A Rússia prometeu nesta segunda-feira retomar o fornecimento de gás à Europa por meio de gasodutos que passam pela Ucrânia a partir da manhã de terça-feira. — BBC.
La vague de froid souligne la fragilité énergétique européenne
07 Jan 2009. Record de consommation électrique en France, baisse des livraisons de gaz naturel du géant gazier russe Gazprom, la vague de froid qui touche l’Europe atteste de la menace énergétique qui plane sur l’Union Européenne. En novembre 2008, l‘étude de l’Observatoire Européen des marchés de l’Energie(OEME) de Capgemini alertait sur le risque d’un ralentissement des investissements dans les infrastructures énergétique susceptible de menacer la sécurité d’approvisionnement énergétique lors du retour de la croissance.
La consommation d’électricité en France a atteint un nouveau record historique mardi à 19H00, à 91.500 mégawatts (MW). Le même jour, les livraisons de gaz naturel de Gazprom ont baissé de plus de 70% en France. -- in La Moette/ Le Monde.
Milhões de europeus foram atingidos por uma vaga de frio polar. O simples facto de ter chegado com a intensidade que chegou a Portugal, permite-nos imaginar os impactos na economia e na saúde das pessoas de países como a Alemanha, Polónia, a República Checa, Áustria, Hungria, Roménia, Bulgária e Turquia. Eu, por exemplo, não me livrei duma gripe e de dois dias de completa improdutividade!
Imaginemos, por um momento, o que seria da Europa se a ameaça russa de nos cortar os fornecimento de gás natural se cumprisse de forma duradoura, e não apenas, como parece ter sido agora o caso, por uma escassa semana. Estariam as cidades actuais preparadas para enfrentar o desafio? Basta ler os regulamentos sobre edificações urbanas, para percebermos que todos eles descansam no poder maravilhoso do ar condicionado e do aquecimento central alimentado a gás. Ou seja, não, não estaríamos! A climatização passiva dos edifícios e das cidades há muito que foi abandonada ou desleixada em nome do uso maciço e indiscriminado de hidrocarbonetos sólidos, líquidos e gasosos, utilizados directamente como combustíveis, ou indirectamente, como fonte de alimentação de centrais termoeléctricas. Ou seja, se o gás natural de que a Europa actualmente depende, e dependerá ainda mais no futuro, pois a produção própria estagnou e começará brevemente a declinar, importado da Rússia (Sibéria), do Cáspio, de África, do Médio Oriente e ainda da América Latina, nos fosse negado, pode dizer-se que o velho continente colapsaria. Este esclarecedor relatório da UE —Outlook for European Gas Demand, Supply and Investment to 2030 (PDF)— revela até que ponto o assunto é grave e os jogos de poder promovidos pelo Kremlin devem ser levados a sério.
The battle of the oligarchs behind the gas disputeA ameaça feita por Putin, de reorientar para a Ásia, isto é, para a China, as exportações do gás natural da Síbéria, que actualmente vende à Europa (Ucrânia e Turquia incluídas), não deve ser lida como um bluff de alguém que quer simplesmente fazer sentir à Europa a falta de independência estratégica desta face aos Estados Unidos, sempre que estes persistem em cercar a Rússia de governos fantoches, estados falhados e bases militares, ou toleram (de facto apoiando com todas as forças!) o criminoso expansionismo de Israel.
By Jérôme Guillet and John Evans
06 Jan 2009. The Soviet gas industry was born in Ukraine in the 1930s and the infrastructure was built from there. Ukraine remained a central part of the gas pipeline network even as the focus of activity moved to western Siberia. Carving up the Soviet Union along along the borders of its former republics made for an often unworkable allocation of physical assets. Vital assets for Gazprom, the Russian gas monopoly, are located in Ukraine and thus no longer under its direct control: the pipelines are an obvious item, but, just as significantly, Ukraine controls most of the storage capacity of the Russian export system. On the other hand, Ukraine, a heavy industry country, has mostly depleted its gas reserves, making it dependent on gas from Siberia.
So this is a situation of mutual dependence. Russia needs Ukrainian infrastructure to honour its export contracts to Europe, and Ukraine needs Russian gas. In case of conflict, withholding gas (from Russia’s side) or shutting down export infrastructure (from Ukraine’s) are tempting options, which have been taken up repeatedly since the demise of the Soviet Union.
Ukraine used to get its gas allocation from Soviet planners and continued to expect the same after independence. When Russia first tried to get payment for its deliveries in the early 1990s, it failed. When it first cut off gas to Ukraine to enforce payments, Ukraine simply tapped the gas sent for export purposes; when European buyers howled, Russia relented and restored gas supplies without having managed to get paid by Ukraine. This has gone on. Yet somehow the gas continues to flow every year. — in Daily Kos.
Se Obama resolver desencadear, ainda que por interposto estado de Israel, um ataque em larga escala ao Irão, provocando uma guerra regional de proporções imprevisíveis, um cenário de corte simultâneo dos fornecimentos de gás natural por parte da Rússia e da Argélia seria assim tão inverosímil?
A Rússia, o Irão e o Qatar detêm aquelas que são de longe as maiores reservas mundiais de gás natural. Seguem-se-lhes as reservas dos Emiratos Árabes Unidos e da Arábia Saudita. Se o interesse por esta vasta região sempre foi grande, estando na origem de todas as grandes carnificinas do século 20, parece que a importância crescente do gás natural, que sob várias modalidade e usos tem vindo a substituir alguns dos usos dados preferencialmente ao petróleo, vai no mesmo sentido! Há, porém, uma diferença: os Estados Unidos e a Europa deixaram de ser potências credoras, estando hoje atoladas num tsunami de dívidas.
O uso da moeda americana no comércio internacional deixou de ser um meio de troca para passar a ser uma forma cada vez mais escandalosa e intolerável de financiamento de um país a caminho da bancarrota. Esta percepção da realidade poderá conduzir uma potência emergente como a China a abandonar progressivamente o dólar como moeda de referência, criando ela própria uma moeda regional forte. O cenário é tanto mais plausível quanto o euro poderá entrar numa prova de esforço sem precedentes quando vier à tona a dimensão dos estragos provocados na Europa pela banca sombria dos derivativos.
As políticas de endividamento imparável que parecem estar nos planos anti-crise de Obama e dum número crescente de dirigentes europeus, se não assentarem numa refundação profunda e radical das bases produtivas da América e da Europa, e se não conseguirem ao mesmo tempo controlar firmemente o sector financeiro, apenas poderão conduzir o Ocidente para uma longa agonia, ou, em desespero de causa, para uma III Guerra Mundial.
Quase tudo o que compramos vem da China, é lá que se encontram as maiores reservas de dólares fora dos Estados Unidos, quem poderá batê-los, a não ser pela via militar, numa disputa comercial justa pelas fontes energéticas e matérias primas disponíveis?
OAM 511 13-01-2009 00:44