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terça-feira, novembro 10, 2015

O regresso dos golpistas

António Costa

António Costa age pela calada, sem deixar nada escrito, nem dito. Será que PS, PCP e Bloco vão entregar a tarefa de deitar abaixo o governo recém empossado de Passos Coelho à quimera partidária a que chamam Verdes, para que nem Costa, nem Jerónimo, nem Catarina e os seus partidos fiquem claramente com o ónus da patifaria? 


Ao fim de um mês de ruído e golpes baixos, António Costa, PCP e Bloco continuam com uma mão cheia de nada como principal desiderato da sua putativa maioria de esquerda. Concordaram em deitar abaixo um governo sem maioria parlamentar assegurada, porque podem fazê-lo, mas sobretudo por motivos de sobrevivência partidária, tratando embora os deputados em nome dos quais falam e negoceiam, como se não passassem dum rebanho de borregos que podem usar como querem, subvertendo deste modo inaceitável a natureza constitucional intrínseca dos mandatos. 

Sobre o golpe de estado parlamentar em curso não existe consenso no PS, não existe consenso no PCP, duvido que exista consenso no Bloco, e o PEV não passa de uma das muitas abstrações instrumentais do PCP. Em suma, a soma das três principais minorias que perderam as eleições de 4 de outubro quer derrubar um governo legítimo e quer forçar o presidente da república a entregar o poder a António Costa—uma criatura que não escreve, nem fala, mas que promete aos sete ventos um governo estável capaz de acabar com a austeridade e enfrentar as bestas do mercado, de Bruxelas e de Berlim. 

Mas onde está o papel?

O PS, o PCP e o Bloco perderam as últimas eleições legislativas, e o facto de os respetivos deputados eleitos somarem uma maioria na Assembleia da República não lhes confere o direito de derrubarem o governo legitimamente empossado, se tal decisão não resultar de uma coligação, aliança ou acordo partidário de incidência parlamentar claramente definido, escrito e assinado por todas as partes, e submetido previamente aos militantes e deputados dos partidos que o subscrevem. Ora nada disto ocorreu até hoje. Em seu lugar vemos apenas conspiração, manipulação permanente da comunicação social e os tiques típicos de qualquer golpe de estado palaciano.

Aliás, mesmo que estes requisitos já tivessem sido cumpridos (que não foram), teriam António Costa, Jerónimo de Sousa e Catarina Martins que explicar ao país e aos seus eleitorados quando e como resolveram as profundas contradições ideológicas e programáticas entre si, patentes, como todos sabemos, há décadas.

A verdade é que durante toda a primeira sessão de discussão do programa do governo da coligação PàF, as muralhas que separam PS, PCP e Bloco continuaram de pé e bem à vista: não publicitaram até agora nenhum acordo escrito sobre o que pretendem fazer nos próximos quatro anos; cada um falou como se as eleições nem sequer tivessem ocorrido, soprando com toda a força os seus conhecidos e gastos realejos; raramente, se alguma vez o fizeram, juntaram as palmas entre si; e, supremo insulto ao parlamento, António Costa entrou e saiu calado de um dos momentos mais dramáticos da história recente da nossa democracia.

Como querem que o Presidente da República subscreva esta indecorosa zarzuela?


ÚLTIMA HORA 

A frente populista formada pelo PS, PCP, Bloco e os falsos Verdes decidiu entregar à indecorosa criatura que neste momento preside à Assembleia da República, quatro moções de rejeição do programa do governo legitimamente empossado, sem sequer ter dado a conhecer ao país o que os une para derrubar o governo, e o que os une caso, eventualmente, haja um governo por esta frente oportunista patrocinado. Nota importante: Paulo Portas deixou esta manhã claro que o PS não poderá contar, a partir de hoje, com qualquer colaboração dos partidos à sua direita para o quer que seja. O PS meteu-se na lama de uma esquerda apressada, e tem uma agenda oculta; assuma, então, as suas responsabilidades!

10 de novembro de 2015

segunda-feira, janeiro 23, 2012

Espanha: monarquia moribunda?

Os sinais de desagregação da monarquia espanhola podem abrir caminho a uma república federal. Apostas?

America's Cup Building, Valencia, Spain by David Chipperfield Architects © Richard Walch

Os sucessivos escândalos que tolhem a decadente monarquia espanhola —anorexia da princesa Letízia, relação hipócrita entre os monarcas e corrupção à vista na casa real—poderão abrir caminho a uma transição pacífica da atual monarquia autonómica para um regime republicano de tipo federal. Tudo vai depender da carambola entre os escândalos monárquicos (cujo véu começa a levantar-se), o colapso inevitável do actual sistema autonómico, e a crise económica e social grave que afecta o país vizinho. Longe vão os tempos do triunfalismo democrático criado na alcova que uniu "socialistas obreros" e banqueiros arrivistas!

Valencia, el paradigma 'popular' de autonomía quebrada

“Es la segunda autonomía con mayor volumen de deuda (20.469 millones de euros); ha cerrado 262 camas hospitalarias en 2011; pagó in extremis a finales de año las nóminas de los profesores de colegios concertados y los 60 millones que debía a las farmacias; encabeza el ranking de fracaso escolar más alto de toda España (25%) y tiene a su ex presidente, Francisco Camps, sentado en el banquillo de los acusados por varios delitos de corrupción. La Comunidad Valenciana, tras modernizar la región de arriba abajo con más dinero del que tenía, busca ahora fórmulas para intentar contener el gasto y sacar a la región del atolladero en el que se encuentra.” El Confidencial.

Lembram-se de quando a Espanha, com condições naturais escandalosamente inferiores a Cascais (a prova em Valência teve que parar por falta de vento!) ganhou a realização da America's Cup? Pois é, a fatura não perdoa, e o processo autonómico caminha rapidamente para um beco sem saída :(

Los soberanistas catalanes alientan un nuevo frente contra Rajoy

“El presidente del grupo parlamentario de CiU en el Parlamento autonómico, Oriol Pujol, dejó claro ayer en la emisora RAC 1 que si Madrid no quiere hablar del tema, al Gobierno catalán no le queda otro recurso que tomar medidas, que podrían ir desde una consulta popular hasta un cierre de cajas, es decir, una insumisión fiscal. “No nos encontrarán tirando la toalla, sino al contrario”, subrayó Pujol.” El Confidencial.

O resultado do referendo escocês poderá ser decisivo para uma evolução rápida do processo de fragmentação federalista da Espanha.

Por outro lado, a suspensão da renovação da linha férrea entre o Porto e a Galiza pode encontrar nesta deterioração do centralismo madrileno/castelhano uma explicação mais do que plausível.

A União Europeia favorece objectivamente o renascimento das nações históricas do continente: Irlanda, Escócia, Catalunha, etc. No caso da Península Ibérica, a existência de uma federação espanhola, ou de uma federação ibérica, enfraqueceria, segundo alguns, a posição estratégica de Portugal. Não refleti ainda suficientemente sobre esta questão. Mas creio que é altura de começarmos a discutir o futuro da balsa ibérica!

Hors-texte (24-01-2012)