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domingo, maio 24, 2015

Democracia Qualitativa vs. cleptocracia mundial

Pavilhão chinês na Feira Mundial de Milão, 2015 (visualização)
Studio Link-Arc @ Dezeen

Em defesa da propriedade privada... contra os monopólios abutres


El negocio de alimentar a la Humanidad

...hasta 2050 la tierra cultivable deberá crecer un 70% para abastecer a todo el mundo. En 1961, había 2,5 hectáreas de tierra cultivable por habitante y en 2050 habrá menos de 0,8. Al mismo tiempo, se necesita un incremento de 64.000 millones de metros cúbicos de agua dulce cada año para adecuar la producción agroalimentaria a la demanda. El País.

Enquanto Assunção Cristas tem vindo a preparar o terreno legal para um confisco em larga escala da propriedade rústica dos mais fracos, e sua posterior venda aos fundos predadores de investimento, António Costa soma-se à faina do Grande Roubo atacando pela banda do imobiliário urbano, que promete expropriar a favor dos mesmos fundos predadores, ao mesmo tempo que tenciona mandar os avós trabalhar.

Claro que as medidas são piedosamente inoculadas nos indígenas como programas sanitários, de salvaguarda do património, e de bom aproveitamento dos recursos. Mas, ou os nano-proprietários se organizam e varrem esta corja do poder, ou serão depenados, como foram os alemães depois das suas grandes recessões e guerras.

A mesma pilhagem está em curso no setor da água e da energia, embrulhada no piedosamente sustentável Programa Nacional de Barragens de Elevado Potencial Hidroelétrico—uma criação do Recluso 44, de braço dado ao cabotino Mexia.

Portugal nunca votou à esquerda de modo continuado porque a maioria dos portugueses, além do salário ou da pensão minguante que cobra, herdou alguma coisa, e comprou alguma coisa e é, assim, proprietário de algo: um andar, uma pequeno pinhal, uma quintinha, etc. Pois bem, quando visto este património no seu conjunto, é imenso, e é hoje uma presa atrás da qual correm os fundos especulativos do mundo inteiro, e os governos falidos que estes têm no bolso.

Precisamos, cada vez mais, de uma DEMOCRACIA QUALITATIVA capaz de defender as pessoas e as nações da mão invisível da CLEPTOCRACIA MUNDIAL.

Se para algo serve a Feira Mundial de Milão, que acaba de inaugurar sem a presença portuguesa, é para podermos medir a importância económica, ambiental, social e cultural do que está em causa quando falamos de terra, alimentação e água.


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sábado, outubro 29, 2011

A água não é da AdP, nem da EDP!

A tragédia dos comuns é dupla se libertarmos o uso insustentável do que é de todos, da inércia e do egoísmo colectivos, para o entregarmos à ganância dos especuladores financeiros

Tâmega - Eutrofização - Tujidos - Amarante
©Foto: Anabela Matias de Magalhães

 Alargar a luta pelo direito à água

Mais de cem representantes de diversas organizações representativas da sociedade portuguesa deram corpo ao primeiro Encontro Nacional da Água e aprovaram um manifesto que reafirma o firme empenhamento em prosseguir os princípios e objectivos da campanha «Água é de todos, não o negócio de alguns», nomeadamente «o desenvolvimento de acções em defesa da água pública e a sua disponibilidade para trabalhar com outros movimentos que lutam contra a privatização da água e serviços públicos essenciais, convictos de que este é o caminho para a construção de uma sociedade mais justa, progressista e solidária» — in A Água é de todos.

Não podemos permitir que a voragem especulativa dos piratas que levaram Portugal à bancarrota prossiga agora sob o patrocínio do liberalismo retardatário, da distracção, ou da hipocrisia dissimulada dos novos governantes. Álvaro Santos Pereira e Assunção Cristas (o que começou bem pode acabar depressa e mal!) têm que se entender sobre o que é vital para o país, e não deixarem-se influenciar pelo poder da corrupção, que não desiste.

A água potável é um bem comum, cuja gestão deve ser publicamente controlada, límpida e cristalina, equilibrada, acautelando assim a gestão sustentável de um bem que é cada vez mais escasso e pertence à vida, não a uma turma de imbecis ávida de automóveis de alta cilindrada!

As albufeiras geridas pela EDP, por exemplo, estão em processo acelerado de eutrofização, por manifesta incúria e incumprimento contratual. A única coisa que preocupa o senhor Mexia são os lucros e as cotações do PSI20. Pois bem, por aí também já não chegará a parte alguma!

Sócrates, o capturado INAG e as Águas de Portugal levaram aliás a cabo um processo de privatização irresponsável da exploração do domínio público hídrico nacional, juntando à lógica do capitalismo burocrático, endogâmico e rendeiro, que nos conduziu à bancarrota, a adesão indígena e provinciana à lógica especuladora das bolhas financeiras que fazem do bem comum mais um casino para as suas orgias.

Uma das causas da eutrofização das albufeiras, nomeadamente no rio Douro, é o excesso de nutrientes azotados que escorrem das explorações vinícolas e olivícolas intensivas. Se queremos manter viva a bacia hídrica do rio Douro teremos que dar prioridade ao vinho e ao azeite biológicos!

Aliás, Portugal deveria seguir o exemplo da Áustria: avançar rapidamente para uma agricultura e uma silvicultura biodinâmicas, sem químicos prejudiciais, nem OGMs. A vantagem competitiva seria óbvia e poder-se-ia finalmente aumentar a segurança alimentar do país — com uma sustentada diminuição da nossa dependência das importações.

Este governo tem muito por onde começar, se quiser preparar as bases para um novo paradigma de sustentabilidade económica do país. Mas para isso, deve agir já, começando por colher e deitar no balde da compostagem todos os frutos podres da árvore da administração pública, incluindo todo o seu perímetro empresarial. E em paralelo, tem que puxar pela imaginação e pela criatividade, tem que chamar os melhores, e tem que desafiar o país a libertar-se do torpor que o mantém em estado praticamente vegetativo.

POST SCRIPTUM

Depois de publicado este artigo li a opinião de Luís Todo Bom sobre a polémica em volta da anunciada privatização da Águas de Portugal, explicitando a sua oposição à privatização da AdP, uma empresa de direito comercial privado, mas com capitais 100% públicos e um passivo de mais de 6 mil milhões de euros! Cabe perguntar qual foi afinal a vantagem de se ter constituído um tal modelo de empresa. Só se foi para permitir endividar o país sem dar cavaco ao Orçamento de Estado, permitindo, claro está, remunerar escandalosamente os boys&girls lá colocados e comprar frotas automóveis de luxo.

act. 29-10-2011 15:20