Bart De Wever, PM belga, 2025. |
Vários fatores culturais e sócio-económicos têm levado mais de metade das mulheres nos países industriais e urbanos avançados a desistir da procriação ou a retardá-la para depois dos 30-40 anos de idade, quando a fertilidade é já muito menor, forçando frequentemente as mulheres a recorrerem a técnicas de reprodução assistida. Esta situação corresponde, aliás, ao fim do boom demográfico mundial, o qual ocorre por volta de 1964-65, momento em que a taxa de crescimento demográfico mundial atinge o seu pico e começa a declinar. As consequências desta inversão da tendência demográfica são e serão dramáticas para toda a humanidade. No curto prazo, países desenvolvidos e urbanizados, incluindo a China, a Rússia, o Japão ou a Coreia do Sul, bem como praticamente todos os países do continente europeu, só têm três caminhos momentaneamente seguros para mitigar a inevitável depressão demográfica mundial: a mudança dos centros produtivos para países com populações mais jovens, custos laborais menores e menor regulação das condições de trabalho e ambientais; a automação dos processos produtivos, incluindo uma explosão demográfica no setor da robótica; e a imigração.
Este é, pois, um problema de fundo que o populismo não resolve, e poderá, aliás, agravar, ao bloquear as medidas de mitigação, por mais imperfeitas e de alcance temporário e contraditório que estas sejam. Há dilemas nesta crise história global muito difíceis de ultrapassar.
No caso da Bélgica, que agora tem um governo de coligação chefiado por um flamengo moderadamente eurocético, mas que defende a transformação da atual monarquia federativa belga numa confederação, mantendo o chapéu monárquico, enquanto a população francófona caminha para uma recessão demográfica e vê aumentar sem fim à vista a imigração (sobretudo muçulmana), a população flamenga, pelo contrário, continua a ter uma boa taxa de fertilidade endógena, opondo-se cada vez mais à imigração oriunda de países com religiões e hábitos culturais antagónicos aos seus. Neste contexto, parece-me que a tendência inaugurada pelo atual governo de coligação, predominantemente soberanista e anti-imigração, veio para ficar...
Referência
Up to 40% of women without children by the age of 30 never have them at all
Sunday 2 February 2025
By The Brussels Times Newsroom
Just over 110,000 births were recorded in Belgium in 2023, the lowest level since 1942. Provisional figures for 2024 are even lower. This is due to a combination of factors, mainly because Belgians are starting to have children at an increasingly older age.
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The birth drop is more pronounced in Brussels and Wallonia than in Flanders. However, projections show an increase in births in the Flemish region. 2023 there were 62,338, and by 2050, it may reach 70,000.
This was also reflected in the Federal Planning Bureau's demographics study last year, which showed that population growth would only occur in the Flemish region from the late 2040s.