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quinta-feira, dezembro 18, 2014

Precisamos de outra democracia

Porque não criar um movimento disposto a salvar a democracia?

Temos que destituir este regime!


Ao contrário da Grécia, França, Itália ou Espanha, Portugal não gerou ainda qualquer alternativa ou esperança de resposta ao colapso em curso da classe média — nem de extrema-direita, nem de esquerda radical, nem de centro pragmático. As tentativas tíbias nascidas até agora (PDR, Nós Cidadãos e Livre) são promessas centristas mais predispostas a fazerem de muletas do PSD-CDS, ou do PS, do que a proporem uma realidade nova aos portugueses. O PCP —mendigo encapotado do BES e sabe-se lá mais de que outros representantes do grande capital (quem diria!)— está a resvalar perigosamente para a ilegalidade estalinista. Talvez seja o momento de lhe mostrar as tábuas da lei.

Em suma, precisamos de uma alternativa e de liderança nesta curva apertada do país.

El problema de la clase media: por qué nadie planta cara a Podemos
Esteban Hernández. El Confidencial—Blogs de Tribuna, 16-12-2014

El sistema tiende a la implosión. Llega un cambio de época, que reconfigurará el mapa político y acabará con el bipartidismo. La conclusión expuesta por José Antonio Zarzalejos el pasado fin de semana, que debería ser evidente para cualquier observador político con un mínimo de sentido común, está sorprendentemente ausente de los análisis de los partidos principales, e incluso del de algunos emergentes, como es el caso de Ciudadanos, que tampoco han reparado suficientemente en el momento crucial que estamos viviendo. 

Este artigo de Esteban Hernández faz um bom resumo do que se passa e não tem solução, a menos que seja uma solução radical, ou, pelo contrário, a implosão seguida de extinção... das classes médias em toda a Europa do sul e sudoeste, da qual poderia resultar uma espécie de nova Idade Média, tecno-fascista, com uma elite de 0,1% de capitalistas, burocratas, sindicalistas e políticos corruptos a reprimir uma demografia com mais de 100 milhões de pessoas.

Em Portugal, uma vez esgotado mais um casamento incestuoso entre 'esquerda' e direita', abençoada pelo coscuvilheiro de Belém, e com a extrema esquerda na posição tradicional de acólitos mal criados do poder, ou teremos já encontrado uma referência política que nada tenha que ver com a corja rendeira e devorista instalada, ou a perspetiva de uma pré-guerra civil poderá surgir no horizonte.

O melhor mesmo é criar um movimento da classe média —a que ainda não faliu, a falida e a que caminha para da falência— com uma só bandeira de ação: defender as classes médias da extinção anunciada!

Para tal será necessário redefinir o contrato social, será necessário mudar a ecologia democrática, será necessário fazer uma revolução institucional, será necessário, para não perdermos mais tempo com quem já não tem emenda possível, rejeitar o regime corrupto que levou Portugal até à bancarrota financeira, ética e social.

Temos um ano para colocar na agenda das prioridades políticas de 99% dos portugueses este plano de sobrevivência da economia, da democracia e da liberdade.

segunda-feira, março 30, 2009

Socrates 19

CCB vaia José Sócrates

Quando a classe média — e já não apenas o indecoroso comunista — barafusta e vaia um primeiro ministro, das duas uma: ou o regime se emenda ou cai. A menos que enveredemos pelo tipo de populismo autoritário propugnado entre dentes por Augusto Santos Silva e pelo gajo da ERC (uma comissão de censores castrados invariavelmente chefiada por um boy do governo de turno)...

José Sócrates vaiado na ópera
29 Março 2009 - 00h30 — A lotação do Grande Auditório do Centro Cultural de Belém (CCB) – cerca de 1500 espectadores – esgotou na noite de anteontem. Quando o primeiro-ministro José Sócrates entrou na sala, para a estreia da ópera ‘Crioulo’, foi vaiado. O relógio marcava 21h25 – passavam, portanto, 25 minutos da hora marcada do início do espectáculo.

Não foi apenas Sócrates o apupado. Segundo uma fonte do CCB, o facto ficou a dever-se "ao atraso de comitivas oficiais". A mesma fonte adiantou ao CM que o chefe do Governo chegou ao CCB cerca das 21h10. Acompanhado pela namorada, Fernanda Câncio, aguardou ainda pelo congénere cabo-verdiano, José Maria das Neves. A ópera ‘Crioulo’ é da autoria de dois naturais daquele país africano, António Tavares e Vasco Martins.

Antes de se dirigir ao CCB, Sócrates tomara conhecimento da acusação de corrupção que lhe fora dirigida, no âmbito do caso Freeport, por Charles Smith, em gravação vídeo exibida no ‘Jornal Nacional’, da TVI. O seu Gabinete emitiu um comunicado, desmentindo as acusações. — José Luís Feronha in Correio da Manhã.

Em Portugal, para além de sermos todos doutores e engenheiros, fica-nos bem chegar tarde. É uma prova de poder. E como todos somos de algum modo patrões, directores, chefes e padrastos de alguém ou de alguma coisa, chegar tarde e estacionar em cima dos passeios e esquinas são duas das inexcedíveis aquisições do actual regime democrático. O que porventura começou por ser uma rebeldia contra o antigo regime ditatorial (depois de derrubado, claro!) coalhou na mioleira indolente de todos nós ao ponto de haver observadores atentos convencidos de que se trata de uma característica genética lusitana irremediável. Que nos abstemos de praticar fora do país — bem entendido.

Chegar a horas é uma tradição inglesa, germânica, francesa, japonesa, chinesa e até já espanhola. Portugal, pelo contrário, prefere a sua originalidade pindérica, e por isso continua a seguir alegremente o modelo argentino. Os médicos gostam de fazer esperar, os advogados gostam de fazer esperar, o burocrata da repartição pública nem se apercebe o quanto faz desesperar quem lhe paga o vencimento, e o político, esse então é acometido de verdadeiras explosões de prazer onanista sempre que castiga um subordinado ou cidadão com uma boa hora de seca, desfazendo-se depois em mil desculpas pelos seus imensos afazeres. Fazer a multidão esperar pelo menos três quartos de hora por um qualquer analfabeto elevado à condição de ministro, antes de uma inauguração, de um concerto ou de uma ópera é o máximo de distinção civilizacional a que a democracia a que chegámos conseguiu chegar. Que cretinos somos!

No caso em apreço, como se não bastasse a parvoíce de chegar atrasado à Ópera, os serviços de propaganda governamental tiveram ainda a distinta lata de atirar as culpas para o desgraçado primeiro ministro de Cabo Verde. Tudo para salvar o náufrago a quem uma escuteira do regime chamou literariamente "menino de ouro". Pois não tem salvação possível! Perdida a maioria absoluta, o destino do pseudo Sócrates é juntar-se ao primo de Cascais — no Nepal. Bem podiam montar por lá um restaurante de bacalhau e batatas a murro.


OAM 565 30-03-2009 23:26