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sábado, abril 25, 2015

A Corja e o 25 de Abril



O gene fascista continua vivo nas entranhas da nossa democracia


A princípio atribuí o ruído à inépcia burocrática proverbial das turmas de deputados que povoam o galinheiro de São Bento, sempre muito ocupados a redigir, discutir e aprovar opacidades constitucionais e legislativas ao sabor dos escritórios de advogados que dominam a poda parlamentar no que realmente interessa ao feudalismo urbano secular e ao indelével corporativismo que continuam a dominar o país, independentemente das máscaras e cores que levam ao baile.

Depois fui começando a ler descrições e transcrições do monstro partidário que o PS, PSD e CDS se preparavam para aprovar no hemiciclo da incompetência e corrupção que conduziu Portugal à pré-bancarrota. Tratava-se, nada mais, nada menos, do que ensaiar a criação de um dos muitos espartilhos da frente populista autoritária que tanto Cavaco Silva, como António Costa, gostariam de instaurar depois das próximas, previsivelmente inconclusivas, eleições.

Ou seja, este ensaio de regresso à censura fascista destina-se a testar a solidez cultural da democracia, saber se a cidadania é ou não capaz de impedir o golpe de estado constitucional que, pelos vistos, está em preparação por quem o povo deseja, cada vez mais, ver pelas costas.

Na realidade, esta farsa é uma prova de pânico do regime. Temem, e ainda bem que temem, um duro castigo eleitoral, sem distinção de qualquer das pernas do Bloco Central da Corrupção.

Ainda não temos nenhum Podemos, nenhum Syriza, nem, felizmente, nenhuma Aurora Dourada a atear fogos pelo país.

Para já emigraram permanentemente, desde o ano 2000, mais de 260 mil portugueses. Só em 2011, 2012 e 2013, entre emigrantes permanentes e temporários, saíram do nosso país mais de 350 mil pessoas (PORDATA). Mas o pico da emigração já foi atingido. Resta agora, aos que ficam, enfrentar a situação de ruína a que uma casta de piratas e de inúteis conduziram o país. No centro desta desgraça está a nomenclatura financeira, corporativa e partidária, uma espécie de argamassa oportunista beneficiada por uma repartição desigual, injusta e corrupta dos rendimentos disponíveis.

Acredito que as novas gerações, que não viveram a ditadura, e mal se lembram do período pré-revolucionário que se seguiu ao 25 de Abril, em geral melhor preparadas academicamente, saberão travar esta deriva, mudando por dentro os partidos existentes, criando novos partidos, e sobretudo expandindo a cidadania democrática livre, nomeadamente através do investimento intelectual e cultural nas redes sociais.

Espero, por isso, que nas próximas eleições a corja leve mais uma tareia de abstenções e de votos nos partidos minoritários e ultra-minoritários. É por aqui, e não ruminando uma vez mais as promessas da corja que quase destruiu o país, que nos salvaremos e salvaremos Portugal, a liberdade e a democracia.

O modo como o El País viu a tentativa golpista dos 'democratas' e 'socialistas' indígenas contra a liberdade de imprensa, a um dia de comemorar o 25A, é um daqueles estímulos culturais que não podemos deixar de estimar e agradecer.

A propósito, já se demitiu algum deputado? O Podemos chama, com razão, a esta malta, casta.
El Gobierno y los socialistas portugueses, de acuerdo en censurar a la Prensa
El País, Javier Martín Lisboa 23 ABR 2015 - 22:22 CEST

Un proyecto de ley obliga a que los medios envíen previamente sus planes de cobertura electoral y a que el espacio de opinión no exceda al de la información
Portugal celebra los 40 años de libertad de expresión, pero parece que no cumplirá los 41 años. Con nocturnidad y alevosía, con una celeridad desconocida en este país, los tres partidos mayoritarios, los gobernantes PSD y CDS, y el principal partido de la oposición, el Partido Socialista, se han puesto de acuerdo para un proyecto de ley que pretende establecer el control previo de los medios de comunicación en la próxima campaña electoral.

El texto de la proposición, que ha sido enviado también a los partidos parlamentarios Partido Comunista y al Bloco de Esquerda, obliga a que cada medio de comunicación, público o privado, presente antes del periodo electoral un plan de cobertura de las elecciones, que será controlado por una comisión mixta formada por personas designadas por los partidos políticos. El incumplimiento de ese plan acarreará multas y sanciones de hasta 50.000 euros, aparte de otras amenazas.

El llamado oficialmente "visto previo”, o sea, la censura previa, afectará a cualquier tipo de contenido, ya sean noticias, reportajes, entrevistas o debates, y abarca a todo tipo de medios: escritos, radiofónicos, televisivos, analógicos y digitales; por primera vez, las páginas de internet van a tener que enviar sus planes de cobertura electoral al poder político.

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quinta-feira, dezembro 18, 2014

Precisamos de outra democracia

Porque não criar um movimento disposto a salvar a democracia?

Temos que destituir este regime!


Ao contrário da Grécia, França, Itália ou Espanha, Portugal não gerou ainda qualquer alternativa ou esperança de resposta ao colapso em curso da classe média — nem de extrema-direita, nem de esquerda radical, nem de centro pragmático. As tentativas tíbias nascidas até agora (PDR, Nós Cidadãos e Livre) são promessas centristas mais predispostas a fazerem de muletas do PSD-CDS, ou do PS, do que a proporem uma realidade nova aos portugueses. O PCP —mendigo encapotado do BES e sabe-se lá mais de que outros representantes do grande capital (quem diria!)— está a resvalar perigosamente para a ilegalidade estalinista. Talvez seja o momento de lhe mostrar as tábuas da lei.

Em suma, precisamos de uma alternativa e de liderança nesta curva apertada do país.

El problema de la clase media: por qué nadie planta cara a Podemos
Esteban Hernández. El Confidencial—Blogs de Tribuna, 16-12-2014

El sistema tiende a la implosión. Llega un cambio de época, que reconfigurará el mapa político y acabará con el bipartidismo. La conclusión expuesta por José Antonio Zarzalejos el pasado fin de semana, que debería ser evidente para cualquier observador político con un mínimo de sentido común, está sorprendentemente ausente de los análisis de los partidos principales, e incluso del de algunos emergentes, como es el caso de Ciudadanos, que tampoco han reparado suficientemente en el momento crucial que estamos viviendo. 

Este artigo de Esteban Hernández faz um bom resumo do que se passa e não tem solução, a menos que seja uma solução radical, ou, pelo contrário, a implosão seguida de extinção... das classes médias em toda a Europa do sul e sudoeste, da qual poderia resultar uma espécie de nova Idade Média, tecno-fascista, com uma elite de 0,1% de capitalistas, burocratas, sindicalistas e políticos corruptos a reprimir uma demografia com mais de 100 milhões de pessoas.

Em Portugal, uma vez esgotado mais um casamento incestuoso entre 'esquerda' e direita', abençoada pelo coscuvilheiro de Belém, e com a extrema esquerda na posição tradicional de acólitos mal criados do poder, ou teremos já encontrado uma referência política que nada tenha que ver com a corja rendeira e devorista instalada, ou a perspetiva de uma pré-guerra civil poderá surgir no horizonte.

O melhor mesmo é criar um movimento da classe média —a que ainda não faliu, a falida e a que caminha para da falência— com uma só bandeira de ação: defender as classes médias da extinção anunciada!

Para tal será necessário redefinir o contrato social, será necessário mudar a ecologia democrática, será necessário fazer uma revolução institucional, será necessário, para não perdermos mais tempo com quem já não tem emenda possível, rejeitar o regime corrupto que levou Portugal até à bancarrota financeira, ética e social.

Temos um ano para colocar na agenda das prioridades políticas de 99% dos portugueses este plano de sobrevivência da economia, da democracia e da liberdade.

quarta-feira, novembro 19, 2014

Podemos acabar com a casta, ou ganhar juízo?

Ana Pastor, Antena 3, La Sexta, programa Objectivo

Pablo Iglesias, secretário-geral do Podemos

Ana Pastor: jornalista. Pablo Iglesias: político.
A raça espanhola está viva, recomenda-se e poderá acabar com o bipartidismo e a casta que levaram o país vizinho, tal como cá, à pré-bancarrota


Eis como uma jornalista, Ana Pastor, muy guapa por cierto, fez tremer as expetativas de maioria parlamentar que as últimas sondagens deram ao Podemos, colocando Pablo Iglesias, entretanto eleito secretário-geral do partido que saiu das Puertas del Sol e de centenas de outras praças de toda a Espanha, como putativo candidato a primeiro ministro deste “país de países”, como lhe chamou Iglesias na arena televisiva de Ana Pastor, em resposta a uma pergunta sobre a posição do Podemos relativamente às iniciativas soberanistas da Catalunha.

Numa entrevista que vale a pena ver e ouvir do princípio ao fim, dada no dia 17 de novembro ao programa Objectivo, da Antena 3, a jovem jornalista confrontou e acantonou o tumultuário sociólogo Pablo Iglesias com a agenda radical-chavista que este empunhou até ao dia em que as sondagens o indicaram como provável próximo ocupante do Palácio da Moncloa.

Comparando esta entrevista com uma outra, de 1 de junho passado, ficamos a saber que muita coisa mudou na retórica de Pablo Iglesias, felizmente na direção certa.

Creio que a maturação de Iglesias e do Podemos é um processo irreversível, o que aumenta, em vez de diminuir, como alguns comentaristas espanhois insinuaram, a probabilidade de o Podemos quebrar o rotativismo bipartidário espanhol.

E em Portugal, onde está o nosso Podemos?

Será o PDR de Marinho e Pinto, que tem um líder capaz de ecoar as preocupações de milhões de portugueses, mas a quem falta organização e juventude, o partido que irá rebentar com o neo-rotativismo e a neo-choldra indígenas? Ou o Nós, cidadãos, a quem falta liderança e, uma vez mais, juventude, que poderá aparecer como o próximo aliado parlamentar do PSD? O Livre, apesar de contar com mais jovens do que o PDR e do que NC, por não passar de um rebanho de ovelhas tresmalhadas de outra coisa amorfa chamada Bloco de Esquerda, e por ser um bebé proveta desenhado para muleta dessa coisa indecorosas que é o socratino PS do Costa das inundações e das taxas, não terá certamente futuro.

Veremos o que nos traz janeiro... Talvez, desta vez, tenhamos que esperar pelos novos e tempestuosos ventos que sopram de Espanha, para acordarmos.


Entrevistas, antes e depois de o Podemos ser dado como forte canddiato a primeiro partido de Espanha: