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segunda-feira, novembro 12, 2018

A vice-primeira ministra Catarina Martins

Catarina Martins. Convenção do Bloco de Esquerda, 2018.
Foto: João Porfírio/Observador (recortada)

Sem direita que se veja, Costa não tem alternativa


Catarina Martins anunciou a próxima entrada do Bloco de Esquerda no governo da Geringonça. Se tiver votos para tal, é o que vai ocorrer, tal como previ no programa Política Sueca em 2015. Não creio que o Rui Rio arraste votos suficientes para o PS. O desvio dos votos do centro-direita irá repartir-se entre o PS, o partido dos santanistas, o CDS e o Chega!

Até lá, Catarina Martins irá ter a gigantesca tarefa de domesticar a retórica populista do Bloco, e apostar num programa social-democrata de esquerda, ambientalista, de causas urbanas, e orientado para o eleitorado com menos de 40 anos. No resto, continuará a ser tão populista e estatista quanto o PS, e o PCP.

Quanto ao fenómeno da corrupção, estamos conversados: há merda que chega em todos os partidos.

Numa palavra, esta geringonça é melhor que a balbúrdia espanhola, e sem dúvida preferível às derivas populistas de direita que percorrem a Europa. Quanto ao futuro governo de coligação, o tempo dirá.

Para já, recomendo um voto em Catarina nas próximas europeias, pois daqui virá, ou não, o tiro de partida para a futura coligação.

segunda-feira, janeiro 02, 2017

Política Sueca (2015-2017)


Política Sueca: 10 de outubro de 2015 - 1 de janeiro de 2017.


A última emissão foi para o ar na madrugada de 1 de janeiro de 2017 (ver em RTP Play).

Não poderemos continuar a analisar o fascinante e perigoso ano de 2017 no Política Sueca, pois este programa de televisão acabou na madrugada do ano que agora começa. Cada um dos protagonistas terá certamente outros palcos onde revelar as suas ideias e análises, pelo que a amizade construída ao longo de mais de um ano de prestações televisivas na RTP3 é certamente terreno fértil para futuras aventuras.

Foram 57 edições, mais ou menos semanais, cujos horários mudaram talvez demasiadas vezes e sem aviso, mas onde foi possível exercer análise política séria, sem agendas partidárias escondidas, nem encomendas — em suma, independente.

Caminhámos sem rede, tentando esclarecer a complexa situação política nacional que emergiu do fim do Memorando de Políticas Económicas e Financeiras, conhecido como Plano da Troika, o qual teve início em maio de 2011 e terminou em maio de 2014, e foi subscrito por Portugal, pelo FMI, pela Comissão Europeia e pelo Banco Central Europeu. Dos 78 mil milhões de euros disponíveis sob a forma de empréstimo, Portugal viria a gastar 75 mil milhões.

A consequência mais relevante do otimismo económico registado em 2014, coincidindo com o início da queda abrupta do preço do petróleo (junho de 2014), permitiria ao PSD ser o partido mais votado nas eleições de 4 de outubro de 2015, apesar da enorme contração no défice orçamental acordado no mencionado Memorando.

Esta vitória eleitoral foi, porém, insuficiente, deixando ao PS a oportunidade de levar a cabo uma aliança parlamentar improvável, com o PCP/PEV e com o Bloco de Esquerda, a qual viria a dar origem ao atual governo PS apoiado por uma maioria parlamentar de esquerda e extrema esquerda. Esta inesperada bi-polarização do poder político, de certo modo antecipada e desejada por Mário Soares, muito antes de António Costa ter sido colocado na direção do Partido Socialista, é a principal ocorrência política que recorrentemente exigiu a nossa análise política.

O segundo grande tema debatido no Política Sueca foi a profundíssima crise financeira e bancária do país, que os colapsos sucessivos do BES e do Banif e a crise profunda da Caixa Geral de Depósitos viriam a evidenciar de forma dramática. O Banif foi literalmente oferecido ao Santander num momento em que este precisava urgentemente de reforçar os seus capitais. Hoje, quase metade do sistema financeiro português é propriedade de não nacionais. Um panorama bem diferente, portanto, dos retratos cor-de-rosa que os mais variados responsáveis do país —Governador do Banco de Portugal, Governo PS liderado por José Sócrates, Presidente Aníbal Cavaco Silva e o então Conselheiro de Estado e comentador político Marcelo Rebelo de Sousa— pintaram sobre o nosso 'sólido e moderno' sistema bancário.

Por fim, três agradecimentos: à RTP, ao Daniel Deusdado, que imaginou o programa e nos convidou a fazê-lo, e à brilhante profissional que moderou com grande segurança jornalística o Política Sueca: Sandra de Sousa.

Ao público fiel e crescente que nos seguiu semalmente, um grande abraço e votos de um próspero e feliz Ano Novo.

António Cerveira Pinto
Cristina Azevedo
Nicolau Pais
Ricardo Jorge Pinto


domingo, setembro 04, 2016

Do Bloco Central à Frente Popular Pós-Moderna

in Council on Foreign Relations, Geo-Graphics blog


A austeridade de esquerda pouco difere da austeridade de direita


1

Incêndios — os lesados da catástrofe natural beneficiam de um apoio governamental/comunitário de 4 milhões de euros. Mas o aluguer de dois Canadair, desde maio de 2015 até agosto deste ano, custou 5 milhões de euros (Expresso). Ou seja, os incêndios continuam a ser um bom negócio para todos menos para aqueles que veem a sua propriedade reduzida a cinzas.

Fundos comunitários desbloqueados até maio último: 200 milhões de euros. Vêm aí +400 milhões de euros. Total: 600 milhões de euros. Tudo é relativo quando falamos de milhões. O buraco negro da Caixa Geral de Depósitos somará em breve 6.700 milhões de euros, ou seja, quase 12x o investimento comunitário previsto para este ano.

Dívida Pública continua a crescer: 240,9 mil milhões de euros em julho de 2016. Por sua vez, a dívida líquida subiu 2300 milhões de euros em junho (YOY), nomeadamente para garantir o serviço da dívida em 2017, agravando assim as responsabilidades dos próximos governos e gerações.
(Económico, 01 Set 2016)

Restruturação da dívida pública? Mariana Mortágua diz que sim, mas não sabe como.
Que aconteceria à exposição do Fundo de Estabilização Financeira da Segurança Social à divida pública portuguesa (75% dos seus ativos!), aos Certificados de Aforro e do Tesouro (+ de 20.000 milhões de euros) e à exposição bancária indígena ao 'papel comercial' do Estado (10% dos respetivos ativos) se houvesse uma restruturação da dívida portuguesa? Que percentagem da dívida seria renunciada em nome da restruturação? Quem definiria a senioridade dos créditos? A menos que houvesse um ato unilateral do Estado português, seria seguramente o BCE e o FMI (principais credores) a fazê-lo. Como pensa então Mariana Mortágua restruturar a dívida portuguesa, condição sine qua non, afirma, para retomar o investimento público e o crescimento? Qual a sua receita para não voltar a espoliar os já espoliados aforradores portugueses?

Bancos — Exposição dos bancos portugueses à dívida pública representa 10% dos respetivos ativos. Esta percentagem subiu a pique desde 2009 (ver gráfico).
Portugal Gaining on Italy in the Banking ‘Doom Loop’. CFR, August 11, 2016
The graphic also shows that Portugal’s doom loop metric has soared over the past two years. Portuguese banks have been gorging on Portuguese sovereign debt, taking it from 7 percent of total assets to 10 percent—the same level as Spain. If they continuing loading up at this pace, they will reach Italian levels by 2018. CFR
Negócios, 20/7/2015
Público 23/02/2015 - 13:05

Estado — administrações públicas, empresas públicas e PPP— não pode continuar a consumir mais de 50% do PIB

Impostos — Só 26% dos portugueses pagaram impostos em 2015, ainda por cima de forma muito desigual, nomeadamente devido ao labirinto das isenções, reduções e descontos, quer em sede fiscal, quer em rendas e consumos de transporte, energia, água e telecomunicações (uma sangria fiscal injusta).

Económico
O Insurgente

Crescimento — metade das previsões dos dois cenários do OE2016: 1,8% (0,9%) / 1,6% (0,8%)

Demografia: daqui a uma década e meia teremos menos 500 mil residentes; e em 2050 poderemos pouco mais de 8M.
(2030)
Portugal = -500 mil
Brasil, Angola e Moçambique = +47 milhões
África = +493 milhões

2

Apoio (público) à banca agravou dívida em 20 mil milhões de euros
O Banco de Portugal revelou esta quarta-feira pela primeira vez o impacto das medidas de apoio do sistema financeiro no défice e na dívida pública, entre 2007 e 2015. Em termos acumulados, os apoios agravaram o défice em 12,6 mil milhões de euros e a dívida em 20,6 mil milhões de euros.

Qual é a dimensão do buraco negro da Caixa? Próxima dos 6700 milhões de euros
Alienações desde 2010: mais de 1500 milhões de euros (Sede, Caixa Seguros, e Hospitais Privados de Portugal). Recapitalização estimada (Expresso): 5200 milhões de euros.
A fuga de depósitos do ex-BES e do Banif para a Caixa (algumas centenas de milhões de euros?) não chegou sequer para atrasar o desfecho dramático em curso.

Rescisões na CGD — 700 milhões de euros (ou mesmo 800 milhões de euros) para 2500 trabalhadores, ou seja, uma média de 280 a 320 mil euros por bancário
Sendo a Caixa um banco público, fica por explicar como se aplica o famoso critério da igualdade do Tribunal Constitucional. Qual é aqui o critério da indemnização por despedimento, ou extinção do posto de trabalho? Difere ou não do critério aplicado aos demais funcionários e trabalhadores das administrações e empresas públicas? E relativamente aos trabalhadores das empresas privadas que encerram portas, despedem, ou extinguem postos de trabalho, não há uma claríssima violação do princípio da igualdade?

Caixa Geral de Depósitos, um banco público? 
— onde está a lista de grandes devedores?
— onde está a avaliação dos decisores responsáveis pelo colapso da Caixa, salva in extremis pelo BCE?
— alguém interrogou os responsáveis pela ruinosa operação da Caixa em Espanha? Fernando Faria de Oliveira e Carlos Costa, atual governador do Banco de Portugal, devem ou não explicações ao país sobre isto?
— desde quando é que a Caixa empresta dinheiro às micro, pequenas e médias empresas? Vai passar a fazê-lo? Como?

3

Brasil— o rápido aburguesamento do PT, a corrupção, e o rebentamento da bolha petrolífera conduziram ao fim da presidência de Dilma Rousseff. Este fim do estado de inocência da esquerda brasileira terá profundas consequências na evolução do sistema partidário brasileiro. A dimensão da classe média deverá, espera-se, impedir uma nova deriva autoritária no país.

NOTAS

Fundos para recapitalização da Caixa apagam chumbo no teste de stresse do BCE

O teste de stresse do BCE detetou que a Caixa precisa de 2.000 milhões de euros de solidez adicional. Este valor vai ser mais do que compensado pelas medidas previstas no plano de capitalização do banco do Estado – ao todo, o plano de recapitalização ronda os 5.200 milhões de euros.
Expresso, 01.09.2016 às 7h202

A CGD vendeu o edifício da sua sede por 251,8 milhões de euros ao Fundo de Pensões do Pessoal da Caixa Geral de Depósitos

"No âmbito do contrato-promessa de venda ao Fundo de Pensões do Pessoal da Caixa Geral de Depósitos, seu imóvel sito na Av. João XXI, 63, sua sede social, celebrado a 30 de Setembro, foi estipulado um valor de venda de 251,8 milhões de euros", revelou a CGD em comunicado. 
Negócios, 04 Outubro 2010, 20:05

A CGD vendeu 80% da Caixa Seguros ao grupo Fosun por 1209 milhões de euros

O negócio, envolvendo um terço do mercado segurador português, foi de mil milhões de euros, mas o encaixe total ascende a quase 1209 milhões de euros, em resultado da distribuição prévia de dividendos de 208,9 milhões de euros.
Público, 09/01/2014 - 15:22

Hospitais da CGD vendidos por 85 milhões

Hospitais Privados de Portugal (HPP) do grupo CGD, foi vendido por 85,4 milhões de euros à Amil Participações SA.
Expresso, 19.11.2012 às 20h46

terça-feira, outubro 20, 2015

Política Sueca (2)


Política Sueca é uma lâmina nova na grelha da RTP3

Cristina Azevedo, Cerveira Pinto, Nicolau Pais, Ricardo Jorge Pinto

Moderadora: Sandra de Sousa

Todos os sábados
Direto, às 11:10
Diferido, à 01:00
E na box, para os colecionadores d'O António Maria ;)

Política Sueca (ver Episódio 2)
Política Sueca (ver Episódio 1)

quarta-feira, outubro 14, 2015

Política Sueca


Política Sueca é uma lâmina nova na grelha da RTP3

Cristina Azevedo, Cerveira Pinto, Nicolau Pais, Ricardo Jorge Pinto

Moderadora: Sandra de Sousa

Todos os sábados
Direto às 11:10
Diferido às 19:10
E na box, para os colecionadores d'O António Maria ;)


Política Sueca (ver Episódio 1)