que, em geral, existem "algumas possibilidades" para recapitalização de companhias aéreas, "dependendo das condições de mercado". Mas que este tipo de decisão sobre ajudas públicas é sempre delicado.

[...]

No passado mês de novembro, aquando da aprovação do relançamento do processo de privatização da TAP, Maria Luís Albuquerque afirmou, invocando as regras europeias, que o Estado não pode colocar capital na TAP e que, por isso, ou é privatizada ou "está condenada a desaparecer".

Expresso. | 13:35 Quinta feira, 11 de dezembro de 2014

TAP vende quatro aviões para preparar a privatização


A TAP está a negociar a venda e aluguer (sale and leaseback) de quatro aviões A340 e a renegociar com a banca contratos financiamento, procurando garantir uma almofada que permita "alguma tranquilidade na tesouraria", evitando a situação que em 2012 obrigou a empresa a recorrer a um empréstimo de 100 milhões de euros junto da Parpública.

"Agora estamos fazendo preventivamente [a renegociação dos contratos] com algumas hipóteses para termos algum tranquilidade de tesouraria", afirmou ontem Fernando Pinto, num encontro com jornalistas.

Económico, 10 dez 2014


António Costa. "É extremamente perigoso" privatizar a TAP


À saída da sua primeira audiência oficial com o primeiro-ministro, o secretário-geral do PS falou sobre a greve de pessoal da TAP e sublinhou que "há alternativas" à privatização da transportadora aérea nacional.

Expresso. Cristina Figueiredo | 17:25 Quinta feira, 11 de dezembro de 2014

Madeira critica TAP por suspender rota Funchal/Londres

A ligação entre Funchal e Londres será "suspensa temporariamente devido à fraca procura".

A secretária do Turismo e Transportes da Madeira criticou hoje a decisão da TAP de suspender a ligação direta entre a região e Londres, declarando não ver motivos para esta medida.

DN, 10 nov 2014

Post scriptum 2

Ler o resto deste oportuno comentário de Hugo Zsolt de Sousa a este post  (embora discorde do seu raciocínio estratégico):

“Não estivesse o país completamente absorvido nos casos judiciais actuais e a questão da TAP seria muito mais discutida de tão grave que é. O que está a acontecer começa a ser muito preocupante e o silêncio impera.  Parece que ninguém fala do facto que das empresas de bandeira que há, quase nenhuma viaja para o Porto (nem Air France, nem KLM, nem Alitalia só para falar de algumas).  Relativamente a Lisboa, voam quase todas, mas reduziram frequências.  A Alitalia nem vem. A Air France tem 4 voos no inverno, a KLM apenas 2 pasme-se.  Das grandes empresas mundiais só temos a Emirates.  Devemos ter das poucas capitais Europeias sem um voo para Atlanta.  Aliás, das empresas Norte Americanas, só mesmo a United continua a operar durante o inverno de Lisboa para NYC e nem tem um voo diário.  A Delta prefere operar rotas para Malaga ao invés de operar para Lisboa.  A importância da TAP é assim enorme. É à TAP que se deve o acesso ao nosso mercado e ao nosso país.”

*— Hugo Zsolt de Sousa é licenciado em Economia pela Universidade de Southampton, Reino Unido e com pós-graduação em economia Europeia no Colégio da Europa em Bruges, Bélgica. Trabalhou na Associação Notre Europe em Paris com Jacques Delors, ex-Presidente da Comissão Europeia e com Pascal Lamy, ex-Comissário Europeu para o Comércio. Foi conselheiro do ex-Primeiro Ministro Dinamarquês Poul Nyrup Rasmussen e é actualmente Director Residente na Mauritânia do Instituto Nacional Democrata para os Assuntos Internacionais.

Discordo da posição do Hugo Zsolt de Sousa basicamente por defender a empresa de bandeira a todo o custo, permitindo que a TAP continue a acumular alegremente um passivo insustentável.

Já não há estado para alimentar tantos erros e corrupção.

A Parpública deixou, graças à Troika, de poder fazer o financiamento escondido e ruinoso das empresas que a nomenclatura que conduziu o país à pré-bancarrota geriu sempre com os pés (e ‘bypasses’ para os seus bolsos fundos...). O BES, que era o banco oficial e o banco sombra da TAP, colapsou e está sentado no banco dos réus. Talvez a CE possa ‘in extremis’ dar uma ajuda pontual para evitar o colapso iminente da TAP — a qual, avisa a nova comissária europeia, não poderá ser repetida. Mas se assim for, a CE imporá condições drásticas. Reestruturar a TAP no prazo máximo de 3 meses será o mínimo, exigindo obviamente menos pessoal, redefinição estratégica e focalização da empresa no seu core business, e ainda um plano de viabilidade financeira fora do perímetro orçamental do estado.

Mas também pode acontecer à TAP o que aconteceu à Sabena, à Swissair ou à Alitalia...

Post anterior sobre a TAP

Atualização: 12 dez 2014, 11:02 WET

sexta-feira, novembro 14, 2014

TAP vale 1200 milhões de euros



Atenção às contas da empresa e ao valor comercial dos Slots!

“O encaixe financeiro não é, nem pouco mais ou menos, o objectivo do processo de privatização. Se houver encaixe será pequeno” — Sérgio Monteiro, ministro de facto dos transportes e comunicações, dixit.
Agora que o GES morreu e a dívida má da TAP ao Espírito Santo, presumimos, foi parar ao Inferno (Banco Mau), a companhia está mais leve e pode ser vendida pelo passivo bom + o valor dos 9000 slots que detém, ou seja, -1051 milhões de euros de passivo (ver Relatórios Anuais - TAP) + 2.250 milhões de slots  = +1199 milhões de euros. Capiche?

Os 34% que o estado se propõe manter na TAP traduzem o valor inestimável de uma empresa histórica, de bandeira, que continuará a existir enquanto houver aviões e Portugal. É o que os ingleses chamam Goodwill. Não faltarão interessados!

Para recordar o que fomos escrevendo e previmos ao longo dos últimos tempos sobre a zarzuela da TAP:

etc..

POST SCRIPTUM

A súbita pressa do governo em regressar à privatização, desta vez parcial, da TAP (como recomendámos atempadamente), pode resular de uma coisa simples: a eventual falta de dinheiro em tesouraria para os subsídios de Natal deste ano!

A minha suspeita é de que a TAP tenha deixado de ter quem abanque o cashflow necessário às despesas correntes: sobretudo de salários, combustível e reposição de peças.

Esta situação foi disfarçada durante a época alta, conhecida na gíria como verão IATA, mas com o inverno IATA já em curso as receitas estão a cair.... e temo que não haja massa para pagar o 13º mês aos 7.531 trabalhadores trabalhadores, funcionários e administradores da TAP, mais os 4.000  da TAP Maintenance & Engineering. Não sei se posso somar os 7531 aos 4000, pois a informação da companhia não é clara neste como noutros capítulos da informação que deve à comunidade. No entanto, como eram 13.397 trabalhadores em 2009, o mais provável é que o número de hoje ande pelos 11.531. Talvez o gestor Fernando Pinto nos possa esclarecer.

Em alguns posts aqui publicados em 2012, as tabelas oficiais confirmam a encomenda dos 12 Airbus A350-800/900, uma operação mediada pelo ex-GES+Crédit Suisse. Dois dos Airbus deveriam ter sido entregues em 2013/2014, mas não foram, o que deixa entrever uma manifesta falta de recursos próprios, de bloqueio do auxíio público até agora canalizado através da Parpública e das negociatas escondidas com o BES-GES, e ainda da impossibiidade de acesso aos mercados financeiros.

Estas encomendas podem ser vistas como dívidas pelos os futuros acionistas, na medida em que são promessas firmes de compra. São, no mínimo, responsabilidades contratuais que sendo denunciadas acarretarão uma penalização cujos termos constarão certamente do contrato que ninguém conhece exceto o governo, a TAP e o Novo Banco (suponho...)

Eu estimei o valor dos 12 Airbus A350-900/800 encomendados em 2.573 milhões de euros, seguindo tabelas da Airbus, mas será certamente um valor superior, pois tratar-se-ão de contratos de leasing, suponho...

Resumindo e concluindo o governo tentou, uma vez mais, com o anúncio da privatização da TAP, ganhar tempo e liquidez, evitando uma veentual suspensão de pagamentos. Só que desta vez, o aviso é mesmo a sério: sem novo acionista, poderá acontecer à TAP o que aconteceu à Sabena, então companhia aérea de bandeira da Bélgica: ficarem aeronaves e tripulações apeadas nas plataformas dos aeroportos, sem combustível, nem salários!


Dos jornais
O Governo quer fechar a venda da TAP até ao final do primeiro semestre de 2015. [...]

A alienação foi aprovada, esta quinta-feira, em Conselho de Ministros. O Executivo anunciou a venda de 66% do capital da TAP SGPS, mas o ministro da Economia, Pires de Lima, está aberto a outras propostas.

[...] Desta vez a transportadora é mesmo para alienar, pelo menos parte dela, e rapidamente. O ministro Pires de Lima confia que a operação se realize entre Março e Abril.

[...]

O Conselho de Ministros aprovou a venda de 66% da TAP, 61% a investidores e 5% a trabalhadores. Mas a Renascença sabe que o ministro da Economia admite que o Estado poderá ficar com uma fatia maior do capital da empresa.

Rádio Renascença. 13-11-2014 21:28

O novo processo de privatização da TAP foi aprovado esta quinta-feira, 13 de Novembro, em conselho de ministros.

“O diploma hoje aprovado prevê a privatização de 66% do capital da TAP SGPS, que detêm não só a companhia aérea, mas também todos os outros negócios do grupo”, disse o secretário de Estado dos Transportes esta quinta-feira, 13 de Novembro na conferência de imprensa após o conselho de ministros.

“Destes, 61% serão alienados através de um modelo de venda directa a um ou mais investidores de referência. Os outros 5% ficam reservados a trabalhadores da TAP e de todas as empresas do grupo”, explicou Sérgio Monteiro.

“O Estado fica com uma opção de venda de 34% que pode vir a exercer nos dois anos após o contrato de venda”, afirmou. Contudo, esta fatia só será vendida se forem cumpridas “todas as condições do caderno de encargos”.

(...)

O Governo assume que o objectivo da privatização da TAP é capitalizar a companhia aérea. “Veremos se há um encaixe com a alienação”, diz o secretário de Estado dos Transportes. Se houver, “tanto melhor”, mas o importante é que o comprador assuma o passivo da transportadora.

“O encaixe financeiro não é, nem pouco mais ou menos, o objectivo do processo de privatização. Se houver encaixe será pequeno”, declarou Sérgio Monteiro na conferência de imprensa que se seguiu à reunião do Conselho de Ministros, em que o Executivo aprovou a privatização de 66% da companhia aérea.

Estes mil milhões de euros estão a pesar no balanço da companhia, considera o Executivo. E isto tem dificultado novos investimentos que podem ajudar a lançar a TAP para novos voos. A palavra-chave agora é capitalização.

Jornal de Negócios. 13 Novembro 2014, 15:27