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quarta-feira, dezembro 22, 2021

Em queda livre [?]

Margreth Vestager, vice-presidente da UE

TAP: uma empresa económica, financeira e comercialmente falida

A dama de ferro da Comissão Europeia, Margreth Vestager, deu à Ryanair o que esta exigia em nome das regras comunitárias sobre a concorrência: 18 slots sub-utilizados pela TAP. À geringonça de António Costa, Pedro Nuno Santos, Jerónimo de Sousa e Francisco Louçã, impôs uma reestruturação draconiana da companhia aérea portuguesa, permitindo a esta, sob vigilânca apertada, um segundo e último fôlego, antes de se integrar, sem dívidas, com uma gestão saudável e dimensão adequada, num dos quatro grandes grupos europeus de aviação— International Airlines, Lufthansa, Air-France-KLM, SAS—, ou desaparecer.

A TAP Air Portugal e a TAP SGPS foram ontem, dia 21 de dezembro, separadas para sempre. 

Na primeira, permanece o essencial do negócio da TAP, isto é, transportar passageiros por via aérea e manutenção das aeronaves na Portela, e conta com a autorização de Bruxelas para novo endividamento, mas desta vez com vista à sua salvação, para o que dispõe de dois anos. Uma verdadeira corrida contra o tempo, sobretudo porque a TAP continua sem modelo estratégico credível.

Na segunda, a TAP SGPS, cujo Relatório & Contas de 2020 continua por publicar, sem que o nosso indigente jornalismo se preocupe com a bizarria, estão ativos e prejuízos que deixam de contar nos livros da TAP Air Portugal (1): a TAP Maintenance & Engineering do Brasil (um buraco negro que a TAP de Fernando Pinto comprou em troca do mercado brasileiro da TAP), a PGA Portugália Airlines, a Groundforce, a Cateringpor, e outras empresas mais pequenas.

Pergunta-se, naturalmente, como irão implodir as empresas que desde ontem passam a estar fora do perímetro de salvação da TAP. O ministro da tutela, um dos principais ideólogos da reversão da privatização da TAP, com António Costa e Jerónimo de Sousa, já começou a por-se de fora do problema que alegremente criou. Agora o seu negócio é mais comboios e casas para o povo. Sócrates fez realmente escola!

No âmbito estrito da TAP Portugal Airlines ficam também algumas perguntas no ar: como irá a empresa assegurar o catering e o handling depois da falência previsível da Groundforce e da Cateringpor? Quantos aviões terá que alienar em função das evidentes dificuldades de tesouraria da empresa, uma vez que a recuperação do mercado europeu poderá só ocorrer em 2023 ou 2024? Sem a PGA, como tenciona manter as ligações para o Porto, Faro e Tires? Será que sem estas ligações poderá manter o famoso hub de Lisboa? Como?

Por fim, que dirá o PCP sobre este lindo serviço durante a campanha eleitoral? E os sindicatos?

Ironia amarga: foi Michael O'Leary, o CEO da Ryanair, quem desferiu os mais assertivos ataques à gestão frente-populista da TAP. O silêncio da indigente imprensa e de todos os partidos do regime foi ensurdecedor. Quando alguns acordaram era tarde demais.

Epílogo: a TAP está em queda livre, mas a indigente imprensa que serve de megafone do governo que a subsidia irá cumprir a ordem de António Costa: o preto é branco, e a TAP tem futuro, não se fala mais nisso. Importante mesmo é a COVID e a proibição dos saldos, de 25 de dezembro até 9 de janeiro!


DO COMUNICADO DA COMISSÃO EUROPEIA

«As medidas hoje aprovadas permitirão a Portugal compensar a TAP pelos prejuízos diretamente sofridos em consequência das restrições de viagem aplicadas para limitar a propagação do coronavírus. Ao mesmo tempo, o plano aprovado para a reestruturação da TAP assegurará a viabilidade da companhia aérea no longo prazo. O importante apoio público terá salvaguardas destinadas a limitar distorções da concorrência. Em especial, a TAP comprometeu-se a disponibilizar faixas horárias no aeroporto de Lisboa, um aeroporto congestionado onde a TAP detém um poder de mercado significativo. Deste modo, as transportadoras concorrentes têm a possibilidade de expandir as suas atividades neste aeroporto, garantindo preços justos e uma escolha acrescida aos consumidores europeus.»

...

Hoje, na sequência da sua investigação aprofundada e das observações das partes interessadas e de Portugal, a Comissão aprovou o plano de reestruturação proposto. O apoio assumirá a forma de medidas de capital e de quase capital no montante de 2,55 mil milhões de EUR, incluindo a conversão do empréstimo de emergência de 1,2 mil milhões de EUR em capital próprio.

...

O plano prevê uma divisão das atividades em i) companhias aéreas TAP Air Portugal e Portugália (que serão apoiadas e reestruturadas) e ii) perímetro de ativos não essenciais a alienar durante a reestruturação, designadamente filiais em atividades adjacentes de manutenção (no Brasil), restauração e assistência em escala. Além disso, a TAP SGPS e a TAP Air Portugal ficarão inibidas de efetuar quaisquer aquisições e reduzirão a frota até ao final do plano de reestruturação, racionalizando a sua rede e ajustando-se às previsões mais recentes que estimam que a procura não irá recuperar antes de 2023 devido à pandemia de coronavírus.

...

A TAP disponibilizará até 18 faixas horárias por dia no aeroporto de Lisboa a uma transportadora concorrente. Estas medidas permitirão a entrada ou a expansão duradouras neste aeroporto de uma transportadora concorrente, o que redundará em benefício dos consumidores. A Comissão organizará um processo de seleção transparente e não discriminatório (com o apoio de um mandatário responsável pelo acompanhamento) para selecionar a transportadora concorrente. O primeiro convite à apresentação de propostas terá lugar antes da época de inverno da IATA de 2022-23.


Post Scriptum (23/12/2021): acrescentei um ? ao título deste post. A razão desta interrogação é a análise mais fina que publicarei ainda hoje sobre o mérito do compromisso alcançado por Pedro Nuno Santos na sua batalha pela TAP.


NOTAS

  1. Resta saber quem assumirá o buraco da TAP SGPS sem a TAP Portugal Airlines. Eu creio que sei quem é... Só não sei de que Orçamento de Estado vai sair.

ENTRETANTO...

PNS afirma ao Expesso que a reprivatização não está agora em cima da mesa...

O António Maria baba-se sempre que os ministros deste país seguem (ainda que tardiamente) os seus conselhos. No caso, PNS afirma: "Estamos a trabalhar para que a TAP possa estar num grupo grande de aviação porque é a forma mais sólida para a viabilização a longo prazo". A TAP até poderá lá estar (no grupo da Lufthansa, da Iberia-British Airways, ou da Air France-KLM) como uma empresa 100% pública. Basta para tal comportar-se como um sócio silencioso, cuja presença visa apenas garantir que a TAP mantém uma determinada especialização no grupo, nomeadamente nas ligações aos PALOP.

Mais um canal de contra-informação sem vergonha. Já agora, quem é que vai despedir o pessoal da PGA, Groundforce, Cateringport, etc, quando estas empresas falidas deixarem de ter acesso às mamas dos contribuintes? E quem irá, entretanto, tapar os buracos da TAP SGPS? Os indigentes da CNN já perguntaram ao Pedro Nuno Santos onde pára o Relatório & Contas da TAP SGPS de 2020? Sabem quantas centenas de milhões de euros de passivo estão lá escondidos? Ou será que o buraco vai aos milhares de milhão?!


No dia em que comunica que está fora da TAP Air Portugal, Humberto Pedrosa, anuncia o interesse da Barraqueiro na Alta Velocidade. E nós que fazemos? Rimos às gargalhadas! Qual Alta Velocidade?!!!

Poiares teme cisão do PS depois das eleições

A possibilidade de uma cisão no PS é uma hipótese que adiantei por diversas vezes, mas que na eventual derrota de António Costa se tornará ainda mais verosímil e necessária para salvar o país duma bipolarização populista extrema. Resta saber quem sai, se Costa e as suas tropas de má memória, se PNS e os Jotas todos que o apoiam e salivam por viver à sombra da bananeira do poder.


Atualização: 23/12/2021 10:22 CET

sábado, março 09, 2019

Uma borboleta chamada BE

Marisa Matias e Miguel Portas, um par que mudou o Bloco

Tenho a impressão que vou votar no Bloco. E não será só por gostar de mulheres


A abstenção dá-me azia. E votar em branco faz de mim um rato de sacristia. O Bloco ainda está a tempo de se tornar um partido de poder, certamente de esquerda, de causas tipicamente pós-modernas, mas também com realismo e sentido das proporções. A limpeza da casa ideológica está no bom caminho, mas fazem falta mais umas boas sessões psicanalíticas e teóricas de desconstrução marxista. A prioridade é estabilizar o PS naquilo que sempre foi e é, travando o oportunismo populista de António Costa, que pode causar estragos irreparáveis ao regime, mas também a emergência dum PS de esquerda, em vez de social-democrata, liderado por Pedro Nuno Santos. Um PS cavalgado pelo homem que faz (creio) a ligação do Bloco à Geringonça poderá realizar o sonho alquímico de Francisco Louçã, mas dará cabo do BE. Por sua vez, o centro-direita explodiu e continua à procura da sua identidade perdida. Vão precisar de mais uma ou duas legislaturas para se reencontrarem, tal como previ ao ver nascer a Geringonça. Isto, se a Aliança tiver algum sucesso!

Preferia ter uma democracia sem partidos, participativa, cognitiva, tecnologicamente avançada, culturalmente sofisticada. Mas enquanto lá não chegamos, o meu voto é oscilante, ou puramente tático. Não tenho partido desde 1976...

Não ignoro os perigos do oportunismo e do populismo que infelizmente contaminam todos os partidos. A recessão demográfica acompanhada do envelhecimento populacional é o principal problema português. Daqui decorrem todas as outras dificuldades, alguma delas insanáveis. O endividamento público insustentável, longe de ser apenas o efeito de más políticas governamentais e partidárias, é o resultado direto do custo desproporcional do estado social relativamente aos impostos exigidos ao trabalho e ao investimento produtivo. A fadiga fiscal resultante diminui inevitavelmente as poupanças pública e privada, atrasa os investimentos, reduz os rendimentos e a produtividade do trabalho, induz maior atrito laboral, social e cultural na sociedade, e tende, por fim, a transformar o aparelho do estado numa almofada corporativa, que todos os partidos e uma boa parte da sociedade disputam, mas que é muito prejudicial à saúde democrática do regime.

O olho da direita deixa-me ver uma realidade onde se percebe claramente que o empobrecimento associado ao crescimento das burocracias partidárias e corporativas assim como à crescente indigência social, tende a fazer resvalar democracias frágeis como a nossa para a emergência de regimes populistas e autoritários de esquerda. Por outro lado, o olho da esquerda mostra-me como, quem tem algo de seu, se for encostado às cordas da expropriação fiscal, acabará por exigir e conseguir o regresso de uma ditadura da propriedade. Estes são, porém, olhares estrábicos. E o estrabismo, como sabemos, tende a ignorar o que um dos dois olhos vê. A visão maniqueísta é, assim, uma visão estrábica.

A quadradura do círculo é esta: precisamos de um estado social financiado por quem trabalha, por quem investe e pelos rendimentos do capital. Mas o paradigma demográfico de que já fazemos parte impõe-nos, sob pena de matarmos, de uma maneira ou doutra, o próprio estado social e a democracia, uma racionalização e otimização sem precedentes do aparelho de estado, do perímetro da solidariedade intergeracional, e de cada euro fiscal gasto. Esta revolução exige revolucionários. Esta revolução exige uma mudança radical nos padrões éticos da nossa democracia. Os thesaurus das ideologias dominantes, à esquerda e à direita, estão demasiado exauridos para que das suas linguagens consigamos extrair novos discursos políticos que façam sentido e sirvam para orientar a ação coletiva. Precisamos de novas palavras e gestos para gerir as nossas vidas.

Uma parte crescente dos eleitores deixou de votar porque não se revê nas ofertas eleitorais disponíveis, em nenhum dos partidos do regime eleitos e por eleger. Lembro-me sempre, a este propósito, da anedota bocageana do homem que andava nu pelas ruas com uma peça de fazenda ao ombro... à espera da última moda! Andar nu ao frio não é solução. Há que votar onde a nossa a carteira pede, ou onde o nosso coração manda. Alternativa a isto é votar com os pés, emigrando. Infelizmente, é o que centenas de milhar de portugueses voltaram a fazer.

Votar no Bloco é um voto útil contra a maioria absoluta de António Costa. E isso me basta, por enquanto.

Post scriptum

Quase 24 horas depois de ter publicado este post encontrei esta pérola no Expresso, oriunda do Diário de Notícias:

Francisco Louçã: “O Bloco pode vir a ser o segundo maior partido”
Expresso, 09.03.2019 às 12h34 
Francisco Louçã acredita que o Bloco de Esquerda (BE) pode ultrapassar os sociais-democratas nas eleições. “O PSD é o segundo partido. Mas o Bloco de Esquerda pode vir a ser o segundo partido, é claro que pode”, garante numa entrevista ao “Diário de Notícias”. 
O histórico dirigente, que não faz parte de qualquer organismo do partido, defende que “o BE deve ambicionar que a alternância não seja sempre entre PS e PSD e portanto que passe a haver um polo à esquerda que seja um referencial.” E vai mais longe: “Se o PSD disputa 20% não há nenhuma razão para que o Bloco de Esquerda não queira, um dia, ultrapassar esse nível.”

Louçã até tem razão quando defende que “o BE deve ambicionar que a alternância não seja sempre entre PS e PSD e portanto que passe a haver um polo à esquerda que seja um referencial.” E vai mais longe: “Se o PSD disputa 20% não há nenhuma razão para que o Bloco de Esquerda não queira, um dia, ultrapassar esse nível.” Se o PSD se partir aos bocadinhos, como parece ser seu destino sob a batuta serôdia de Rui Rio, o chamado centro direita entrará numa década de agonia, uma vez mais à procura do Francisco Sá Carneiro que, como todos sabemos, morreu a 4 de dezembro de 1980. Num país de indigentes profissionais, e de classe, como o nosso, nunca houve uma direita que não fosse, ela também, estatista e subsidio-dependente, logo com algum tecido adiposo de esquerda e muita vontade de ‘trabalhar’ para o estado. Ora assim sendo este nosso pequeno Portugal, é bem provável que uma parte do eleitorado laranja emigre para o PS, na esperança que este se modere, e que o Bloco continue a crescer nos prados mais verdejantes do PCP e do PS.

Atualização 10/3/2019 19:17 WET

quinta-feira, janeiro 31, 2019

A caixa negra de um resgate

Caixa Geral de Depósitos (CGD) (3779646223)

Propaganda não é prosperidade, nem paga dívidas


Resgate a Portugal foi o terceiro maior de sempre na história do FMI 
O Jornal Económico. Mariana Bandeira, 03 Janeiro 2019, 14:09 
O resgate financeiro do Fundo Monetário Internacional (FMI) a Portugal foi o terceiro maior da história da instituição liderada por Christine Lagarde. O ranking das maiores injeções de capital do fundo é encabeçado pela Argentina e pela Grécia.

A venda de ouro português foi uma prática sistemática desde o fim da ditadura. Foi, aliás, esta venda que financiou, em primeiro lugar, os novos direitos sociais do Portugal democrático.

Tal delapidação só parou em 2010, quando o Banco Central Europeu proibiu o governo português de mexer nas 382,5 toneladas que ainda restam das 801,5 toneladas existentes em 1974 (Wikipédia).

Estas reservas são, pois, uma espécie de colateral dos 51,7 mil milhões de euros emprestados pelo BCE e pela UE, para evitar a bancarrota do país cor-de-rosa que temos.

Continuamos, ao fim de três anos de propaganda governamental e partidária responsável por uma divisão social e cultural crescente entre os portugueses, no top dos devedores mundiais:
  • quase 250 mil milhões de euros de dívida pública bruta (a líquida andará pelos 225 mM€) 
  • mais de 700 mil milhões de euros de dívida total. 
Existem mais ou menos dez milhões de contas bancárias em Portugal. Mas total do dinheiro depositado nos bancos não vai além dos 140 mil milhões de euros, ou seja, pouco mais de metade da dívida do Estado e das suas sinecuras.

Por outro lado, menos de 200 mil portugueses têm depósitos superiores a 100 mil euros.

É por estas e por outras que a recente decisão, do PS, PCP e Bloco, de forçar os bancos a comunicar ao fisco as contas com mais de 50 mil euros, se parece com a preparação para uma nova crise financeira indígena. Quando? Quando batermos outra vez à porta do FMI e do BCE, porventura na iminência de uma nova bancarrota nacional. O governo pretende, pois, saber em que bancos e contas estarão os montantes de depósitos e obrigações potencialmente sujeitos a perdas por efeito de um bail-in (resgate interno) em caso de nova crise bancária acompanhada de falência de bancos. A preocupação anunciada com fugas ao fisco não passa de uma cortina de fumo.

A crescente agitação sindical é um sinal claro de que a reversão da austeridade não aconteceu, e que o governo, aflito, se prepara para novas emergências. E você, já se preparou?

O grande buraco da Caixa tem uma cor dominante: a cor da rosa. Parece assim evidente que Geringonça rosa-e-vermelha tudo fará para esterilizar o novo inquérito e os possíveis processos judiciais que entretanto surjam à superficie. Basta investigar Joe Berardo e o que levou Elisa Ferreira (e Francisco Louçã...) para o Banco de Portugal, para que mais este esclarecedor artigo de Helena Garrido abra uma nova e mais negra Caixa de Pandora.
Se os deputados quiserem, haverá culpados na CGD 
Helena Garrido. Observador, 31/1/2019, 7:44 

Com a informação disponível neste momento já é possível concluir que o período que gerou mais perdas para a CGD foi o que vai de 2005 a 2007, quando Carlos Santos Ferreira era presidente do banco e Armando Vara e Francisco Bandeira faziam parte da sua equipa. No relatório e contas de 2016 conclui-se que 39,5% das perdas apuradas nesse ano (imparidades) vieram de financiamentos concedidos entre 2005 e 2007. 
É nesse período que se inicia o processo da Artlant com a espanhola La Seda; é nesses anos que se financia Vale do Lobo; é nesses anos que se concedem empréstimos que envolvem indirectamente a CGD na guerra pelo controlo do BCP e é nesse tempo que se dá crédito para controlar a Cimpor. Quando Carlos Santos Ferreira passa para o BCP, a administração seguinte da CGD, liderada por Fernando Faria de Oliveira e que vai até 2010, gera igualmente perdas significativas (23,6% dos 5,6 mil milhões de euros de perdas apuradas em 2016), mas já estamos perante erros por omissão, por não decidir acabar com alguns projectos.
Joana Amaral Dias: “A Caixa é um poço sem fundo” 
Jornal i, 01/02/2019 12:09 
Injetámos mais ou menos 20 mil milhões de euros na banca nos últimos dez anos; destes, seis mil milhões de euros foram para a Caixa. Recordo que, em 2012, a Caixa não fez parte do escrutínio da troika e logo nesse ano foram injetados pelo governo de Pedro Passos Coelho 1,5 mil milhões de euros sem qualquer auditoria. Agora não há imparidades no banco? Vão justificar esses 6 mil milhões como? E esta auditoria da EY é de 2000 a 2015 porque é óbvio que antes de 2000 exatamente a mesma promiscuidade se passou na Caixa Geral de Depósitos, não há dúvidas. Teve momentos melhores, teve momentos piores, talvez este momento tenha sido pior, sobretudo depois de 2005, mas isso não foi um vírus ou um bug do milénio. A Caixa sempre foi este poço sem fundo, serviu como braço forte do poder político para basicamente comprar aliados, para arquitetar uma perigosa rede clientelar que contribui para que Portugal seja campeão da corrupção.

Atualizado em 02/02/2019, 16:08 WET

segunda-feira, novembro 12, 2018

A vice-primeira ministra Catarina Martins

Catarina Martins. Convenção do Bloco de Esquerda, 2018.
Foto: João Porfírio/Observador (recortada)

Sem direita que se veja, Costa não tem alternativa


Catarina Martins anunciou a próxima entrada do Bloco de Esquerda no governo da Geringonça. Se tiver votos para tal, é o que vai ocorrer, tal como previ no programa Política Sueca em 2015. Não creio que o Rui Rio arraste votos suficientes para o PS. O desvio dos votos do centro-direita irá repartir-se entre o PS, o partido dos santanistas, o CDS e o Chega!

Até lá, Catarina Martins irá ter a gigantesca tarefa de domesticar a retórica populista do Bloco, e apostar num programa social-democrata de esquerda, ambientalista, de causas urbanas, e orientado para o eleitorado com menos de 40 anos. No resto, continuará a ser tão populista e estatista quanto o PS, e o PCP.

Quanto ao fenómeno da corrupção, estamos conversados: há merda que chega em todos os partidos.

Numa palavra, esta geringonça é melhor que a balbúrdia espanhola, e sem dúvida preferível às derivas populistas de direita que percorrem a Europa. Quanto ao futuro governo de coligação, o tempo dirá.

Para já, recomendo um voto em Catarina nas próximas europeias, pois daqui virá, ou não, o tiro de partida para a futura coligação.

quinta-feira, agosto 30, 2018

Um poder que vem de trás...


O presidente da Câmara de Pedrógão Grande, Valdemar Alves, com o primeiro-ministro, António Costa, e o presidente da República em segundo plano.

Não são só alfaces estragadas


Em 2016, últimos dados disponíveis de acordo com a sistematização feita pela Pordata usando dados do Ministério do Trabalho, atingimos nesse ano o número mínimo de trabalhadores em greve (sete mil). O número de paralisações pode dizer-se que estabilizou – mais uma do que em 2015. 
[...] 
O que conseguimos hoje perceber melhor é que algumas elites dependentes do Estado não queriam mais o PSD de Pedro Passos Coelho a governar o país. Era preciso que o Estado voltasse a ser rapidamente o que tinha sido para todos aqueles que dependem dele. E não estamos a falar dos funcionários públicos em geral, mas sim de uma elite fundamentalmente lisboeta que vive à mesa do Orçamento – do lado da despesa ou da receita – e que inclui também empresários. 
Helena Garrido—“O poder das elites e de António Costa”
Observador, 30/8/2018, 7:04

Sobre o excelente, e como sempre corajoso texto de Helena Garrido, publicado no Observador, apetece-me comentar o seguinte:

O gráfico das greves, mencionado no artigo, não revela grande coisa sobre a Geringonça, pois até houve mais uma greve em 2016 do que em 2015; o que sim revela é uma tendência consistente para a perda de capacidade reivindicativa do setor do trabalho, incluindo a dos sindicatos do PCP: 363 greves em 1986, abrangendo 232 mil trabalhadores, com 382 mil dias de trabalho perdido; 76 greves em 2016, abrangendo 7 mil trabalhadores e 12 mil dias de trabalho perdidos—PORDATA - Greves (1986-2016).

Esta tendência é, aliás, uma consequência do fim da era de crescimento rápido da economia mundial—declínio acelerado das reservas de energia fóssil barata, e queda da procura agregada global.

Já no que toca às elites urbanas de Lisboa, eu seria mais abrangente: o ódio aos memorandos da Troika (1), impostos ao governo do PS e assinados por este, vem não apenas das elites atingidas, nomeadamente nos setores financeiro e rentista do regime, não apenas das burocracias partidárias sem exceção, mas também, e mais gravemente, dessa imensa mole que é o neo-corporativismo herdado de Salazar, cujo funcionamento em ditadura insular ainda se aguenta, mas que, numa economia aberta e em democracia vai acabar por morrer, ou dar lugar a nova ditadura, praticamente inevitável se houver um colapso da União Europeia.

Para já, a Geringonça está tão atada de pés e mãos quanto o governo de Passos Coelho. Limita-se a fazer propaganda com o orçamento de estado invariavelmente deficitário que é capaz de produzir, oferecendo torradeiras, perdão, viagens de borla na CP e descontos temporários no IRS a alguns emigrantes que regressem a tempo de votar no PS, ao povo léu, e à corte democrática, ao mesmo tempo que estupora criminosamente a infraestrutura económica, material e política do país.

Portanto, Helena, a coisa é mais grave do que pensa.


Post scriptum

A dita revolução dos cravos não matou o salazarismo. Deu-lhe uma nova face, de balbúrdia democrática, muito parecida com a da primeira República. Ou seja, há uma mole rentista, corporativista, partidocrática e burocrática, sebosa e indigente, queiroziana em suma, que não mudou e perdura na sua histórica e venal inutilidade. Prova disto mesmo são os níveis de emigração, de iliteracia funcional e de dislexia. Já viram como fala o nosso PM?

As ideologias dos partidos, de direita, de esquerda e de extrema esquerda não passam de máscaras de conveniência e demagogia. Nenhuma delas pariu, em 40 anos de pós-ditadura, uma idea nova que fosse. Ideologia? Esquerda? Direita? Nada! Limitaram-se a importar o que a social-democracia alemã, ou a ex-URSS tinham para dar e vender. Nada mais. Hoje, morta a segunda, e exangue a outra, o país, o nosso país, afunda-se como um Titanic sur Mer (excelente nome dado pelo Manuel João Vieira ao seu bar de escárnio e mal cantar ;)

Disse numa das primeiras emissões do censurado (sim!) programa semanal da RTP2, Política Sueca, que a Geringonça iria durar uma ou duas legislaturas. E afirmei também que era bom a democracia conhecer finalmente o PCP e o Bloco. Se a UE não implodir de vez na próxima década (2020-30), e não deverá implodir, apesar do que se teme, o que irá certamente mudar no nosso país é a liturgia do nosso sistema partidário. Para melhor, espera-se. O desvairado Santana Lopes é uma dessas lebres que, aos ziguezagues e caretas, ainda poderá precipitar a reação em cadeia que todos esperamos, como réplicas infinitas de Godot.


NOTAS
  1. Vale a pena recordar os factos, pois a manipulação partidária dos mesmos (fake news) é constante. Para tal recomendo este post do blogue Aventar, “Memorando da Troika – Em Português”, de que cito a introdução:

    Foi apresentado no dia 3 de Maio um Memorando de Entendimento. Esta versão foi aprovada pelo PSD e pelo CDS-PP e corresponde à tradução feita pelo Aventar que se pode ler mais abaixo.

    No entanto, no dia 17 de Maio, o governo assinou outro Memorando de Entendimento, diferente do anterior. Notar que o governo não achou necessário informar os portugueses nem sequer os próprios partidos signatários da versão do dia 3 e que muito provavelmente terão de ser eles a cumprir este “programa de governo”.

    Ler o original completo


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quinta-feira, agosto 02, 2018

O desespero imobiliário da esquerda

É necessário desmontar o subconsciente da esquerda pírrica

A renovação urbana rouba votos ao PCP e ao Bloco

PS, PCP e BE querem arranjar solução para contrariar veto e defender inquilinos 
Descontentes com o veto a um diploma para a qual contribuíram, os comunistas acusam o Presidente da República de "impedir que a lei entre em vigor e que proteja os interesses e direitos dos inquilinos de uma forma mais breve". Mas tanto o PCP como o Bloco ou o PS asseguram que em Setembro vão tentar encontrar uma solução para o assunto. 
Público. MARIA LOPES 2 de Agosto de 2018, 11:58
O que os dirigentes e burocratas do PCP e do Bloco querem, já sabemos, é evitar a sua rápida descida ao zero eleitoral, nem que isso signifique empobrecer ainda mais o país. Não nos esqueçamos que estes cadáveres adiados do marxismo se alimentam de pobres e remediados...

Falta agora explicar uma coisa muito simples aos inquilinos:

— a lei anti-propriedade privada do PCP, do Bloco e (será?) do PS, se chegar a ver a luz do dia, apenas estimulará ainda mais os proprietários urbanos a deixarem de ter inquilinos, substituindo o arrendamento tradicional pela figura do 'leasing' imobiliário (operações reservadas a bancos e sociedades de crédito), ou, em alternativa, pelo alojamento local temporário. Estas duas escapatórias têm, porém, um inconveniente democrático: reforçam a concentração capitalista, a internacionalização financeira do país, e a destruição, a muito curto prazo, das classes médias, entre as quais se encontram os pequenos proprietários urbanos. Ou seja, teremos cada vez menos Catarinas, e cada vez mais Robles.

Conclusão: a sanha anti-capitalista (hipócrita como sabemos) do PCP e do Bloco virar-se-à contra a própria figura do inquilino, condenando-o a uma morte prematura.

Espero bem que haja ainda energia suficiente dentro do PS (o PSD é presentemente dirigido por um paranóico sem ideias) para contrariar o desespero do que resta da tropa estalinista, maoista e trotkysta que infesta as nossas instituições democráticas burguesas.

Esta corja da putativa esquerda não pensa. Esbraceja apenas, desesperadamente, por um lugar protegido pelas receitas do fascsimo fiscal que vem destruindo o país, escancarando as suas pernas ao capital estrangeiro. É esta espécie de internacionalismo que, no fundo, no fundo, os oportunistas que se reclamaram ao longo de  quase um século do Karl Marx que raramente leram, e muito menos entenderam, espalharam nos territórios geralmente atrasados onde exerceram as suas ditaduras.


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quarta-feira, agosto 01, 2018

Ó Catarina!

Catarina Martins

Catarina Martins tem posição em empresa de alojamento local. 
A coordenadora do BE detém uma posição minoritária numa empresa de alojamento local gerida pelo marido e pela sogra. Explora unidades no Sabugal. Partido diz que ajuda a combater a desertificação. 
A coordenadora do BE fundou a Logradouro Lda. com o marido há quase dez anos e foi sócia-gerente da empresa até final de 2009, altura em que assumiu funções como deputada em regime de exclusividade. Atualmente, a empresa explora quatro empreendimentos turísticos e uma unidade de alojamento local no concelho do Sabugal, distrito da Guarda. 
in ECO 

Como podem os eleitores confiar na 'coordenadora' do Bloco de Esquerda, se Catarina Martins não confiou nem, ao que parece, confia no marido e nos sogros para lhes passar por inteiro a sua quota na empresa de alojamento temporário de que detinha 50% e continua hoje a deter 4%?

Se tivesse vendido integralmente a sua quota no empreendimento imobiliário familiar teria evitado expor-se, como é agora o caso, a uma justa recriminação pública face à sua patente hipocrisia político-partidária. Ou será que não pode? Quais as condições e obrigações das ajudas comunitárias que obteve?

Além do mais, como pode liderar um partido que defende o fim da propriedade privada, a saída da União Europeia e o fim do euro, e recorrer na mesma peugada a fundos comunitários para financiar um negócio de alojamento local?

Nem coerência, nem decência... Demita-se, para evitar piores danos ao Bloco e à democracia.

OPORTUNISMO E  CONTRADIÇÕES INSANÁVEIS

“Basta pensar-se que no balcão dos despejos o senhorio não precisa de nada para mandar despejar e o inquilino precisa de advogados para se defender. É um absurdo completo. Chama-se balcão do arrendamento, bem sei, mas eu pergunto se algum dos presentes achou alguma vez que o balcão servia para arrendamento”. As palavras são de Catarina Martins, em Abril deste ano. O Bloco de Esquerda defende o fim do Balcão de Arrendamentos, mas foi precisamente nesse balcão que Ricardo Robles interpôs a acção de despejo contra um inquilino com quem não conseguiu chegar a acordo. 
— in Observador

Do programa do acampamento organizado pelo Bloco de Esquerda em julho deste ano

  • “Direito à Habitação vs Gentrificação”
  • “Saída do Euro: há outra saída?”
  • “A propriedade é o roubo: debate sobre a socialização dos meios de produção”
  • “Desobediência civil: como, porquê e para quê”


— in 15º Acampamento Liberdade/ 25-30 de junho 2018/ programa

segunda-feira, julho 30, 2018

Louçã também deveria demitir-se

À fragata (NATO) NPR "Gago Coutinho", comandada pelo Comandante Seixas Louçã, foi dada ordem de fogo. Felizmente, os oficiais a bordo não cumpriram a ordem do instável militar.
Foto: Alfredo Cunha

Este Alves dos Robles infetou o Bloco de Esquerda até ao tutano!

Ricardo Robles renuncia ao cargo de vereador do BE em Lisboa
Eleito em 2017, representante do Bloco de Esquerda deixa a vereação após a polémica em torno dos investimentos imobiliários em Lisboa.
PÚBLICO 30 de Julho de 2018, 12:08
Em que posição ficam o beato Louçã, a serviçal Catarina e a ex-futura ministra Mariana? Ou muito me engano, ou a ala estalinista do Bloco (Fazenda, Rosas, etc.) vai regressar em força, o que não deixará de acelerar a caminhada deste saco de gatos pequeno-burgueses para a sua merecida irrelevância.

O sonho do degenerado trotskysta Francisco Louçã (será que ainda vegeta pela IV Internacional?) era ser vice-primeiro ministro de um Governo PS, cumprindo o desiderato revisionista que sempre o acompanhou na sua devoção marxista-leninista a Trotsky e ao senhor Mandel. Nunca percebeu a contradição em que viveu praticamente toda a sua vida. Em 25 de novembro de 1975 refugiou-se na clandestinidade em nome da segurança do partido, para logo depois expulsar os que ficaram na Rua da Palma e nos quarteis a aguentar o que então se percebia ser um perigoso, mas imparável descarrilamento da balbúrdia pré-revolucionária em curso. O país tornara-se um enorme furúnculo social, político e institucional, que consumia a velocidades estonteantes as reservas de ouro acumuladas por Salazar. A 'revolução', em suma, tomara o freio nos dentes, sendo por isso imparável. Na antiga Liga Comunista Internacionalista - LCI (uma das avós do Bloco de Esquerda) houve então quem preferisse continuar com as mãos na massa, nomeadamente dialogando com o PRP-BR, o PCP, o MDP, o MES, etc., para o que desse e viesse, mas sobretudo para impedir o pior. Louçã, filho do comandante que dera à fragata Gago Coutinho ordem de fogo contra os revoltosos na manhã de 25 de abril de 1974 quando esta se encontrava posicionada ao largo do Terreiro do Paço (1), preferiu sempre o conforto de uma subordinação estratégica a Mário Soares (e aos Estados Unidos), ainda que enfeitada com a retórica mandeliana, do que pensar honestamente nos interesses históricos do povo português. Um caso perdido.

Francisco Louçã deveria demitir-se do Conselho de Estado e do Banco de Portugal, em nome da coerência, mas também em nome da decência que tanto apregoa.

E o Partido Socialista deveria cuidar melhor da pública RTP, tomada de assalto, por dentro e por fora, por uma falsa esquerda radical, que mais não é que uma soma desmiolada de indigentes e pequenos aristocratas do regime.

Contratorpedeiro Huron das forças da NATO meteu-se entre a Gago Coutinho e a Praça.
NOTA

A ordem do “…Comandante ao chefe de Serviço de Artilharia para serem dados uns tiros para o ar, com munições de exercício” foi desobedecida, quando o oficial imediato “informou o Comandante de que os oficiais e ele próprio se recusavam a fazer fogo”. Esta atitude do oficial Imediato foi corroborada não só pelo chefe de Serviço de Artilharia, como também pelos restantes oficiais. De facto, não se verificou a execução da ordem, quer porque o Imediato teria informado, primeiro, o Comandante dessa recusa, quer porque o chefe de Serviço de Artilharia teria “inventado", depois, "problemas na artilharia", facto que, sem que o Comandante Louçã tivesse, sequer, procurado averiguar quais eram especificamente e que peças afectavam, o levou a informar o Almirante Chefe do Estado-Maior da Armada da existência de problemas na artilharia que impediriam o cumprimento das ordens recebidas, embora sem justificar a natureza dos mesmos. Na verdade, a execução da ordem de fogo, em sentido estrito, só se verificaria quando e se o chefe do Serviço de Artilharia mandasse dar fogo à peça, proferindo a expressão consagrada “Fogo”!

— in FRAGATA “GAGO COUTINHO”, Esclarecimentos necessários (pdf)

Um tiro no porta-aviões do Bloco

Francisco Louçã na Vi Convenção do Bloco de Esquerda (2009)
Foto: José Goulão/ Wikimedia


Francisco Louçã já não é, de facto, um trotskysta


Se este fim de semana não destruir o Bloco de populistas e especuladores capitaneado pelo beato Louçã, então é porque o país está definitivamente perdido. Já o efeito colateral deste escândalo é simples de imaginar: o fim da Geringonça e a maioria absoluta do PS nas próximas eleições.

Miguel Esteves Cardoso (MEC), na sua crónica no Público, escreve: “A pergunta que eu faria a Ricardo Robles é esta: a quem é que ele queria vender o imóvel? Quem é que ele acha que seria capaz de pagar os 5,7 milhões de euros que ele pedia?”

Ricardo Robles não pode obviamente responder a esta pergunta, sob pena de se auto-incriminar—ideologicamente, claro. Ocorre o mesmo, aliás, às criaturas perdidas que tomaram conta do dito Bloco de Esquerda: o conselheiro Acácio Louçã, a serviçal do conselheiro, Catarina Martins, o Alves dos Robles e a ex-futura ministra Mariana Mortágua.

Eu também tenho duas perguntas de algibeira:

1. Quanto vai custar a rescisão do contrato robliano com a Christie's?

2. Onde está o projeto e o alvará (obrigatórios) que permitiram a Ricardo Robles adicionar um piso (recuado) aos prédios que comprou?

MEC está, porém, enganado, num ponto: o Roblespierre do Bloco de Especulação despejou mesmo, pelo menos, um inquilino, mandou para o desemprego quatro funcionários dum café, e acossou ainda o dono dum prédio vizinho que reclamou contra as obras de ampliação que o dito trotskysta degenerado empreendeu com os favores da Câmara Muncipal de Lisboa e da Caixa Geral de Depósitos. Até prova em contrário estas deduções e suspeitas são mais do que legítimas. São flagrantes!

Não vejo, pois, como é que a malta do Bloco vai poder continuar a socorrer esta espécie chic de Capitão Roby fascinado pela Christie's. Se a criatura continuar na Câmara Municipal de Lisboa, e no Bloco, os fiéis do bloquismo não poderão mais abrir a boca sempre que alguém lhes fizer uma das três perguntas anteriores, sob pena de se transformarem em personagens anedóticos do Little Portugal.



Pobre Mariana. Pensei que ia mais longe...

Da imprensa deste fim de semana:
“Quem é rico e tem dinheiro fica com uns bons prédios em boas áreas”, criticou Mariana Mortágua na Assembleia Municipal de Lisboa em 2014. Robles estava ao lado e já tinha comprado o prédio.
“A cidade planeada à medida dos especuladores e o respeitinho pelo capital”.  
“O pequeno comércio expulso e os últimos residentes enxotados para a periferia” pelos grandes proprietários imobiliários.  
O sector privado “que desenha a cidade e a transforma ao seu gosto, decide quem fica e quem sai.”  
Estas três frases foram ditas a 14 de outubro de 2014 por Ricardo Robles, numa reunião da Assembleia Municipal de Lisboa para criticar a reabilitação que abria caminho a fins especulativos.  
Os que o ouviam ainda não sabiam, mas cinco meses antes o deputado municipal do Bloco de Esquerda tinha vencido um leilão para comprar à Segurança Social um prédio em Alfama por 347 mil euros, que anos mais tarde colocaria à venda no mercado por 5,7 milhões de euros. Ainda hoje recusa que se trate de especulação.  
A remodelação do imóvel de Ricardo Robles - vereador do BE na Câmara de Lisboa -, em Alfama, levou a que quatro funcionários de um café ficassem sem emprego.”Podiam ter sido cinco, mas eu optei por ir para a reforma, dado que já tinha 63 anos”, contou ete sábado ao CM o gerente do Pão com Manteiga, que pediu para o seu nome não ser publicado. Adiantou, ainda, que acabou por ser “despejado” por “decisão do tribunal”, porque “não aceitou vagar” o “primeiro esquerdo” do prédio que utilizava como “armazém” e “quarto de arrumos do pessoal”. “Era o local onde eu tinha duas arcas frigoríficas. Quis aumentar-me a renda de 270 euros para 400 euros, com a condição de eu sair do andar de cima. E como eu não aceitei, ele colocou-me uma ação de despejo, que foi concretizada em outubro de 2016.”
Esta é a definição, que o Bloco sempre usou, de um despejo
O arrendatário de duas frações do imóvel de Alfama - que Robles chegou a colocar à venda por 5,7 milhões de euros, tendo custado 347 mil euros ao político e à sua irmã Lígia - afirmou também ao CM que já avançou “para tribunal com um pedido de indemnização de 120 mil euros”. “Esta verba tem a ver com benfeitorias que fiz ao longo de 28 anos de arrendamento. Os últimos tempos que passei no café foram difíceis. Pela pressão de ter de sair e pelas obras de remodelação. Havia sempre muito ruído e muito pó. Fiquei muito desgastado e decidi ir para a reforma”, vincou. 

sexta-feira, julho 27, 2018

O Bloco de Especulação


Esta Geringonça não passa de caca ideológica

OBSERVADOR: Ricardo Robles dizia que a política de Fernando Medina na área da habitação era uma política que, “no essencial, tem falhado”. “Há uma visão especulativa: os terrenos, os prédios de Lisboa são para negócio, não são para habitação, não são para quem quer viver na cidade. E isso não é uma política de esquerda”.
Esta Geringonça é uma verdadeira vacina contra a demagogia, a hipocrisia, o populismo e a corrupção da Esquerda Rasca - um sucedâneo da velha utopia socialista, que não passa de caca ideológica.

Depois de um especulador imobiliário que engana velhinhos, sob o manto de silêncio indigente da imprensa indígena—o PM da Geringonça, António Costa—, e dos deputados do Bloco que vivem em Lisboa mas declaram residência oficial em Leiria ou na sede do Bloco em Braga, temos agora o engenheiro vereador do Bloco, Ricardo Robles, que barafusta contra a gentrificação, ao mesmo tempo que especula nesse mesmo pardieiro de oportunidades comprando barato —presumo que à custa de informação privilegiada e tráfico de influências— e salivando, qual aprendiz de 'pato bravo', por mais valias escandalosas (5,7 milhões - 350 mil = 5,35 milhões de euros!)

Ao contrário do que dizem, face à corrupção geral da esquerda à esquerda do corrupto PS, mais o colapso iminente do PSD, e a anomia do CDS, prevejo que uma boa parte da classe média acabe por dar a maoria absoluta a António Costa. Sempre será uma maneira de arrumar de vez as botas aos degenerados herdeiros do imprestável marxismo-leninismo, enquanto ficamos todos à espera de Godot.

Caviar na barriga, caca marxista na mioleira

O Bloco de Esquerda tornou-se uma galdéria irrelevante do regime. António Costa acaba de chegar à maioria absoluta.

Pórtico da página Facebook do especulador-mor do Bloco de Esquerda.

Ao contrário do que pretende o bronzeado senador Francisco Louçã...

(mensagens recebidas)
1) O ministério da segurança social tem que explicar esta pessegada. A CML tem que explicar este processo. Nós já percebemos, mas a CML tem que vir a público explicar os contornos destas transações. E a Caixa Geral Depósitos, que aprovou o crédito, tem que explicar publicamente em que bases o fez: qual a entrada de capital, e de que base salarial partiu.
2) RICARDO ROBLES E A IRMÃ compraram vários prédios e não um à Segurança Social por 350.000 euros… A cair? Pelas fotos que vemos no vídeo, não parecem ruínas...
A PGR devia investigar... 
Vendeu-se propriedade do Erário Público, i.e. da Segurança Social, por um valor muito abaixo do real. Esta forma de alienação do património público não foi revertida pela Geringonça (curiosamente...) e Ricardo Robles aproveitou a deixa, em vez de a denunciar! O senhor Robles conseguiu aliás, em tempo recorde, aprovar uma operação de loteamento e até acrescentar mais um andar. Onde está o suporte legal desta operação? Houve ou não favor camarário ao vereador? 
Gostava de ver em que condições foi feito o projeto e se cumpriu sequer os regulamentos mínimos anti-sísmicos. 
Isto é mesmo muito nebuloso… e nada tem a ver com o que dizem as Televisões e os Jornais. 
Não é um, mas sim vários prédios que estão em causa na Rua Terreiro do Trigo, números 6 a 26, em Alfama, e MAIS UM PISO! 
Gostava mesmo de ver o projeto do imóvel, porque não se tratou de uma reabilitação (falso) mas sim de uma reconstrução… pois levou mais um andar...
E ainda, como foi obtido o empréstimo na Caixa Geral de Depósitos? Quanto custa por mês? Etc. 
Isto não é inveja do sucesso dos outros. A Segurança Social, a caminho da falência, é paga com os nossos pesados descontos todos os meses! 
ISTO É MESMO MUITO GRAVE


Mais sobre o especulador imobiliário Ricardo Robles, num comentário de Marcos Soromenho Santos, proprietário de um prédio contíguo ao prédio do Robles
“Barbara, é mais grave do que isso. Eu tenho um prédio contíguo ao dele [Ricardo Robles] e as obras que ele fez (e foi ele e não a irmã, que nunca sequer apareceu nas reuniões que tivémos, sendo que o prédio foi comprado a meias pelos dois) não eram de todo permitidas por vários motivos (edificou sem parecer prévio sobre a muralha fernandina, subiu paredes sobre dois saguões prejudicando a qualidade do ar dos cómodos dos res do chão, que são meus, modificou o sistema de águas dos telhados sobre o meu prédio sem o meu consentimento, chegou a fazer intervenções definitivas de obra num terraço que é meu, apesar de previamente eu não ter consentido. Fiz por isso queixa à Câmara que lhe deu razão em tudo, num parecer vergonhoso que me foi remetido, com a clara conivênciade pelouros do PS (leia-se Medina). Esta gente não é séria, está lá para se servir pessoalmente, tal como aconteceu no caso da compra do andar do Medina à Isabel Teixeira Duarte. Lisboa está a saque, com prejuízo para quem é de facto da cidade.”



A notícia de O Jornal Económico não é falsa
1. Todos os factos noticiados foram devidamente comprovados ao longo da nossa investigação, com base em documentos públicos e nas declarações do próprio Ricardo Robles. E os factos da notícia são estes, entre outros: em 2014, Robles, um dos principais críticos da especulação imobiliária em Lisboa, comprou a meias com a irmã um prédio da Segurança Social, por 347 mil euros. Fez obras de reabilitação e de expansão, negociou com os inquilinos a subida da renda e/ou a sua saída e, no final de 2017, colocou o imóvel à venda na imobiliária Porta da Frente, com o intuito de o vender, tendo por base uma avaliação de 5,7 milhões de euros. Alguns meses mais tarde, o imóvel deixou de estar à venda, mas, tal como o próprio Ricardo Robles admite na notícia, o objetivo é voltar a colocar esse prédio no mercado, “a breve trecho”.

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Atualizado em 29/7/2018 10:26 WET

terça-feira, fevereiro 06, 2018

A corja



O PCP estupora a Autoeuropa, enquanto o Bloco estupora a RTP


Uma conjunção inesperada de pessoas, interesses, corrupção e avidez partidária deu cabo de um projeto genuinamente inovador na RTP. Uma visão, um projeto e uma direção que até foram capazes de organizar uma candidatura ao Festival da Eurovisão diferente, com os resultados que se conhecem, tornaram-se uma ameaça intolerável para os que não sabem fazer outra coisa que não seja especular com a pobreza de espírito das famosas audiências, mantendo, por outro lado, bem viva a chama da corrupção embrulhada em populismo justiceiro.

Essa comunhão corporativa e pirata que tirou o tapete a um projeto corajoso, criativo, independente e ganhador é o retrato descarado do regime que apodrece à nossa volta. Um ex-administrador, Luís Marinho, que saiu da RTP com a mais elevada indemnização paga naquela casa, mas sem uma declaração de não agressão aos seus sucessores, trava desde 2016 uma campanha insidiosa contra Nuno Artur Silva e Daniel Deusdado. O tablóide do gajo que anda a poluir o rio Tejo, e deveria ir preso por isso (irá?), serviu sucessivas peças de lixo jornalístico sobre os putativos conflitos de interesses entre Artur Silva e Deusdado, por um lado, e a RTP por outro. Não foram, quando tinham que ser, avaliadas as possíveis situações de incompatibilidade, pelos juristas da RTP ou por aqueles a quem a RTP paga generosas avenças? Cunha Vaz (um dos personal trainers de António Costa) prometeu acabar com esta gerência (e cumpriu). Entrou uma arara de Coimbra no chamado Conselho Geral Independente, botou sentença perante uma turma de ingénuos, cobardes e hipócritas, e estes idiotas renderam-se à lábia do advogado. Por fim, os jovens extremistas do Bloco de Esquerda ganharam a Comissão de Trabalhadores ao PCP, e decidiram dar largas às diretivas vermelhas do Bloco: Ana Drago, fora! Rui Tavares, fora! Ainda não foram, mas não vai demorar muito. A RTP, agora, é nossa, quer dizer deles!

É por estas e por outras que a linha que demarca a esquerda da direita não passa duma linha imaginária.

A corja partidária dum país falido, onde as principais empresas económicas e financeiras acabaram nas unhas de espanhóis, angolanos, chineses e alguns americanos e franceses, só já tem um fim em vista: tomar o Estado de assalto, meter prego a fundo no populismo, e servir-se. Isto é, servir-se de todos nós.

Se pensam que a Geringonça é coisa esporádica e passageira, desenganem-se. Veio para ficar, como predisse e expliquei atempadamente num programa da RTP que um acólito qualquer da situação se apressou a destruir o mais depressa possível.

A ronha, a mediocridade e a subserviência sempre conviveram bem com a corrupção.


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domingo, setembro 03, 2017

A terceira ameaça à Geringonça

A Autoeuropa é da Volkswagen ou do PCP? A resposta é óbvia!

Ready to T-Roc?


Pode não ter passado duma guerra entre estalinistas e trotsquistas. Mas a verdade é que não falta espaço no mundo para acomodar a Autoeuropa. Em Espanha, ao contrário de Portugal, não há cadáveres comunistas adiados, e existirá em breve uma rede ferroviária para passageiros e mercadorias interoperável com o resto da Europa. Ou seja, ou o PS controla rapidamente os danos causados pelos senhores Jerónimo de Sousa e Arménio Carlos, ou os alemães, reforçados agora pelo espírito Macron, poderão de um momento para o outro perder a paciência e convidar os esquerdistas indígenas a comerem urtigas.

O pomo aparente da discórida que levou à inusitada greve na Autoeuropa foi o trabalho ao sábado.

Mas então os telefones, a rádio e televisão e a internet, ou os hospitais, ou as esquadras, museus, teatros, cinemas, casinos, restaurantes, bares, aeroportos, comboios, autocarros, táxis, elétricos, tuc-tucs, centenas de supermercados e milhares de lojas não trabalham aos sábados? Será que as dezenas de milhar de famílias das pessoas que trabalham nestas empresas e instituições sofrem o que as famílias aristocráticas da Autoeuropa não podem sofrer? Por onde anda a lógica da dirigente máxima do Bloco? Queimaram-se-lhe os neurónios durante o incendiário mês de agosto? Até os funcionários públicos, até os políticos, ou pelo menos alguns, trabalham aos sábados!

Num texto anterior —As duas ameaças à Geringonça— chamei a atenção do PS para dois dos perigos maiores que ameaçam a frente popular pós-moderna formada pelo PS, PCP e Bloco: o preço do petróleo, que tem vindo a subir paulatinamente, e o fim do conforto monetário proporcionado pelo BCE às democracias despesistas do sul da Europa, anunciado para 2018-2019. A conjunção destas duas tendências poderá, sobretudo se houver nova crise financeira global, pulverizar o cimento frágil da presente coligação disfarçada. Mas há um terceiro perigo!

O momento Hartz de Emmanuel Macron

A expansão monetarista levada a cabo pelo BCE está a chegar ao fim. Observando os resultados nos países que mais beneficiaram deste alívio —Portugal, Irlanda, Itália, Grécia e Espanha— verificamos que foram, no mínimo, duvidosos. À exceção da Irlanda, nenhum dos restantes PIIGS conseguiu corrigir a trajetória da respetiva dívida pública, e a este grupo de países incapazes de controlar as suas contas somou-se entretanto a França.

Os valores das dívidas públicas em % do PIB nos anos 2008, 2012, e 2016 são os seguintes:

  • Portugal: 71,7—126,2—130,4
  • Irlanda: 42,4—119,5—75,4
  • Itália: 102,4—123,3—132,6
  • Grécia: 109,4—159,6—179
  • Espanha: 39,4—85,7—99,4.


É neste contexto que o modelo alemão (65,1—79,9—68,3), sobretudo após a anunciada saída do Reino Unido (50,2—85,1—89,3) da UE, e depois da derrota estrondosa dos socialistas em França, começa agora a ganhar um valor heurístico renovado junto das elites europeias mais atentas.

Macron anunciou uma reforma laboral radical em França. Insuportavelmente neoliberal? Não. O novo presidente francês, apoiado numa confortável maioria parlamentar, apenas quer implementar em França, em nome da competividade europeia ameaçada, a mesma reforma laboral que o social-democrata alemão Gerhrard Schröder, e os Verdes (imagine-se!), impuseram aos sindicatos alemães entre 2003 e 2005, através do célebre plano Hartz, e da Agenda 2010.

Alemães e franceses, livres do atrito permanente provocado pelos ingleses de sua Majestade, estão agora mais decididos que nunca a reforçar a União Europeia, criando um coração inteligente mais forte, isto é, uma verdadeira união bancária e fiscal, um sistema de segurança unificado, e uma verdadeira estratégia europeia de defesa. Quem aceitar as novas regras continua, quem não aceitar que se junte aos náufragos britânicos. A verdade é que a decadência de Washington exige este género de fórceps estratégico, e as crises no Médio Oriente e na Coreia também!

À luz desta análise vejo no incidente entre a Geringonça e a Autoeuropa o terceiro prenúncio do fim da estratégia oportunista de António Costa. O pacto que este propôs ao PSD e ao CDS não passa duma farsa populista. O único pacto lógico e necessário ao país é o que garantir simultaneamente uma reforma do estado e uma reforma laboral adequadas à sustentabilidade da nossa economia, sem o que assistiremos à emergência insidiosa de um populismo de estado apoiado numa espécie de fascismo fiscal. Mas para que este cenário se impusesse, assistiríamos primeiro a uma caça às bruxas da opinião livre. Já estivemos mais longe!


REFERÊNCIAS

The Brief: A ‘plan B’ for the grand bargain

By Jorge Valero | EURACTIV.com  1/09/2017 (updated:  1/09/2017)

Britain’s exit from the EU progressed this week in slow motion. But one collateral effect of Brexit is Angela Merkel’s resolution to push for further integration of the eurozone, as Juncker would say. Her 17-point lead in the polls ahead of the 24 September general election, and her rival Martin Schulz’ support on the issue, mean this is sure to be central to the campaign.

But Merkel is still the chancellor of Germany, where taxpayers are against giving money to profligate and uncompetitive southern member states, the argument says.

Mutti‘s brother in arms to complete the reform of the 19-member eurozone, French President Emmanuel Macron, presented yesterday his long-awaited labour market reforms.

France aims to have its ‘Hartz’ moment fifteen years after the plan was unveiled in Germany to unlock the potential of the EU’s powerhouse.

If Macron succeeds, the impact will go far beyond turning his country into Europe’s second power. It will be the stepping stone toward the ‘grand bargain’ the eurozone has been waiting for between the northern guardians of fiscal discipline and the southern champions of shared protection when the next turbulence comes.


German labour-market reform
Hartz and minds
A new and controversial law takes effect this weekend
The Economist, Dec 29th 2004 | BERLIN


TRY calling a German bureaucrat after 3pm and the chances are that you will get no answer. But the Berlin branch of the Federal Employment Agency has recently been open as late as 10pm, weekends included. A dozen employees, surrounded by brown folders, are busy typing data into computers. “We have no choice but to get this done by the end of the year,” says one. The scene is replicated in 180 job-centres across Germany: thousands of staff are working extra shifts to prepare the launch on January 1st of “Hartz IV”. This law, based on the work of a commission led by Peter Hartz, Volkswagen's personnel director, is Germany's most important labour-market reform since the war.

[...]

The stakes are high. If Hartz IV succeeds, Germany will have taken a big step towards helping its army of long-term unemployed off the dole and into work. If it fails, there will be pressure to break up the Federal Employment Agency, or privatise it. And the popularity of Chancellor Gerhard Schröder's government, which has risen, could plummet. That may be why Mr Schröder has said that, if anything goes wrong, it will be the fault of Wolfgang Clement, his economics minister.

domingo, agosto 27, 2017

Extrema esquerda e o 'deep state' americano

Imagem difundida sobre a caça de Bin Laden observada em tempo real pelos democratas da Casa Branca

Uma caça ao voto que pode semear tempestades


Marisa Matias acusa Passos Coelho de ensaiar discurso racista e xenófobo 
“O discurso de extrema-direita está a ser trazido para a cena pública eleitoralista nacional não por via dos partidos de extrema-direita, que têm pouca expressão, mas por via de um dos maiores partidos do sistema, que é o PSD”, condenou Marisa Matias em declarações aos jornalistas à margem da abertura do Fórum Socialismo 2017, a “rentrée” política do Bloco de Esquerda que decorre a partir desta sexta-feira e até domingo em Lisboa—in Observador, 26/8/2017. 

A pândega Marisa Matias acusou Pedro Passos Coelho, o ex-primeiro ministro e ganhador das últimas eleições legislativas, de racismo e xenofobia. Não saberá esta pândega da extrema-esquerda caviar, com quem é Pedro Passos Coelho casado? Só mesmo a idiotia, a má fé, ou o sectarismo incendiário pode justificar estes acessos de fundamentalismo invertido.

Se a cor da pele e a xenofobia são os fantasmas que alimentam o populismo eleitoral, perigoso, do Bloco de Esquerda, ou mesmo do PCP, haveria que perguntar-lhes como tencionam anular o défice em que se encontram nesta matéria quando comparados com os demais partidos com assento parlamentar: PS, PSD e CDS/PP. Apesar de há décadas o Bloco estar envolvido no SOS Racismo, não há um único mestiço, ou negro, ou asiático, ou muçulmano, ou sequer brasileiro, que eu saiba, nas estruturas dirigentes do bloco de trotskystas, maoistas e estalinistas arrependidos atualmente no poder. E muito menos na Assembleia da República. Como tencionam recuperar este atraso cultural? Talvez uma política de quotas ajudasse.

Não deixa, por outro lado, de ser uma coincidência curiosa o alinhamento objetivo do Bloco de Esquerda com a política americana para Angola: desestabilização.

Ou ainda com a estratégia propagandística montada pelo deep state americano para enfraquecer e controlar a presidência de Donald Trump: acicatar os ancestrais ódios e discriminações de raça e género existentes na América. Parece que também em Portugal, o Bloco pretende seguir a mesma estratégia de divisão ideológica e política do país.

Presidente da Câmara dos Representantes critica Trump por perdoar ex-xerife 
Donald Trump indultou na sexta-feira o ex-xerife Joe Arpaio, de 85 anos, que arriscava uma pena de prisão de até seis meses, depois de ter sido considerado culpado em julho por desobediência à justiça e continuar a prática de detenção de pessoas por razões raciais—in Observador, 27/8/2017.

Nada mudou no racismo histórico americano depois da chegada de Trump ao poder. Basta contar os negros mortos pela polícia americana durante a era Obama!

Há uma guerra civil larvar nos Estados Unidos, e está a ser alimentada pelas alas radicais mais corruptas do Partido Democrático e do Partido Republicano (o bloco central lá do sítio), precisamente aquelas que querem a indústria militar americana e o poder americano projetados em todos os cantos do planeta.

Ora o símbolo máximo desta fronda verdadeiramente fascista da América é uma senhora chamada Hillary Clinton. Lembram-se como montaram e disseminaram os videos pornográficos sobre o enforcamento de Saddam Hussein, sobre caça de Bin Laden e sobre o assassinato de Mohamad Kadafi? Não foi Donald Trump, pois não? De onde vem então a retórica de meretrizes ofendidas que acometeu os média americanos, bem denomindados por Trump, como FAKE NEWS? Basta de papar toda a trampa mediática que Washington e Nova Iorque nos impingem permanentemente através das suas redes capilares!

Temos que evitar a armadilha que nos lançaram sobre Donald Trump.

Criticar quem o ataca, criticar nomeadamente o 'deep state' americano, de que o sistema mediático falido faz parte, não é defender necessariamente Trump, nem as suas ideias, nem o seu passado. Tal como exigir uma política de imigração que evite e combata a formação e o amadurecimento de células terroristas de exércitos estrangeitos no nosso país, não é prova, nem de racismo, nem de xenofobia, nem de intolerância religiosa. Insinuar, ou pior, afirmar o contrário de forma encapsulada, é que prova a existência de uma agenda escondida que, se não prova uma predisposição para alimentar o terrorismo, exibe, pelo menos, a evidência de um recalcamento psicológico perverso. Como se o radicalismo revolucionário recalcado pelo oportunismo parlamentar, e agora ainda mais pela Geringonça, encontrasse na proteção temerária à imigração descontrolada e aos residentes estrangeiros que praticam crimes e conspiram contra as populações (ou se treinam para isso no nosso país) uma forma de redenção narcísica.

É preciso confrontrar o senhor Louçã e as senhoras que hoje mandam no Bloco com perguntas precisas sobre estes temas. E é preciso fazer perguntas igualmente claras ao primeiro ministro e ao cardeal Santos Silva, sobre a política de segurança e defesa do país.

Os populismos, de direita e de esquerda, serviram-se sempre e continuam a servir-se dos preconceitos, dos atavismos e da fé religiosa, bem como das formas endémicas mais ou menos inócuas de racismo e xenofobia existentes nas sociedades, para dividi-las e queimar os laços de solidariedade social e cosmopolismo que dão força, expressão e paz às comunidades, aos países e às regiões do mundo, mesmo em situações de stress económico duro e prolongado.

No caso de Marisa Matias, brincar com o fogo pode sair caro ao Bloco, o que não me precoupa, mas sobretudo ao país, o que me preocupa muito. Chegou o momento de pedir responsabilidades a António Costa pela geringonça a que se agarrou para chegar ao poder. O preço ideológico deste pacto com o diabo do fundamentalismo oportunista mascarado de marxismo arrisca-se a dividir a sociedade portuguesa para lá dos limites aceitáveis.

Costa quis dividir o país entre esquerda e direita—um tiro que acabará por sair-lhe pela culatra. Mas o calvinista vermelho do Bloco, Francisco Louçã, quer regressar à Idade Média!

Vale a pena ler a este propósito o que opina Paulo Carvalo sobre o racismo em Angola...
‘O racismo em Angola precisa de ser desmistificado, desconstruído e esclarecido’
Outubro 16, 2014 Entrevista Dani Costa. O País.
Professor titular na Universidade Agostinho Neto, Paulo de Carvalho é co-autor do livro ‘O que é racismo?’ que vai ser lançado nos próximos dias, em Luanda. O assunto é considerado por muitos como tabu. O sociólogo aceitou falar a O PAÍS sobre o tema, com ideias próprias, como, por exemplo, acreditar que a ‘mestiçagem é o futuro da humanidade’. De qualquer modo, o nosso entrevistado pensa que a questão do racismo no país precisa de ser debatida sem preconceito.
Em Angola existe ou não racismo? 
É difícil responder taxativamente a essa pergunta, numa breve entrevista. O meu texto, no livro, intitula-se “Racismo enquanto teoria e prática social”. Incluo aí um item intitulado “Há racismo em Angola?”, cuja leitura aconselho. Mas vou tentar responder à pergunta, abordando dois aspectos distintos. Primeiro, se me pergunta se há casos de discriminação racial em Angola, respondo positivamente: há-os, sim. Aliás, não era de esperar outra coisa, pois saímos de um longo período colonial há muito pouco tempo, para se ultrapassarem as sequelas daí resultantes – incluindo as que têm a ver com aquilo que se designa habitualmente por “raça”. Mas se a pergunta é se existe racismo institucionalizado em Angola, a resposta só pode ser negativa. 
Havia, sim, no período colonial, mas a proclamação da independência trouxe uma série de coisas boas, sendo uma delas a eliminação do racismo institucionalizado. Hoje, as pessoas têm acesso ao ensino superior (por exemplo), independentemente da cor da pele – coisa que não ocorria no período colonial. Hoje, não é a cor da pele que determina quem chega ao topo de qualquer carreira profissional em Angola. 
E além disso, é preciso reconhecer que (ao contrário do que sucede com alguns grupos étnicos) não há reuniões de grupos raciais como tais, para se traçarem estratégias de actuação comum. Portanto, acredito que a fase do racismo institucional esteja ultrapassada em Angola, o mesmo não se podendo dizer de manifestações que encerram discriminação racial, que existem de forma isolada, não de forma organizada. As pessoas comuns (e até alguns jornalistas e políticos) confundem estas duas perspectivas, que são distintas e, por isso, não devem ser consideradas no mesmo patamar. Uma coisa é o racismo institucional (mais global, mais abrangente), outra são actos de discriminação racial (mais isolados, menos abrangentes e com menor percepção social). 
Distinga os tipos de racismo que existem em Angola? 
Há, realmente, vários tipos de racismo – desde aquele que encerra apenas preconceito, àquele que encerra discriminação e violência massiva. Em Angola, temos uma série de racismos aprendidos socialmente, seja na família, seja no grupo étnico, seja nos grupos de amigos, seja ainda através de alguns meios de comunicação social cujo objectivo é criar a divisão no seio dos angolanos. 
Pode dizer-se que não há em Angola racismo que envolva violência massiva e praticamente não existem actos de racismo com violência. O racismo mais comum pelo mundo é o que pressupõe a supremacia dos mais claros, como se o dia tivesse supremacia sobre a noite e como se ambos não se complementassem apenas. Por cá existe este racismo tradicional, que foi herdado do período colonial. 
Mas existem também outras manifestações de racismo, que pressupõem que à supremacia demográfica de uns deva corresponder a sua hegemonia e o afastamento dos grupos “raciais” menos expressivos. Um e outro racismo consideram elevada dose de egoísmo, pois em cada um dos casos se pega nalgumas das diferenças somáticas perceptíveis para tirar algum benefício. Esta é a questão fulcral a considerar: tal como sucede com a utilização da diferenciação étnica, também se utilizam supostas diferenças “raciais” de forma mais ou menos subtil, para procurar tirar vantagem económica, social ou política. Temos, pois, de estar atentos a isso.

domingo, agosto 06, 2017

Selminho e acosso eleitoral


Rui Moreira poderá atingir a maioria absoluta em outubro, deixando o PS a perder de vista, e o Bloco a roubar votos ao PCP e sobretudo ao PS. 


O desespero comunista e trotsquista vai por maus caminhos ao atacar a propriedade privada, como se eles (PCP e Bloco) fossem apenas inquilinos dos prédios que ocupam. Basta reparar no seu património imobiliário para percebermos quão hipócritas são e desesperados estão, a dois meses das Autárquicas. PCP ficou-se pelos 7,38% nas últimas eleições para a Câmara Municipal do Porto, o Bloco mal chegou aos 3,6%, enquanto a candidatura independente, O Nosso Partido é o Povo (NPP), vencedor e protagonizado por Rui Moreira, recolheu 39,25% dos votos numa eleição ainda assim marcada por quase 45% de abstenções.

Rui Moreira (1) poderá atingir a maioria absoluta em outubro (2), deixando o PS a perder de vista, e o Bloco a roubar votos ao PCP e sobretudo ao PS. Ou seja, para os minoritários da Geringonça vale tudo menos tirar olhos!

Suscitar a inveja dos mais pobres é outra das hipocrisias de uma ideologia esfarrapada e há muito vencida no plano das ideias, cujos principais protagonistas vivem no nosso país, sem exceção, muito acima da média de rendimentos do país, e não dispensam retaurantes, hoteis, férias, passeios (de trabalho, claro, pagos pelos contribuinstes, claro) e outras mordomias a que a bolsa de 99% dos portugueses não tem acesso.

DN/ título: Selminho é o pau na engrenagem de Rui Moreira
DN/ lide: Ministério Público arquivou queixa da CDU, mas BE insiste. Este processo é parte de "campanha suja", acusa presidente da Câmara (3)

A disputa jurídica entre a Selminho vem de 2001. E tudo leva a crer que o réu da questão não é Rui Moreira mas o Estado (neste caso, a Autarquia) por gerirem a lei e a coisa pública como se fossem coisas suas, i.e. da burocracia e da política, em suma, dos partidos políticos que encarnam a política como se fosse um latifúnido democrático supostamente deles, ferindo deste modo, por dá cá aquela palha, prepotentemente, os direitos adquiridos pelos cidadãos e suas empresas.

Para o PCP e o Bloco a lei é para respeitar, assim como os despachos dos doutores juízes, e a Constituição, claro, mas só quando lhes convém. Quando não lhes convém, esquecem o estado de direito e a separação de poderes, e atacam com toda a tralha (normalmente desonesta) que têm à mão.

Ora aqui está uma boa oportunidade para comparar, uma vez mais, Portugal com a Venezuela.

São dois governos 'socialistas', sendo que a Venezuela caminha rapidamente para uma ditadura 'socialista', e a Geringonça, veremos no que dá depois das autárquicas...


NOTAS

1. O Porto vive um momento interessante de desenvolvimento e otimismo. Existe um ambiente favorável aos investidores, criam-se todos os dias novos negócios e empregos e isso potencia o interesse de novos moradores. Porque há confiança. Mas esse sucesso chateia os bem instalados, os que, muitas vezes, à falta de concorrência, se conseguiram governar. Sobretudo, incomoda os Velhos do Restelo, incapazes, no passado ou no futuro, de fazer melhor. E assim, logo que se publica uma notícia como a que me referi, são disparadas críticas e proferidos os novos chavões do imobilismo. Se o investimento é na Baixa é porque se está a descaracterizar o tradicional e a criar pressão. Se é na zona ocidental, é porque queremos tudo na Foz, onde moram os ‘ricos’. Mas quando é em Campanhã, logo alguém dispara: "então e os escritórios da Baixa, ficam vazios?".

São os mesmos que, antes de eu chegar à Câmara, criticavam o meu antecessor pelas razões inversas e chamavam a atenção para a pré-ruína da Baixa, para a decadência de Campanhã, para o elitismo da Foz. E clamavam por gente no centro histórico e pelo turismo, criticavam os preços baixos do imobiliário que penalizavam os proprietários e choravam por serem tão baixos os preços do arrendamento e que isso travava a reabilitação. E travava, realmente! A reabilitação e preservação do património.

Ler mais em CM Jornal

2. Para já, a sondagem publicada pela Marktest é elucidativa da carnificina eleitoral que se avizinha no Porto. Espero bem que Rui Moreira chegue mesmo à maioria absoluta. Os partidos precisam de uma lição popular bem dada!


3. —in DN, 06 DE AGOSTO DE 2017, 00:00
Por Miguel Marujo

Quando a Selminho - Imobiliária Lda comprou o terreno na escarpa da Arrábida em 2001, o PDM de 1993 tinha sido suspenso em setembro de 2000 por Nuno Cardoso, presidente da Câmara do Porto à época. As Normas Provisórias que estiveram em vigor até 2002 permitiram que fossem atribuídos direitos de construção do terreno à Selminho, depois da empresa ter apresentado um pedido de informação prévia junto da autarquia.

Esses direitos foram revertidos logo em 2002, com a entrada em vigor de Medidas Preventivas, decisão mantida pelo PDM de 2006 e, quando de nova revisão, em 2012. A Selminho estava proibida de construir na escarpa. Já com Rui Moreira na autarquia, depois da vitória do seu movimento nas eleições autárquicas de 29 de setembro de 2013 (tomou posse em outubro desse ano), a autarquia e a empresa chegaram entretanto a acordo.

A 10 de janeiro de 2014, numa audiência prévia no Tribunal Administrativo e Fiscal do Porto, a Selminho requereu que fosse aditado um "quesito", "a efetuar nos seguintes termos: é possível construir um edifício no terreno da Autora [Selminho] em condições de segurança", a que a Câmara do Porto "nada" teve "a opor". No despacho do juiz Luís Ferreira Leite escreve-se que as duas partes "avançaram a possibilidade de conseguirem um acordo designadamente pela assunção por parte do réu [município] do compromisso de aquando da próxima revisão do PDM em 2016, adotar uma redação que contemple a pretensão da aqui autora [Selminho]".

O PDM só será entretanto revisto em 2018. E, como apontou Rui Moreira, na reunião da Assembleia Municipal de 30 de maio último, "o novo PDM reconhecendo ou não direitos construtivos a este ou muitos outros terrenos que também foram objeto de reclamações, será aprovado em 2018 pela Assembleia Municipal", a eleger a 1 de outubro.

É esse acordo que o BE quer ver anulado. Segundo o presidente da autarquia portuense, com o referido compromisso, "a câmara não abdica de nenhum direito". E continuou, dirigindo-se aos deputados municipais na referida reunião da Assembleia Municipal: "Admite, é certo, esse acordo, que o litígio possa ser remediado em revisão do PDM, mas já era assim em 2011." O deputado municipal da CDU, Honório Novo, contestou esta leitura: "O indeferimento [das pretensões da Selminho para ali poder construir], ao contrário do que é sistematicamente dito, não foi objeto de qualquer "promessa diferida" para a revisão seguinte do PDM."

De acordo com Rui Moreira, "no acordo vingou a pretensão da Câmara, contrariando a pretensão da empresa Selminho, como se demonstra documentalmente, assegurando que mesmo que o PDM não remedeie a situação, será um tribunal arbitral a definir se - repito: se - há lugar a uma qualquer indemnização".

Para Moreira, se o caso fosse dirimido em tribunal, a autarquia poderia perder. "Essa estratégia teria sido frustrada se porventura a câmara tivesse optado por deixar que a sentença fosse proferida, nessa circunstância o PDM nunca seria remédio: a Selminho poderia ter sido duplamente ressarcida e a câmara objetivamente prejudicada", explicou-se na referida reunião.