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quinta-feira, novembro 28, 2013

El País fala português

El País em português. Capiche?!

O que Vasco Graça Moura e muitos literatos indígenas não perceberam sobre o Acordo Ortográfico. Na realidade, continuam atolados em Alcácer Quibir.

Duas línguas irmãs

Este jornal fala, a partir de agora, também o português. Foi o abraço das duas línguas irmãs de um continente dividido, sobretudo, pelo idioma, segundo me dizem alguns intelectuais. Duas línguas prenhas de história e de cultura, berços, ambas, de uma literatura invejável no mundo.

Meio continente da América Latina fala a língua de Cervantes e García Márquez, e o outro meio – como dizia anteontem em uma entrevista a este jornal a presidenta da Academia Brasileira de Letras, Ana Maria Machado – fala o português de Camões e Guimarães Rosa, indicando que o Brasil, mais do que um país, é quase metade do continente.

in Juan Arias, El País (Edição Brasil)

Há tanta coisa que os rendeiros indígenas não há meio de perceberem. Há tanta lesma nos governos e nas administrações públicas e subsidio-privadas que insistem em levar o país ao fundo.

José Rodrigues Migueis, que vivia em Nova Iorque e escrevia para o já desaparecido Diário Popular, falava da Portugaliza como destino. Eu defendo eurocidades pela raia fora, de Valença até Vila Real de Santo António. Mas os piratas que mandam neste país preferem que este vá alegremente ao fundo.

A associação da TVI ao grupo Prisa fez da TVI uma vencedora, também no setor da informação. Próximo evento: prevejo uma associação da Globo e da TVI/Prisa para arrumar de vez com a indigente, mas mimada com Champagne e caviar, RTP. Todos os meses eu e as galinhas deste país pagamos uma renda à RTP disfarçada na fatura da EDP. Pago RTP na casa de Lisboa, que uso. Pago RTP no apartamento do Porto, que não uso se não um ou dois meses por ano. Pago RTP por um velhos armazém de batatas vazio na quintinha do Douro. Através da ZON pago ainda, seguramente, mais algum à malta do Preço Certo e de outros programas inenarráveis. Pergunto: será que os postos de abastecimento de energia aos automóveis elétricos, também pagam RTP?

Esperemos que a falência do país e a pressão dos credores, ao menos acabe com a corja rendeira e devorista que mata lentamente Portugal.

Entretanto, vou começar a ler a versão lusíada do El País. Assim como assim, leio e vejo cada vez mais o Euronews!

domingo, julho 17, 2011

Privatizar a RTP, já!

Media Capital e Impresa em pânico com privatização da RTP

Manuela Moura Guedes, um furacão a que não estávamos habituados.

O Expresso reafirmou este Sábado (LINK) a sua história sobre a investigação a Bernardo Bairrão supostamente realizada pela pouco Secreta portuguesa. Bernardo Bairrão era administrador da Média Capital, o grupo que detém a TVI, onde Miguel Pais do Amaral possui 10% do capital (1) e a Prisa (dona do El País) tem a maioria (84,69%), sendo que também a Caixa de Aforros de Vigo, Ourense e Pontevedra (Nova Caixa Galicia) detém 5,05% do grupo.

Bernardo Bairrão era pois administrador de uma empresa cujo comando pertence a um dos mais poderosos e políticos grupos de comunicação espanhol, com origens que remontam à era de Franco, mas cujo alinhamento pelo PSOE é a matriz genética e estratégica desde o primeiro dia em que o El País apareceu nas bancas. Bernardo Bairrão preparava-se pois para ser secretário de Estado da administração interna do actual governo português. O melindre, mais do que óbvio, é escandaloso!

Na qualidade de administrador da Media Capital, Bernardo Bairrão despediu Manuela Moura Guedes nas vésperas das eleições legislativas de 2009, para proteger o primeiro ministro (José Sócrates) que tentara controlar a TVI através de uma entrada da PT na Media Capital e que queria, por outro lado, numa espécie de dois em um, ajudar o El País e Zapatero. O canal de televisão português com maior audiência deixaria assim de ter vozes inconvenientes e evoluiria rapidamente para uma espécie de vaquinha ideológica dos socialistas ibéricos.

Um dos homens que concretizara esta estratégia (ainda que parcialmente, pois a Prisa acabou por não precisar de vender a Média Capital) foi Bernardo Bairrão, o mesmo que iria agora entrar no âmago do governo de Passos Coelho. Menos mal que Manuela Moura Guedes enviou um SMS ao primeiro ministro avisando-o da asneira crassa em curso.

É, porém, preciso regressar ao tempo em que o grupo Prisa pensou vender a Media Capital para realizar receitas urgentes destinadas a resolver um gravíssimo problema de incumprimento potencial das suas obrigações financeiras, para percebermos a outra dimensão deste caso, e sobretudo do empenho extraordinário do Expresso e da SIC (i.e. do cada vez mais frágil grupo Impresa, de Pinto Balsemão) em fazer do não-caso Bernardo Bairrão uma arma de arremesso contra o actual governo.

A Ongoing, que hoje se posiciona claramente para entrar na privatização da RTP, manifestou em 2009 a intenção de tomar posições accionistas activas (i.e. com capacidade de controlo e gestão) tanto no grupo Impresa (onde tem aliás uma participação histórica), como na Media Capital. A Impresa exibia já uma curva declinante aparentemente sem regresso, e o grupo Prisa tinha sido mais ou menos forçado a colocar à venda a Media Capital como forma de arrecadar receitas necessárias a por em dia o seu desequilibrado balanço. Quis o destino que nenhum dos grupo de média fosse parar às mãos da Ongoing e das do seu novo estratega para a área das indústrias de comunicação e conteúdos, José Eduardo Moniz.

Com o acordo da Troika ficou entretanto decidida a privatização da RTP — um monumental centro de custos (2), sede de mordomias sem fim e gestão aventureira dos escassos recursos fiscais existentes. No actual estado da tecnologia, a existência de televisões públicas não tem qualquer justificação, e a sua subsistência apenas revela a pulsão paternalista e o desejo de manipulação de massas que o poder partidário e o poder político conservam como uma espécie de direito natural. Basta pensar no trauma que à época foi a privatização do venerável Diário de Notícias para percebermos rapidamente que o caso da RTP é exactamente da mesma natureza: uma vez privatizada, ninguém mais pensará nisso, e o país deixará de carregar ao lombo um cancro despesista.

Os arquivos da RTP devem juntar-se à Cinemateca, e ambos os arquivos devem ser integrados na Biblioteca Nacional, formando um novo e único organismo de conservação e disponibilização pública de documentos. É assim que se poupa e ganha eficácia, transparência e independência democráticas.

Desde que a privatização da RTP foi anunciada (e não seria sério privatizar apenas um canal; é preciso mesmo privatizar toda a empresa), tanto Pinto Balsemão, como os espanhóis da Prisa, decidiram agitar as águas mediáticas, alertando para a ameaça que um novo canal privado de televisão colocaria à sobrevivência da SIC e da TVI. Ou seja, um canal público que é simultaneamente um buraco financeiro e uma empresa incompetente, nomeadamente na criação de audiências e na captação de receitas publicitárias, faz afinal bem à SIC e à TVI. Pois é, mas faz mal, aliás muito mal, ao bolso dos portugueses!

Bernardo Bairrão manifestou-se publicamente contra a privatização da RTP, em nome dos interesses da Prisa. Colocar este personagem, depois de semelhante declaração, na administração interna do país, ainda por cima com o cargo de secretário de Estado, seria como meter uma raposa dentro dum galinheiro e pedir-lhe que tomasse conta das galinhas! Elementar, não é?

Finalmente, toda a gente sabe nos "bas-fonds" da comunicação social portuguesa, que uma RTP privada, eventualmente controlada por uma aliança entre a Ongoing e a TV Globo, dirigida por José Eduardo Moniz, levar-nos-ia não só à segunda grande revolução na indústria mediática portuguesa, como acabaria por dar lugar à cooptação de uma das duas concorrentes, a Media Capital ou a Impresa, pela nova RTP.

Esta é a realidade que a indigente e manipulada imprensa que temos não desvenda, preferindo usar os canais de comunicação de massas à sua disposição para arquitectar uma guerra estúpida e injusta contra o actual governo. Espero bem que estes novos fariseus falhem o seu encapotado objectivo.

PS: A Prisa não voltou a receber no seu regaço Bernardo Bairrão, como seria normal. Moral da história: para evitar problemas com o novo ciclo político português, e com o que se aproxima em Espanha, o melhor mesmo é colocar uma catalã no lugar outrora ocupado por Bairrão. Há que por as barbas de molho, como se diria em Espanha: efectivamente!

NOTAS
  1. Segundo o Jornal de Negócios de 19-07-2011, Pais do Amaral vai comprar mais 20% da Media Capital. Daí, creio, a sua oposição à privatização da RTP. Resta perguntar se a oposição do CDS é um tributo de Paulo Portas ao seu antigo patrão.
  2. A  RTP, mesmo depois de por lá ter assado o famoso Almerindo Marques, tem mais funcionários do que a TVI e a SIC juntas, um passivo que daria para comprar duas pontes Vasco da Gama, e recebe mais dinheiro do Estado do que de publicidade. Consegue aliás a proeza de estar apenas a 13% do conjunto das indemnizações compensatórias pagas pelo Estado ao sector de transportes (ver este gráfico, relativo às contas de 2010, publicado pelo blogue Aventar.)

LINKS

Prisa vende posição na Media Capital abaixo do preço justo. Jornal de Negócios - 30 Setembro 2009 | 09:44
PRISA vende el 35% de Media Capital y el 25% de Santillana por 400 millones. EL PAÍS - Madrid - 28/09/2009
Prisa vende 30% da Media Capital à Ongoing (act.2). Jornal de Negócios - 28 Setembro 2009 | 19:58
Ongoing interessada em ter posições de "controlo partilhado".  Público - 02.07.2009 - 15:49 (Por Lusa)

ÚLTIMA ACTUALIZAÇÃO: 19 Julho 2011


sábado, setembro 05, 2009

Portugal 122

Prisa? Rua!

O PS de Sócrates é contra a liberdade

Público, 04.09.2009 - 15h15 Eduardo Cintra Torres

A decisão de censurar o Jornal Nacional de 6ª (JN6ª) foi tudo menos estúpida. O núcleo político do PS-governo mediu friamente as vantagens e os custos de tomar esta medida protofascista. E terá concluído que era pior para o PS-governo a manutenção do JN6ª do que o ónus de o ter mandado censurar. Trata-se de mais um gravíssimo atentado do PS de Sócrates contra a liberdade de informar e opinar. Talvez o mais grave. O PS já ultrapassou de longe a acção de Santana Lopes, Luís Delgado e Gomes da Silva quando afastaram a direcção do DN e Marcelo da TVI.

... Intervindo na TVI, o PS-Governo atingiu objectivos fundamentais. Como disse Mário Crespo (SICN, 03.09), o essencial resume-se a isto: J.E. Moniz e M. Moura Guedes foram eliminados —e com eles as direcções de Informação e Redacção e um comentador independente como V. Pulido Valente.

O senhor Sócrates tinha um grande dilema: deixar a Manuela Moura Guedes apresentar novos dados sobre o seu envolvimento e o envolvimento da sua família no affair Freeport, voltando ainda à carga com outros temas reveladores da instrumentalização da actual maioria "socialista" por interesses económicos inconfessáveis (como seria, por exemplo, o caso do aeromoscas de Beja, pronto a inaugurar, mas sem clientes à vista, apesar de ter custado 33 milhões de euros ao bolso dos contribuintes); ou então impedi-la de o fazer, pedindo com urgência a Juan Luis Cebrián, o Maquiavel madrileno do falido Grupo Prisa, que mandasse calar Manuela Moura Guedes, encerrando o programa informativo com maior audiência em todo o panorama audiovisual português, apesar das previsíveis consequências nos resultados do PS nas eleições das próximas semanas.

O que aconteceu é público, e muito provavelmente custará ao PS um pesado e porventura longo isolamento político. Porque motivo decidiu então a tríade de piratas que manobra José Sócrates assassinar o PS? Certamente para evitar um mal maior. Resta perguntar: que mal maior é esse, e mal maior para quem?

Jose Luis Zapatero quer penetrar profundamente no território português através de uma espécie de garra de caminhos de ferro chamada TGV, Alta Velocidade, ou AVE (como preferirem). Segundo as suas próprias palavras (1), esta é a melhor forma de unificar a Espanha!

O PS da tríade de Macau é o instrumento imbecil e oportunista desta manobra. Não porque devamos rejeitar liminarmente a ligação da nossa rede ferroviária a Espanha e ao resto da Europa, mas porque devemos discutir de igual para igual os termos e o desenho dessa ligação, rejeitando desde logo a visão unilateral, centrífuga e ridiculamente imperial de Madrid sobre a configuração da nova rede ibérica de bitola europeia. Madrid quer que tudo passe por Madrid, antes de chegar a qualquer outro lugar, e quer, por outro lado, construir a nova rede ferroviária como uma teia de aranha cujo centro é a capital de um ex-império cheio de prosápia, pouca eficiência, maus modos e muita corrupção. Ora Manuela Ferreira Leite e Aníbal Cavaco Silva perceberam o alcance estratégico negativo da manobra de envolvimento lançada a partir dos palácios de La Moncloa e del Oriente, e têm vindo a dar insistentes sinais de que a mesma não passará tão cedo do papel ao teatro de operações.

Ora isto é muito preocupante para Madrid, sobretudo no enquadramento cada vez mais explosivo das reivindicações nacionalistas do País Basco e da Catalunha (2).

Chegar a Lisboa e ao Atlântico tornou-se uma obsessão espanhola desde a célebre Cimeira das Lajes, acolhida pelo actual presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso, que então o príncipe da Prisa, e administrador do El País, Juan Luis Cebrián, mandou apagar da fotografia. O passado Franquista deste senhor e do seu querido progenitor (3) poderão explicar a pulsão autoritária que agora desagua em Lisboa da pior maneira.

O Grupo Prisa está à beira do colapso financeiro (4). A decisão de vender o Grupo Media Capital foi um recurso para salvar a jóia da manipulação jornalística espanhola. José Sócrates viu nesta ocasião, como anteriormente vira nas dificuldades do BCP, uma boa oportunidade para incluir no portefólio da máfia que tomou conta do Partido Socialista, mais um importante instrumento de controlo do poder. Meteu a Portugal Telecom ao barulho, mas Cavaco e Manuela Ferreira Leite travaram o assalto (de novo eles...) Ainda assim Cebrián está agradecido a José Sócrates. Quer dizer, disposto a ajudá-lo quando for preciso. E foi preciso! Resta apurar porquê...

Ao contrário do que a contra-informação governamental quis fazer crer, Cebrián não está em rota de colisão com a Zapatero (5), mas antes exigindo que este despeça o seu ministro da indústria, por prejudicar os negócios da Prisa. Ou seja, está a negociar! Daí que, à sua vontade de colocar a TVI ao colo da tríade de Macau, em troca, claro está, dumas preciosas centenas de milhões de euros (de preferência públicos), Zapatero acuda com mais Améns, em nome, desta vez, da sua manobra de penetração ferroviária, portuária e aeroportuária em território galaico-lusitano. Cebrián precisa de despachar a TVI, e Zapatero precisa de fazer chegar o AVE a Lisboa quanto antes. Para isso têm que impedir a vitória de Manuela Ferreira Leite e a subida do Bloco de Esquerda nos próximos actos eleitorais — nem que para tal seja preciso montar uma monumental provocação, digna das idas décadas de 1920-1930!

É por estas e por outras que é urgente impedir a continuação do senhor Sócrates e da tríade de Macau aos comandos deste país. Nem que para isso seja necessário votar em Manuela Ferreira Leite, em Paulo Portas ou em Francisco Louçã. A vitória previsível do PSD, porém, não chega. É fundamental enterrar as bases infecciosas do Bloco Central, para que o mesmo não possa ressuscitar nas próximas décadas. Mas para isso precisamos de ajudar os pequenos partidos (CDS e Bloco de Esquerda) a duplicarem (PP), ou mesmo triplicarem (BE) a sua força eleitoral já nas próximas eleições.

A Assembleia da República que resultar da eleição do próximo dia 27 de Setembro poderá e deverá legislar um conjunto de restrições à presença do capital estrangeiro nalguns sectores estratégicos da nossa economia e da nossa matriz cultural. O incidente com Cebrián serve de lição. Comunicação social; estradas, portos e aeroportos; defesa e segurança; mar; água; energia; telecomunicações e redes informáticas nacionais, por exemplo, devem passar a ser consideradas áreas de investimento protegido, onde nenhuma empresa estrangeira poderá, sob nenhum pretexto, deter maiorias de capital, nem poderes maioritários de administração.

Não sou, nem iberista, nem anti-iberista. Defendo, isso sim, uma Plataforma Ibérica de Cidadania, ou seja, uma rede ideológica alargada que, não se confundindo com o Iberismo, é porém capaz de promover a coesão estratégica, económica, social e cultural da Península Ibérica, no respeito absoluto das nações, territórios e independências políticas que a constituem, e ainda no quadro de uma União Europeia menos burocrática e mais solidária. Já é tempo de explicar aos nacionalistas madrilenos, franquistas e pós-franquistas, que o mundo mudou.


POST SCRIPTUM

Email enviado à redacção do El País, em resposta ao seu inqualificável artigo sobre a censura da Prisa ao Jornal Nacional de Manuela Moura Guedes.

Bom dia,

O vosso artigo sobre as eleições em Portugal é um exemplo triste de manipulação jornalística, bem ao estilo paternalista e arrogante que o Grupo Prisa habituou os portugueses sempre que aborda questões importantes dizendo respeito aos dois países — como foi o caso da inqualificável censura cometida pelo El País durante a Cimeira das Lajes que deu origem ao início da Guerra contra o Iraque (omitindo então, sistematicamente, em palavras e em imagens, a presença de Durão Barroso), e agora é o caso, de contar com o governo português de José Sócrates para salvar a falida Prisa, ou ainda negociar com o desprestigiado primeiro ministro português uma ajudar trapalhona ao governo espanholista de Zapatero na concretização do desenho tentacular da rede de Alta Velocidade ibérica, a qual, segundo o próprio Zapatero, é uma boa estratégia para garantir a unidade de Espanha!

Já vimos que não é, nem está a ser!!

A Prisa cometeu um acto de inqualificável censura no nosso país. Por esse acto deve ser penalizada sem hesitação. Espero bem que o novo governo de Portugal passe a tratar a Moncloa com mais firmeza, e crie legislação nacional que impeça a tentativa de assalto em curso, por parte dos estrategas madrilenos, aos sectores estratégicos do meu país. Desde logo, Portugal não é uma República das Bananas!

Aproveito ainda para recomendar ao El País a leitura do que esta madrugada escrevi no António Maria sobre o intolerável episódio de intromissão de uma empresa estratégica do socialismo espanholista nos assuntos internos de Portugal.

Atentamente,

António Cerveira Pinto

Anexo

V/ referência:

La campaña de Portugal arranca con un aluvión de debates

En esta "batalla preelectoral", una decisión empresarial se ha convertido en el tema que acapara la atención de políticos y los medios. La noticia se produjo cuando la cadena de televisión TVI, cuyo accionista mayoritario es el grupo PRISA -editor de EL PAÍS-, comunicó el cambio de formato del telediario de los viernes para homogeneizarlo con los informativos del resto de la semana. La decisión implicaba la salida de Manuela Moura Guedes como directora del Jornal Nacional de Sexta (telediario del viernes). Varios directivos del área de informativos de TVI dimitieron en solidaridad con la periodista. Se da la circunstancia de que el Jornal de Sexta se ha caracterizado por su crítica feroz al Gobierno socialista y, especialmente, a la figura del primer ministro, que llegó a calificar dicho telediario de periodismo travestido. Las reacciones de políticos, candidatos y comentaristas se produjeron en cadena y, en cuestión de horas, no sólo TVI y PRISA, sino "España" y "los españoles" se convirtieron en protagonistas involuntarios de la campaña electoral y del fuego cruzado entre los candidatos.

La utilización electoralista de un tema tan recurrente como la relación con España ha desplazado a los grandes temas de fondo de la campaña, que giran en torno a la crisis económica y a las iniciativas para salir de ella. Los programas de todos los partidos ponen el énfasis en la lucha contra el paro que, según las últimas cifras, llega al 9,3% (medio millón de portugueses). -- in El País.


ÚLTIMA HORA!

A empresa liderada pelo censor e ex-franquista Juan Luis Cebrián, PRISA, publica os manuais escolares portugueses para o ano lectivo 2009/2010, 1º ciclo, 1º ano, através da sua editora escolar Santillana!

NOTAS
  1. Zapatero dice que los AVE refuerzan la cohesión territorial al inaugurar la línea Córdoba-Antequera (Ler esta pérola do El País)

  2. El alcalde de Arenys de Munt defiende la consulta independentista y la mantiene
    Barcelona. (Agencias).-El alcalde de Arenys de Munt (Barcelona), Carles Móra explicó que la consulta, propuesta por el Moviment Arenyenc per l'Autodeterminació y aprobada en un pleno municipal con los votos favorables de AM2000, CiU, ERC y CUP y la oposición de PSC, se mantiene pese a la presentación del recurso por parte de los abogados del Estado para impedir su celebración. "Estamos dentro del marco legal. Es imposible contemplar la posibilidad de que el referéndum sea ilegal, y lo digo con todas las garantías", afirmó. "Los abogados se lo han mirado bien" y es "imposible" que no consideren válido el referéndum", agregó Móra. — La Vanguardia (03/09/2009).

  3. Su padre Vicente Cebrián fue un alto cargo de la prensa del régimen franquista y director del diario Arriba, órgano de comunicación de la Falange Española.
    (...) Con 19 años (...) entró a trabajar como redactor jefe en Pueblo, el diario vespertino del Movimiento (...)
    En 1974 fue nombrado jefe de los servicios informativos de RTVE por el último Gobierno de la dictadura, siendo Arias Navarro el jefe del gobierno, quien dio su aprobación. — in Wikipedia.

  4. Dívidas da Prisa poderão exigir venda de activos
    O grupo espanhol Prisa necessita de uma injecção de capital de pelo menos 300 milhões de euros até Outubro, para responder à pressão financeira dos bancos que concederam à empresa um adiamento nos empréstimos actuais, segundo a imprensa espanhola. Em causa poderá estar a venda de parte das empresas Digital Plus, Santillana e Media Capital (esta última, em Portugal). -- SIC.

  5. Cebrián ataca al Gobierno por la aprobación de la TDT de pago
    El consejero delegado del Grupo Prisa, Juan Luis Cebrián, ha calificado el comportamiento del Gobierno, con la reciente aprobación del decreto-ley de la TDT de Pago, de propio de una "república bananera", informa Efe. — Terra.

OAM 619 05-09-2009 02:38 (última actualização: 07-09-2009 16:45)

quinta-feira, junho 25, 2009

Portugal 112

Conversa entre Zapatero e Sócrates
Manuela Ferreira enterra Pinóquio e encosta Mexia às boxes

Prisa confirma negociações com a Portugal Telecom
"O grupo Prisa mantém actualmente negociações com a Portugal Telecom, empresa líder de telecomunicações em Portugal, para a definição duma aliança que reforce as posições competitivas das ditas empresas e favoreça as condições necessárias para impulsionar os seus planos de futuro da media Capital e potenciar as suas possibilidades de expansão nos mercados internacionais, particularmente nos países de língua portuguesa", lê-se no comunicado enviado à CMVM. — in RTP (25-06- 2009, 19:51)


Quinta fase da guerra para o controlo socratino da TVI
A reacção, ontem, 24-6-2009, à tarde no inoportuno debate parlamentar, do CDS-PP e do Bloco de Esquerda e, à noite na entrevista na SIC, de Manuela Ferreira Leite, contra a intervenção do Governo na «linha editorial» da TVI, mediante a compra de 30% da Media Capital pela governamentalizada PT, e a própria inábil resposta sub-consciente de Sócrates, tornaram muito difícil esta manobra para o controlo da restante comunicação social de significado. Desalojar José Eduardo Moniz e Manuela Moura Guedes, que era o objectivo declarado profusamente nos media, tornou-se agora muito complicado com o teste de algodão de demonstração do motivo da manobra: se Moniz for demitido/substituído/rescindido/removido isso expõe o propósito do negócio socratino-bávico.

Convencido da viabilidade do negócio, após a reacção suave em 23-6-2009 (em que avultou o silêncio dos media e... demasiados blogues) à notícia-balão desse dia no «i», Sócrates deu ordem para o negócio avançar rapidamente, sonhando ainda com a ilusão de reverter o resultado das europeias em vitória tangente em Outubro. Porém, a reacção política cresceu a um nível inimaginável, as casas de investimento, até ligadas a accionistas de referência (como o BES) deram parecer negativo, e puseram em causa o prémio político de preço adicional pela compra por 150-200 milhões de euros de uma quota que vale cerca de metade, e movimentos da sociedade civil ameaçaram com providência cautelar para impedir o negócio. — in Do Portugal Profundo (25-06-2009)

O jovem yuppie que gere o semi-monopólio de telecomunicações chamado Portugal Telecom, Zeinal Bava, meteu os pés pelas mãos durante uma entrevista de emergência dada a Judite de Sousa há poucos minutos na RTP. Omitiu sem graça nem jeito a verdade do frete encomendado por Zapatero e Sócrates, que era o de a PT comprar por um valor exorbitante e descaradamente político boa parte da Média Capital. O jovem Zeinal gaguejou, pois, ao povo português —que é dono da Golden Share da PT—, bem como aos demais accionistas da própria empresa — Caixa Geral de Depósitos e privados incluídos.

Como esclarece a Prisa e era óbvio para toda a gente, incluindo os socialistas avisados que começam a abandonar a nau Catrineta do papagaio Sócrates, houve mesmo uma tentativa relâmpago de assalto à TVI, a contento do senhor Zapatero, que tenta a todo o custo salvar o grupo de comunicação pró-socialista Prisa (com um passivo superior a 5 mil milhões de euros!), e para gáudio salivar antecipado de José Sócrates, que por este postigo inesperado vira a grande oportunidade de correr a pontapé José Eduardo Moniz, e sobretudo Manuela Moura Guedes, da paisagem mediática lusitana. Mas a manobra saiu-lhes, por agora (1), pela culatra. Em grande medida, diga-se de passagem, graças à estocada mortal que Manuela Ferreira Leite desferiu ontem à noite sobre o cada vez mais desamparado primeiro ministro "socialista".

Manuela Ferreira Leite, na entrevista que deu ontem a Ana Lourenço, confirma aliás as minhas expectativas e previsões de há um ano, ou mais: será primeira ministra de Portugal a partir das próximas eleições legislativas.

Muita coisa irá forçosamente mudar, começando pela inevitável dança de cadeiras tão ao gosto dos boys&girls do Bloco Central. António Mexia, o grande CEO da EDP —que tem um passivo acumulado de mais de 13 mil milhões de euros!!— já começou a ganir, e tem razões para isso. Vai mesmo ter que mudar de poleiro no fim do ano, e assim talvez sejam suspensas algumas barragens assassinas que o imbecil alegremente vem anunciando por aí como coisa consensual que nunca foi!

Mas voltando ao negócio partidário Prisa-Média Capital, não posso deixar de imaginar a conversa ao telemóvel entre Zapatero e Sócrates.

— Pepe, perdón, Jose, es decir Socrates, como estas?
— José?! perdon Sapateiro, quer decir, Zapatero, si soy yo... bueno, vamos andando... y tu?
— Socrates, tengo un problemita... de que te queria hablar un ratito. Tienes un minuto para mí?
— Claro que tenho un minutito para tí. Por supuesto! Nada de saúde espero!
— Algo de nuestra salud partidaria, más bien, no se si me entiendes...
— Oh sim, sim! Nostra salude partidaria anda un poco mala, para no dizer una mierda! Pero como posso ajudarte?
— Bueno, de echo, tu me puedes ayudar, y yo te puedo ayudar tambien!
— Ah síííííí.......!! Cuentame ya!
— La cuestión es la siguiente: el grupo Prisa, ya sabes, los dueños d'El País y de tu odiada TVI, y de muchas otras cosas más, tiene un problema de fondos bastante serio. Y ya sabes, tengo que ayudarlos. Dependo de ellos para casi todo y la cosa no esta nada fácil para nosotros. La Derecha, ya sabes, el PP, sube continuamente en las encuestas... y por este camino nos hecharan del poder. No puede ser! Vamos a tener el caos en España! Y el caos en mí país, ya sabes, es el caos en tu país...
— Es verdade! Pero no vejo como posso ajudarte... no tengo dinero ni para mandar cantar un ciego. No vas a pedirme dinero, no?
— Tranquilo Socrates, claro que no! La idea es otra. Bastaria que la telefonica portuguesa, es decir la PT, comprara una parte de Média Capital, que ahorita pertenence al Grupo Prisa, para que yo quedara bien delante de Juan Luis — Cébrian, lo conoces, no? — y tu, a la vez, podrás hechar a la chica esa que no te larga... Como se llama ella, que no me acuerdo?
— La put...., no, Manuela Moura Guedes, essa grande put..., perdón, gaja, te refieres, no?
— "Gaja", que significa "gaja"?
— No sei la palavra en español... "tipa"?
— Ah..., a una golfa te refieres, no?
— No, es más bien una put...., bueno una golfa, sí. Le gusta el golf, seguramente!
— Qué dices?
— No, nada, nada...
— Que te parece entonces la idea? Un buen negocio para los dos, o no es así?
— Claro, claro. Mataríamos uma put... e um coelho a la vez!
— Curioso, en mi país, tambien tenemos un refrán parecido: matar dos conejos de un tiro!
— Si, si es lo mesmo! Matar dois coelhos de uma cajadada!
— Cajadada?
— Sí, quer decir, con un cajado, ... un pau, ... un palo,, bueno es un proverbio alentejano!
— Proverbio, Socrates?
— Sí, un proverbio. No sabes lo que es?
— No....
— Bueno Zapatero, y que tengo que facer para sacar fora la put... que no me larga, de TVI?
— Si hablas con ese alentejano simpatico que manda en la PT...
— Quién, el jovem Zeinal Bava?
— No, Socrates! El alentejano ese, como se llama? Granada, o algo así....
— Hummmm... voy a preguntar y ya te llamo, vale?
— Haceme ese favor. Te agradezco un montón! Un abrazo!
— Controlar la TVI... com um único "palo"... Que grande ideia! Que grande dia! Vou contar ao Pedro! Tra-la-la... tra-la-la..., tra-la-la.....


NOTAS
  1. Ao contrário do que o Público anunciou, com manifesto exagero, horas depois deste post, na edição de 26 de Junho —Acordo para o negócio da PT com a TVI quase concluído. José Eduardo Moniz fica na estação—, o negócio morreu mesmo depois da entrevista a Manuela Ferreira Leite, secundada posteriormente pelas palavras sem regresso do Presidente da República.


OAM 594 25-06-2009 23:55 (última actualização: 29-06-2009 18:36)

terça-feira, junho 23, 2009

Crise Global 67

Bolha mediática prestes a rebentar

Está esclarecido o mistério da candidatura de José Eduardo Moniz à direcção do Benfica: o homem sabe que o porta aviões da TVI, isto é o Grupo Prisa, vai a pique, tal como o Titanic!


Dívidas obrigam Grupo Prisa a procurar sócios minoritários


O grupo Prisa, proprietário do jornal espanhol ‘El País’, já tem mais de cinco mil milhões de euros em dívida acumulada.

Esta situação obriga à procura de sócios para vender participações minoritárias dos seus negócios, incluindo da Media Capital, que detém a TVI e a editora Santillana.

Encarando as dificuldades em fechar o acordo com a Vivendi e a Telefónica para vender a Digital +, o grupo Prisa duplicou os esforços para procurar novos sócios para as suas empresas. — in Económico.

PT sozinha na corrida para comprar a TVI

A Portugal Telecom (PT) está em negociações para comprar 30% da Media Capital, a empresa que detém a TVI. Segundo o jornal Expresso, a Ongoing saiu do negócio por só aceitar uma posição maioritária. — in DN TV&Media.

Spain's Prisa to cut pay, dividends

MADRID, June 18 (Reuters) - Debt-burdened Spanish media group Prisa (PRS.MC) will ask staff to take pay cuts and is suspending dividends probably until 2011 as it steps up its restructuring efforts, its CEO said on Thursday.

The owner of newspaper El Pais did not rule out a capital hike, as shareholders approved last year, and will press to find business partners, Juan Luis Cebrian told the company's annual shareholders' meeting, as the group battles a heavy debt burden and a downturn in advertising.

... "We are going through an extremely difficult situation, but it is not desperate ... nor is the group's future threatened," Cebrian said. — in Reuters.

Quem haveria de dizer que a estrela luminosa do jornalismo e da comunicação mediática global saída desse extraordinário diário espanhol chamado El País não passa neste momento de uma estrela cadente? Que se passou? Deixou de fazer bom jornalismo? Perdeu audiências? Não resistiu às quebras de receita no sector publicitário? Cresceu demais?

Bom jornalismo e audiências não perdeu certamente. Basta comprar o El País do próximo Sábado, ou ouvir a Manuela Moura Guedes na Sexta, para concluir que continuam em alta em matéria de bem confeccionar notícias e capacidade de atrair audiências.

Já que no que se refere a receitas de publicidade, excesso de endividamento e grandes perdas em bolsa, a coisa muda de figura.

Depois de ter batido no fundo em 9 de Março deste ano (ver Bolsa PT), as acções da Prisa lá se foram levantando até chegar ao máximo deste ano —4,34 euros— no passado dia 8 de Junho, estando desde aquela data em queda. Mas o pior pode estar por vir! Há quem sussurre sobre o colapso a curto prazo do altamente endividado sector mediático espanhol, que como o resto da economia espanhola viveu anos de ouro à sombra da especulação imobiliária e bolsista, endividando-se ruidosamente, como se o mundo não tivesse fim, ou parte do explorado terceiro mundo e algumas ex-colónias europeias não tivessem emergido como pujantes economias do século 21, declaradamente indispostas a mimar por muito mais tempo um Ocidente consumista, cheio de retórica humanista, mas cada vez mais endividado e a perder hábitos de trabalho.

As televisões autonómicas espanholas estão virtualmente falidas. Mas sobretudo só agora começamos a conhecer os enormes estragos que a Internet veio e continuará a provocar no grande sistema mediático inventado na América, por volta de 1928, depois da publicação do decisivo e pouco conhecido livro Propaganda, de Edward Bernays, sobrinho de Sigmund Freud e fundador do conceito de Relações Públicas. O Broadcast big-brotheriano tem vindo a ser paulatinamente substituído por uma nova e radical turba multa mediática chamada Netcast, muito mais democrática e incontrolável, como se tem visto nos recentes conflitos bélicos internacionais e nas manifestações contra o autoritarismo e a criminalidade de Estado por esse mudo fora: Bush, Iraque, Líbano, Afeganistão, Irão, etc.

Há quinze anos que falo disto. Mas nem o Pinto Balsemão, nem alguns governos autonómicos do país vizinho ligaram às minhas palavras quando amigavelmente as transmiti em modo de aviso. O problema agora é que os governos estão falidos, sobretudo depois de injectarem biliões de dólares e euros nas economias americana e europeia para salvar a obsoleta indústria automóvel e as máfias banqueiras. Não vai haver igual benesse para salvar os jornais e as televisões, até porque haverá outras prioridades no futuro imediato: empresas energéticas com passivos gigantescos (veja-se o caso patético da EDP), sistemas de segurança social à beira do colapso e um incomensurável buraco negro financeiro chamado Derivados, ou Derivatives, cujo valor nocional, i.e. de potencial desastre, corresponde a qualquer coisa como quatro vezes o PIB mundial!

A única saída para evitar o colapso dos governos será muito provavelmente imprimir dinheiro à toa, de onde sairá, se o fizerem, uma inevitável onda de hiperinflação. Mugabe já deve estar a rir-se à gargalhada. Até lá, contem com mais falências —a bolha mediática pode ser a próxima a rebentar—, mais impostos, mais desemprego, escassez e subida generalizada do preço do dinheiro, hipotecas a subir, e uma viragem das vossas vidas como nunca imaginaram.

Sobretudo não dêem crédito aos governantes, que continuarão a mentir como mentiram até agora — isto é, com todos os dentes!


OAM 593 23-06-2009 23:07