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quarta-feira, abril 09, 2014

ADFERSIT desanca Plano de Infraestruturas do Governo

Bloco Central da Corrupção é o mesmo. Nada mudou


Governo vai adjudicar 95% das obras estratégicas antes das próximas legislativas
- Público, 09/04/2014 - 07:12

A lista de infra-estruturas estratégicas, divulgada ontem, cresceu face ao elenco de 30 projectos prioritários que constava no relatório de um grupo de trabalho nomeado pelo Governo. Este acréscimo fica a dever-se, em grande parte, a um reforço do número de obras no sector rodoviário.

Quem vai pagar os projectos de infra-estruturas? - Jornal de Negócios, 09 Abril 2014, 13:00

O Governo apresentou um programa para obras nas estradas, comboios, portos e aeroportos. O Negócios diz-lhe quem as vai pagar.

Que diz o Seguro do PS —de novo controlado por Coelho, o Jorge— a mais este embuste?

Como este corajoso comunicado da ADFERSIT denuncia, o plano de infraestruturas do governo, além de ser uma manobra tipicamente eleitoral, é a demonstração de que a cleptocracia indígena continua a mandar, com a sempre subserviente e salivada colaboração dos 'técnicos' e da interminável baba burocrática que sufoca o país.

Neste PETI para eleitor ver, e que não passa de uma caricatura de estratégia que, como está, nem sequer merece a atenção das instâncias competentes da União Europeia, vai tudo atamancado, com os lóbis do betão a cobrar as campanhas eleitorais e os tachos distribuídos pela corja partidária. Esperemos que Bruxelas trave a próxima leva PPP que promete entregar de vez o país à Goldman Sachs e ao PC Chinês!

Segue-se o comunicado da ADFERSIT, onde, resumidamente, está tudo dito.


Plano de Infraestruturas do Governo: erro histórico para a Economia

A componente do Plano Estratégico de Transportes e Infraestruturas (PETI) relativa às ligações ferroviárias internacionais condena Portugal ao isolamento no contexto europeu, pois privará Portugal de vias terrestres competitivas para as suas trocas comerciais com o seu principal mercado externo, a União Europeia. Trata-se de um erro histórico, com consequências irreversíveis durante várias décadas:
  1. Agrava a condição periférica da nossa economia.
  2. Restringe a competitividade das empresas exportadoras portuguesas.
  3. Restringe a possibilidade de Portugal atrair investimento estrangeiro.
  4. É mais uma barreira, grave, à solução estrutural da crise.
  5. Fomenta as falências, o desemprego e as discrepâncias de produtividade e de salários com a União Europeia.
  6. Contraria os objectivos estratégicos do Governo para superar a crise e relançar a economia.
  7. Contraria a política de Fundos estruturais e de coesão da Comissão Europeia, pois prevê a aplicação de Fundos CEF destinados prioritariamente a vias férreas interoperáveis em Linhas que não o são (Linha do Norte e Linha do Sul).
O PETI, ao contrário do que tem sido propagandeado, condena Portugal a ser um apêndice do sistema ferroviário europeu, quase isolado da Europa e da própria Espanha, pois as propostas do PETI para a ferrovia de bitola europeia são soluções de “remendo”, pouco competitivas e sem qualquer visão estratégica para o médio e longo prazo, porque:
  1. Têm uma capacidade limitada porque são em via única.
  2. Não são competitivas para o tráfego de passageiros.
  3. A ligação a norte (Pampilhosa – Vilar Formoso) tem uma rampa elevada que restringe o peso dos comboios de mercadorias, aumentando o custo por tonelada/quilómetro de mercadoria transportada. Recorde-se que a Linha da Beira Alta já foi objecto de modernização, incluindo muitas correcções de traçado, na década de 90, o que não impediu que se mantivesse com infindáveis restrições, pelo que alicerçar o futuro das ligações ferroviárias internacionais do Norte e do Centro sobre o seu traçado é um acto de clamorosa miopia estratégica.
  4. Tem um traçado inadequado, pois liga à Linha do Norte demasiado a sul, afastando-se dos principais portos e regiões que visa servir, o Centro e o Norte de Portugal.
  5. A maior distância e a falta de competitividade desta ligação tornará impossível captar tráfego de mercadorias da Galiza, que aumentaria a frequências dos comboios de Aveiro para Espanha e Centro da Europa.
  6. A manutenção dos mesmos critérios e a opção por soluções do mesmo tipo (3º carril em Linhas existentes) que as adoptados no PETI, tornará muito difícil, na prática quase impossível, levar linhas em bitola europeia - para comboios directos, sem rupturas de carga, com a generalidade dos países da Europa - aos portos de Aveiro e de Leixões e a plataformas logísticas nas mesmas regiões.
Direção da ADFERSIT
9 de Abril de 2014

quinta-feira, março 27, 2014

Governo presta contas sobre equidade

Salvo melhor opinião...

O governo publicou, obviamente em vésperas das eleições europeias, o seguinte:

REPARTIÇÃO EQUITATIVA DOS SACRIFÍCIOS

O Governo tem feito uma justa repartição dos sacrifícios pelos diversos sectores da sociedade, protegendo sempre os mais desfavorecidos e os que menos têm. Em todas as medidas restritivas, o Governo protegeu sempre os que menos ganham, seja nas medidas de redução da despesa ou nas de incidência fiscal, fazendo com que os contribuintes com maior capacidade contributiva contribuam mais. Também as PPPs rodoviárias, o sector energético e a banca, foram chamadas a contribuir mais neste período de emergência nacional, como facilmente se pode comprovar através dos factos enumerados a seguir.

Pediram-me um comentário, e eu dou. Em primeiro lugar, vale a pena ler este quadro publicado no sítio do governo. Em segundo lugar, devo dizer que concordo com todas as medidas pontuais enunciadas e contabilizadas. Falta, no entanto, o essencial, isto é, as mudanças estruturais e de cultura:
  1. falta reformar o estado e o sistema político, tornando ambos mais leves, menos onerosos, mais transparentes e menos corruptos — menos governo, menos parlamento, menos governos municipais, redução do pessoal do ministério da educação para metade, concentração do ensino público em setores estratégicos e libertação do resto da educação, deixando à sociedade civil toda a iniciativa, autonomia e responsabilidade; apoiar sem reservas Paulo Macedo na reforma do setor da saúde que vem fazendo com grande sabedoria, transformando o SNS num instrumento estratégico de crescimento e de solidariedade, em vez de ser mais um dos potes onde tanta gente se serviu, prejudicando doentes, contribuintes e a economia; aumentar drasticamente a transparência das IPSS e de tudo o que recebe subsídios, isenções e outros tipos de proteção pública nesta democracia populista atulhada de chico-espertos;
  2. falta alterar radicalmente o plano nacional de barragens (apostando no reforço de potência das barragens existentes, e parando a construção de novas barragens, nomeadamente a da foz do Tua); 
  3. falta reindustrializar tecnologicamente o país, começando por criar uma nova rede ferroviária de bitola europeia ligada aos portos, com ligação imediata entre Lisboa-Setúbal-Sines e Madrid-resto da Europa; criando-se ao mesmo tempo a oportunidade para a construção do futuro gasoduto de que a Alemanha e a França, entre outros países europeus, necessitam, o qual deverá sair de Sines, onde, por sua vez, deverá preparar-se terreno para grandes operações logísticas de transhipment energético e de matérias primas, dos mercados africano e sul-americano, para a Europa;
  4. falta, entretanto, desmantelar o poder da burocracia e das corporações (profissionais, empresariais e sindicais) aninhadas no Orçamento de Estado;
  5. e falta, finalmente, uma geoestratégia mais afirmativa, que faça de Portugal um dos nós vitais da nova divisão do mundo que se aproxima, na qualidade do honest broker que pode e deve ser. O Atlântico volta a ser crucial para o Ocidente—e é bom que os povos que falam português aprendam rapidamente esta nova realidade.
Nada disto prejudica, antes pelo contrário, a necessária melhoria e eficiência do estado social.

O que falta para que andemos rapidamente nesta direção é a mudança urgente da obsoleta Constituição que temos. E para isto será preciso exercer uma gigantesca pressão sobre o regime partidocrata populista que usurpou a democracia portuguesa. A corja partidária, os rendeiros sem vergonha, e os piratas banqueiros tratam os portugueses como carga de exportação (os malandros, só em 2013, enviaram mais de 3 mil milhões de euros para Portugal — ver notícia do Jornal de Negócios). Precisam, por este inqualificável atrevimento, de uma grande coça democrática. A qual deve começar por uma GREVE MASSIVA ÀS PRÓXIMAS ELEIÇÕES.

Além do mais, ainda ninguém me explicou porque é que não podemos ter uma democracia sem partidos.

POST SCRIPTUM

Em resposta a alguns comentários que apontam confusão e contradição no que temos escrito sobre o regime e a resposta que deve ser dada para corrigir as suas gravíssimas distorções, mais uma achega:

Os dados do governo publicados são objetivos, embora insuficientes, como defendo neste post. A prova é que o PS não tem nada a contrapor, salvo propaganda populista barata.

Por outro lado, responsabilizo os partidos do regime, todos eles, pela incapacidade comprovada de emendarem a mão em questões essenciais.

Logo, creio que a abstenção é a única maneira de os acordar. Eles pretendem jogar à cabra-cega com o eleitorado. Eu defendo que o eleitorado deve acordar e agir com cabeça fria, defendendo através do NÃO VOTO uma reforma a sério desta democracia falida, populista e corrupta.

Idealmente, preferiria ver emergir um novo partido político capaz de alterar os pratos da balança deste regime bloqueado. Mas, de momento, tal desiderato não emergiu ainda, nem é provável que surja. Por outro lado, os partidos minoritários do arco parlamentar —PCP, BE, Verdes— foram comidos pelo sistema eleitoral em vigor e não têm credibilidade para governar, além de que continuam em estado de pura negação da realidade que se desfaz diante deles e ameaça subir as escadarias do parlamento, entrando por ali adentro. Querem prova mais cabal de um colapso de regime anunciado?


Num plano mais teórico, considerando a crise geral do sistema de representação democrática na Europa Ocidental, Estados Unidos, Canadá, Japão, Austrália, Nova Zelândia (no resto do mundo, nem se fala, pois não há se não caricaturas democráticas, ou ditaduras plenas), coloco a necessidade de pensarmos em democracias sem partidos, ou onde o poder dos partidos seja reduzido muito fortemente, dando maior protagonismo à transparência estrutural das democracias e muito mais poder de representação na gestão da coisa pública a outras instituições da sociedade civil.

Não há contradição alguma no que tenho escrito. Ou, pelo menos, assim penso.

Infográfico: Repartição equitativa dos sacrifícios


ÚLTIMA ATUALIZAÇÃO: 28/3/2014, 01:41 WET

quinta-feira, março 13, 2014

Cavaco veta mais cortes

É a reforma do estado, estúpido!

Presidente da República veta aumento dos descontos para a ADSE, SAD e ADM 13 Março 2014, 12:16 por Ana Luísa Marques | Eva Gaspar | Jornal de Negócios

Cavaco Silva chumbou o diploma do Governo que subia de 2,5% para 3,5% o valor dos descontos para os subsistemas públicos de saúde. Decisão abre um "buraco" da ordem dos 133 milhões de euros no Orçamento rectificativo de 2014. Belém sinaliza, porém, que poderá promulgar um diploma revisto, desde que a nova taxa de contribuição seja inferior a 3%.
Para que são precisos três hospitais militares em Lisboa? Ainda estamos em guerra colonial? Para que é preciso um falso aeródromo militar em Figo Maduro? O estado a mais não se resolve com terrorismo fiscal e depenando quem trabalha, mas eliminando milhares de serviços públicos, departamentos e institutos inúteis, e acabando com isenções às fundações e milhares de outras entidades que vivem sem pagar impostos em perfeito concubinato com o regime parlamentar populista defendido pela corja partidária instalada. Capice, aprendiz de mação?

POST SCRIPTUM (14-3-2014) — esclarece um leitor atento que 1) os hospitais militares de Lisboa foram finalmente concentrados, este ano e na sequência dum processo executivo iniciado em 2008, num único 'Campus de Saúde Militar'. Esclarece o mesmo leitor que o aeródromo militar de Figo Maduro, se ainda subsiste, é por vontade exclusiva dos políticos, que tem o cu pesado, e não querem ir apanhar os Falcon ao Montijo. Um ponto a favor dos militares, e dois contra os cus pesados da política ;)

sexta-feira, janeiro 31, 2014

Praxes: Crato reconhece «abusos intoleráveis» mas não fala do Meco

Skull and Bones, Yale. Certamente uma inspiração.

Este país parece que é governado por um submundo sórdido, por sua vez dirigido por mentecaptos com os quais, porém, quem governa o país parece dar-se bem.

As declarações até agora prestadas pela ministra da justiça, pelo crato da educação, pelo Marcelo presidencial, e pelos energúmenos das tais comissões de praxe que balbuciam onomatopeias indecifráveis aos jornalistas, dão bem a ideia do estado de degradação cultural a que deixámos chegar este sítio cada vez mais mal frequentado.

Os ministros e outros governantes subalternos que se têm pronunciado sobre as praxes académicas parecem todos duques e duquesas das tais comissões desmioladas cuja ilegalização deve ser imediata.

Já agora, uma pergunta: será que os praxista recebem dinheiro dos contribuintes? Alguém já perguntou? Alguém já respondeu?

As universidades privadas que vivem à conta dos contribuintes, pois são todas altamente subsidiadas, sobretudo as que foram paridas pelo Bloco Central da Corrupção, são verdadeiros antros de criminalidade. Que tal cortar-lhes de vez a torneira do orçamento de estado? Sempre era menos dinheiro que o governo roubava aos cidadãos.

Praxes: Crato reconhece «abusos intoleráveis» mas não fala do Meco > TVI24

segunda-feira, outubro 07, 2013

Governo de pulhas

Katterine Carneiro, viúva de Cláudio Carneiro, compositor, nora de António Carneiro, pintor. Uma filha, um neto, um bisneto, todos nos EUA. Vive sozinha na Casa Oficina António Carneiro no Porto. Fotografia © Augusto Baptista (arquivo: vinte rostos, dois mil anos)

Há limites para a pulhice

O governo planeia assassínio económico de viúvos, viúvas, grávidas e doentes portugueses
Mota Soares confirma corte das pensões de sobrevivência — jornal i
Esta medida assassina (grande reforma do Estado, Paulo Portas!) vai servir para liquidar de forma calculada e a frio uma parte dos viúvos, viúvas, grávidas e doentes do nosso país.

Os piedosos do CDS e da Igreja (ou será que a Igreja vai revoltar-se contra esta brutalidade?) dispõem, porém, de um vultuoso orçamento para as chamadas IPSS (Instituições Particulares de Solidariedade Social — de que a 'socialista' Maria Belém Roseira é uma das graduadas—será que vai protestar?)

Estas instituições obscuras, e as fundações, por exemplo a do Oriente (que ao mesmo tempo que recebem subsídios do Estado, estão envolvidas em negócios de rendas usurárias com o Estado, nomeadamente no abastecimento de água às autarquias) não prestam contas públicas dos milhares de milhões de euros que o Orçamento lhes destina por artes mágicas (vamos ler com atenção a proposta do OE2014).

Os 100 milhões que servirão a Mota Soares para sacrificar no altar da austeridade mais uns milhares de cidadãos desta democracia partidária, populista, burocrática, neocorporativa, rendeira e cleptocrata, são uma gota de euro no oceano orçamental do mistério da caridade dirigido pelo hipócrita da lambreta!

Que dizem o PS e o PCP a isto? Porque não exigem esclarecimentos sobre o dinheiro sacado aos contribuintes e aos apoios da Troika pelo governo e depois desviados via OE para supostas instituições de caridade onde os administradores se deslocam em Audis e Mercedes topo de gama, e não prestam contas aos contribuintes?

quarta-feira, março 07, 2012

António de Oliveira Gaspar (II)

O Gasparinho atacou de flanco e recuou. Espera agora nova oportunidade para roubar mais um pedaço do orçamento... ou demitir-se, em vez do Álvaro!

Wolfgang Schäuble, 2010 (Getty Images)

O fogo das ratazanas, apesar de suportado pela gigantesca operação de contra-informação montada com o apoio canino da indigente méRdia que temos, para já, falhou o Álvaro. Tiveram todos que comprar umas perdizes na mercearia para chegarem a casa com alguma história que contar. Sabemos, porém, que as perdizes de aviário não prestam.

A tentativa de colocar o ministro das finanças na posição de chefe de governo, congeminada pelas ratazanas que de renda em renda, e de roubo em roubo, arruinaram Portugal por mais de uma década, servida de mansinho pelo Paulinho das Feiras, envergando o disfarce empoado de primeiro ministro, esmurrou o nariz na parede do emigrante que nunca precisou de rendas para coisa nenhuma, que vai continuar a não precisar, e que portanto não treme como vara verde a cada telefonema do Espírito Santo.

O moço das finanças que adormece a pensar no mestre Salazar e acorda disposto a trair todos os colegas de governo em nome da sua irrisória ambição, não desmentiu o essencial, isto é, que não quer ver todo o governo a despacho no seu gabinete. Por sua vez, o jota que faz de primeiro ministro vai flutuando no mar encapelado da crise e vozeia vacuidade para encher diariamente o chouriço da comunicação social, com a única preocupação de não salpicar a ponta do sapato.

Diz o pasquim "i", seguro das suas minhocas geralmente bem informadas, que na conversa a dois entre Passos de Coelho e o ministro Álvaro Santos Pereira, este se despediu, e que o PM, ao fim de duas horas, lá convenceu o Álvaro, não só a não bater com a porta, porque tal decisão intempestiva iria levar água benta ao seminarista do PS (coitado deste), mas a esperar que, em tempo oportuno, fosse o próprio primeiro ministro a despedi-lo! Álvaro Santos Pereira teria ficado tão desorientado com as artes de sedução do jota Coelho que acabaria por abandonar a reunião de emergência, em contramão e sem prestar declarações à imprensa paga para o destruir.

Se bem me lembro, isto é o contrário do que todas as minhocas geralmente bem informadas disseram no dia anterior sobre o despedimento com justa causa do Álvaro!

O homem não tinha sido "demitido em directo" pelo jota Passos "quando o primeiro-ministro anunciou que a 'palavra' de Gaspar é que é a 'decisiva'?

Como bem lembrou um que foi ministro de Sócrates, o devaneio do jota primeiro-ministro é a própria negação do cargo que ocupa. Se um ministro das finanças, para além de fazer o que lhe compete (e não faz!), ou seja, aplicar o Memorando da Troika, não apenas no assalto aos rendimentos do trabalho, mas também à redução acordada das rendas criminosas das ratazanas que dominam económica e financeiramente este país, pretende ainda ditar o que cada colega de governo pode ou não pode fazer com a fatia orçamental que lhe foi atribuída em sede de Orçamento de Estado, depois de árduas discussões estratégicas e sindicais, o resultado de tamanho atrevimento é, tão simplesmente, a destruição do próprio Conselho de Ministros, isto é, do Governo, perante a indecisão inadmissível do primeiro-ministro face à sua óbvia desautorização institucional.

Já todos percebemos que o Gasparinho está enrascado ao défice. Mas se assim é, e é, que tal acabar com as rendas da EDP, Endesa e Ibertrola? Que tal parar a criminosa barragem do Tua? Que tal rever as rendas leoninas das PPPs? Que tal investigar o que andou a TAP manutenção a fazer estes anos todos no Brasil, para se ter tornado na principal ferida de onde escorre a hemorragia do grupo? Que tal reverter a venda inexplicável da PGA (do omnipresente BES) à TAP? Que tal levar a tribunal os geniais zarolhos que congeminaram aeroportos (Beja) e europarques (Vila da Feira) para moscas, a peso de ouro, cobrando fundos comunitários ao mesmo tempo que deixaram o vazio de iniciativas idiotas à nascença e as subsequentes dívidas para nós pagarmos agora, com reformas e salários abocanhados pelos usurários? Que tal recuperar a massa roubada do BPN? Que tal acabar com as fundações e institutos por quem aparentemente até o prosador Vasco Pulido Valente descobriu afinal morrer de amores? Que tal perguntar ao extraordinário Centro de Investigação da Fundação Champalimaud, construído graciosamente em terrenos de luxo municipais, o que fez até agora pelos doentes portugueses? Tanta coisa para investigar, suspender, poupar, e o rapaz que não convenceu (nem de perto, nem de longe!) Wolfgang Schäuble, só pensa raptar os fundos do QREN para martelar as contas do nosso trágico endividamento público!

Será que os grifos de Frankfurt irão lamber mais esta farsa grega, para melhor nos comer depois?

Se é o caso, é melhor que fique desde já claro o registo de que nem todos os portugueses querem isto. Eu não quero! Prefiro desde já que o putativo António Oliveira Gaspar se demita no fim do ano, quando ficar claro para o ministro alemão e para todos nós que não cumprimos, e que não cumprimos, em primeiro lugar, porque não cumprimos a palavra do Memorando em tudo o que pudesse incomodar as ratazanas desta cloaca à beira-mar exposta.

Dizem as pegas da comunicação social que o Gasparinho
  1. teme que o QREN vá pela sanita das autarquias abaixo, ingloriamente; 
  2. ou, numa versão igualmente de fantasia, mas diametralmente oposta, que os cinco mil milhões, metade dos quais já consignados, mas não executados, e a restante metade ainda por distribuir, não sejam bem aplicados e depressa, por forma a induzir o célebre crescimento de que as Finanças precisam para poderem ver aumentada a base tributária dos orçamentos do Estado, de 2012 e 2013;
  3. ou ainda que desejaria apenas criar mecanismos suplementares de supervisão financeira da aplicação dos fundos comunitários, de modo a travar excessos e cunhas, o que seria razoável imaginar como próprio dum ministro das finanças.
No entanto, a verdade parece esconder-se noutro lugar:

— o que este ministro das finanças dum país insolvente quer é esconder simultaneamente o défice, o desemprego e a recessão. Como? Pois fazendo o mesmo que o seu antecessor fez:
  • colocar parte dos desempregados a estudar, retirando-os das estatísticas do colapso do emprego,
  • colocar parte dos desempregados em empresas sem acesso ao crédito, retirando mais alguns milhares de desempregados das estatísticas negras, ao mesmo tempo que mitiga os colapsos gémeos do consumo e do PIB,
  • e finalmente satisfazer o Bloco Central do Betão, dando largas aos seus desvarios aeroportuários e rodoviários, trocando o necessário mas sistematicamente amaldiçoado "TGV" pelo embuste da Ota em Alcochete, mais a célebre cidade aeroportuária da Palhota, e a nova ponte entre o Barreiro e o Montijo, e as novas barragens do Tua, do Sabor, do Tâmega, e por aí adiante, e os prémios Pritzker alinhados em bicha indiana atrás do Souto Moura, e a Alta de Lisboa finalmente entregue ao Stanley Ho, e a a plataforma logística do Poceirão entregue à Mota-Engil, que também é dona da Lusoponte, a cobrar direitos de passagem entre bitolas ferroviárias, e os nuclearistas, já agora, porque não, a plantar centrais nucleares na porra de Trás-os-Montes, pois do que aquela malta gosta é de expropriações e de dirigir agências de desenvolvimento a soldo da EDP e de todos os cabotinos que os levem a viajar e comer umas lagostas, e já agora umas gajas, por aí!
Eu admiro a pachorra do Álvaro!

Bem sei que no Canadá, embora com outro estilo, as coisas também não são melhores. Mas enfim, quem teve fibra para emigrar também tem fibra para lutar. E neste caso, a luta é a de sempre: entre a honestidade intelectual e a razão estratégica, de um lado, e as ratazanas do outro. Para já, Álvaro resiste à caricatura de Salazar que se senta à mesma mesa de governo. Não se demite. O jota Coelho que o faça, e justifique depois porque deu tanto que fazer ao ministro da economia para demiti-lo à primeira contrariedade manifestada pelas ratazanas do regime!

Ou então, porque não explicar ao Gasparinho, que ele, afinal, não passa dum contabilista?


POST SCRIPTUM
Merkel preocupada com dívida portuguesa

De acordo com a Reuters, que citou participantes no encontro entre Merkel e deputados do seu partido, a CDU, a chanceler alemã deu conta de algum alívio quanto à evolução do mercado da dívida pública espanhola e italiana, apesar das preocupações com a evolução das taxas de rendibilidade ('yields') da dívida portuguesa.

"Os prémios de risco de Portugal são uma preocupação" terá dito Merkel, de acordo com os participantes na reunião, citados pela Reuters. (Negócios online, 7 mar 2012.)

Tradução dirigida ao senhor Passos de Coelho e ao senhor António de Oliveira Gaspar:

Os ativos ainda disponíveis na Lusitânia terão que ir direitinhos para a Alemanha e para a Espanha, principais credores de Portugal, como garantia do resgate em curso. Nada de mais chinesices, nem carnavais tardios, nem moambas! Ou então...

Quer dizer, ou o Álvaro consegue dar cabo do ascendente que a matilha de rendeiros que arruinou o país exerce sobre o primeiro ministro e o seu contabilista-mor, ou Portugal não se livra de uma sauna grega!

As novas redes ferroviárias têm que avançar e já, e a TAP tem que fazer parte de uma solução europeia inteligente, sem mais concessões a esquemas de drenagem financeira da poupança europeia, canalizada, por exemplo, para os prejuízo brasileiros da TAP através da indecorosa Parpública, que por sua vez chupa impostos não apenas dos indígenas lusitanos, mas também de toda a Eurolândia, a começar nos bolsos alemães! Aquele olhar infinito de Wolfgang Schauble é um manancial de significados por descobrir!

Última atualização: 7 mar 2012 16:14