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terça-feira, fevereiro 18, 2014

Vergonha transgénica. Barroso, rua!

Governo português e PS coniventes com assalto americano à soberania alimentar europeia!


A invasão da Europa com OGMs tem o apoio dos lóbis financeiros da agro-indústria espanhola e o apoio tácito indigente do governo português. É preciso dizer NÃO aos transgénicos, pois o único objetivo de mais esta ofensiva americana (perdida a guerra contra o euro) é ocupar a terra arável da Europa e controlar a produção e distribuição dos alimentos e da água!!!

Pelos vistos, a Universidade de Évora já anda metida com transgénicos... da Monsanto!

E para o controlo da água industriaram os governos 'socialistas', fazendo passar na sonâmbula Assembleia da República o sinistro Programa Nacional de Barragens de Elevado Potencial Hidroelétrico, a par da criação da infame Águas de Portugal (empresa participada pela Parpública —81%— e pela Parcaixa—18%.





The Greens, other MEPs and environmental organisations were outraged by the Commission’s decision to move ahead and authorise the GMO maize crop Pioneer 1507, despite the opposition of 19 member states which voted against on Tuesday (11 February).

In a wave of reactions on Wednesday, Green MEPs poured scorn on the EU executive, calling its decision “a disdain for the democratic process”.

Daniel Cohn-Bendit, the co-president of the Greens group in Parliament, said in a statement: “if the Commission doggedly pursues the authorisation … we will launch a motion of censure in the European Parliament.”

Such a motion, which can be tabled by a minimum of 77 MEPs, could – after several steps – mount up to a resignation of the entire Barroso II commissioners team. According to the rules of procedure, at least one tenth of MEPs have to support the motion. If tabled, it is likely to make the agenda at the EP’s plenary session on 24-27 February.

A motion of censure requires approval by two-thirds of all 766 MEPs. An approval would also force the EU Commission to step down. This would be the first time in EU history: in 1999, the EU Commission led by Jacques Santer faced such a censure, but decided to resign before the motion was tabled.

Insiders in The Greens group described the threat as a “warning shot”, hoping the Commission would cave in and redraw its proposal. If not, they claim they will table the motion.

The Greens are also looking into legal action against the proposal, arguing that the EU executive changed its proposal before the Council vote, effectively sidestepping a second reading in the Parliament’s responsible committee.

Ler mais aqui.

sexta-feira, maio 03, 2013

O rapto das sementes

Assunção Cristas defende quem, Portugal ou a Monsanto?

Há quem esteja a favorecer o regresso à escravatura através da biopolítica

Há cinco bancos de investimento, JPMorgan, Bank of America, Citibank, Goldman Sachs e HSBC, que detêm 96% da exposição americana ao mercado de derivados, e a quase um terço do valor nocional de todos os contratos derivados OTC celebrados ao longo das últimas duas décadas. Há cinco gigantes informáticos, Intel, Microsoft, Apple, Google e Facebook, que controlam boa parte da comunicação digital no planeta. E há cinco monstros, praticamente desconhecidos da maioria das pessoas, que têm vindo a controlar de modo simultaneamente insidioso e agressivo a produção e venda de sementes à escala global: Monsanto, Dupont, Syngenta, BASF, Dow.

Estas multinacionais, que escolhem, modificam e produzem sementes, nomeadamente através da manipulação genética (OGM), também desenvolvem, produzem e vendem em regime de monopólio partilhado pesticidas e outros agentes químicos altamente tóxicos. 

Estes conglomerados têm como objetivo estratégico principal apropriar-se da maior área possível de terra arável do planeta. Esta concentração mundial dos recursos agro-alimentares nas mãos de meia dúzia de empresas bioquímicas e hedge funds ocidentais significa que estamos a assistir à implementando silenciosa, mas nem por isso menos letal, de um fascismo biológico, químico, agronómico e alimentar, à escala planetária. 

Se este processo criminoso de concentração criminosa do capitalismo continuar, uma terceira guerra mundial, precedida de um período de empobrecimento acelerado dos povos, pela destruição acelerada das classes médias, guerras vicariantes (proxy wars) e caos financeiro sem precedentes, será provavelmente inevitável.

É por tudo isto que é muito muito importante oferecer a máxima resistência democrática possível ao assalto que neste preciso momento as multinacionais de sementes, em particular norte-americanas, impulsionadas pela proposta de criação de uma corredor de livre comércio entre os Estados Unidos e a União e a Europa, esperam ganhar no próximo dia 6 de maio em Bruxelas, com a conivência de advogados e cientistas que há muito deveriam ter sido expulsos das suas corporações profissionais, por descarada desonestidade intelectual, falta de ética e ganância sem limites. 

Uma forma de contrariar os planos desta frente de terrorismo biológico insidioso, que está em curso (não nos iludamos), é escrever ao presidente da Comissão Europeia, senhor José Manuel Durão Barroso, a este respeito. Assinar a petição que corre neste momento na Net pela defesa da autonomia alimentar europeia e pelo direito inalienável dos povos ao que a natureza lhes dá: as sementes de toda a vida!


A/c Presidente da Comissão Europeia

José Manuel Durão Barroso

Pedido para alterações significativas na legislação para a Comercialização de Material de Propagação de Plantas, de forma a salvaguardar a agro-biodiversidade, os direitos dos agricultores na Europa e países em desenvolvimento, a segurança alimentar global e o direito à escolha e à transparência dos consumidores.

Lisboa, 2 de Maio de 2013

Os representantes da sociedade civil portuguesa signatários desta carta instam o Senhor Presidente da Comissão Europeia a rejeitar a actual proposta para um Regulamento sobre a Comercialização de Material de Propagação de Plantas, a ser votada pelos Comissários Europeus no próximo dia 6 de Maio.

Seguimento da carta (LINK)
Petição (LINK)


E um vídeo para melhor percebermos o que está em jogo:
Two Options — The story of an environmental activist (Dr. Vandana Shiva) and a farmer (Bija Devi) and their fight to preserve heirloom seeds in India amidst great opposition (LINK).

©António Cerveira Pinto
Escrito para o Partido Democrata

domingo, janeiro 02, 2011

Grandes Obras

Portugal 2010-2020 
as três grandes prioridades de investimento chamam-se: ferrovia, eficiência energética e segurança alimentar

in Plan Estratégico Para El Impulso del Transporte Ferroviario De Mercancías En España, 14/09/2010 (PDF)

PS e PSD chegaram finalmente a acordo sobre as personalidades que irão coordenar o grupo de trabalho encarregado de reavaliar as Parcerias Público-Privadas (PPP): Guilherme de Oliveira Martins, mestre em ciências jurídico-económicas, independente próximo do Partido Socialista, e António Pinto Barbosa, professor de economia e fundador do PPD/PSD (1). Ambas as personalidades merecem grande respeito nas respectivas áreas profissionais, esperando-se que façam um trabalho tecnicamente competente e imune às pressões que sobre ambos pesarão enormemente, em particular, vindas do desmiolado e a caminho da falência Bloco Central do Betão — cuja miragem de salvação é o Novo Aeroporto de Lisboa, que não foi na Ota, como queriam, nem será em Alcochete, como querem e insistem todos os dias por todos os meios ao seu alcance. Nota importante: António Pinto Barbosa não é o irmão gémeo Manuel Pinto Barbosa, Presidente do Conselho Geral e de Supervisão da TAP!

Escrevi e repito que os nossos economistas têm grandes lacunas de informação em três domínios decisivos para o futuro do nosso país: energia, transportes e segurança estratégica —nomeadamente, territorial, marítima, hídrica e alimentar. Sem a frequência de seminários intensivos sobre estes temas correm o risco de falhar, como falharam estrondosamente até agora, nas previsões, nos modelos de desenvolvimento propostos, e nas consultadorias que prestaram.

Os casos Lusoponte, e aeromoscas de Beja —onde pontificaram as opiniões e propostas, respectivamente, de Joaquim Ferreira do Amaral e de Augusto Mateus, são a este título tristemente elucidativos: a ponte Vasco da Gama irá ser paga duas vezes pelos contribuintes, e o grande hub aeroportuário de Beja, de onde deveriam sair diariamente, segundo Augusto Mateus, toneladas de sardinhas —sim, sardinhas e carapaus!— para a União Europeia, está às moscas, provavelmente destinado a ser, no futuro, o parque de estacionamento para as aeronaves paradas da Portugália e da TAP que hoje atravancam as placas de estacionamento da Portela.

A grande pergunta a fazer, nas vésperas da entrada do Fundo Europeu de Estabilização Financeira e do FMI num país tecnicamente falido, é esta: se nos últimos dez anos, apesar do afluxo contínuo de avultadas verbas dos fundos de apoio comunitário, Portugal esteve praticamente estagnado, que poderemos esperar em matéria de crescimento numa conjuntura duplamente marcada pela diminuição drástica do apoio comunitário e pelo colapso financeiro em curso das economias cujo modelo de crescimento (virtual) assentou basicamente na desindustrialização, nas importações, no consumo desmesurado de energia, bens materiais e serviços, e no endividamento? A resposta só pode ser uma: nenhum crescimento, salvo se algum grau de proteccionismo regressar aos grandes espaços económicos e demográficos do planeta —à semelhança do que há muito sucede no Japão, e também na China.

A actual crise portuguesa deve ser vista, na realidade, como o ponto final do nosso modelo colonial de existência. Este modelo acabou de vez em 1974-75, mas os vícios por ele criados sobreviveram até hoje, nomeadamente na tipologia da nossa burguesia burocrática e palaciana, na presença desmesurada, paternalista e autoritária do Estado na sociedade (que as esquerdas marxistas reciclaram a seu favor), e na dependência sistemática do país e respectivas elites de uma qualquer árvore das patacas. O colapso do modelo colonial iniciado em 1415 foi progressivo. Começou com a independência do Brasil, teve outro grande abalo por ocasião da independência das possessões portuguesas na Índia, e culminou com a independência do resto do império entre 1974 e 1999. Cada uma destas perdas de território funcionou como epicentro de agudas crises económico-financeiras (1828, 1846-47, 1890-92, 1923, 1978, 1983), todas elas redundando, ao cabo de alguns anos, em graves crises de regime. O colapso financeiro de 2009-2011 terá como consequência inevitável o agudizar da crise de regime que já é patente, e a probabilidade de uma revolução institucional. O regime secular de autoritarismo burocrático, mediocridade técnica e institucional, incultura, clientelismo e dependência externa, perdeu os pilares sobre os quais assentou ao longo dos últimos seiscentos anos. Para sobreviver, Portugal precisa de se reinventar.

E precisa tanto mais de se reinventar quanto o resto do mundo se encontra também à beira de uma dolorosa metamorfose. Ninguém nos virá ajudar pelos lindos olhos que já não temos. Dependemos agora inteiramente de nós próprios para sair do buraco onde caímos.

O mundo, sobretudo o mundo desenvolvido e industrializado, está confrontado com três pontos de viragem potencialmente catastróficos:
  • o pico petrolífero, 
  • o pico alimentar e 
  • o pico do endividamento especulativo. 
 Resumindo: a produção de petróleo per capita decai desde 1970, a produção de cereais per capita começou a decair na década de 1980, e a bolha de derivados financeiros OTC, fruto de um modelo de crescimento especulativo pela via do consumo e do endividamento exponenciais, traduzia no final de 2009 um risco potencial de incumprimento de contratos de futuros equivalente a uns inimagináveis $615 trillions (615 biliões ou 615 milhões de milhões de dólares), quase 10x o PIB mundial (2).

A gravidade de cada uma das curvas exponenciais acima mencionadas é por si só evidente. Mas o pior é que duas delas —a curva da alimentação e a curva da especulação resultante da criação de dinheiro a partir de castelos no ar— decorrem directamente da descoberta, exploração, abundância e esgotamento a curto prazo dos principais hidrocarbonetos que alimentaram e continuam a alimentar a era industrial e a modernidade tal qual as conhecemos desde meados do século 19 —momento a partir do qual as máquinas começaram a ser alimentadas a carvão, electricidade e petróleo.

Vale a pena seguir o crash course de Chris Martensen sobre este tema...



E ouvir ainda Robert Hirsch a propósito do seu mais recente livro, The Impending World Energy Mess (Equal Time, audio, 50:19 mn)

As consequências do pico petrolífero têm um alcance potencialmente catastrófico para o mundo tal qual o conhecemos desde que Eça de Queirós escreveu A Cidade e as Serras (1892/1901). Teríamos mesmo que recuar aos tempos anteriores a 1830, quando pela primeira vez um caminho ferro e um comboio movido a vapor e alimentado a carvão ligaram duas cidades, Liverpool e Manchester, para imaginar o que poderá ser um futuro sem motores a vapor, ou de explosão, e um mundo sem electricidade, nem computadores, ou telemóveis. A humanidade poderá ver-se em breve imersa numa crise global de recursos sem precedentes. Para muitos analistas tal significará o fim de quase tudo o que hoje temos de barato e assumimos como dádivas naturais da civilização.

Antes, porém, do dilúvio, ou da grande seca anunciada, há coisas que as pessoas e os governos podem fazer para mitigar o inevitável. A primeira delas é não agravar, por falta de informação, estupidez ou ganância, os factores da crise sistémica do actual modelo civilizacional. No caso presente, e em Portugal, não agravar o nosso endividamento, não agravar a nossa dependência energética, e não agravar a nossa dependência alimentar.

Para não agravar, ou mesmo travar o crescimento exponencial do nosso endividamento público e privado, é preciso começar por redefinir as funções essenciais do Estado, aliviando a canga de burocratas e de burocracias que pesa sobre a sua eficiência, e sobre a viabilidade económica do país —nomeadamente na forma de tempo perdido e impostos assassinos (3). Neste ponto, diria que se não formos capazes de sensibilizar as lapas partidárias do regime, haverá que criar um movimento social contra os impostos e contra a burocracia, antes que estes inviabilizem definitivamente a independência nacional.

Para não agravar ainda mais a dependência energética do país teremos que fazer quatro coisas:
  1. diminuir drasticamente a intensidade energética da nossa economia;
  2. aumentar drasticamente a eficiência energética de indústrias, serviços, edifícios e comportamentos; 
  3. renacionalizar, pelo menos parcialmente, os recursos energéticos comuns, acabando ao mesmo tempo com os oligopólios que hoje impedem a sociedade civil de produzir e consumir em pequena escala energia fora das redes; 
  4. dar máxima prioridade ao transporte colectivo urbano, suburbano, interurbano e internacional alimentado por energia eléctrica produzida no país. As oportunidades de investimento neste sector estratégico são enormes e compensam largamente os planos condenados ao fracasso de retomar o business as usual na estafada economia baseada em combustíveis líquidos baratos (autoestradas, aeroportos e plataformas logísticas).

Para não agravar a nossa dependência alimentar, que acarreta por si só um agravamento automático da nossa dependência energética e do nosso endividamento (comercial, público e externo), é fundamental começar por definir um Plano Nacional de Segurança Alimentar, transparente e permanentemente aberto ao escrutínio democrático e discussão pública.

Sendo a área dos serviços aquela que previsivelmente será mais afectada pela escassez tripla de petróleo, dinheiro e alimentos, pois não tem grande coisa para dar em troca daquilo que materialmente é imprescindível à vida —comida, guarida e mobilidade física—, será fundamental desenvolver estratégias de regresso à produção! Sobretudo enquanto durar a actual aceleração dos processos de automação e robotização computacionais das prestações de serviços, num quadro já caracterizado pela impossibilidade de crescimento das dívidas soberanas e das cargas fiscais (cofres naturais da segurança social), tornar-se-à imprescindível religar os indivíduos e as comunidades à produção e transacção dos bens essenciais à vida.

A capacidade de produção alimentar em Portugal é limitada, mas ainda assim está longe de atingir o seu potencial. A propriedade rural encontra-se atomizada. Boa parte dos proprietários rurais vive e trabalha nas cidades, em grande medida por causa da revolução industrial e do desenvolvimento das cidades. Este período está, porém, a chegar ao fim. Em vez de se gastar inutilmente dinheiro público em Novas Oportunidades perdidas, talvez seja o momento de pensar onde melhor gastar os recursos financeiros que ainda vêm de Bruxelas. Por exemplo, lançando um programa nacional de agricultura biodinâmica e biológica, capaz de adaptar tecnologicamente os processos de cultivo e produção alimentar e florestal à escassez futura de adubos e pesticidas industriais (provenientes nomeadamente do gás natural e do petróleo), ao mesmo tempo que se especializa e confere competitividade cognitiva e social à agricultura, pecuária, piscicultura e silvicultura portuguesas. Estude-se, a este propósito o caso austríaco, para perceber até que ponto um país comunitário da Eurolândia pode abolir no seu espaço nacional todos os alimentos transgénicos e escolher uma via verde para a produção alimentar e conservação dos ecossistemas. Levar a segurança alimentar às cidades, e levar as cidades ao campo é todo um programa cujos impactos na mitigação dos constrangimentos que se seguirão ao fim do petróleo barato é demasiado grande para ser adiado. A inércia corporativa do regime tem que ser combatida e vencida, custe o que custar.

No início deste ano negro, o mais importante de tudo é evitar os jogos florais parlamentares e os teatros de sombras permanentemente instigados pelo governo, pelas oposições e pelos lóbis corporativos. Libertar a sociedade civil e salvar o país de uma morte súbita começa por aqui. O mais importante agora é discutir soluções.

NOTAS
  1. António Pinto Barbosa
    Fiscal das contas públicas certificou irregularidades no BPP
    05.01.2011 - 17:04 Por Cristina Ferreira. Público.
    O presidente do grupo de trabalho para criar a comissão encarregue de fiscalizar as contas públicas, António Pinto Barbosa, certificou durante cerca de dez anos as contas do Banco Privado Português, que foi intervencionado no final de 2008 pelo Banco de Portugal, para evitar a sua insolvência imediata.
    Mas haverá alguém que se salve deste naufrágio? — OAM
  2. Se em vez de se considerar o valor nocional OTC dos contratos de derivados, apenas se tiver em conta o respectivo valor bruto de mercado, ou seja a expectativa razoável de ganho, ainda assim está em jogo um volume de apostas especulativas sobre taxas de juros, desvalorizações cambiais, e outros activos virtuais, equivalente a 1/3 do PIB mundial, ou seja, mais ou menos 17 biliões de euros (17*10^12€).
  3. A "esquerda" monocórdica tem a mania de invocar a fuga aos impostos como argumento favorável ao aumento da carga fiscal. Está bom de ver que o argumento é idiota. Mas insistem, não querendo entender que se se combinar uma menor carga fiscal com uma vigilância e penalização forte aos infractores (começando pelos de cima) os resultados seriam bem melhores dos que os conseguidos com o terrorismo fiscal actualmente em curso. Um burro morto não paga impostos!
ÚLTIMA ACTUALIZAÇÃO: 6 de Janeiro de 2011 22:00

    quinta-feira, agosto 07, 2008

    OGMs elegem Barroso?

    O preço de uma reeleição

    Durão Barroso ajuda lóbi pró OGM, a fim de conseguir reeleição. Uma vez mais, a mãozinha americana e inglesa por debaixo do wonder-boy português! Será que o homem é mesmo da CIA?

    President of European Commission at the heart of EU’s pro-GM lobby

    The Commission president, Jose Manuel Barroso, is at the heart of the EU's pro-GM lobby. Reports have emerged that Barroso is trying to get member states to agree on GMOs behind closed doors, so that there are no more unqualified majorities. Barroso is also trying to find a way to lift Europe’s “zero tolerance” policy and smooth the way for the entry of GMOs into Europe. The Commission has already announced that a decision on animal feed imports and EU GM approvals and laws will be reached this summer. A group of MEPs on the agriculture and environment, public health and food safety committees has written a letter to Barroso expressing concern at “reports that the Commission is deliberately trying to find ways to avoid a co-decision process, thus excluding MEPs, the elected representatives of European citizens, from any decisions on this issue.”

    The pro-GM lobby, including influential people within the European Commission, claims that Europe must open the doors to GMOs in order to solve the food and feed crisis; but there is little basis to the claim. -- in Exposed: Europe’s GM-Hype in Times of Food and Fuel Crisis, Institute of Science in Society.

    COMENTÁRIO

    Depois da fracassada tentativa de desviar os incomensuráveis fundos especulativos, do buraco imobiliário que arrasou com milhares de quilómetros de terras aráveis e paisagens soberbas, para a produção industrial massiva de biocarburantes, cujas amostras americanas (sobretudo EUA e Brasil) foram suficientes para fazer disparar os preços alimentares em todo o mundo, e lançar na miséria e na revolta centenas de milhar de camponeses e populações urbanas aflitas, os Dark Vaders deste mundo andam agora a congeminar outra possível escapatória para a especulação financeira que alimenta o Capitalismo decadente e terminal em que vivemos: os Organismos Geneticamente Modificados!

    Apesar de proibidos na Europa (à excepção de uma variedade OGM de milho) as empresas Monsanto, Bayer, BASF, Dow, Pioneer (DuPont), e Syngenta têm vindo a parir estudos e mais estudos "científicos" (uma prática comum de manipulação das audiências, como bem sabemos em Portugal!) para justificar a insistência americana nesta sua nova ofensiva europeia em prol do controlo mundial das sementes e da alimentação. No fundo, a proposta é simples: se um país, ou grupo de países, patentearem os principais alimentos do planeta, controlarão a economia mundial, e sob a base dessa ameaça concretizada, os mercados financeiros poderão voltar a especular alegremente com a miséria dos demais. O mesmo se passa, por exemplo, com a criação de patentes relacionadas com o mapa genético humano: se for possível registar direitos de autor e patentes do genoma humano e produtos derivados (bases de dados, modificações genéticas, etc.), fica aberto o caminho para a apropriação capitalista integral não apenas do ser humano, mas do seu próprio passado e futuro! A nova escravatura anuncia-se sob o manto entusiasta da tecnologia!

    OAM 407 07-08-2008 13:10

    segunda-feira, agosto 20, 2007

    OGM

    GloFish
    GloFish, o primeiro animal doméstico geneticamente modificado.
    Desenvolvido pelo Dr. Zhiyuan Gong em 1999, foi introduzido no mercado dos EUA
    em Dezembro de 2003 pela Yorktown Technologies. Comercialização proibida na Europa.


    Deserto transgénico

    Silves (Portugal): Activistas destroem cultivo de milho transgénico

    "Cerca de cem activistas contra os OGM (Organismos Geneticamente Modificados) destruíram hoje (17-08-2007) cerca de um hectare de milho transgénico cultivado numa herdade em Silves, enquanto o proprietário, em lágrimas, os tentava desmobilizar." Diário Digital

    "Foi apresentada pela primeira vez prova científica irrefutável do impacto na saúde de milho transgénico. Trata-se da variedade MON 863, produzida pela Monsanto (a maior multinacional de sementes transgénicas do mundo) e que foi objecto de estudo toxicológico pela própria empresa." Plataforma Transgénicos Fora, in Resistir

    A acção de Silves foi levada a cabo por uma organização chamada Movimento Eufémia Verde. O estilo é conhecido e continua a ter excelentes resultados nas acções exemplares da Green Peace. Como em Portugal os movimentos ecologistas foram em geral anestesiados pelas burocracias partidárias e universitárias, não estamos habituados a que assumam entre nós mais do que formas piedosas de contestação... e negociação. A acção de Silves vem por isso colocar-nos perante uma situação nova. De repente, o país, e em primeiro lugar os agricultores, acordaram para o problema dos Organismos Geneticamente Modificados (OGM).

    Se o agricultor visado pela acção exemplar é, como parece, um pequeno empresário, e não uma média ou de preferência grande empresa agro-industrial, então a acção de Silves (que nada tem que ver com um "acto de desobediência ecológica", como eufemisticamente se lhe referiu Miguel Portas no blog Europa sem Muros) foi pouco inteligente, injusta e contraproducente relativamente aos objectivos que aparentemente pretende prosseguir. Em Portugal, como em toda a parte do mundo, não se provocam os pequenos protagonistas, mas os grandes. Ameaçar a pequena propriedade, ou o produto do trabalho legítimo, quando temos várias grandes empresas agro-industriais à mão de semear, é um erro imperdoável. Por outro lado, a complexidade dos problemas visados não se aborda já daquela maneira legalmente tão desamparada. Em democracia, temos armas mais lógicas e eficazes: a opinião, a investigação cidadã, a discussão pública e os tribunais.

    Mas a questão de fundo não é esta! O que eu e todos nós queremos saber é se os OGM devem ou não ser combatidos e irradiados de vez da produção agrícola mundial. Mas aí as coisas são menos óbvias do que à primeira vista parecem...

    O problema pode ser visto sob quatro ângulos distintos: o da manipulação genética, o da produção agro-alimentar e agro-energética, o da saúde pública e o da sustentabilidade ecológica das práticas industriais intensivas, frequentemente resultantes da associação oportunista entre a ciência mercenária, as tecnologias dela resultantes e a lógica do capital financeiro na actual fase de concentração e globalização.

    1) A manipulação genética em si, de que a criação de OGMs é um aspecto cada vez mais corrente no actual estado de desenvolvimento das sociedades tecnológicas, não deve, na minha opinião, estar em causa, ainda que os resultados da mesma, pela sensibilidade das matérias que abrange, deva merecer uma vigilância científica, técnica, jurídica e democrática muito apertada. O que não podemos permitir é que um tão decisivo domínio da realidade social pós-contemporânea (na medida em que a sua actualidade se projecta sistematicamente no futuro) seja capturado pela esfera privada da globalização económica, nem por fundamentalismos ecológicos desinformados, meramente corporativos ou simplesmente pequeno-burgueses.

    2) Quanto à produção agro-alimentar, devemos ter em conta que a mesma precisa, em primeiro lugar, do auxílio da ciência e das novas tecnologias para atingir as metas da produção alimentar exigidas pela demografia humana actual (6,6 mil milhões de pessoas) e expectável até ao fim do século 21 (9,4 mil milhões). Quando recolhia elementos para este artigo descobri um facto curioso, para não dizer macabro: o crescimento explosivo do cultivo da soja transgénica na Argentina (ajudando este país a sair da gravíssima crise económica de 1999-2002), tal como no Brasil, tem como principais mercados a Europa e a China. No primeiro caso, a Europa, as rações de soja transgénica tornaram-se cruciais para a pecuária deste continente ao substituirem as farinhas animais entretanto proibidas e que até à crise da BSE eram dadas ao gado herbívoro! No caso da China, a demografia, a melhoria da dieta alimentar de centenas de milhões de pessoas (com maior consumo de carne e peixe) e o empobrecimento crescente dos solos aráveis do país colocam-no numa situação de verdadeira dependência dos grandes produtores mundiais de proteínas.

    3) O uso dos OGMs tem vindo a levantar suspeitas cada vez mais numerosas e fundamentadas sobre o potencial perigo dos mesmos para a saúde humana e de outras espécies de vida cuja destruição pode desencadear efeitos destruidores em cadeia de dimensões imprevisíveis. O mais recente argumento técnico para atacar os alimentos transgénicos teve aliás origem na demonstração realizada pela própria Monsanto de que o OGM conhecido por MON 863, um milho transgénico com propriedades insecticidas e de resistência ao herbicida glisofato, utilizado intensivamente na produção do milho transgénico para consumo humano e produção de rações, afectava a reprodutibilidade dos ratos estudados em laboratório, causando-lhes mesmo danos nos rins e fígado. Entretanto, um alerta científico sobre este tema, publicado em Março de 2007, da autoria de Mae-Wan Ho, Joe Cummins e Peter Saunders, "GM Food Nightmare Unfolding in the Regulatory Sham", ISIS Report (PDF) vem chamar a atenção para a gravidade do problema.

    4) Finalmente, no que se refere aos efeitos das práticas intensivas das indústrias agro-alimentares e agro-energéticas, sabe-se que estão a provocar dois tipos de desastre imediato: por um lado, a competição entre a produção de alimentos e a produção de bio-combustíveis não só está a destruir extensas áreas florestais no Amazonas (literalmente queimadas para dar lugar à soja), como está a provocar um aumento intolerável dos preços dos cereais e leguminosas em todo o mundo, com efeitos sociais catastróficos entre as populações mais pobres do planeta; por outro lado, o uso dos pacotes tecnológicos da Monsanto, como o conhecido Roundup Ready (sementes transgénicas insecticidas resistentes ao herbicida Glifosato, por sua vez fornecido para permitir maior rentabilidade na produção da soja, milho, trigo, arroz, canola, algodão, etc....), por parte de países como o Brasil e a Argentina (mas também os EUA e o Canadá), está a provocar não apenas a esterilização e impermeabilização galopante dos solos (causando cheias onde menos se espera), mas também alterações de consequência imprevisíveis nos equilíbrios ecológicos locais e regionais. Para cúmulo, estes pacotes tecnológicos esgotam a sua eficácia ao fim de algum tempo, originando espécies resistentes ou, quando não é o caso, a emergência de novas "pragas".

    Tendo presente estas quatro componentes do problema, não me parece que o assunto possa ser tratado de ânimo leve, dadas as suas envolventes económicas, sociais e sanitárias de larga escala. Estão em causa ao mesmo tempo a sobrevivência alimentar e a saúde imediata de milhares de milhões de pessoas, como está em causa toda uma cadeia de produção agrícola para fins alimentares e energéticos. Por outro lado, não parece razoável propor a eliminação pura e simples das aplicações genéticas nas indústrias agro-alimentares e agro-energéticas por causa dos sérios, mas eventualmente controláveis, problemas existentes. A gripe espanhola, conhecida entre nós por pneumónica, e causada pelo sub-tipo H1N1 da estirpe A do virus da gripe, matou durante a pandemia de 1918-1919 entre 50 e 100 milhões de pessoas em todo o planeta. As pragas de fungos (oídio) e insectos (filoxera) tiveram um efeito devastador e alteraram a distribuição da produção vinícola mundial durante mais de cinquenta anos (1863-1919), sendo ambas responsáveis entre nós, segundo alguns historiadores portugueses (Jorge Borges de Macedo e outros), pela profunda crise económica que levaria à emigração em massa para o Brasil (1881-1900 = 316 204; 1901-1930 = 754 147) e à concomitante queda do regime monárquico. Ou seja, dispensar as ciências biológicas e os sistemas organizativos e de produção tecnológica avançada no actual estado de complexidade dos eco-sistemas perturbados pela espécie humana não só é inverosímil, como teoricamente inaceitável, sendo previsivelmente catastrófica qualquer tentativa de parar, sem mais, a actual inércia industrial e pós-industrial. Isto não significa, obviamente, que o sistema não esteja a derrapar e que, portanto, não sejam necessárias medidas drásticas de monitorização, controlo e mitigação dos sérios problemas detectados. O sistema está virtualmente fora de controlo, e precisamente por isso, vai ser necessário um enorme esforço e sangue frio para dominá-lo nas décadas que se seguem.

    À medida que as populações se urbanizam e o seu ciclo reprodutivo e familiar deixa de estar associado à criação de alimentos e à troca directa, passando estas tarefas para sistemas operacionais pós-humanos (ainda que transitoriamente controladas pela lógica infernal e desumana do valor capitalista), regista-se invariavelmente uma quebra da natalidade e, por efeito dos elevados níveis de segurança sanitária e médica, um envelhecimento populacional. É por isso que as sociedades industriais e pós-industriais vêem as suas tribos tradicionais desaparecerem, enquanto as sociedades agrícolas e pré-urbanas continuam jovens e numerosas (até por beneficiarem de algumas das tecnologias sanitárias e médicas contemporâneas.)

    As perspectivas de crescimento demográfico mundial continuam a ser muito preocupantes, apesar da progressiva diminuição da taxa de crescimento demográfico (2,19% em 1962; 0,49% est. em 2049.) Em 2008, segundo as Nações Unidas, mais de metade da população mundial viverá em áreas urbanas, sendo que esta percentagem de urbanização chegará aos 60% por volta de 2030, correspondendo a mais de 5 mil milhões de pessoas. O mundo rural perderá para as cidades, neste mesmo período, mais de 27 milhões de pessoas. Sem percebermos todas as implicações desta alteração da demografia e da economia humanas, não será possível ter uma imagem mais nítida da complexidade dos desafios postos pela actual mutação dos respectivos processos reprodutivos, altamente socializados, tecnológicos e globalizados.

    Por mera prudência, seria de limitar o uso intensivo dos processos biotecnológicos avançados das indústrias agro-alimentares e agro-energéticas a regiões demarcadas com Denominação de Origem Controlada, em vez de considerar levianamente que estes processos, largamente experimentais, são por definição inócuos e podem ter lugar indescriminadamente. Por outro lado, nenhum agricultor, nenhuma comarca ou região agrícola, e nenhum país pode ser obrigado a aceitar a introdução dos organismos transgénicos nos respectivos sistemas de produção, ou cadeias de consumo, devendo por isso ter assegurado o direito de reclamar contra a invasão, premeditada ou involuntária, das suas terras, povoações e produtos de consumo, por OGMs. Cabe à ciência provar a não-toxidade e o carácter benigno das suas invenções, bem como o ónus de corrigir os erros que eventualmente cometa. As indústrias, por sua vez, devem abster-se de usar os OGMs e os Roundup Ready como potenciais armas biológicas, pois é o que sucede sempre que tentam impôr contra a vontade das comunidades processos de produção tecnologicamente duvidosos, mal testados, ou perigosos.

    Da Plataforma Transgénicos Fora! (entrevista a Gilles-Éric Séralini)

    Pergunta - Em 2000, 99% dos OGM eram plantas-pesticidas, que toleram um herbicida total (71%) ou que produzem um insecticida (28%). Como estamos em 2007?

    Prof. Séralini - Pior! A proporção é de 100%: 68% absorvem um herbicida sem morrer (são bombas de herbicida), 19% produzem um insecticida e 13% fazem as duas coisas simultaneamente. A verdadeira segunda geração de OGM, testada nos campos desde 1998, apresenta estas duas características. É evidente que em meio aberto os produtores de OGM se interessam sobretudo pelos pesticidas. E isso manter-se-á de aqui a cinco ou dez anos: os OGM objecto de quase todos os pedidos actuais de autorização toleram dois herbicidas, produzem dois insecticidas ou combinam estas quatro características."

    "(...) - Estas plantas de um ou mais pesticidas são em grande maioria a soja e o milho?

    - Sim. Os últimos números são: 57% de soja, 25% de milho, 13% de algodão, e 5% de colza. E o trigo e o arroz estão a chegar. Estes números provam que os OGM agravam os problemas da agricultura intensiva no mundo. Entre as 30 000 plantas comestíveis cultivadas, uma trintena fornece 95% da energia alimentar mundial e quatro - a soja, o milho, o arroz e o trigo - mais de 60%. Tendo cada planta pelo menos uma centena de variedades, é muito complicado e custoso assegurar uma patente sobre uma delas. Basta no entanto aos produtores de OGM escolherem as poucas que alimentam a humanidade para se apropriarem do essencial da alimentação mundial."

    "(...) - Na sua opinião porque há tão poucos investigadores que partilham a sua vontade de fazer progredir a avaliação dos OGM, nomeadamente os seus efeitos sobre a saúde?

    - A comunidade dos investigadores em biotecnologias não é um meio apropriado para avaliar os riscos. Ela não se destina a isso mas a produzir novos OGM em colaboração com as empresas. Dito isto, quando me pediram em 2003 que passasse em revista os trabalhos das comissões científicas que aconselharam os ministros europeus sobre os OGM relativamente aos pedidos de autorização, verifiquei que nesses trabalhos o meu ponto de vista era maioritário: numerosos cientistas têm críticas a formular em relação aos OGM de pesticidas. Simplesmente estão obrigados ao segredo."

    Texto integral da Entrevista com o Prof. Séralini

    Referências



    Última hora!

    Obrigado Mário Crespo!

    (27-08-2008). O gongórico Crespo tem manifestado uma obsessão policial contra os ecologistas e a favor da indústria agro-alimentar.

    Mas será realmente assim?

    O "pivot" da SIC Notícias, no jornal das 9 de hoje, entrevistou o porta-voz da Verde Eufémia, procurando uma vez mais demonstrar que o néscio doutorando é uma espécie de terrorista: mais precisamente, um eco-terrorista (ou um "terrorista soft" - como o ministro da administração interna, Rui Pereira, admitiria poder-se apelidar, em última instância, este género de sujeitos.)

    O rapaz lá foi respondendo como sabia ao inquisidor-mor da SIC (very sick indeed!) Para Crespo, por trás daquele eco-impreparado, se não havia um eco-terrorista, no mínimo, haveria um gajo do Bloco, ou um gajo a soldo de uma empresa qualquer (de nome francamente irrelevante), ou, pelo menos, um agente do Putin! Sim do Putin, cujo convite dirigido ao eco-radical, para ir a Moscovo, participar numa conferência internacional sobre transgénicos, o dito eco-fundamentalista suspeitamente aceitara. Nem a Judite faria uma inquirição com tal detalhe e exibição de indícios!

    A "régie" berrava ao gongórico Crespo para acabar com aquela pessegada deprimente. Mas ele, qual Joana D'Arc dos embaixadores da Monsanto em terras lusitanas, insistia furiosamente na tortura mediática do imberbe doutorando.

    Como eu gostaria de ver esta criatura da SIC, cuja moleira se fechou para sempre, inquirir com fúria semelhante o Senhor Vaz Guedes sobre os 200 mil euros pagos ao PSD. Como eu gostaria de ver esta caricatura do "Sixty Minutes" perguntar ao governo e ao Senhor Salgado, como foi possível fazer-se em Portugal (não em Angola) um negócio tão obscuro e completamente ruinoso para o Estado quanto o da venda da falida PGA (Portugália Airlines) à desesperada TAP. Corrupção? Fraude? Roubo? Quando se usa um colarinho branco, não são precisas máscaras!

    O gongórico homúnculo do Jornal das 9 anda preocupado com a pequena propriedade privada e com o eco-terrorismo. Mas andará?

    Então se anda, porque não estudou a lição de José Bové e não enquadrou, como deveria, se fosse um profissional sério, a acção de Silves no âmbito mais amplo e absolutamente actual das acções do mesmo género que ocorrem, neste preciso momento, por exemplo, em França (ver Les OGM, un choix de politique agricole, par Hervé Kempf, LE MONDE)?

    Então se anda, porque não indagou os principais grupos agro-alimentares e agro-energéticos portugueses (BES, GALP, EDP, Banif,...) sobre a ingente questão dos transgénicos? Vão aplicar OGMs nas suas vastas propriedades e nos seus ambiciosos projectos bio-energéticos? À custa de quê? À custa de quem? E o governo, que pensa sobre o assunto? E o PS, se ainda existe, mudou de opinião? E o país, será que vai reagir ou ficar bovinamente indiferente até que a miséria lhe caia em cima?

    O gongórico locutor, sem saber o que faz, fez bem: colocou na ordem do dia, muito para lá da acção dos mascarados de Silves (que obviamente terão que amadurecer), um tema que irá dar muito que falar. Sobretudo quando alguns dos que sustentam a SIC (e manifestamente detestam que se fale de certos assuntos) começarem realmente a queimar a pelada terra portuguesa, não em nome da segurança alimentar, mas sim da guerra energética que aí vem, e dos lucros, claro está.

    (25-08-2007 01:56) Indexar o Pão Alentejano ao etanol?

    Se o Alentejo, e pelos vistos o Algarve também, se transformarem em vastas plantações de milho transgénico para a produção de etanol, crescendo ao longo da Costa Vicentina, não apenas "resorts" de luxo, mas também destilarias de etanol, que sucederá ao preço do Pão Alentejano?

    É isto que a poeira lançada sobre o infeliz episódio de Silves, de momento, e por manifesto interesse do governo (o PSD transformou-se num zombie), não deixa ver. Mas é fundamental lançar a discussão!

    Se o debate estratégico sobre a política de transportes é fundamental para a reorganização da nossa relação com a Espanha (e foi desencadeada pela blogosfera de forma absolutamente notável); se o debate em torno das duas grandes áreas metropolitanas portuguesas (Lisboa e Porto) é decisivo no processo de adaptação da nossa sociedade ao aquecimento global e ao encarecimento irreversível da energia; a questão da segurança alimentar, no quadro entretanto criado pela indexação progressiva e de facto do preço do pão ao preço do biodiesel, pode vir a transformar-se numa crise de um dramatismo sem precedentes.

    Perante a fragilidade do actual poder político e a manifesta e durável impotência das oposições, não resta outra alternativa que não passe por desejar lucidez ao actual governo do PS, ao mesmo tempo que a mobilização das energias civis do país deve seguir o seu curso próprio, redobrando a sua capacidade de observar e analisar os fenómenos, construindo os necessários alertas e propostas de solução dos problemas, num diálogo exigente com todos os poderes instalados.

    A rentrée promete!

    Referências:

    A Challenge to Gene Theory, a Tougher Look at Biotech
    By DENISE CARUSO
    The New York Times
    Published: July 1, 2007

    THE $73.5 billion global biotech business may soon have to grapple with a discovery that calls into question the scientific principles on which it was founded.

    Last month, a consortium of scientists published findings that challenge the traditional view of how genes function. The exhaustive four-year effort was organized by the United States National Human Genome Research Institute and carried out by 35 groups from 80 organizations around the world. To their surprise, researchers found that the human genome might not be a "tidy collection of independent genes" after all, with each sequence of DNA linked to a single function, such as a predisposition to diabetes or heart disease.

    Instead, genes appear to operate in a complex network, and interact and overlap with one another and with other components in ways not yet fully understood. According to the institute, these findings will challenge scientists "to rethink some long-held views about what genes are and what they do."

    (...)

    Yet to date, every attempt to challenge safety claims for biotech products has been categorically dismissed, or derided as unscientific. A 2004 round table on the safety of biotech food, sponsored by the Pew Initiative on Food and Biotechnology, provided a typical example:

    "Both theory and experience confirm the extraordinary predictability and safety of gene-splicing technology and its products," said Dr. Henry I. Miller, a fellow at the Hoover Institution who represented the pro-biotech position. Dr. Miller was the founding director of the Office of Biotechnology at the Food and Drug Administration, and presided over the approval of the first biotech food in 1992.

    Now that the consortium's findings have cast the validity of that theory into question, it may be time for the biotech industry to re-examine the more subtle effects of its products, and to share what it knows about them with regulators and other scientists.

    Denise Caruso is executive director of the Hybrid Vigor Institute, which studies collaborative problem-solving.

    BIOFUELLED
    Jun 21st 2007
    From The Economist print edition
    Grain prices go the way of the oil price
    Economist.com

    "EVERY morning millions of Americans confront the latest trend in commodities markets at their kitchen table. According to the United States Department of Agriculture, rising prices for crops—dubbed "agflation"—has begun to drive up the cost of breakfast. The price of orange juice has risen by a quarter over the past year, eggs by a fifth and milk by roughly 5%. Breakfast-cereal makers, such as Kellogg's and General Mills, have also raised their prices. Underpinning these rises is a sharp increase in the prices of grains such as corn (maize) and wheat, both of which recently hit ten-year highs. Analysts are beginning to ask, as they have of oil and metals, whether higher prices are here to stay."

    BUY FEED CORN:
    THEY'RE ABOUT TO STOP MAKING IT...

    by F. William Engdahl, July 25, 2007

    (...) "In the mid-1970's Secretary of State Henry Kissinger, a protégé of the Rockefeller family and of its institutions stated, "Control the oil and you control entire nations; control the food and you control the people." The same cast of characters who brought the world the Iraq war, the global scramble to control oil, who brought us patented genetically manipulated seeds and now Terminator suicide seeds, and who cry about the "problem of world over-population," are now backing conversion of global grain production to burn as fuel at a time of declining global grain reserves. That alone should give pause for thought. As the popular saying goes, "Just because you're paranoid doesn’t mean they aren’t out to get you."

    PEAK SOIL: Why cellulosic ethanol, biofuels are unsustainable and a threat to America
    Contributed by Alice Friedemann, April 10, 2007

    Ethanol is an agribusiness get-rich-quick scheme that will bankrupt our topsoil.

    Nineteenth century western farmers converted their corn into whiskey to make a profit (Rorabaugh 1979). Archer Daniels Midland, a large grain processor, came up with the same scheme in the 20th century. But ethanol was a product in search of a market, so ADM spent three decades relentlessly lobbying for ethanol to be used in gasoline. Today ADM makes record profits from ethanol sales and government subsidies (Barrionuevo 2006).

    The Department of Energy hopes to have biomass supply 5% of the nation’s power, 20% of transportation fuels, and 25% of chemicals by 2030. These combined goals are 30% of the current petroleum consumption (DOE Biomass Plan, DOE Feedstock Roadmap).

    Fuels made from biomass are a lot like the nuclear powered airplanes the Air Force tried to build from 1946 to 1961, for billions of dollars. They never got off the ground. The idea was interesting -- atomic jets could fly for months without refueling. But the lead shielding to protect the crew and several months of food and water was too heavy for the plane to take off. The weight problem, the ease of shooting this behemoth down, and the consequences of a crash landing were so obvious, it’s amazing the project was ever funded, let alone kept going for 15 years.

    Biomass fuels have equally obvious and predictable reasons for failure. Odum says that time explains why renewable energy provides such low energy yields compared to non-renewable fossil fuels. The more work left to nature, the higher the energy yield, but the longer the time required. Although coal and oil took millions of years to form into dense, concentrated solar power, all we had to do was extract and transport them (Odum 1996)

    With every step required to transform a fuel into energy, there is less and less energy yield.

    (24-08-2007 00:30) Jaime Silva, ministro da agricultura aproveita contradições do Bloco

    O gongórico Crespo (hoje estava mais cool) entrevistou o ministro da agricultura. Jaime Silva, revelando uma malícia requintada, aproveitou a oportunidade para explorar as contradições óbvias que grassam dentro do Bloco de Esquerda, entre Louçã e Portas, cujo blogue é, ao que parece, um acto falhado, entre os parlamentaristas de São Bento e o de Bruxelas, e entre os eternos bolcheviques e a extrema-esquerda chique. Por um lado, a dança de genes entre o PS e o Bloco, claramente comandada neste caso pelo aristocrático ministro, pode ser um recado a Lisboa, ao vereador Sá Fernandes, para que não pregue nenhuma partida a António Costa. Mas foi, antes de mais, uma inesperada aberta para o PS defender os pequenos e médios proprietários (e empresários) do país e exigir que o debate político se situe em patamares de clara legalidade democrática, recusando frontalmente fundamentalismos historicamente deslocados. Esta clarificação serve que nem uma luva ao PSD, por onde perpassa uma onda de populismo virulento (pré-eleitoral) que convem amainar -- nem que para tal se deixem revelar algumas verdades inconvenientes... A rentrée de Outono promete.

    (23-08-2007). Para o gongórico Crespo: a primeira bio-guerra do século 21

    Trivial Pursuit:

    A - Há vários anos que o exército norte-americano bombardeia com Roundup Ready --fornecido pela Monsanto-- vastas zonas agrícolas da Colômbia, seguindo o famoso Plan Colombia, com particular incidência nos seus campos de coca (uma planta de cultivo tradicional, milenar naquelas paragens de altitude) a pretexto de combater a produção de cocaína, quando na realidade o que estão a fazer é garantir a manutenção dos preços altos da mesma nos mercados internacionais, e por conseguinte as escandalosas margens de lucro das máfias que se alimentam do comércio ilegal de drogas (onde se inclui invariavelmente gentuça com fortes ligações aos grandes poderes deste mundo, seja na Colômbia, em Marrocos, na Espanha, em Portugal ou nos Estados Unidos).

    Como classifica este tipo de acções: eco-terrorismo, guerra biológica, eco-genocídio, qualquer uma destas opções, duas delas (quais?) ou todas elas? Estou certo que o estruturalista da SIC Notícias, com tempo, há-de chegar à resposta certa.

    B - Novas pandemias de propagação rápida podem estar no horizonte próximo, alerta hoje (23-08-2007) a Organização Mundial de Saúde (BBC News online). A circulação de pessoas à escala global (2,1 mil milhões de pessoas a viajar de avião em 2006) e a enorme falta de transparência existente nas indústrias multi-milionárias da pecuária e agricultura tecnológicas (onde se fazem há anos as michórdias mais inacreditáveis e criminosas), compõem o "cocktail" explosivo denunciado pela OMS.

    Pergunta: denunciar, perseguir, castigar e sobretudo impedir a multiplicação deste tipo de armadilhas biológicas é um acto democrático inadiável ou, por eventualmente ameaçar a propriedade privada, pode cheirar a terrorismo? Estou certo que o estruturalista da SIC Notícias, com tempo, há-de chegar à resposta certa.


    23-08-2007. Ainda o gongórico Crespo

    Não lhe pagam para ter opinião, e muito menos para fazer de polícia de costumes, mas apesar disso, insiste em vender-nos a ideia de que os eco-radicais pequeno-burgueses que atacaram em Silves são "eco-terroristas". Que saberá ele de terrorismo?! Por exemplo, o Bush é ou não um terrorista de Estado e um genocida, tendo em conta que foi e é o máximo responsável pelos 135.129 mortos do Iraque, pela execução exibicionista de Saddam Hussein e pela destruição daquele país na sequência de uma invasão ilegal? E sobre invasões e esbulhos, saberá ele alguma coisa? Por exemplo, quando os norte-americanos e ingleses tomam de assalto o Iraque e ocupam as suas zonas petrolíferas(1), preparando uma lei (Hydrocarbon Law) destinada a entregar 80% das receitas do petróleo às inocentes Chevron, Exxon, BP, e Shell, o que é isto? Invasão de propriedade alheia? Roubo? Terrorismo? O Crespo, incomodado com o "hate mail" recebido nestes últimos dias, afirmou durante a sua "performance" no Jornal das Nove de hoje, que andava a guardar as direcções IP de quem lhe escrevia. Pior do que um "pivot" gongórico, só mesmo um "pivot" estruturalista (sim, ele disse estruturalista!)

    1 - Iraq Oil Bush Cheney Chevron BP Shell Exxon - A Review


    21-08-2007. Deserto Transgénico: a batata azul da BASF

    A Comissão Europeia, através da especializada European Food Safety Auhority (onde os lóbis da indústria química, biológica e farmacêutica europeia têm gente muito insistente e persuasiva), está em vias de aprovar uma batata geneticamente modificada da BASF para fins industriais diversos, entre eles a produção de goma (para envernizamento de capas de revista, por exemplo) e rações para animais. Para além dos genes potenciadores da percentagem de goma na nova batata (azul), o transgénico desenvolvido pela multinacional belga contem ainda sequências genéticas com marcadores resistentes aos antibióticos, os Antibiotic Resistant Marker Genes (ARGMs), cujo uso prescreveu em 2004, segundo as próprias directivas europeias!

    De facto, na directiva Genetically modified organisms GMOs: deliberate release into the environment (repeal. Direct. 90/220/EEC), de 17-04-2001, foi decidida "a identificação e eliminação dos OGMs que contenham genes resistentes a antibióticos usados em tratamentos médicos e veterinários. Esta eliminação terá lugar até ao fim de 2004 no casos dos OGMs já comercializados, e antes do final de 2008 no caso da OGMs autorizados para pesquisa experimental."

    A aprovação deste novo transgénico por parte da UE parece pois votado a adensar a polémica sobre a aparente leviandade com que estes assuntos têm vindo a ser abordados e regulados pelas instâncias políticas comunitárias.

    A batalha cívica pela transparência, precaução e controlo apertado do uso das tecnologias genéticas vai seguramente ganhar contornos cada vez mais nítidos na arena democrática europeia e mundial. Em Portugal não começou da melhor maneira, mas irá prosseguir, estejam ou não estejam os anões da política e os reaccionários de sempre para aí virados.

    Portugal preside neste momento à Comissão Europeia. Seria bom que alguém no actual governo dissesse ao primeiro ministro o que fazer.

    Ref.: Euractiv

    20-08-2007. O Mário Crespo, da SIC, passou-se!

    No Jornal das Nove de hoje parecia um bufo furibundo, intimando o ministro da administração interna a prender toda a gente, quer dizer, os tais 100 eco-radicais que destruiram a plantação de milho de Silves. Chegou ao ponto de oferecer a reportagem da SIC como meio de prova, para que não faltasse ao ministro argumentos para prender o que insinuou serem perigosos eco-terroristas e predadores da propriedade privada. Nem queria acreditar! Salvou a SIC o bom senso e os conhecimentos de Paulo Pereira (um dos ministros mais simpáticos e competentes deste governo à deriva), que soube acalmar a fúria do gongórico locutor, já um pouco senil, diga-se de passagem. Uma coisa é condenar a acção destes esverdeados encapuçados, por mal ajustada e descontextualizada. Foi o que fiz. Agora confundir o sucedido, com terrorismo, ainda por cima pela boca do pivot de um telejornal, é virar a realidade de pernas para o ar. Oh Mário, começa a ler o Herberto Helder!

    OAM #232 20 AGO 2007