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quarta-feira, abril 09, 2014

O ministro das ventoinhas serve Mexia e Pequim, mas penaliza portugueses!

Está tudo dito, mas a inércia da corrupção é enorme


As eólicas e a biomassa - Luís Mira Amaral, Expresso dia 5 de Abril.
Segundo a ERSE, em 2013, Portugal consumiu a mesma eletricidade que em 2006, enquanto que nesse ano os famosos Custos de Interesse Económico Geral (CIEG) eram apenas de 500 milhões de euros e em 2013 foram de 2500 milhões de euros! Eis o monstro elétrico em todo o seu esplendor! Contra factos não há argumentos!
EDP emite dívida no valor de 650 milhões de euros - Público, 08/04/2014 - 16:56.

...No início de Janeiro, a empresa liderada por António Mexia já tinha anunciado a emissão de valores mobiliários representativos de dívida no montante de 750 milhões de dólares (547 milhões de euros, ao câmbio actual), com vencimento em Janeiro de 2021 e cupão 5,25%.

EDP já encaixou 3900 milhões com venda de défice tarifário (desde 2009)Público, 26/03/2014 - 21:18.

EDP adia em quatro anos barragem de 300 milhões no rio Tâmega - Jornal de Negócios, 08 Abril 2014, 00:01.

O embuste das barragens - O António Maria, 30/01/2014.

A burguesia rendeira nacional continua agarrada à lógica dos monopólios, suga sem parar a poupança e o trabalho dos portugueses, captura e corrompe continuamente o sistema partidário instalado, e espera, no fundo, o colapso da Europa e o regresso à ditadura. Não o diz, claro. Mas lá que espera, espera!

A EDP é um caso paradigmático desta lógica rentista e deste desprezo arrogante pelos contribuintes e clientes. Acontece que a pesporrência do cabotino Mexia poderá ter os dias contados. Basta ver a incapacidade estrutural da EDP para baixar a sua descomunal dívida, quase toda impingida ao grupo de idiotas que a dirige pelos piratas da Goldman Sachs sob a forma de parques eólicos americanos vendidos quando o especulador-mor da América soube que os estímulos à bolha verde, criada a partir de Wall Street, iriam terminar. Escrevemos já abundantemente sobre esta manobra financeira que atou a EDP e o governo de Sócrates a uma verdadeira transferência de dívida americana para os contribuintes portugueses. Só há uma maneira de resolver este problema: denunciar e anular a 100% e de uma só vez tudo o que na fatura elétrica paga mensalmente não corresponde a custos de energia consumida e que, por isso, são rendas inaceitáveis, sejam elas a favor da EDP, dos municípios, das regiões autónomas ou da execrável RTP.

Ainda a propósito das rendas excessivas da EDP e do alto preço que pagamos pela energia, que foi recentemente denunciado pelo novo patrão da PSA (Peugeot), Carlos Tavaraes, vale a pena ler o último e sintético artigo de Luís Mira Amaral publicado pelo Expresso, onde se resumem os argumentos que há anos vimos publicando. A energia em Portugal tem um preço excessivo, que compromete a economia, e que já teve como consequência uma escandalosa diminuição do consumo elétrico, quer das famílias, quer das empresas.

AS EÓLICAS E A BIOMASSA
Luís Mira Amaral - Professor Catedrático Convidado de Economia e Gestão — IST
Expresso dia 5 de Abril

As novas barragens não vão produzir energia, vão apenas servir de muleta às eólicas para acumular o excesso de produção da noite!

Sempre que escrevo sobre energia, o lóbi eólico, a EDP e ajudantes multiplicam-se imediatamente em artigos e entrevistas!

Agora disseram que o preço das eólicas era €70/Mwh, mas a ERSE diz-nos que era em 2013 de €102/Mwh!

Também escamoteiam sempre a intermitência do vento que leva a que as novas centrais tenham que ter sempre duas muletas, a bombagem de noite e as térmicas de reserva de dia. Obviamente que tais muletas têm de ser imputadas às eólicas e por isso temos que somar ao seu preço nominal os €62/Mwh calcula­dos no IST pelo prof. Clemente Nunes e chegamos aos €164/Mwh!

As novas barragens não vão produzir energia, vão apenas servir de muleta às eólicas para acumular o excesso de produção da noite! E a CIP veio agora chamar a atenção para os investimentos de 150 milhões de euros, pagos por nós, que têm que ser feitos na rede de transporte para a ligação de tais barragens à rede!

Segundo a ERSE, em 2013, Portugal consumiu a mesma eletricidade que em 2006, enquanto que nesse ano os famosos Custos de Interesse Económico Geral (CIEG) eram apenas de 500 milhões de euros e em 2013 foram de 2500 milhões de euros! Eis o monstro elétrico em todo o seu esplendor! Contra factos não há argumentos!

Também recentemente Mexia, para desviar as atenções sobre o alto preço da eletricidade, veio dizer que o mais importante não é o preço mas sim a segurança de abastecimento, problema que não se põe em Portugal pois temos excesso de capacidade instalada e temos excelentes interligações com Espanha. Portugal é o campeão mundial da potência eólica instalada por unidade do PIB e o terceiro em termos de eólica por habitante!

Temos infelizmente esquecido em Portugal a biomassa. A biomassa só se mete na central quando é preciso e por isso não tem as externalidades negativas das eólicas. Por isso, o preço de ven­da à rede (€120/Mwh) é aparentemente superior ao nominal nas eólicas mas inferior ao seu preço real (€164/Mwh). Assim, a eletricidade produzida pela biomassa conta para o défice tarifário com um valor inferior a 1%!

Por outro lado, cria postos de trabalho, ao contrário das eólicas em que não dominamos a tecnologia e criamos poucos empregos. Uma máquina de 15Mw cria direta e indiretamente 350 empregos. Estas centrais têm externalidades positivas dando vazão aos resíduos florestais, pagando-os a quem os entrega nas centrais, apoiando assim a limpeza das florestas e contribuindo pois para o combate aos incêndios.

Nos fogos florestais, o Governo devia atuar mais na prevenção com a limpeza das florestas, para a qual o apoio às centrais de biomassa seria muito útil, do que no combate aos fogos em que em 2013 morreram 9 pessoas, arderam 150.000 hectares e se gastaram cerca de €130M.

Infelizmente apenas temos um ministro do CO2 e das ventoinhas, quando devíamos ter um ministro para o nosso Ambiente e um verdadeiro ministro da Energia...