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Se a China é a grande ameaça aos dois protagonistas principais do pós-guerra e da Guerra Fria que se lhe seguiria, os quais, por assim dizer, dividiram o mundo em duas grandes zonas de influência (Tordesilhas 2.0), então faz todo o sentido o Ocidente atrair a Rússia (depois do colapso da colossal União Soviética) para o seu lado no embate que mais cedo ou mais tarde ocorrerá entre o capitalismo liberal e democrático e o capitalismo de estado autoritário chinês. Só esta nova divisão (Tordesilhas 2.1) evitaria, de facto, uma Terceira Guerra Mundial, altamente provável se os regimes autocráticos se juntaram todos num mesmo molho de agressores sem escrúpulos.
Putin não gosta deste cenário, mas também não gosta de pensar na submissão inevitável da Rússia à China que adviria de uma não solução pacífica da guerra na Ucrânia. A verdade que Putin não quer engolir, mas que ele ou outro em vez dele terá um dia que aceitar, é que a demografia e a economia, uma vez atingida neutralidade nuclear recíproca (entre USA e Rússia, entre USA e China, e entre China e Rússia) mandam na arrumação e na hierarquia da cadeia alimentar mundial. Ou seja, a envelhecida e demograficamente depauperada Rússia deixou de poder competir com a Europa-América, e com a China. Quer dizer, Moscovo só tem duas opções de sobrevivência pacífica: ou se submete a Pequim, ou aceita educar-se nos princípios da economia liberal e da cultura democrática. Não tem qualquer terceira via à sua disposição.
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A scared mouse is a potential threat text_to_image Me+DALL.E |
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Presidente dos Estados Unidos, James Monroe (1758-1831) |
"We the People of the United States, in order to form a more perfect Union, establish Justice, insure domestic Tranquility, provide for the common defence, promote the general Welfare, and secure the Blessings of Liberty to ourselves and our Posterity, do ordain and establish this Constitution for the United States of America." — in Preâmbulo da Constituição dos Estados Unidos.
Podem os Estados Unidos perder a sua atual hegemonia?
Para perceber o original comportamento dos Estados Unidos, tradicionalmente anti-colonial, messiânico, libertário, liberal, democrático, patriótico e populista, imune às modas alternativas e aos presidentes heterodoxos (incluindo Trump) é preciso considerar a importância das seguintes três referências na formação da doutrina estratégica norte-americana:
I — Doutrina Monroe (1823), James Monroe (1758-1831), Presidente dos Estados Unidos
Essencialmente uma teoria anti-colonial que barrou para sempre quaisquer veleidades de interferências pós-coloniais europeias no destino das Américas (sic).
Curiosamente, esta Doutrina serve agora para travar os ventos coloniais que sopram da China comunista, ainda que sob modalidades mais sofisticadas, de índole comercial, financeira e cultural.
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Alfred Thayer Mahan (1840 – 1914) |
II — Alfred Thayer Mahan (1840 – 1914)/ The Influence of Sea Power upon History, 1660–1783 (1890); The Influence of Sea Power upon the French Revolution and Empire, 1793–1812 (1892).
Os Estados Unidos substituíram a Inglaterra, ou melhor dizendo, o Império Britânico, tornando-se, depois da sua participação tardia nas duas guerras mundiais, no império mundial dominante, sobre os escombros de uma Europa destroçada. Tal como os anteriores impérios português e espanhol, também a Inglaterra e os Estados Unidos tiveram nos mares os seus principais veículos de domínio.
Este domínio americano dos mares persiste, mas poderá ser ameaçado em breve pela emergência imperial da China.
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Halford Mackinder (1861-1947) |
III — Halford Mackinder (1861-1947)/ "The Geographical Pivot of History" (1904)
As independências sucessivas americanas do domínio colonial europeu foram um movimento histórico sem retrocesso, nomeadamente em obediência à Doutrina Monroe imposta pela nova potência mundial hegemónica (1).
No entanto, a ameaça soviética depois da vitória aliada contra a Alemanha nazi, ocupando uma parte do país vencido (Alemanha Oriental), e depois sucessivamente, a Estónia, Geórgia, Cazaquistão, Lituânia, Letónia, Moldávia, Ucrânia, Polónia, Checoslováquia, Hungria, Bulgária e Romênia, criou uma inesperada ameaça à Doutrina Monroe.
Se um dia Moscovo chegasse até Londres e Lisboa, ou tal cenário ganhasse alguma verosimilhança, os Estados Unidos teriam que se preocupar seriamente com as três principais ameaças à sua originalidade e pujança mundial:
1) uma ameaça inesperada ao continente americano, às Américas (desafiando a Doutrina Monroe);
2) uma ameaça ao domínio americano do Atlântico, cuja resposta antecipada, depois da vitória aliada contra Hitler, foi a formação da NATO;
3) a ameaça de a China vir a desafiar a supremacia americana, não apenas nos mares (Pacífico, Atlântico e ìndico), mas também através de uma eventual conquista do coração da 'ilha-mundo' (a Afro-Eurásia) imaginada por Mackinder. Este órgão vital da World-Island coincide com a vasta extensão do antigo Império Russo, do Rio Volga ao Rio Yangtzé, do Ártico aos Himalaias. Quem controlar o "Heartland", controla a Ilha-Mundo...
Who rules East Europe commands the Heartland;
who rules the Heartland commands the World-Island;
who rules the World-Island commands the world.
— Mackinder, Democratic Ideals and Reality, p. 150 (1919)
E no entanto, apesar de o império russo andar por cá há já trezentos anos, nunca procurou expandir-se, seja em direção à Europa ocidental, seja em direção ao Oriente, seja em direção ao Sul. As guerras com a China, o Japão e a Turquia disseram sobretudo respeito à necessidade de estabelecer o seu acesso aos mares. Repeliu Napoleão e Hitler. Impôs uma barreira de estados na sua fronteira ocidental. Mas não ameaçou expandir-se em direção a Lisboa, nem em direção a Pequim e Tóquio. O acesso ao Mediterrâneo foi sempre considerado uma questão de vida e de morte, pois os acessos ao Mar do Norte e ao Atlântico estão condicionados pelo gelo, e Vladivostoque, parte da denominada Província Marítima surripiada à China depois da derrota desta nas chamadas Guerras do Ópio (1839-1842 e 1856-1860) entre ingleses e chineses, é uma aquisição muito recente que a China poderá em breve reclamar à Rússia, por ter sido obtida através do 'Tratado Desigual' de Aigun em 1858.
Diante destes factos, e tendo presente o que foi a chamada Guerra Fria, podemos aceitar a tese de que a Rússia, depenada do seu império soviético desde 1991, tem sobre si suspensa não a Espada de Dâmocles mas a de Mackinder. Os americanos temem uma aliança entre a Federação Russa e a União Europeia, pois uma tal situação daria à Europa (dos Açores até aos Urais) o controlo da Ilha-Mundo, deixando rapidamente para trás a hegemonia dos Estados Unidos, quer no plano geoestratégico, quer nos planos económico, científico, cultural e militar. Porém, empurrando a Rússia em desespero para os braços da ascendente China, fará desta e da sua Rota da Seda 2.0 o novo centro do mundo. Sem precisar sequer de hostilizar a Europa. Pelo contrário! Toda a Eurásia, com vetores económicos, financeiros e militares de peso na Europa Ocidental, na Europa de Leste e na Ásia tenderia a desenhar um status quo semelhante ao Excecionalismo Americano: quem se meter com a Eurásia, leva! Não nos esqueçamos que num cenário destes a África seria uma aliada orgânica da Eurásia (Mackinter).
Tudo visto e considerado, dir-se-ia que a saída dos Estados Unidos da NATO seria o menor dos males para Europa, sobretudo se os americanos entrarem, como parece, numa deriva messiânica neo-fascista.
Washington quer abandonar a Europa? A sério?! Pois que abandone!
O problema é que Steve Bannon e Elon Musk não querem apenas abandonar a Europa, mas destruí-la. Fazendo da Ucrânia uma espécie de nova Israel? Há que estudar e seguir este assunto de perto!
A Rússia não tem qualquer hipótese (nem vontade) de conquistar a Europa ocidental. E também já perdeu a guerra de invasão da Ucrânia. Se decidir retirar-se sem condições amanhã mesmo da Ucrânia, de todos os territórios que invadiu e ocupou, ou onde está em guerra, a paz seria imediata, mas não só. Se existe um plano para, uma vez mais, raptar a Europa, seja por parte dos Estados Unidos, seja por parte da China, ambos os planos cairiam imediatamente por terra. Numa primeira fase (2027) a Ucrânia aderiria à UE. Numa segunda fase o Brexit seria revertido (2030). E numa terceira, a Federação Russa faria um Tratado de Paz, Comércio e Amizade com União Europeia (2040), prelúdio de ligações mais fortes no futuro.... Antes de atingirmos a metade deste século o mundo poderia, finalmente, atingir um novo patamar de prosperidade e equilíbrio geral.
Post scriptum
Trump: "We have all the cards..." Vamos lá então (digo eu) provar o Putin!
Os Estados Unidos lançaram um ultimato à Ucrânia e aos não-estadounidenses da NATO. Dizem que a suspensão da ajuda militar aos ucranianos, boa parte da qual são dólares para os ucranianos alimentarem a indústria militar americana, é temporário. Não é. Veremos como reage o complexo militar-industrial yankee...
Trump está no bolso de Putin. Putin, perante esta surpreendente capitulação face ao eixo Moscovo-Pequim, nem precisa de falar. Basta-lhe esperar, e entretanto continuar a enviar ondas de desgraçados para morrerem na frente de batalha.
A América neofascista (é assim o populismo quando perde as estribeiras) quer, afinal, a destruir a Europa, não a Rússia, em nome da falta de neurónios e do fanatismo que hoje domina a Casa branca.
A resposta que as baratas tontas europeias derem a este ultimato, que também é dirigido à Europa ditará boa parte do nosso futuro nas próximas décadas. Só há uma resposta decente e inteligente a dar a Donald Trump: a Rússia de Putin deixou de ter pretexto para manter a invasão, a ocupação e a guerra na Ucrânia, pois o ogre do Kremlin sempre disse que o conflito era com os Estados Unidos, desconsiderando sempre a Ucrânia e a Europa como atores menores do conflito. Putin chegou mesmo a afirmar que pararia a dita Operação Militar Especial no momento em que os Estados Unidos deixassem de apoiar militarmente os ucranianos. Ora bem, está na hora de fazer a prova do pudim! Creio que duas semanas chegarão de sobra para saber se o Putin, perdão, o pudim, presta ou não presta.
Já agora, se os neofascistas da Casa Branca quisessem mesmo a paz na Ucrânia e na Europa, em vez de anunciar o ultimato à Ucrânia (e à Europa), deveriam ter anunciado a retirada das suas armas nucleares, os mísseis e os 100 mil militares estacionadas na Europa, pois foi a aproximação dos Estados Unidos das fronteiras russas o que provocou a ação de Putin, como consta preto no branco do aviso por este feito em Munique, em 2007.
1. Link
https://pt.wikipedia.org/wiki/Cronologia_da_descoloniza%C3%A7%C3%A3o_da_Am%C3%A9rica
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Trump e o seu sucessor? |
Trump, Putin, Zelensky, Rutte dizem em uníssono querer a paz quando antes. Parece bom demais para ser verdade. Na prática, ambos os exércitos e economias estão exaustos. Ou seja, o que estará a ser negociado é um congelamento da invasão russa da Ucrânia. Para regressar daqui a quatro ou cinco anos? Duvido. O cálculo americano, para além dos psicodramas de Trump, é este:
1) Pequim planeia conquistar a Formosa em 2027-28, e se assim for haverá uma guerra no chamado Mar da China, no Pacífico e no Índico. Para tal, os americanos precisam urgentemente de mobilizar a sua indústria de guerra para este fim, investindo sobretudo na adaptação da sua marinha e aviação aos novos paradigmas tecnológicos testados na guerra da Ucrânia. Os investimentos serão muito pesados em quatro setores: navios de guerra de superfície e submarinos, força aérea, veículos e robôs de guerra autónomos, IA. Ou seja, para os americanos e a NATO, continuar a enterrar dólares, aço e vidas humanas na Ucrânia é um erro estratégico que lhe poderá custar a perda da sua posição dominante no mundo.
2) Por outro lado, os Estados Unidos gostariam de levar a Rússia a mudar de agulha, em direção ao Ocidente, criando com a Índia e as Filipinas uma parede contra a expansão chinesa através da sua nova Rota da Seda. Uma Rússia destroçada seria, assim, uma porta aberta à penetração chinesa em territórios que reclama historicamente à Rússia.
Neste cenário hipotético, o rearmamento da Rússia, da Ucrânia, bem como da Europa e da NATO teriam, afinal, como desiderato estratégico a contenção das ambições de Pequim.
Será isto? Será?
Lusa/ Jornal de Negócios, 13/02/2025, 10:50
Mark Rutte: "Nós vamos defender que até 5% é o investimento necessário dos países da NATO para garantir que somos capazes de enfrentar as ameaças do futuro, seja a Rússia ou uma China ascendente que também tem as suas próprias ambições", concluiu.
O Secretário da Defesa dos Estados Unidos, Pete Hegseth, defendeu hoje que a iniciativa do Presidente norte-americano, Donald Trump, de chegar a acordo com a Rússia sobre a guerra da Ucrânia "não é uma traição" a Kiev.
"Nenhum país, como o Presidente Trump salientou, assumiu um compromisso maior com a missão ucraniana do que os Estados Unidos da América. Mais de 300 mil milhões de dólares [cerca de 288 mil milhões de euros] que os Estados Unidos investiram na estabilização das linhas da frente após a agressão da Rússia, [portanto] não se trata de uma traição", disse Pete Hegseth.
"Isso exigirá que ambos os lados reconheçam coisas que não querem e é por isso que penso que o mundo tem a sorte de ter o Presidente Trump [pois] só ele, neste momento, pode reunir os poderes para trazer a paz, e isso é um sinal bem-vindo", adiantou Pete Hegseth.
Depois, também junto ao Secretário da Defesa dos Estados Unidos, o secretário-geral da NATO, Mark Rutte, falou numa "clara convergência" na Aliança Atlântica de que "é preciso haver paz na Ucrânia" e que o país esteja "numa posição de força".
A Rùssia quer garantias de acesso aos mares, e a defesa da língua russa nas regiões ucranianas onde o russo é a língua dominante. Portanto, quer a Crimeia e o regresso de Kursk à soberania russa, mas poderá abandonar a guerra perdida no Donbass em troca de garantias culturais nesta região histórica (a Nova Rússia), uma região com uma dimensão semelhante à de Portugal.
A Ucrânia quererá, por sua vez, recuperar as suas fronteiras originais. Sendo improvável que consiga recuperar a totalidade da Península da Crimeia, poderá reivindicar a divisão desta entre os dois países, ficando a metade oeste para a Ucrânia e a metade leste para a Rússia.
Os americanos acordaram para a realidade chinesa, e para a sua própria grave crise política, económica, financeira, social e cultural. Querem um Tordesilhas 2.0. Resta saber por onde passará o fractal, pois meridiano não será.
Mas se for este o caminho, se houver paz negociada na Ucrânia, para que precisará a NATO-Europa de armar-se até aos dentes contra a Rússia? A única explicação é que Putin está noutra, imerso num sonho imperial impossível, e portanto irá torpedear tudo o que não contribua para um cenário de conquista da Ucrânia e do resto da antiga Cortina de Ferro estalinista. Sendo assim, será necessário tempo para eliminar Putin da equação estratégica que hoje orienta as decisões em Washington.
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Retrato ofical do Presidente Donald Trump (2025) |
1) a campanha militar ucraniana que tem vindo a danificar seriamente e a inutilizar mesmo parte importante da infraestrutura petrolífera russa, especialmente ao longo do que vai de 2025, é um verdadeiro tiro no porta-aviões da economia russa, revelando, escandalosamente, a fragilidade gritante das defesas antiaéreas russas face aos enxames de drones desenvolvidos por vários aliados da Ucrânia e pela própria Ucrânia;
2) as duas operações especiais das FFAA armadas ucranianas que eliminaram recentemente em Moscovo dois dos principais assassinos ao serviço de Vladimir Putin (Igor Kirillov e Armen Sarkisyan) demonstram os perigos letais que espreitam a elite russa, e as falhas gritantes dos seus serviços de segurança, ao ponto de se poder concluir que o próprio Vladimir Putin começou a dar entrevistas dentro de automóveis blindados (aqui a ideia principal é a da mobilidade, claro) temendo o pior;
3) China e Índia interromperam as suas compras futuras de petróleo à Rússia respeitantes ao próximo mês de abril;
4) Os desgraçados norte-coreanos que Putin enviou para a morte inglória e o suicídio retiraram da linha da frente em Kursk;
5) Os Estados Unidos, na corrida pela IA, sobretudo depois do aparecimento do Deepseek na mesma semana da posse de Donald Trump (o já chamado Momento Sputnik), entraram naquilo a que poderíamos chamar uma World Cool Soft War. Entretanto, Sam Altman fecha sucessivos acordos estratégicos na Coreia do Sul, Japão, e vai a caminho da Índia!
6) Para o desenvolvimento da IA os Estados Unidos precisam de um acréscimo substancial de energia dedicada aos super-processadores e bases de dados. Precisam de baixar o preço do petróleo para fazer implodir a Federação Russa. Precisam de acesso aos metais raros (conhecidos em inglês como rare earths), uma vez interrompido o fornecimento destes por parte de Pequim (38% das reservas mundiais). Estes metais raros encontram-se em países como a China, o Brasil (as maiores reservas mundiais depois da China), o Vietname (mesma percentagem do que o Brasil: 19%), a Rússia (10%), a Índia (6%) e a Austrália (3%). O Canadá, por sua vez, dispõe de importantes reservas como subproduto do urânio. A Ucrânia é outro grande reservatório de metais raros. A Suécia também. E Portugal dispõe de reservas suficientes para justificar a sua exploração comercial no curto prazo. A Gronelândia e o Ártico poderão esconder reservas minerais gigantescas, absolutamente necessárias aos processos produtivos altamente tecnológicos em curso e em perspetiva.
7) Finalmente, Trump abriu o jogo sobre a Ucrânia: armas, informação, treino militar e sanções contra a Rússia em troca de uma parte das reservas de recursos minerais e energéticos estratégicos existentes na Ucrânia, do carvão aos metais raros. Ou seja, cheque-mate à Rússia.
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Foto: Rita Chantre/Global Imagens (editado) |
António José Seguro assume estar a ponderar candidatura a Belém — DN
António José Seguro, candidato presidencial, seria um sinal de esperança para o decadente PS, mas não tem condições para chegar a Belém.
Prefiro um almirante que saiba de submarinos e de guerra!
E que a corja partidária passe por um período de quarentena e desinfestação.
Para tal, precisamos dum presidente não partidário, de preferência militar, que perceba até que ponto a duração do país depende de uma renovação radical do nosso poder naval, em particular no que se refere ao que é hoje o 'mar português': mar territorial, a zona económica exclusiva, incluindo a zona contígua ao mar territorial, e a plataforma continental. Isto é o mais importante, com o decorrente desenvolvimento de conhecimento fundamental, tecnologias e projetos económicos estratégicos associados. AInda na área militar, é fundamental desenvolver nichos militares de excelência, por exemplo, no setor das tropas especiais e aviação costeira.
As discussões sobre energia e infraestruturas (aeroportos e ferrovia, nomeadamente) foram ultrapassadas nestes últimos três anos, pela invasão russa da Ucrânia, pelas ambições cada vez mais agressivas da China comunista e pelo terrorismo fundamentalista islâmico.
Temos um mix energético razoavelmente equilibrado, que fornece um produto essencial a preços comparativamente competitivos, cuja segurança relativamente às fontes intermitentes nos é garantida pela energia nuclear espanhola e francesa.
Por outro lado, o setor ferroviário deve orientar-se para as ligações internas onde estas forem competitivas (nomeadamente nas principais regiões urbanas do país), e para os eixos internacionais prioritários: Corunha-Faro (Corunha, Santiago, Vigo, Braga, Porto, Aveiro, Coimbra, Sanarém, Lisboa, Setúbal, Faro) e Lisboa-Madrid. As ligações internacionais deverão, porém, obedecer a critérios de interoperabilidade eficientes e competitivos, e devem ser desenhados à partida em função da concorrência existente na Europa neste domínio.
Os dados digitais e a eletrónica são o petróleo de hoje e do próximo futuro.
Por sua vez, o carvão, o petróleo, o gás natural e a energia nuclear, da era industrial ,vão continuar, embora sob condicionamentos crescentes e a par do crescimento exponencial das energias renováveis não poluentes que não roubem aos equilíbrios ecológicos e à produtividade económica os solos ricos em água e matéria orgânica.
Em suma, é preciso uma pequena revolução democrática para mudar o nosso paradigma indolente e populista de desenvolvimento. Prioridade absoluta: segurança e defesa do 'mar português', com tudo o que esta prioridade implica nos setores estratégicos militar, económico, cognitivo e cultural.
Nota: a nova Árvore das Patacas, que é o turismo português, deve ser acarinhada, dando lugar a uma especialização que não existe, que evite a todo o custo a destruição dos destinos turísticos pela massificação e pela homogenia comercial e cultural. Precisamos, neste domínio, de diferença!
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Civilians killed and cars destroyed in Russian missile strikes on Kyiv, 10 October 2022 (Wikipedia) |
As defesas aéreas da região de Moscovo, a mais bem defendida da Rússia, falharam clamorosamente contra uma onda de pouco mais de 150 drones ucranianos no passado dia 1 de setembro de 2024. Este teste ajudará os ucranianos em futuros ataques, e deveria desde já levar os Estados Unidos a reverem as restrições inaceitáveis sobre o uso do seu armamento em território russo.
Por outro lado, os terroristas islâmicos, do ISIS e da banda Kadyrov (leia-se: as colónias muçulmanas) preparam-se para uma mais do que provável desintegração da Federação Russa.
Mais do que uma vitória ucraniana contra Moscovo, o que está em marcha é uma segunda implosão no seio de decrépito império medieval moscovita.
A urgência de acabar com a aventura criminosa de Vladimir Putin tem, pois, ramificações muito perigosas, que o mundo democrático, a China, a Índia e até a Turquia e a Arábia Saudita terão que cercear, para a sua própria segurança.
Um plano de paz para a região deveria, creio, assentar em dez premissas:
1 - resignação de Vladimir Putin;
2 - retirada da Rússia de todas as terras ocupadas na Ucrânia, incluindo a Crimeia;
3 - constituição de um corredor desmilitarizado com 100 Km de largura ao longo de toda a fronteira entre a Rússia e a Ucrânia, vigiado por uma força militar de paz multinacional, da qual façam parte os Estados Unidos, a China, a União Europeia, o Brasil, a Índia, a Turquia e a Arábia Saudita;
4 - reparação dos danos causados pela invasão militar não provocada da Ucrânia, com recurso, nomeadamente, à riqueza criminosa dos oligarcas russos acumulada em bancos e paraísos fiscais ocidentais;
5 - julgamento dos responsáveis pelos crimes de guerra cometidos e documentados;
6 - aceitação por parte da Rússia de inspeções periódicas a todo o seu arsenal militar nuclear;
7 - imposição de um limiar às despesas militares russas totais na ordem dos 1,5% do seu PIB;
8 - perda do estatuto de membro permanente do Conselho de Segurança da ONU de que a Federação Russa atualmente goza;
9 - levantamento progressivo e seletivo das sanções comerciais e financeiras à Rússia;
10 - definição de um roteiro de democratização da Rússia, cujo seguimento permitirá o estabelecimento de futuros tratados de cooperação e desenvolvimento com os países da NATO.
[EN]
Air defences of the Moscow region, the best defended in Russia, failed resoundingly against a wave of just over 150 Ukrainian drones. This test will help the Ukrainians in future attacks and should now lead the United States to review the unacceptable restrictions on the use of its weapons on Russian territory.
On the other hand, Islamic terrorists, ISIS and Kadirov band (read: Muslim colonies) are preparing for a more than likely disintegration of the Russian Federation.
More than a Ukrainian victory against Moscow, what is underway is a second implosion within the decrepit Moscow medieval empire.
The urgency of putting an end to Vladimir Putin's criminal adventure, therefore, has very dangerous ramifications, which the democratic world, China, India and even Turkey and Saudi Arabia will have to curtail for their safety.
We need a ten points peace plan for the region:
1 - Resignation of Vladimir Putin;
2 - Russia's withdrawal from all occupied lands in Ukraine, including Crimea;
3 - Creation of a demilitarised corridor 100 km wide along the entire border between Russia and Ukraine, monitored by a multinational military peacekeeping force, which includes the United States, China, the European Union, Brazil, India, Turkey and Saudi Arabia;
4 - Repairing damage caused by the unprovoked military invasion of Ukraine, using, in particular, the criminal wealth of Russian oligarchs accumulated in Western banks and tax havens;
5 - Trial of those responsible for committed and documented war crimes;
6 - Russia's acceptance of periodic inspections of its entire nuclear military arsenal;
7 - Imposing a threshold on total Russian military expenditure in the order of 1.5% of its GDP;
8 - The Russian Federation will lose its current status as a permanent member of the UN Security Council;
9 - Progressive and selective lifting of commercial and financial sanctions on Russia;
10 - Definition of a roadmap for Russia's democratization, which will allow the establishment of future cooperation and development treaties with NATO countries.
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Mapa português (1502), dito Planisfério de Cantino |
Bretton Woods and the post-Cold war solidified the position of the United States as the leading, sometimes only superpower in the financial and military world. But it didn’t always do it by force, as many assume, and it didn’t do it alone. Everything settled out that way because that is the lowest energy, the most efficient state for society to be in, and it’s going to take more than Xi’s dreams and Putin’s hallucinations to change it.— in “Multipolarity is a Terrible Idea” by Dylan Combellick; May 1, 2023
A Russian tank T-72B3 fires as troops take part in drills at the Kadamovskiy firing range in the Rostov region in southern Russia, on Jan. 12, 2022. (AP Photo) |
O que é que Joe Biden, Nancy Pelosi, Kamala Harris, Alexandria Octavio-Cortez, Olaf Scholz, Annalena Baerbock, Marie-Agnes Strack-Zimmermann e Justin Trudeau têm em comum? A resposta é simples: são todos democratas, verdes e liberais progressistas. Por outro lado, estão todos dispostos a antecipar uma guerra contra a Rússia, por causa da Ucrânia ou doutro motivo qualquer, mas também contra a China, ou seja, a defenderem a predominância do imperialismo atlântico e europeu sobre o despotismo russo e chinês antes que seja tarde! Se não é isto, assim parece.
Este realinhamento de forças e de retórica progressista envolve também os dirigentes conservador inglês Boris Johson e liberal de centro-direita Scott Morrison. Ou seja, uma coligação de ideias e de forças onde não cabe, de jeito nenhum, a geringonça engendrada pelos senhores Jerónimo de Sousa, António Costa e Francisco Louçã. Estes últimos pintaram o demónio Trump de todas as cores, mas afinal quem os lixou mesmo foram os belicistas do Partido Democrático dos Estados Unidos, os social-democratas, os verdes e os liberais alemães, e ainda os conservadores ingleses e o partido de centro-direita australiano.
Se as causas internas da implosão da Geringonça (sobre-endividamento, emigração em massa, descapitalização do estado e das empresas, alienação das empresas estratégicas, nomeadamente nos setores da energia, banca, portos e aeroportos, águas e saneamento, corrupção, e ainda o esgotamento das máfias partidáris que controlam o país há quarenta anos) são já de si suficientes para assustar quem quer que pretenda herdar tamanha falência desordenada, a rápida deterioração da globalização e da diplomacia mundial, na sequência da crise provocada, primeiro, pelo furacão Trump, e logo depois, pela pandemia, e que levou a uma recomposição de velhas alianças históricas, impõe claramente uma mudança de regime no nosso país. Quer dizer, o fim de uma esquerda toda poderosa mas incapaz, perdida no tempo e na taxonomia, em suma, que nunca percebeu a importância crucial da geografia e da história na condução da Política.
António Costa bem gostaria de fazer a pedratura do círculo, mas tal geometria é, por definição, impossível. Poderá, no entanto, como um qualquer náufrago agarrar-se à primeira tábua de salvação que encontre. Se perder as eleições do dia 30 terá a mesma saída de muitos outros políticos da nossa praça: a de comentador de televisão, provavelmente mal pago. Se ganhar as eleições, mas sem maioria, Rui Rio e a IL serão as suas únicas possíveis bóias para conseguir manter o PS no governo. Uma nova geringonça de esquerda, isto é, frente populista, está fora do horizonte e sobretudo das margens de tolerância de Joe Biden, de Olaf Scholz e da NATO. Capiche?
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“Between 2007 and 2017, world oil consumption grew at an average annual rate of 1.0 percent.” —in World Oil 2018-2050: World Energy Annual Report (Part 2) by DENNIS COYNE posted on 07/26/2018. Peak Oil Barrel |
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The United States is the world’s largest oil consumer (20%); the European Union is the world’s second largest oil consumer 14%); China is the world’s third largest oil consumer (13%) —in World Oil 2018-2050: World Energy Annual Report (Part 2) by DENNIS COYNE posted on 07/26/2018. Peak Oil Barrel |