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terça-feira, outubro 07, 2008

Crise Global 35

Eurico defende o teu dinheiro!
Garantias bancárias espanholas podem atrair depósitos portugueses

Warren Buffett: "sucking blood" out of the economy. "In my adult lifetime, I don't think I've ever seen people as fearful"

Fernando Teixeira dos Santos: "Nós não permitiremos que um banco com impacto significativo no nosso sistema financeiro falhe"

Joe Berardo: "Eu acho que os governos do mundo deveriam acabar com os off-shore"

Resumindo e concluindo, a situação é esta: apesar da retórica viciada a que nos habituou, e da verborreia populista difundida nos últimos dias por José Sócrates e Teixeira dos Santos, o governo continua a emitir sinais vagos sobre a qualidade das garantias dos depósitos bancários (que, segundo a lei existente, não abrange os PPRs), limitando-se a subscrever -- mas sem anunciar qualquer iniciativa legislativa ou decreto-lei -- o aumento do tecto das garantias, de 25 mil para 50 mil euros. Os 27 atarantados da União Europeia reuniram-se hoje, tendo soprado previamente que iriam aumentar o tecto de garantias bancárias para 100 mil euros. No entanto, o resultado pífio a que chegaram foram tão só 50 mil euros. Podemos imaginar o nervosismo de milhões de depositantes individuais, familiares e empresariais, europeus.

Como a decisão europeia de hoje não serve rigorosamente para coisa nenhuma, pois cada país-membro da União pode e foi incentivado a proceder como melhor lhe convier, e há países, como a Irlanda, a Dinamarca e a Grécia, que anunciaram garantias ilimitadas para os seus depósitos bancários, ou a Espanha, aqui ao lado, que decidiu hoje aumentar o tecto das garantias dos depósitos para 100 mil euros, podemos desde já prever uma razoável fuga de capitais, nomeadamente para o país vizinho. Sobretudo se algum banco mais pequeno, que pelos vistos não poderá contar com a bóia governamental, acabar por falir.

Jerónimo de Sousa acaba enfim de propor, embora sem especificar (mas eu especifico), a renacionalização das entidades financeiras a caminho da falência (BCP, BPI, BPN, Finibanco e BES poderão estar nesta pole position) e de alguns sectores económicos estratégicos (GALP, EDP, REN, Águas de Portugal, Portugal Telecom, etc.) A paragem imediata das intenções de nacionalização de outras empresas de interesse público estratégico inalienáveis (ANA, etc.) faz também parte da necessária inversão do holocausto financeiro perpetrado criminosamente pelos ideólogos e homens de mão do neoliberalismo (1).

A nível mundial, uma medida drástica deveria há muito estar a caminho: suspender, transitória ou definitivamente, as transacções financeiras entre países e paraísos fiscais sem lei, estejam os ditos localizados em territórios nacionais ou em ilhas piratas. A rainha de Inglaterra, dona de algumas destas ilhas fantasma é certamente um obstáculo maior à tomada de decisões enérgicas de mitigação da actual crise. Mas se a União Europeia não consegue lidar com semelhante problema, afinal menor, então melhor seria anunciar desde já a sua morte, e cada um de nós iria à sua vida.

O avanço da Rússia na Geórgia, mas também na Islândia, conjugado com a possível quebra do Deutsche Bank, poderia facilmente rebentar com a União Europeia de um dia para o outro. Portugal, na eventualidade de um colapso europeu desta magnitude, que esconjuro, embora não seja de todo inverosímil, teria apenas uma alternativa pela frente: sair da União e do euro, refundar o escudo e avançar para uma nova plataforma atlântica com os seus parceiros naturais: o Reino Unido, os Estados Unidos e o Canadá, o Brasil e a Venezuela, Angola, Cabo Verde e São Tomé e Príncipe.

Se a Alemanha perder o controlo da situação actual e continuar titubeante no plano político, o cenário de um regresso dos países de Leste à órbita russa é uma eventualidade que não pode ser teoricamente afastada. E se esta dinâmica vier a desenvolver-se, estarão criadas as condições para que Moscovo venha a ser o centro político da Eurásia. Portugal estaria então entalado entre as ambições tenazes de uma Eurásia dominada pelo eixo Moscovo-Berlim (ou Moscovo-Paris, no caso de uma nova tragédia alemã) e um Islão renovado e muito poderoso, dominado pelo eixo Teerão-Istambul. Como é óbvio a saída seria apenas uma e a de sempre: o Atlântico!

Mas enquanto estes cenários não ganham consistência, o problema imediato é impedir o colapso financeiro do país, ou mesmo a hipótese de o salvar hipotecando criminosamente o futuro. Para evitar qualquer destas maneiras manhosas de esconder a crise, os portugueses têm que abrir os olhos e exigir transparência democrática imediata em todos os actos governamentais e de toda a classe política. A disciplina de voto parlamentar, por exemplo, é uma das vergonhas mais inaceitáveis do nosso sistema legislativo, que devemos denunciar sem quartel, obrigando os políticos eleitos a abolir tal regime degradante da consciência e da vontade política democrática.

Na esfera imediata do colapso em curso do sistema financeiro internacional, e considerando a ambiguidade inaceitável dos discursos oficiais, bem como a cobardia da maioria dos economistas que têm vindo a comentar a actual situação, a blogosfera pode e deve organizar um canal de apoio à decisão dos depositantes individuais, familiares e empresariais.

O objectivo deste canal, que lançarei em breve com o apoio de vários companheiros terá os seguintes objectivos prioritários:
  1. aconselhar os cidadãos na tomada de decisões esclarecidas e racionais (de forma genérica e abstracta)
  2. evitar e desmontar as operações de boataria
  3. evitar e desmontar as manobras de diversão oficial e dos grupos de especuladores
  4. evitar e desmontar as manobras especulativas
  5. compilar o histórico da actual crise
  6. compilar uma bibliografa pertinente
  7. organizar, em caso de necessidade, petições ao governo, ao presidente da república e às instâncias internacionais sobre aspectos relevantes e urgentes da actual crise

NOTAS
  1. Sobre este tema li um artigo particularmente elucidativo de Henry C K Liu -- CHINA'S DOLLAR MILLSTONE, Gold, manipulation and domination --, que recomendo vivamente. A citação que se segue não poderia ser mais oportuna.
    The public sector is not merely another component of the national economy. It is the critical component that defines the limits of the globalized market in a functioning sovereign state. Minsky pointed out that a sizable and strong government sector is indispensable for a capitalist market economy to maintain macroeconomic stability and avoid recurring deep recessions. In a globalized economy, national public sectors are necessary to maintain global macroeconomic stability.

REFERÊNCIAS DO DIA
  1. Sócrates garante: Estado vai "assegurar as poupanças dos portugueses em qualquer circunstância"

    07-10-2008 (Jornal de Negócios com Lusa.) O primeiro-ministro, José Sócrates, garantiu hoje que o Estado vai assegurar as poupanças dos portugueses e não deixará de apoiar as famílias, em particular as famílias mais carenciadas, face à crise financeira que se vive em todo o mundo.

  2. UE passa a garantir depósitos bancários até 50 mil euros
    2008-10-07 14:51 (Diário Económico). Os países da União Europeia (UE) vão aumentar a garantia dos depósitos em bancos do bloco dos actuais 20 mil euros para 50 mil euros. O compromisso foi alcançado na reunião de ministros das Finanças dos 27 e tem como objectivo fazer frente à actual crise financeira.

    "Os Estados estão de acordo em aumentar a protecção dos depósitos de particulares para um montante de pelo menos 50 mil euros, sabendo que vários Estados-membros estão determinados a elevar essa cobertura a 100 mil euros", disse o ministro das Finanças do Luxemburgo, Jeannot Krecke, citado pela AFP.

    Actualmente, a legislação europeia exige que os países do bloco tenham liquidez financeira que garanta um mínimo de 20 mil euros de depósitos por cliente, embora muitos países já tenham limites maiores.

    O ministro das Finanças, Teixeira dos Santos, afirmou hoje que o Governo não vai permitir que nenhum "banco com impacto significativo no sistema financeiro falhe".

    "Nós não permitiremos que um banco com impacto significativo no nosso sistema financeiro falhe", destacou Fernando Teixeira dos Santos no final de uma reunião dos ministros das Finanças da União Europeia, citado pela Lusa.

    As regras do Fundo de Garantia dos Depósitos em Portugal, previstas no Regime Geral das Instituições de Crédito, prevêem que, em caso de falência, o depositante seja reembolsado até ao limite de 25 mil euros.

    "Não prevejo uma situação de sinistro no nosso sistema financeiro que ponha em causa o valor dos depósitos", insistiu Teixeira dos Santos.

    O ministro caracterizou a situação actual nos mercados financeiros de "grande incerteza" e repetiu que "as autoridades intervirão se for necessário".

  3. UE discute hoje aumento das garantias de depósito de 20 mil para 100 mil euros
    07 de Outubro de 2008, 01:25

  4. BCE emprestou hoje 250 mil milhões de euros aos bancos

    07-10-2008 (Jornal de Negócios). O Banco Central Europeu (BCE) emprestou hoje aos bancos 250 mil milhões de euros, o valor mais elevado deste ano, numa altura em que o mercado de crédito está a dar indícios de maiores dificuldades.

    O BCE emprestou hoje, em leilão, 250 mil milhões de euros, com um prazo de sete dias, de acordo com a Bloomberg que adianta que a estimativa inicial era de que os bancos precisariam de 40 mil milhões de euros.

    Este valor corresponde ao mais elevado desde Dezembro, altura em que o BCE emprestou 349 mil milhões de euros, um valor nunca visto.

    O BCE emprestou ainda 50 mil milhões de euros a seis meses, duplicando o valor concedido, mais 20 mil milhões de dólares a 85 dias, numa altura em que a procura por dólares está a aumentar.

  5. Grandes fortunas caem para metade
    07-10-2008 00:05 (Diário Económico). A crise das bolsas emagreceu o património dos maiores investidores da praça portuguesa em 8,4 mil milhões de euros.

  6. Segundo contas da Associação Nacional das PME
    Mais de 30 mil trabalhadores não receberam subsídio de férias
    07.10.2008 - 09h47. Por Lusa. Paulo Ricca (arquivo)/ Público.

    Augusto Morais diz que as empresas preferem cumprir com a Segurança Social do que com os trabalhadores. Cerca de um terço das Pequenas e Médias Empresas (PME) não pagaram o subsídio de férias a pelo menos 30 mil trabalhadores e temem não conseguir atribuir o de Natal, deixando milhares de famílias em dificuldades, revelou à Lusa o presidente da Associação Nacional das PME.

    De acordo com Augusto Morais, a eficiência da máquina fiscal e o medo de ver os bens penhorados por atraso no pagamento dos impostos e das contribuições para a Segurança Social fez com que as empresas com maiores dificuldades financeiras prefiram, primeiro, saldar as contas com o Estado do que pagar os salários aos funcionários, o que não acontecia "até há dois anos".

    "Temos cerca de 30 por cento dos nossos empresários com atrasos nas remunerações dos trabalhadores. Já não lhes pagaram o subsídio de férias e agora aproxima-se o Natal. Vão ter muitas dificuldades em pagar esse subsídio", alertou o presidente da associação, que representa cerca de 10.800 empresas portuguesas.

  7. Autoeuropa pára produção dos monovolumes por quebra na procura
    06.10.2008 - 18h48. Por Lurdes Ferreira. Daniel Rocha (arquivo)/ Público.

    A quebra na procura obriga a paragem de produção de monovolumes durante cinco dias
    A VW Autoeuropa vai parar novamente nos próximos dias 9, 10, 13, 14 e 15 de Outubro, por quebra na procura dos monovolumes.

  8. Banco Central da Islândia recebe 4 mil milhões de euros da Rússia
    07-10-2008 (Diário Económico). A Rússia aceitou emprestar 4 mil milhões de euros ao Banco Central islandês para este injectar liquidez no sistema financeiro do país.

  9. Economistas avisam que resposta à crise constitui maior desafio ao euro

    7 de Outubro de 2008 - 18h24 (Público). A capacidade das autoridades europeias para adoptarem uma política comum de combate à crise financeira constitui o maior teste ao euro desde a sua criação, defenderam ontem, dia de convulsão no sistema financeiro do Velho Continente, vários economistas.

  10. Germany takes hot seat as Europe falls into the abyss
    By Ambrose Evans-Pritchard
    Last Updated: 8:37PM BST 06 Oct 2008 (Telegraph)

    We face extreme danger. Unless there is immediate intervention on every front by all the major powers acting in concert, we risk a disintegration of global finance within days. Nobody will be spared, unless they own gold bars.

    ... As for the US itself, it has not yet exhausted its policy arsenal. It can escalate further up the nuclear ladder. The Fed can cut interest rates from 2pc to zero. If that fails, it can let rip with the mass purchase of US debt.

    “The US government has a technology, called a printing press,” said Fed chief Ben Bernanke in November 2002. (His helicopter speech).

    In extremis, the Treasury/Fed can swoop into any market to shore up asset prices. They can buy Florida property. They can even buy SUV guzzlers from the car lots in Detroit, and mangle them in scrap yards. As Bernanke put it, the Fed can “expand the menu of assets that it buys.”

    There is a devilish catch to this ploy, of course. It assumes that foreign creditors will tolerate such action.

    Japan entered its Lost Decade as the world’s top creditor, with a vast pool of household savings to cushion the slump. America starts its purge with net external liabilities of $3 trillion, and a savings rate near zero. Foreigners own over half the US Treasury debt, and two thirds of all Fannie, Freddie, and other US agency bonds.

    But the risk of a dollar collapse is one for the distant future. Right now the world faces the opposite problem. There is a wild scramble for dollars as a $10 trillion pyramid of global lending based on dollar balance sheets “delevers” with a vengeance.

  11. Credit crisis: World in turmoil

    07-10-2008 17:15 (BBC News) As global markets fall sharply, the BBC News website looks at some of the countries affected by financial turmoil and what their governments are doing to alleviate the crisis.

    ... Spanish Prime Minister Jose Luis Rodriguez Zapatero on Tuesday increased bank deposit guarantees to 100,000 euros ($136,000) from the current 20,000 euros.


OAM 455 07-10-2008 23:07

segunda-feira, outubro 06, 2008

Crise Global 34

Que garantias são essas, senhor Sócrates?

Os pequenos e médios depositantes portugueses estão a entrar em pânico. Por enquanto, em silêncio. Depois, logo se verá.
Exijo, como cidadão, uma declaração formal do governo português sobre o grau de garantias que está disposto a assumir caso ocorram rupturas de pagamentos por parte dos bancos sediados em Portugal. Os 25 mil euros actualmente estabelecidos são manifestamente insuficientes.

Última hora!
UE avança em direcção a acordo para garantir depósitos

LUXEMBURGO 06-10-2008, 23:20 (AFP) — Os países da União Europeia (UE) avançaram nesta segunda-feira, em Luxemburgo, em direcção a uma proposta para elevar até 100 mil euros a garantia dos depósitos bancários na comunidade, actualmente em cerca de 20 mil euros, com o objectivo de tranquilizar os depositantes e evitar uma corrida aos bancos.

Teixeira dos Santos: depósitos bancários em Portugal garantidos “aconteça o que acontecer”
06.10.2008 - 16h12 Isabel Arriaga e Cunha, no Luxemburgo (Público)
O ministro das Finanças anunciou esta tarde que “aconteça o que acontecer as poupanças dos portugueses em qualquer banco que opera em Portugal estão garantidas”. Teixeira dos Santos, que falava no Luxemburgo à margem do Eurogrupo, escusou-se a esclarecer se esta é uma garantia de depósitos ilimitada. Actualmente o Fundo de Garantia de Depósitos garante até um máximo de 25 mil euros de depósitos, em caso de falência e de incumprimento de uma instituição bancária.

Depois da Irlanda (1) garantir inesperadamente os depósitos bancários dos seis principais bancos do país -- lançando a confusão geral entre os dirigentes europeus, nomeadamente do Bando dos Quatro (Alemanha, Reino Unido, França e Itália) -- um a um, os demais países da União copiam agora a receita de Dublin: "mais vale um pássaro na mão do que dois a voar!" Alemanha (sim, a que vociferava contra os irlandeses!), Grécia, Dinamarca (2), Espanha (3), Reino Unido, Áustria e Suécia, engrossam o cada um por si decidido hoje pelos atarantados "27" -- precipitando mais um dia negro nas bolsas mundiais (4).

UE: Sócrates subscreve declaração comum reforçando garantias de estabilidade
06.10.2008 - 15h17 (Por AFP, Lusa/ Público)

O primeiro-ministro português subscreveu hoje, em conjunto com os restantes Estados-membros da UE, uma declaração em que os 27 se comprometem a adoptar medidas para a estabilidade do sistema financeiro europeu e dar protecção aos depositantes. ...

“Os líderes da União Europeia afirmam que cada país tomará as medidas necessárias com vista a assegurar a estabilidade do sistema financeiro – seja através da cedência de liquidez por parte dos bancos centrais, de medidas pontuais para lidar com situações específicas de alguma instituição financeira, ou do reforço dos mecanismos de protecção dos depositantes”, lê-se na declaração.

No mesmo comunicado, os Estados-membros garantem que “continuarão a tomar as medidas necessárias de protecção do sistema para que os depositantes nas instituições financeiras monetárias não sofram quaisquer perdas”. ...

Na semana passada, em diversas intervenções públicas, tanto o primeiro-ministro, José Sócrates, como o ministro de Estado e das Finanças, Teixeira dos Santos, defenderam que o sistema financeiro português “têm dado provas de resistência” face à actual conjuntura de turbulência nos mercados internacionais.

No mesmo contexto, José Sócrates deixou também uma mensagem de tranquilidade em relação aos cidadãos com depósitos em instituições financeiras nacionais, dizendo estarem asseguradas as poupanças dos portugueses.

A pergunta retórica que me ocorre, sobretudo num dia em que o PSI20 tem a maior queda dos últimos 3 anos (4), depois de ter perdido no que vai de ano mais de 40% do seu valor (5), é esta:

quando pensam as luminárias lusitanas que informam e aconselham o senhor Sócrates em matéria de finanças (o senhor Constâncio e o senhor Teixeira dos Santos, presumo) dizer-lhe que a questão das garantias bancárias dos depositantes é uma matéria da máxima urgência, exigindo um comunicado claro do Conselho de Ministros?

Tudo o que ouvimos até ao momento (07-10-2008 00:28) foram declarações manhosas. Não foi assumido nenhum compromisso oficial quanto às garantias, para além daquelas que já estão definidas: um máximo de 25 mil euros por cada conta bloqueada por falta de fundos imputáveis à entidade bancária. Ora o que está em causa é saber se o Estado português está em condições de ir para além destes valores obviamente insuficientes. E se não está, como pensa travar uma corrida aos bancos e a fuga de massiva de capitais para outros países da União Europeia?

A senhora Merckel percebeu algo que é elementar e qualquer aforrador, como qualquer especulador entende: se há bancos europeus que garantem os meus depósitos bancários, contra outros que não o fazem, ou estão indecisos, ou proclamam intenções vagas para enganar os tolos, eu, com um clique de computador transfiro instantaneamente o meu dinheiro para a Irlanda, a Alemanha, a Dinamarca, ou qualquer outro país da União que ofereça garantias!

A Caixa Geral de Depósitos está sob pressão -- como atempadamente alertámos e Nicolau Santos aprofunda em artigo do Expresso online de hoje (6). Ou então, ficam por explicar os três encaixes de capital (ou melhor dito, provisões) realizados em contra-ciclo ideológico do actual colapso da lógica privatizadora neoliberal. As acções do BCP vão a caminho dos cêntimos. E já agora: quanto ouro português existe ainda em Fort Knox, que não esteja comprometido em SWAPS?

Se amanhã a Espanha seguir a Alemanha, ou multiplicar por cinco o tecto actual das suas miseráveis garantias (20 mil euros), em que posição ficaria a banca portuguesa? Eu creio que neste preciso momento existe já uma corrente grossa de capitais em direcção aos países que oferecem garantias. Por cada dia que passar sem uma decisão do governo de José Sócrates, temo que saiam milhões de euros -- reais e virtuais! -- do país. É preciso agir já!

Tal como fizeram os dinamarqueses,
  1. é fundamental decretar o mais rapidamente possível a garantia ilimitada dos depósitos em dinheiro existentes na contabilidade dos bancos portugueses, pelo período de um ano;
  2. e é mais fundamental ainda decretar ao mesmo tempo a interrupção da distribuição de dividendos especulativos (ou seja, a conversão dos títulos em dinheiro) e a proibição de auto-compra de acções por parte dos bancos.
Este assunto não pode ser silenciado pela imprensa económica, nem muito menos pelos média generalistas. Se Cavaco Silva continuar calado sobre esta questão decisiva, de que dependerá ou não o colapso do sistema financeiro português, e se o Governo continuar a promover alegremente o Magalhães e a inaugurar passeios pedonais, então terá que ser a blogosfera a lançar o grito de alarme, forçando o poder político a tomar uma decisão.

NOTAS
  1. Banco irlandês garantido pelo Estado aproveita para atrair depósitos

    Dublin, 3 out (EFE/ Globo).- O filho do diretor-executivo do Irish Nationwide, um dos seis bancos irlandeses garantidos pelo Governo de Dublin, utilizou o aval estatal para tentar fazer negócios com uma entidade de investimentos globais radicada em Londres, confirmaram hoje fontes oficiais.

    Michael Fingleton (filho) enviou vários e-mails a funcionários de uma firma da City londrina pedindo que depositassem grandes somas de dinheiro, antes inclusive que a nova lei de garantia fosse aprovada na quinta-feira pelo Parlamento irlandês, informou o escritório do regulador financeiro, que investiga o assunto.

    No e-mail, que circula pela internet, Fingleton - funcionário de uma filial do Irish Nationwide - afirmava que, graças ao apoio do Governo, sua entidade era agora "o lugar mais seguro para depositar dinheiro na Europa", com ofertas de depósitos com juros de 6,75% e 7%.

    ...A lei de garantia irlandesa, que permanecerá em vigor até a meia-noite de 28 de setembro de 2010, protege depósitos, bônus e certo tipo de dívida dos seis grandes bancos nacionais avaliados em mais de 400 bilhões de euros. EFE.

  2. Dinamarca garante depósitos bancários

    06-08-2008. (Jornal de Negócios) A Dinamarca vai garantir todos os depósitos bancários num acordo com as entidades de concessão de crédito comercial do país. Os bancos comerciais vão fornecer cerca de 35 mil milhões de coroas dinamarquesas (4,69 mil milhões de euros) nos próximos dois anos a um fundo para assegurar os depositantes em situação de perdas. ...

    Segundo avança a agência noticiosa, esta soma (4,63 mil milhões de euros) é equivalente a 2% do Produto Interno Bruto (PIB) do país. Com base neste acordo, os bancos não poderão pagar dividendos aos accionistas ou comprar acções próprias.

    No últimos mês, seis bancos regionais dinamarqueses colapsaram, foram comprados, ou colocados à venda. Segundo 39 dos 45 economistas consultados pela agência Bloomberg, mais bancos pequenos podem falir dentro de um ano.

  3. Governo espanhol aumentará 'imediatamente' fundo de garantia dos depósitos bancários

    06/10/2008 - 17:20; MADRID (AFP) - O governo espanhol aumentará "imediatamente" o fundo de garantia dos depósitos bancários, anunciaram fontes oficiais depois de uma reunião do presidente do governo, José Luis Rodríguez Zapatero, com dirigentes de bancos e caixas de poupança, mas não especificaram de que forma, nem em que quantidade.

    As contas bancárias na Espanha estão garantidas em até 20.000 euros por cliente. Zapatero conversou hoje com os presidentes dos bancos Santander, BBVA, Banco Popular e das caixas de poupança La Caixa, Caja Madrid e Unicaja.

    O governo espanhol, que defendia uma solução europeia para a crise financeira mundial que afectou várias entidades europeias nos últimos dias e criticava as soluções unilaterais decididas por Irlanda e Alemanha, avisou nesta segunda-feiras que por falta disso, adoptará medidas para garantir os depósitos na Espanha dos poupadores.

    A Alemanha, que se nega a ter que pagar pelos problemas dos bancos de outros países, impede que os europeus cheguem a um acordo a respeito.

    Até o momento, o sistema bancário espanhol não foi afectado pela onda de quebras em instituições bancárias nos Estados Unidos, Reino Unido, Benelux e Alemanha.

    Zapatero e os dirigentes dos bancos destacaram hoje "a fortaleza e solvência do sistema financeiro espanhol" e "a política de rigor mantida pelo Banco de España nas últimas décadas", segundo o comunicado.

    Copyright © 2008 AFP. Nenhuma das informações contidas neste servidor pode ser reproduzida, seja a que título for, sem o acordo prévio da Agence France-Presse.

  4. Portugal e Espanha exigem que resposta à crise seja decidida pela totalidade da UE

    06.10.2008, Isabel Arriaga e Cunha, Bruxelas (Público)

    Reuniões dos ministros das Finanças dos 15 países da zona euro e dos Vinte e Sete decorrem hoje e amanhã com o desafio de conseguir a unidade europeia que tem faltado

    Portugal e Espanha criticaram ontem de forma velada a cimeira de sábado passado limitada aos quatro maiores países da União Europeia (UE), defendendo que as decisões relevantes sobre a crise financeira deverão ser tomadas a 27 e no âmbito de uma resposta europeia.

  5. Galp cai 17,8 por cento e EDP 14,4 por cento
    Lisboa cai mais de oito por cento e liderava mais um dia negro para bolsas europeias

    06.10.2008 - 15h49, Por Eduardo Melo
    A quase uma hora do fecho da sessão, a Bolsa de Lisboa tomava a dianteira na Europa e afundava 8,54 por cento (PSI20), penalizado pelos seus principais títulos. Galp, EDP, e BPI desciam entre 12 e quase 18 por cento, contagiados pelo desempenho das congéneres europeias.

    O pânico parece ter-se instalado entre os investidores, que pressionavam o título da petrolífera para uns reduzidos 8,93 euros, fruto de uma descida de 17,8 por cento. A eléctrica baixava 14,4 por cento, para 2,31 euros, o BPI diminuía 12,4 por cento, para 1,84 euros e o BES quase dez por cento, para 7,95 euros.

    Para completar o trio das acções do sector da banca, o BCP acompanhava a tendência geral e recuava 8,2 por cento, para quase um euro (1,04 euros), demonstrando que o enfoque do movimento vendedor se concentra na área financeira, na Galp e na EDP.

    O comportamento da bolsa portuguesa excede o desempenho do resto da Europa, onde as quedas aproximavam-se dos sete por cento e evidenciavam grande volatilidade.

    A ausência de acordo na União Europeia para uma resposta conjunta à crise financeira no espaço europeu pode estar a minar os mercados bolsistas, que não encontram motivos para saudar a reunião de sábado dos quatro países mais ricos da UE: Alemanha, Reino Unido, França e Itália. E como parte desta crise é de confiança nas instituições, os líderes destes quatro países deram uma grande prova da falta de coordenação e preocupação conjunta para responder a problemas, que até há bem pouco tempo pareciam ser do seu total desconhecimento.

    Como ninguém ainda sabe a dimensão da crise financeira internacional e da sua repercussão na economia real, hoje parece ser o dia para os investidores demonstrarem a sua ansiedade nos mercados bolsistas, saindo das suas posições accionistas.

    Fora da Europa, o sentido é igualmente vendedor. Em Nova Iorque, o índice Dow Jones baixou dos 10 mil pontos, escorregando mais de três por cento (3,4 por cento) após algum tempo da abertura. É a primeira vez que se assiste a este nível de fraqueza, desde Outubro de 2004.

  6. Perdas anuais do PSI 20 já superam os 40%

  7. O dia em que nasceu o cisne negro

    por Nicolau Santos

    06-10-2008. (Expresso) As mensagens passadas são diferentes. Nos Estados Unidos, a análise tem sido casuística. Na Europa, a indicação clara é que os governos não deixarão cair as grandes instituições financeiras - e que os critérios de convergência serão flexibilizados face a esta situação de excepção.

    Em Portugal, o primeiro-ministro e o ministro das Finanças também fizeram questão de passar a mensagem de que o Estado não deixará que haja falências no sistema financeiro e que os depositantes e credores podem estar tranquilos. É fundamental que o recado seja interiorizado. Os bancos nacionais estão bem no que toca aos rácios de solvabilidade, mas uma eventual onda de pânico que leve a uma corrida aos depósitos de uma instituição vai atirá-la para uma situação de pré-falência, obrigando o Estado a intervir.

    É por isso incompreensível que, na mesma semana em que passaram esta mensagem, José Sócrates e Teixeira dos Santos tenham permitido que a CGD concretizasse a venda de duas participações que detinha na REN e na AdP, à Parpública, por €390 milhões.

    Bem pode o ministro clamar que tal estava há muito previsto. Se estava, não se percebe que tenha sido concretizada agora, no exacto momento em que há receios, em todo o mundo, quanto à solidez das instituições financeiras. Ainda por cima, nos últimos sete meses, o Estado procedeu, pela calada, a dois aumentos de capital na Caixa, um a 31 de Dezembro de 2007, de €150 milhões, e outro de €400 milhões no final de Julho.

    Ora de tudo isto o que resulta é a legítima dúvida de saber se os rácios de solvabilidade da Caixa não estariam debilitados 1) pelas participações que detém em diversas empresas que se desvalorizaram fortemente; 2) e por financiamentos que fez a diversas entidades para compra de acções contra garantias que estão hoje muito desvalorizadas.

    Em alternativa, fica a outra dúvida: e se este reforço dos rácios da Caixa é para prever a possibilidade de esta ter de ir em socorro de alguma instituição financeira que esteja à beira de enfrentar sérias dificuldades?

OAM 454 06-10-2008 18:17 (última actualização: 07-10-2008 00:24)

domingo, outubro 05, 2008

Crise Global 33

O colosso alemão pode quebrar! E a UE?

Alemanha garante depósitos bancários e tenta salvar gigante hipotecário

BERLIM, 05-10-2008 19:00 (AFP) — O governo da Alemanha anunciou neste domingo que garantirá os depósitos dos clientes particulares, enquanto luta para evitar a falência do gigante hipotecário Hypo Real Estate (HRE), pelas consequências que a quebra poderia ter sobre o conjunto da economia nacional.

Ao contrário do que afirmaram os optimistas profissionais e os políticos de serviço, o que aqui se estimou a propósito da contaminação inevitável do sistema financeiro europeu está a verificar-se mais depressa do que imaginámos. Numa só semana entraram em colapso, ou sério risco de colapsar, onze grandes entidades financeiras europeias:
  1. Allied Irish (Irlanda)
  2. Bank of Ireland (Irlanda)
  3. Anglo Irish Bank (Irlanda)
  4. Irish Life and Permanent (Irlanda),
  5. Irish Nationwide Building Society (Irlanda)
  6. Educational Building Society (Irlanda)
  7. Bradford & Bingley (Reino Unido)
  8. Fortis (Holanda)
  9. Dexia (Bélgica)
  10. Glitnir Bank hf (Islândia)
  11. Hypo Real Estate (Alemanha)
O risco de uma corrida às contas aumentou exponencialmente, não já entre os grandes e médios investidores, que há pelo menos um ano têm vindo a movimentar os seus activos para pastagens e ilhas mais seguras, mas agora entre os vulgares depositantes. Daí o pânico dos políticos, as reuniões de emergência do G4 (onde está a Europa?!), e o regresso ao nacionalismo político-financeiro.

Depois da dislexia revelada na abordagem das questões de política externa mais sensíveis -- Iraque, Kosovo, Irão, Geórgia, Tibete, Afeganistão, e desde ontem, a questão nuclear no Médio Oriente e a decisão americana de vender mísseis à Formosa --, assistimos agora ao regresso do intervencionismo dos Estados, e aqui contam, como se viu na convocatória do G4, os mais fortes. A Espanha, que hoje tem um PIB superior ao da Itália, é que não deve ter gostado nada da brincadeira. Eu não li a Jangada de Pedra, de José Saramago, mas adivinho que a viragem atlântica inaugurada por Aznar não pode se não fazer paulatinamente o seu caminho, com tudo o que tal implica relativamente ao posicionamento português.

Regressando aos bancos, deixo um alerta face às afirmações reiteradas de que não corremos nenhum risco, em Portugal, de ver bancos a cair. As afirmações políticas até agora difundidas são ambíguas e pouco credíveis, nomeadamente pela óbvia falta de transparência do sector bancário, e ainda pela passividade das entidades fiscalizadoras e reguladoras que temos. Para que as certezas difundidas fossem efectivamente credíveis, seria necessário que o governo português, à semelhança do que fizeram os governos irlandês, grego e alemão, afirmasse taxativamente que no caso improvável (dizem) da quebra de alguma entidades financeira sediada no nosso país, os clientes bancários teriam salvaguardados na íntegra os seus depósitos. E não apenas a garantia, por ora existente, de recuperar até 25 mil euros por cada conta!

Saiba-se que em caso de falência de um banco português, ou entidade similar, as contas conjuntas serão tratadas como contas singulares. Isto é, se eu tenho uma conta conjunta com a minha mulher, ou com a minha filha, por exemplo de 50 mil euros, e o meu banco falir (salvo seja!), eu e a minha mulher, ou eu e a minha filha, receberemos apenas 25 mil euros! Ou seja, a primeira medida de precaução a tomar, independentemente do que os políticos proclamam, é incrementar o número de contas, de preferência em bancos diferentes, com valores iguais ou inferiores a 25 mil euros. Quem tiver contas abaixo dos 25 mil euros estará, segundo a lei, automaticamente protegido. Mas estarão as autoridades portuguesas cientes do risco que correm?

Uma das consequências imediatas da aparente segurança do sector bancário português (1) tem sido a subida desigual do preço do dinheiro relativamente aos demais países da União. Para já, estamos a pagar mais do que boa parte dos parceiros europeus. E o spread, ou seja o esgarçar de pernas entre o custo do dinheiro para a banca portuguesa, que já sai mais caro do que aos demais bancos europeus, e o preço a que depois vende a quem dele precisa em Portugal (por exemplo, o Estado!), tende a ampliar. Dentro em breve teremos uma espargata nas taxas de juro entre os países da União, penalizando fortemente a dívida pública, a recessão e os crescimentos tíbios, e o grau de risco financeiro de cada país. Vai ser o diabo, sobretudo nos países cuja carga fiscal está já nos limites de tolerância, acima dos quais a explosão social se torna inevitável, assim como as apostas em alternativas populistas de esquerda e de direita.

Em Espanha, o valor de resgate em caso de falência é menor do que em Portugal: 20 mil euros. Em França. sobe para 70 mil euros. Na Irlanda, era de 100 mil euros até que o respectivo governo decidiu tomar conta das principais entidades financeiras do país, decretando que deixou de haver limites na reposição integral dos depósitos. Esta mesma decisão foi tomada pela Grécia, e este Domingo pelo governo alemão, ameaçado por uma corrida aos bancos na sequência do colapso anunciado do Hypo Real Estate.

É tempo de os cidadãos tomarem individualmente as medidas cautelares que se impõem em cada caso. Veja onde tem o dinheiro e acautele os seus depósitos. Não contraia mais dívidas! Faça um plano de emergência e reduza todos os gastos supérfluos. Faça um plano de poupança no gasto diário. Se puder, mude-se para uma casa mais pequena e próxima do trabalho, diminuindo drasticamente os encargos com hipotecas e transportes. Reveja com muito cuidado todos os investimentos, nomeadamente em seguros de saúde e PPRs! Se puder, compre algum ouro fino e guarde-o bem guardado. Se puder, compre terra fértil, de preferência com pelo menos 1 hectare de superfície e perto das grandes áreas metropolitanas e regiões de Lisboa e Porto (não se preocupe, de momento, com o saber agrícola, nem se meta a gastar dinheiro em cursos -- vá espreitando a Net, onde há muitas ideias interessantes sobre a chamada Permacultura.) Não venda terras! Reveja cada uma das decisões trimestralmente, tendo como cenário de fundo todo o ano de 2009. Prepare-se para mudanças bruscas.

Post scriptum -- A suspensão dos acordos de Maastricht e o fim do tecto dos 3% no endividamento dos governos da União traduz uma necessidade imperiosa -- sem esta medida os governos não poderão sequer pensar em travar a corrida iminente aos bancos em toda a Europa --, e um dilema: eliminando os constrangimentos orçamentais, abrir-se-à-se uma verdadeira Caixa de Pandora se ao mesmo tempo o BCE, pressionado por uma crise sem precedentes, desatar a imprimir notas de 500 euros, como os americanos vêm fazendo há anos com o dólar, para acudir à sede monetária dos governos sem fundos para acorrer às necessidade básicas do funcionamento dos aparelhos de Estado, sem fundos para garantir os depósitos e as pensões ameaçadas de evaporação nos bancos e instituições financeiras subitamente descapitalizadas por efeito do buraco negro dos Derivativos.

A situação é gravíssima!! Cavaco Silva terá que agir rapidamente, sob pena de a situação se descontrolar. Ao menor sinal de corrida aos bancos, o Presidente da República deverá convocar imediatamente o Conselho de Estado, formar um Gabinete de Crise com poderes excepcionais excepcionalmente sancionados pela Assembleia da República e antecipar a convocatória das próximas eleições legislativas. O PS e o PSD deverão estudar sem demoras a eventualidade de formarem uma aliança temporária de poder com incidências pós-eleitorais (porra! o que estou a escrever!!) A semana que hoje começa será decisiva para percebermos o que irá restar da União Europeia depois da actual mega-crise. Os Estados europeus vão ter que se safar por si nos tempos mais próximos.


NOTAS
  1. -- O economista Francisco Louçã afirma que Portugal teve maiores perdas nas bolsas do que a Lituânia e a Polónia, que os fundos de pensões dos BCP, BPI e BES terão perdido cerca de 1200 milhões de euros, que há riscos sérios nos PPRs e que duplicaram as taxas de juro da Euribor entre 2005 e 2008.

REFERÊNCIAS
  • Is there to be a run on the banks…..?

    Sunday 5th October, 2008 (Debtonation: The First World Debt Crisis)

    The decision tonight by Germany to guarantee 100% of all savings in German banks first flagged up by the BBC earlier this Sunday evening, but modified later, is a clear signal that there is panic afoot. A run on German banks must be imminent. Why? Because the only way to prevent a run on banks is to guarantee 100% of savings. The fact that Germany has done so, or hinted that she will do so, means that her government is taking urgent, unprecedented and unco-ordinated action, to prevent such a financial catastrophe occurring tomorrow morning. Others must now follow to prevent a systemic run on the global banking system. To avoid armageddon.

    ... According to reuters, the new “Business Secretary Peter Mandelson criticised unilateral moves by individual countries to guarantee deposits….He said “The danger of this crisis is it may spark a new wave of economic nationalism, with each country looking for a ‘get out of jail free’ card.”

    He is, as always, naively misguided. Economic nationalism was always going to be the ‘counter-movement’ - to quote Karl Polanyi - to the inevitable financial crises sparked by the recklessness of unfettered capital flows, unregulated credit creation, and then the hugely destructive de-leveraging of that debt. Economic nationalism is not the action of a selfish and greedy child. It is the rational reaction of a very frightened country, trying to protect itself from the forces of ‘globalisation’.

  • Hypo-Super-Crash Triggers Derivative Beast Feast

    05-10-2008 (Paradise of Life News) The entire G7 banking system is now collapsing rapidly in all places. Germany, for example, made the exact same mistakes the US and UK made. This is because all of the G7 nations followed the same goofy banking liberalization rules that removed all controls, limits and other restrictions. On top of this, the entire system was leveraged via the amazing, long 0% interest regime run by G7 buddy banking partner, Japan. The creation of derivative variations that exploited gaps and flaws in the trading/lending systems has not only not eliminated risk, it make risk 100% destructive. And worse of all, astute people studying this problem knew this would happen several years ago!

  • Layman's explanation of our situation:

    1. The current "Ponzi Pyramid of Death" monetary system is crumbling.

    2. Right now, virtually every single large bank, medium-sized bank, hedge fund, pension fund, mutual fund, money market fund, stock broker and insurance company has failed or is failing. All the phony paper they have been trading back and forth is virtually worthless.

    3. Somewhere between $10-$20 TRILLION (estimates are hard to make due to the opaque nature of the derivatives markets) in debt and derivatives "value" has been wiped off the books of the above-mentioned players.

    4. The players are failing left-and-tight. ALL of the biggest, oldest Wall Street banks, plus the largest insurance company plus the two largest mortgage companies (Fannie and Freddie), plus the entire money market, plus the largest S&L (WaMu) and the fouth-largest bank (Wachovia), all failed in the span of three weeks. The rest of the thousands of institutions worldwide are mortally wounded will be toppling over soon.

    5. Governments and central banks worldwide have already pumped approximately $5 trillion collectively to date to fight this systemic, sychronized, worldwide, complete, utter collapse. So far, their efforts have failed.

    6. At this point, the fight will continue to the death. During these next few weeks, months, and even years the "economic convulsions" between the "Ponzi Pyramid" debt collapse destruction-deflation and government and central bank reflation/monetization/nationalization efforts will rage, with the back-and-forth battles getting wilder and wilder, until:

    7. The entire world is plunged into final financial demise, with the people of all the nations suffering mightily. "Great Depression II" will ensue for the next five to ten years. -- in Prudent Bear.

  • Timeline of "Fannie/Freddie Big Bang" leading to worldwide, systemic financial collapse (Prudent Bear)

    In order to help put into context the rapidly-moving events surrounding this systemic worldwide financial collapse, below is a timeline of the "Fannie/Freddie Big Bang" that touched off the derivatives implosion, which is why so many instituions failed simultaneously, worldwide.

    To wit:

    Timeline of "Fannie/Freddie Big Bang" CDS implosion, leading to current total, systemic, global financial collapse:

    1. September 7th, 2008: Treasury takes over the failed Fannie and Freddie and FHLBs.

    2. September 7th, 2008: All counterparties to the multiple tens-of-trillions of fiatscos of CDS positions are instantly thrown into chaos since many of these OTC private contracts are poorly documented and the gamblers are poorly capitalized and unable to pay up on the bets. (Many players immediately start failing that very week).

    3. September 8th, ISDA issues an emergency press release confirming that there are huge (but undisclosed) amounts of CDS trades outstanding on Fannie/Freddie debt. ISDA urges emergency conference call with Federal Reserve New York in attendance be undertaken immediately. The call takes place that very morning.

    4. September 8th to present: The failed gamblers scramble to construct a list of the failed trades.

    5. September 16th: The Fed, feds, and ISDA step in and try one last ditch attempt to make a market in all the destroyed derivatives positions during the emergency "ISDA Sunday Swap Meet", which is a complete, abject, utter failure

    6. Immediately after this failed "Sunday Swap Meet", the following players instantly are ruined (but not all topple over immediately) :

    a. Lehman Brothers
    b. Merrill Lynch
    c. AIG
    d. Morgan Stanley
    e. Goldman Sachs
    f. (Update): WaMu topples less than three weeks later
    g. (Update): Wachovia bit the dust exactly three weeks later

    And the Grand Total of just the top financial institution failures so far:

    1. Fannie Mae failed ($2.5 tril.)

    2. Freddie Mac failed ($2.5 tril.)

    3. FHLB system failed ($1.3 tril)

    5. Merril failed ($800 billion tril)

    4. Lehman failed ($700 tril)

    5. AIG failed ($500 bil. in CDS)

    6. Goldman Sachs effectively failed ($2 tril)

    7. Morgan Stanley effectively failed ($1.5 tril)

    8. WaMu failed ($300 billion)

    9 Wachovia failed ($800 billion)

    Sub Total: Approximately $13.1 trillion

    (And now the simultaneous collapse of virtually ALL of Europe's biggest banks, followed by the unprecedented move to nationalize all the fallen financial freaks by the European governments. Please see:Grand Total ALL Reflation/Nationalization/Monetization Costs to Date,worldwide )

    Time-frame for this epic collapse of virtually every major financial institution in the U.S. AND now Europe:

    Less than four weeks,

    ...which clearly is a record.

    Update: ISDA is supposedly holding an auction next week so that all the gamblers who were destroyed in their CDS bets can settle up and a new round of bankruptcies can ensue...wait strike that. Treasury will just make them all whole.


    However, that's not all: also vaporized were virtually every:

    1. Hedge fund
    2. Pension fund
    3. Insurance fund
    4. Mutual fund
    5. Money Market funds, both in the U.S. and in all other major countries, worldwide.

    Sub Total: Who knows? Probably trillions more


    ALSO crushed, and even more dangerously so:

    1. Some percentage of the $62 trillion credit default swaps market

    2. Some percentage of the $650 trillion overall derivatives markets

    Sub Total: Who knows? I don't even want to guess anymore.


OAM 452 05-10-2008 21:48 (última actualização: 06-10-2008, 00:39)

sexta-feira, outubro 03, 2008

Crise Global 32

Casa roubada... trancas à porta. Tarde demais?
Do colapso americano, ao naufrágio da Europa. Pobre Portugal!


$700 billion is nothing
Voters are rightly furious at the proposal to spend $700,000,000,000 that the government doesn't have to bail out Wall Street bankers who created the current economic crisis in the first place...But there is much more to this crisis than what the controlled corporate media is telling you.


Se as obras de terraplanagem algum dia vierem a ter início, de uma coisa deveremos desde já estar seguros: o dito Aeroporto Internacional da Ota jamais será concluído. Muito antes das datas previstas nos cenários pró-Ota para a sua inauguração --2017-2018--, Portugal ver-se-à na contingência de ter que redesenhar dramaticamente as suas prioridades de desenvolvimento (ou melhor dito, de sobrevivência). A brutal crise energética chegará muito mais cedo do que se prevê. E antes dela, ainda na vigência do actual governo, chegará também um mais do que provável "crash" imobiliário. -- in O António Maria, 30-10-2005.

A força inimaginável de sucção do buraco negro dos Derivativos, de que o Subprime é apenas uma borbulha insignificante, atravessou o Atlântico há quase um ano, mas só agora começámos a sentir a sua descomunal força de destruição. Os primeiros sintomas europeus começaram com a falência e nacionalização do Northern Rock, no Reino Unido, contagiando depois as caixas de aforro estaduais e alguns bancos na Alemanha, a banca suíça e logo depois a francesa. Mais recentemente, foi a vez da Holanda, da Islândia e da Irlanda. No caso irlandês, que durante tantos anos foi a menina bonita do milagre neoliberal da União Europeia, o governo de Dublin foi obrigado a despender o equivalente ao PIB da Irlanda para segurar, de uma só vez, os seis principais bancos do país (1).

Entretanto, José Manuel Durão Barroso, presidente em exercício da Comissão Europeia, conhecido em Portugal por ter fugido a tempo, quando era primeiro ministro do país, da nossa descomunal dívida pública e privada, está a mostrar o que vale em Bruxelas. Nada!

A Europa dos procedimentos punitivos contra os sectores públicos estatais, contra o proteccionismo dos governos nacionais relativamente às suas companhias de bandeira (nomeadamente nos sectores energético, de transportes e de comunicações), contra o salvamento de empresas privadas em dificuldades, revela-se agora como uma barata tonta no meio de um naufrágio.

O senhor Trichet mantém as taxas de juro relativamente altas (com o que, aliás, concordo), para impedir o disparo da inflação. Mas esta nem assim abranda, e continuará a subir à medida que os efeitos da diarreia de liquidez inflacionaria injectada pelo BCE, pelo Banco de Inglaterra e por outros bancos nacionais, no sistema bancário e financeiro europeu, faz o seus efeitos.

Os bancos deixaram de emprestar entre si. Os bancos deixaram de emprestar às empresas. Os bancos muito menos emprestam ao cidadão comum (donde a natureza quase retórica da subida ou descida de 1 ou 2 pontos nas taxas de referência do BCE.)

Mas então de onde vêm e para onde vão os milhares de milhões de euros disponibilizados pelo BCE e demais bancos centrais às instituições privadas e públicas caídas em desgraça? Eu diria que vêm dos quase 500 milhões de cidadãos europeus comunitários, por via fiscal, por via da inflação e através de uma diminuição assinalável dos serviços sociais prestados pelos diversos Estados da União. E vão... em boa parte, para milhares de credores-especuladores que imediatamente desviam a liquidez aflorada, seja para a compra de activos menos voláteis (terra, ouro, petróleo, etc.), seja, sobretudo, para os vastos parques de estacionamento financeiro conhecidos por "paraísos fiscais" (2). Alguns destes refúgios piratas são propriedade privada da tia Isabel de Inglaterra, onde nada nem ninguém tem jurisdição para investigar ou prender seja quem for. Só mesmo a tiro é que lá podemos entrar sem ser convidados!

E em Portugal, como é?
Aqui as nuvens que se estão a formar no horizonte não poderiam ser mais negras. O Estado não tem recursos e está cravejado de dívidas. A TAP vai a caminho da falência e em breve não terá dinheiro para abastecer os seus aviões. Bancos como o BCP, o BPI e o BPN só não faliram ainda, ou porque foram temporariamente salvos pelo José Eduardo dos Santos, ou porque andam a esconder os números. Mas o caso mais grave é o da Caixa Geral dos Depósitos (3, 4, 5, 6, 7, 8).

Como em tempos sugeri, assim como o BCP, o BPI e o BES, entre outros bancos privados, estão entalados nos fundos de investimento "tóxico" em que se meteram, também a estatal Caixa Geral dos Depósitos andou a brincar com o mercado de derivativos, empacotando, vendendo e comprando inúmeros produtos especulativos. Chamar a estes produtos financeiros, "produtos tóxicos", como os jornalistas adoram, é uma maneira de os despersonalizar e dar a entender que talvez tenham chegado ao planeta Terra num disco voador. Não, estas invenções do neoliberalismo sofisticado, que no fundo traduzem uma criminosa fuga em frente do esgotado modelo capitalista baseado na energia barata, na exportação da capacidade produtiva para o "Terceiro Mundo", numa moeda imperial forte e no consumo, são efectivamente um catastrófico buraco negro de dívidas exponencialmente acumuladas!

O caso da Irlanda deve ter feito tocar todos os sinos e alarmes de São Bento!

É que não havendo BCE, nem obviamente Barroso, para salvar uma eventual queda precipitada do sector bancário nacional, arrastando consigo boa parte das grandes empresas do Bloco Central do Betão, vai ser o Estado a ter que desembrulhar-se de uma potencial calamidade económico-financeira e social sem precedentes.

Pelo modo como vimos o Santander engolir o banco hipotecário britânico Bradford & Bingley, pagando apenas um trinta avos do seu valor (670 milhões por uma empresa avaliada em 20 mil milhões Libras), podemos começar a calcular quanto poderá vir a custar aos espanhóis, angolanos e venezuelanos, o sector bancário português! Não vejo como poderá o Banco de Portugal, ainda por cima dirigido por um invertebrado obscenamente pago, salvar o sector financeiro nacional em caso de este vir a sofrer um "acidente" como o que vitimou o sistema bancário irlandês. Não é por acaso que ontem mesmo o Conselho de Ministros redigiu uma série de medidas, desesperadas e fora de horas, para melhor fiscalizar e controlar a banca sediada em Portugal. Nem é por acaso que a gritaria em volta da vendas de acções da Compal, detidas pelas CGD, ao grupo Sumolis, ocorre neste preciso momento. Os sinais não poderiam merecer maior preocupação!

Creio que chegou a hora de Cavaco Silva se preparar para o pior.


NOTAS
  1. Mais que fait donc Bruxelles ?

    2 oct, 2008 (Courrier International.) La lenteur des réactions des commissaires européens et du président Barroso paraît surréaliste. Faute d'instances adéquates, l'UE assiste, hébétée, à la restructuration anarchique du marché bancaire européen.

  2. Sobre este parágrafo foram colocadas algumas perguntas pertinentes, cuja resposta (enfim, dentro das limitações de um observador não profissional) aproveito para inserir no corpo de notas deste post.

    Leitor (L): O dinheiro do BCE sai de onde, uma vez que o banco central da Europa não lança impostos?

    OAM: Os bancos não lançam nem cobram impostos, mas sim comissões e juros, ou seja, cobram um determinado preço pelo dinheiro que emprestam. No caso do BCE, fazem-no indirectamente ao determinar taxas de juro de referência, que aplicam na colocação de liquidez no mercado, e que os demais bancos europeus depois tomam como ponto de partida para a definição das taxas de juro interbancárias e para o estabelecimento dos seus "spreads" ao revenderem o dinheiro a quem precisa. Por exemplo, o Euro começa a custar mais caro aos portugueses do que aos franceses, ou holandeses, por via da diferenciação dos "spreads" interbancários.

    No entanto, se o aumento da massa monetária não for suficiente para as operações correntes de compra e venda de bens e serviços, nomeadamente porque a liquidez se escoa misteriosamente por um ralo chamado "paraísos fiscais", ou por um buraco negro chamado "derivativos", e portanto o dinheiro continua a escassear e a ser cada vez mais caro (juros e "spreads" ocultos), teremos inflação. Tudo o que compramos torna-se assim mais caro, incluindo os impostos aplicados aos bens e serviços, e ainda as taxas e impostos lançados pelas administrações públicas dos Estados, na medida em que a seca monetária obriga a uma punção fiscal directa e imediata sobre os contribuintes para satisfazer os serviços básicos a que estão politicamente obrigados. Quanto mais liquidez for introduzida em circulação, sobretudo em economias em fase de crescimento lento ou recessão, mais acentuada será a espiral inflacionista, menos valor terá o dinheiro, e mais impostos directos e indirectos serão extraídos aos contribuintes para assegurar o funcionamento regular das instituições.

    L: Os Euros saem da tipografia, não é? Basta que Trichet mande ligar as rotativas. Ou será mais do que isto?

    OAM: O mecanismo é efectivamente este. Mas quando se põem as tipografias a imprimir sem a menor correspondência com a riqueza criada, a consequência imediata é a desvalorização do dinheiro. Foi o que sucedeu nestas duas últimas semanas ao Euro, que sofreu precisamente uma brutal desvalorização em relação US Dólar, depois de uma destruição real de valor. Por exemplo, as poupanças que se esfumaram no decorrer do colapso em curso de muitos fundos de investimento e de poupança, não podem ser artificialmente recuperados, sob pena de uma desvalorização abrupta da moeda e do disparar da inflação. A tentação de substituir a destruição da liquidez real ou aparente por uma liquidez burocrática gera monstros. Foi assim em Weimar, ou mais recentemente no Zimbabué. E poderá ainda ser assim nos Estados Unidos, ou mesmo na Europa, se os bancos centrais dos vários países ocidentais se transformarem num Jogo do Monopólio!

    L: Uma vez que o BCE empresta apenas aos bancos, e não às pessoas, empresas, etc., e ainda por cima a prazos muito curtos, como é possível que tais operações permitam o desvio da liquidez assim gerada para a compra de terra, ouro e petróleo?

    OAM: Quem tem investimento preso nos bancos e nas sociedades financeiras quer reaver o "cash" dessas aplicações, não já com a melhor rentabilidade possível, mas o mais depressa possível. Quando consegue -- o que implica não estar demasiado longe da caixa de pagamentos --, a liquidez recuperada vai ter que estacionar durante algum tempo num lugar fresco e seguro. A terra, sobretudo cultivada e/ou arborizada, o ouro, algumas obras de arte, e ainda os nichos da indústria imobiliária -- terrenos bem situados, imobiliário de luxo, etc.--, e, claro está, os paraísos fiscais, são as garagens ideais da liquidez arrancada a ferros, ou aos berros, das entidades financeiras à beira do abismo. É por isso que, na minha opinião, a falta de liquidez actual resulta de facto duma "corrida aos bancos" estar a decorrer desde o Verão de 2007, não por parte do Zé Povinho (que em geral está falido e vive acima das suas possibilidades), mas antes por parte dos médios e grandes investidores e especuladores. É precisamente porque o dinheiro resgatado não reentra nos universos financeiros especulativos que desabam, e só em parte na economia real, que a liquidez criada pelos bancos centrais se evapora tão depressa. As impressoras de notas não cessam de criar dinheiro a partir do zero, na tentativa de manter a liquidez nos mercados, mas a hemorragia de capital em direcção ao buraco negro dos derivativos, supera a nossa imaginação. Os EUA e a Europa correm sérios riscos de ver soçobrar todo um sistema de regras financeiras.

    L: Mas não são estas injecções dos moeda por parte dos bancos centrais, necessárias para sustentar as retiradas de fundos pelos titulares de contas bancárias, títulos, acções e obrigações, mantendo ao mesmo tempo o funcionamento normal da economia?

    OAM: Esta hipótese seria correcta se a liquidez virtual do sistema financeiro não tivesse eclipsado a liquidez real. O valor "nocional" do buraco negro dos derivativos, responsável pelo incontrolável desvio da liquidez mundial para o nada, equivale a 22,8 vezes o valor do PIB mundial! Ou seja, com tamanho atractor da massa monetária disponível, é impossível alimentar a ilusão de que estamos simplesmente em presença de uma tempestade conjuntural que irá acalmar. Não, as placas norte-americana e europeia do Capitalismo estão a afundar-se. Para impedir este desastre, vai ser preciso fazer muito mais do que os fracos neurónios da actual classe política ocidental são capazes de alcançar.

  3. Comunicado do Conselho de Ministros de 2 de Outubro de 2008
    2008-10-02

    1. Proposta de Lei que revê o regime sancionatório no sector financeiro em matéria criminal e contra-ordenacional

    Esta Proposta de Lei, a submeter à Assembleia da República, vem, por um lado, estabelecer o regime de aprovação e divulgação da política de remuneração dos membros dos órgãos de administração das entidades de interesse público e, por outro lado, proceder à revisão do regime sancionatório para o sector financeiro em matéria criminal e contra-ordenacional, visando a actualização das molduras penais e dos montantes das coimas, que permanecem inalterados desde a década de 90.

    Em matéria remuneratória, introduz-se a obrigatoriedade de submeter à aprovação da Assembleia Geral uma declaração sobre a política de remuneração dos membros dos órgãos de administração e fiscalização, nomeadamente das sociedades abertas, emitentes e instituições financeiras e de divulgação, nos documentos de prestação de contas, da política de remuneração desses membros e do montante anual da remuneração auferida, de forma agregada ou individual.

    A declaração sobre política de remuneração contém, designadamente, informação sobre os critérios de definição da componente variável da remuneração, a existência de planos de atribuição de acções, a possibilidade do pagamento da componente variável da remuneração ter lugar, no todo ou em parte, após o apuramento das contas de exercício correspondentes a todo o mandato e a existência de mecanismos de limitação da remuneração variável no caso de os resultados evidenciarem uma deterioração relevante do desempenho da empresa no último exercício apurado ou esta seja expectável no exercício em curso.

    No que respeita ao regime sancionatório, pretende-se adaptar as molduras das penas e os montantes das coimas à dimensão e características do sector financeiro na actualidade, reforçar o efeito de punição e de dissuasão associado ao regime sancionatório, bem como promover o alinhamento das molduras das coimas e das ferramentas processuais nos três sectores financeiros.

    Em particular em matéria penal, a moldura das penas é elevada de três para cinco anos. São, igualmente, elevados os limites das coimas até ao montante máximo de 5 000 000 de euros, aplicáveis às condutas especialmente graves, prevendo-se o agravamento da coima máxima aplicável quando o dobro do benefício económico exceder aquele montante, sem prejuízo da perda do próprio benefício económico. Pretende-se, assim, punir de forma agravada os casos em que a violação do dever deu origem a uma vantagem financeira de valor particularmente elevado, através do ajustamento da medida da coima até ao dobro do benefício económico.

    Simultaneamente, introduz-se a figura do processo sumaríssimo no sector bancário e no sector segurador, ressegurador e de fundos de pensões, aproveitando a experiência colhida do recurso a este mecanismo processual no sector dos valores mobiliários. Deste modo, agiliza-se intervenção sancionatória das entidades de supervisão num número apreciável de ilícitos de menor gravidade, com vantagens do ponto de vista de eficiência processual e sem prejuízo da eficácia dissuasora das sanções. Procede-se igualmente à extensão do regime da publicidade das decisões condenatórias em processo contra-ordenacional, à área bancária e dos seguros, resseguros e fundos de pensões.

    Por último, consagra-se o agravamento da natureza das contra-ordenações associadas à violação de deveres de informação e de constituição ou contribuição para fundos de garantia obrigatórios.

    2. Decreto-Lei que aprova medidas de reforço dos deveres de informação e transparência no âmbito da actividade financeira e dos poderes de coordenação do Conselho Nacional de Supervisores Financeiros

    Este Decreto-Lei, hoje aprovado na generalidade para consulta ao Conselho Nacional de Consumo, vem aprovar um conjunto de medidas de reforço da estabilidade financeira, que têm vindo a ser preparadas em articulação estreita com o Conselho Nacional de Supervisores Financeiros. Estas medidas reforçam a eficácia do quadro legal, desincentivando práticas menos transparentes e lesivas dos mercados, bem como, agilizando procedimentos que permitam prevenir a ocorrência de situações como as que se verificam hoje nos mercados internacionais.

    O reforço dos deveres de informação e transparência prevê:

    a) Ao nível da informação que as instituições financeiras são obrigadas a prestar regularmente às autoridades de supervisão (nível de exposição e controlo de riscos, avaliação de activos, nomeadamente dos transaccionados em mercados pouco líquidos e transparentes).

    b) Aos clientes sobre produtos financeiros complexos ficando ainda a sua publicidade sujeita à aprovação da entidade de supervisão competente;

    c) Estabelecendo-se a obrigação de comunicação às autoridades de supervisão das participações e interesses detidos ou geridos por instituições financeiras e sociedades abertas em sociedades com sede em Estado que não seja membro da União Europeia;

    d) Imposição de regras sobre política de remuneração dos membros dos órgãos de administração e fiscalização, prevendo-se a obrigatoriedade de submeter à aprovação da Assembleia Geral de uma declaração sobre política de remuneração e de divulgação dessa política e do montante anual da remuneração auferida.

    A revisão do regime sancionatório quer em matéria criminal quer em matéria contra-ordenacional, cuja moldura permanece inalterada desde a década de 90, procede:

    a) À actualização das molduras penais, que são elevadas de 3 para 5 anos, e dos montantes das coimas, que são elevados até ao montante máximo de 5 000 000 de euros;

    b) Ao agravamento da coima máxima aplicável quando o dobro do benefício económico exceder aquele montante de modo a punir de forma agravada os casos em que a violação do dever deu origem a uma vantagem financeira;

    c) Ao agravamento da natureza das contra-ordenações associadas à violação de deveres de informação e de constituição ou contribuição para fundos de garantia obrigatórios, que passam de graves a muito graves;

    d) À introdução da figura do processo sumaríssimo no sector bancário e no sector segurador;

    e) À extensão do regime da publicidade das decisões condenatórias em processo contra-ordenacional, à área bancária e dos seguros.

    O reforço do exercício concertado dos supervisores que, apesar de na prática ter vindo a permitir uma articulação eficaz na prossecução dos objectivos de estabilidade financeira, necessita ser sistematizado em diploma legal.

    Assim, procede-se ao reforço das competências do Conselho Nacional de Supervisores Financeiros no âmbito da coordenação de actuações conjuntas das autoridades de supervisão, bem como, à sistematização dos mecanismos de troca de informação entre supervisores e entre estes e o Ministério das Finanças, sempre que se trate de informação relevante em matéria de estabilidade financeira.

    Alteração ao regime da titularização de créditos, com o objectivo de adequar a legislação, nesta matéria, às recentes alterações legislativas no plano da eliminação dos obstáculos à renegociação das condições do crédito.

    Versão integral do comunicado
    .

  4. “CGD não tem bolsos tão fundos como parece”
    Mira Amaral defende que banco está a sofrer por ser instrumento do Estado nas participações.

    2008-10-03 00:05 (Diário Económico.) As várias injecções de capital feitas pelo Estado na CGD recentemente “são o reflexo da política definida pelos vários governos de utilizar o banco público como seu instrumento de investimento”. Para Luís Mira Amaral “esta crise veio mostrar que a Caixa não tem bolsos tão fundos como parece”.

    Em declarações ao Diário Económico, o antigo presidente da CGD explica que o banco estatal está a sofrer o impacto no seu capital da desvalorização bolsista da sua carteira de participações, como consequência de uma política de investimento definida pelo Governo e não pelos gestores da instituição.

    “Já no meu tempo era assim. A Caixa é utilizada para parquear participações que o Estado decidiu ter em empresas”, diz Mira Amaral.

    Desde Dezembro do ano passado, o Estado já injectou 550 milhões via aumentos de capital, a que se juntaram agora os cerca de 390 milhões de euros de encaixe com a alienação à Parpública de 15% da REN e 15% da Águas de Portugal (AdP). No total foram injectados, em menos de um ano, perto de 950 milhões de euros pelo Estado na Caixa.

    Mira Amaral defende, por outro lado, que o que estes reforços de capital pelo accionista Estado demonstram é que são os contribuintes que estão a suportar as perdas em menos-valias potenciais registadas nas participações accionistas da CGD.

    ... Carteira de participações difícil de gerir
    A CGD tem, de entre os bancos nacionais, a maior carteira de participações em grandes empresas nacionais do mercado. Entre elas está, para além da AdP e REN, a presença no capital do BCP, da Zon, da Galp e da Portugal Telecom.

    Só até ao final de Agosto, a Caixa teria, acumulados, 624,6 milhões de euros de menos-valias potenciais com a sua carteira de participações. A desvalorização dos títulos tem afectado sobretudo as posições na PT e no BCP, que ascendiam então a 149,9 e 242,7 milhões de euros, respectivamente.

    Os “cenários de incerteza e de abrandamento das economias previsíveis até final do ano, poderão aprofundar a desvalorização dos títulos e obrigar a CGD a constituir novas imparidades para as participações financeiras”, reconheceu o banco estatal no seu relatório do primeiro semestre. -- Maria Ana Barroso, Diário Económico.

  5. Redução da exposição da CGD à REN e AdP liberta capital

    03-10-2008 (Jornal de Negócios.) A troca de 15% da REN e da AdP por 390 milhões de euros aliviou os rácios de capital da CGD. O banco não divulga o impacto da operação na sua solvabilidade, reafirmando que se "integra na reorganização das participações empresariais do Estado".

    A redução da exposição da Caixa Geral de Depósitos à REN e à Águas de Portugal (AdP), através da venda de 15% de cada uma das empresas à Parpública, permite libertar capital e aliviar os rácios de solvabilidade da instituição. Isto porque, do ponto de vista prudencial, o banco público vendeu activos que têm mais risco e, em troca, recebeu dinheiro.

  6. Ministro esclarece compra de acções à CGD

    02-10-2008 19:05 (Rádio Renascença.) Teixeira dos Santos diz que não tem nada a ver com a crise financeira a compra de acções por parte do Estado à Caixa Geral de Depósitos.

    Na prática, o Governo injecta 390 milhões de euros no banco estatal, valor que a Parpublica paga pelas acções que a Caixa detém na Águas de Portugal e também na Rede Eléctrica Nacional.

  7. Câmara exige da CGD que respeite contrato
    2008-10-01 (Jornal de Notícias.)

    A Câmara de Aveiro não aceita a alteração do "spread" do empréstimo de 58 milhões de euros, que contratou, em No-vembro, com a Caixa Geral de Depósitos. A Administração da CGD não comenta.

    A autarquia exige o cumprimento do que está contratado e, ontem, decidiu publicar o contrato na página de internet do Município, colocando, assim, a pressão sobre a CGD. "O contrato está assinado, não há como (a CGD) não o cumprir", diz o presidente da Câmara, Élio Maia (PSD/CDS-PP), sublinhando que "a Caixa, como entidade cem por cento detida pelo Estado, tem a obrigação crescida de respeitar os compromissos que assume".

    O empréstimo de 58 milhões de euros, visado em fins de Julho pelo Tribunal de Contas, voltou a dominar a discussão na Assembleia Municipal de anteontem. Instado pelas diversas bancadas, Élio Maia acusou a CGD de estar a querer impor condições que não no contrato, depois do Tribunal de Contas ter aprovado o plano de reequilibro financeiro, que integra o empréstimo.

    O autarca falou numa comissão, mas o que a CGD transmitiu verbalmente, à autarquia, foi a actualização do "spread" fixado contratualmente, de 0,14 por cento para 0,25 por cento, atendendo à conjuntura económica actual.

  8. Sumolis compra 29,9% da Compal à CGD por 42 milhões
    2008/09/26 17:13 Redacção / MD Agência Financeira.)

    A Sumolis já concluiu a compra de uma participação de 29,9 por cento do capital da Compal à Caixa-Geral de Depósitos (CGD) por 42,4 milhões de euros.

OAM 451 03-10-2008 16:44

terça-feira, setembro 30, 2008

Crise Global 29

Colapso da América X

... e os europeus que se cuidem!


"Información, experiencia y razón se ponen de manifiesto en tu blog que ya auguraba el crak que se habla hoy. Los políticos deberían tener más gente creativa como asesores ya que la intuición basada en la experiencia no es irracional. Yo, gracias a tus sugerencias desde Alcácer moví todos mis ahorros y me he salvado de una buena...hasta el momento. Toco madera! Te agradezco haberlo compartido en tu blog." -- e-mail dirigido hoje ao António Maria*.

O BCE, o Banco de Inglaterra e o Banco do Japão emprestaram 620 mil milhões de US dólares à Reserva Federal, no preciso em que o Congresso impediu o Tesouro Americano de fazer uma transfusão ilegal de riqueza nacional para os bolsos ávidos dos grandes especuladores, tolhidos e aflitos à sombra da Goldman Sachs, do Morgan Stanley e do JP Morgan. Se esta duplicação dos derivativos cambiais do FED, a que se dá o nome de SWAPS, não tivesse sido preparada em Londres, para a eventualidade de a burla de 700 mil milhões de US dólares, orquestrada por Henry Paulson, não passar, e não fosse concretizada imediatamente após conhecida a votação do Congresso, o que teria sucedido? Bom, a moeda americana estaria hoje, terça feira, 30 de Outubro de 2008, a caminho do Zimbabué!

Mas com o auxílio maciço à moeda americana ontem verificado, que sucede às economias japonesa e europeia? É simples de ver: o Japão continua a escravizar a sua população trabalhadora, arriscando-se a ter uma revolução sem precedentes no seu território. E a Europa, por sua vez, onde os cidadãos e empresas produtivas estão a pagar o regabofe de Wall Street, com a subida imparável dos spreads bancários, dos juros e da inflação (1), não tardará a dar uma resposta social violenta.

A sincronização da informação, da análise crítica e dos planos de acção de contingência por parte da cidadania democrática activa, tem vindo a engrossar. Os burocratas e corruptos de Bruxelas e dos vários governos europeus que se preparem! A subida das direitas populistas ao poder -- na Áustria, Suíça, Suécia, Holanda, Itália e França -- desenham-se claramente no horizonte. São uma alternativa real, embora indesejável para o meu gosto. Falta saber se os democratas e libertários intransigentes serão capazes de estimular a tempo uma resposta coordenada à escala europeia capaz de travar simultaneamente os populismos de direita e de esquerda (do género protagonizado pelos casamentos contra-natura entre trotskystas pueris e maoístas quadrados que entre nós deram origem ao Bloco de Esquerda), derrotando ainda a grande nomenclatura europeia da corrupção, que sob designações pervertidas diversas ("socialistas", "sociais-democratas", "liberais") está a conduzir o velho continente para uma nova e perigosa encruzilhada (2).

Basicamente o que sucedeu foi isto: japoneses e europeus aflitos emprestaram à falida América uma quantia muito próxima dos mágicos 700 mil milhões de US dólares que Paulson quer roubar aos seus concidadãos. Esta montanha mágica de dinheiro é idêntica ao défice comercial americano, e corresponde sensivelmente ao orçamento anual do Pentágono! Ou seja, europeus e japoneses emprestaram liquidez ao governo americano para que este possa injectar liquidez nos mercados mundiais, alimentado desta forma frágil a esperança de que os EEUU continuem a consumir produtos japoneses (nomeadamente automóveis e empréstimos sem juros!), europeus e chineses. Os árabes do Dubai é que já não estão pelos ajustes e anunciaram que, depois de perderem 270 milhões de US dólares a tentar salvar o Citigroup Inc. e a Merrill Lynch & Co., vão passar a aplicar os seus vastos fundos soberanos (200 mil milhões de US dólares em activos) noutras pastagens. A liquidez mundial está a mudar de direcção. O ciclo das economias especulativas e de consumo acabou. Outro se seguirá, bem mais perto do velho paradigma da formiga diligente e trabalhadora, do que do da cigarra da Broadway. Entretanto, Europeus: ponham as vossas economias a salvo. Não confiem nem nos governos, nem nos pequenos partidos populistas, nem nos banqueiros. Confiem na vossa intuição! Preparem-se para o pior! Pois só assim sobreviverão ao colapso do grande casino da globalização dita "liberal".


* -- O que escrevo neste blogue, com a alimentação saudável, informada e crítica de muitos amigos e feeders institucionais, é a principal causa dos acertos até agora verificados com antecedência suficiente para permitir acautelar o pior. No entanto, o aviso aqui fica: não sou responsável pelas decisões dos meus leitores! Eles devem sempre comparar dados e opiniões antes de agir. Uma coisa é, porém, certa: sem uma leitura das estruturas invisíveis da realidade é virtualmente impossível traduzir as cortinas de calão e de contra-informação que diariamente políticos, especuladores e média nos servem à mesa do jantar.


NOTAS
  1. BCE injecta mais 190 mil milhões de euros no mercado financeiro!
    Mais de 400 bancos recorrem ao BCE em busca de financiamento

    30-09-2008 (Jornal de Negócios) Um total de 419 instituições financeiras da Europa recorreu hoje ao Banco Central Europeu (BCE) em busca de financiamento, numa altura em que o mercado de crédito está congelado. A instituição presidida por Jean-Claude Trichet cedeu 190 mil milhões de euros.

    Do total de 228 mil milhões de euros solicitados ao BCE, a autoridade monetária da Zona Euro entregou 190 mil milhões, em empréstimos de sete dias, aos 419 bancos que apresentaram propostas no leilão de hoje. Cerca de 15% dos empréstimos foram concedidos à taxa marginal de 4,65%. Em média, os bancos estão a pagar 4,96%.


    Novo recorde na Euribor

    30-09-2008 (SIC). A taxa Euribor está imparável e voltou hoje a bater recordes, por causa da crise no mercado financeiro.

    A Euribor a seis meses, a mais usada no crédito à habitação, subiu para os 5,38%, o valor mais elevado de sempre.

    A taxa a três meses cresceu para os 5,28%, o que também corresponde ao valor mais alto.

    A Euribor a 12 meses está perto dos 5,5%.

    Comentário: Enquanto os bancos obtêm rios de empréstimos a taxas de juro favoráveis, para se salvarem das consequências ruinosas da sua própria praxis, o cidadão comum vê subir o custo do dinheiro que os mesmos bancos tanto insistiram e insistem em emprestar. Temos que observar atentamente esta dualidade de critérios e agir!

  2. Sócrates assegura que famílias portuguesas com poupanças podem estar tranquilas

    30.09.2008 - 15h40 Lusa/ Público. O primeiro-ministro, José Sócrates, afirmou hoje que as famílias portuguesas com poupanças podem estar tranquilas apesar do actual quadro de crise – cuja responsabilidade atribui a Washington – e elogiou a capacidade de resistência das instituições financeiras nacionais.

    ... Em contraste com as críticas que fez às autoridades de Washington, Sócrates defendeu que "os governos europeus mostraram já uma determinação total para dar confiança aos seus cidadãos". "As poupanças dos europeus estão garantidas. É por isso essencial que os Estados Unidos aprovem rapidamente uma solução para acabar com uma desconfiança que mina a confiança no sistema financeiro internacional", reforçou.

    No actual quadro de crise, Sócrates advogou que "a Europa já pagou um preço".
    "Há um ano que estamos a pagar esse preço, com restrições no crédito e com o crédito mais caro. É altura para os Estados Unidos intervirem", acrescentou. Numa mensagem ideológica, o chefe do Governo português sustentou que a presente crise "também demonstrou que o sistema europeu de regulação dá mais garantias" do que "os comportamentos pouco prudentes" dos Estados Unidos.

    Comentário: parece que a missão dos políticos e financeiros é evitar o alarme público. No caso dos políticos, banqueiros e economistas lusitanos, este princípio é seguido com extremo zelo. Tudo vai bem no Reino da Dinamarca! Ou seja, Portugueses: não se preocupem. O governo e as autoridades de supervisão estão atentas e protegem o vosso dinheiro! Estão? Protegem? Pois duvido muito! Se tudo vai bem por que sobem as prestações das hipotecas e dos empréstimos? Se tudo vai bem, porque andam os bancos europeus a correr para o BCE, como doidos? Pois eu acho que a corrida aos bancos já começou e está a acelerar! É por isso, e também porque os chineses e os árabes deixaram de emprestar, que o deserto tem vindo a invadir e a secar as reservas monetárias americanas e europeias. Até quando vai o BCE injectar liquidez nos mercados? Alguém se deu já ao trabalho de perguntar quantos euros sobram no mealheiro do BCE? O dólar pode vir a desaparecer de um dia para o outro, antes de 2017. E o euro?

REFERÊNCIAS

Fed Pumps Further $630 Billion Into Financial System

Sept. 29 (Bloomberg) -- The Federal Reserve will pump an additional $630 billion into the global financial system, flooding banks with cash to alleviate the worst banking crisis since the Great Depression.

The Fed increased its existing currency swaps with foreign central banks by $330 billion to $620 billion to make more dollars available worldwide. The Term Auction Facility, the Fed's emergency loan program, will expand by $300 billion to $450 billion. The European Central Bank, the Bank of England and the Bank of Japan are among the participating authorities.

Mystery Of $600 Billion In London Solved!

By Elaine Meinel Supkis (Culture of Life News)

All the reserves of the Federal Reserve are now gone. The ONLY way the Fed can flood the world with dollars is to beg all the other banks to give us dollars for us to give them. Got that? HAHAHA.

... Lord only knows what the Dragon of China is doing with its vast, huge dollar reserves! This $630 billion infusion is one third the size of China's FOREX dollar reserves. Recently, I sat down and calculated Europe's dollar reserves and it was over $600 billion by about $50 billion. So I am also assuming this injection was actually Europe letting the Federal Reserve 'borrow' their dollar reserves!

Financial Fears Mount as Congress Heads for Holiday

By Marc Pitzke in New York

09/30/2008 (Spiegel Online). One day after the House of Representatives shot down the $700 billion bailout package for Wall Street, many fear that the markets will plunge further. Political leadership, though, will have to wait -- until after a two-day holiday.

Governos injectam 6,4 mil milhões de euros no banco franco-belga Dexia
30.09.2008 - 09h47 (AFP, Lusa/ Público)

O primeiro-ministro belga Yves Leterme anunciou hoje um acordo entre os governos belga, francês e luxemburguês para injectar 6,4 mil milhões de euros no banco franco-belga Dexia.

Wall St. Mess Stems Flow Of Petrodollars Into U.S.

DUBAI (Nikkei)--The recent Wall Street crisis appears to have prompted Middle Eastern sovereign wealth funds to rethink their strategy of placing large portions of their petrodollars in U.S. stocks.

Bader Al-Sa'ad, managing director of the Kuwait Investment authority, said Tuesday it is the responsibility of each country's central bank to rescue financial institutions, stressing that the KIA has no intention of helping U.S. banks.

He also said he thinks the crisis in the U.S., Europe and Asia will create investment opportunities in various areas, such as the real estate and financial sectors, indicating that the KIA will review its portfolio.

One of the largest SWFs in the world, the KIA has more than 200 billion dollars in assets and invested a total of more than 5 billion dollars earlier this year in Citigroup Inc. and Merrill Lynch & Co. But those equities lost their value sharply due to the renewed financial turmoil. Al-Sa'ad said the KIA suffered a loss of 270 million dollars on its investment in Citigroup.

Congratulations, Corporate Crime Fighters! Coup Averted for Three Days! ...from Michael Moore

Tuesday, September 30th, 2008. Everyone said the bill would pass. The masters of the universe were already making celebratory dinner reservations at Manhattan's finest restaurants. Personal shoppers in Dallas and Atlanta were dispatched to do the early Christmas gifting. Mad Men of Chicago and Miami were popping corks and toasting each other long before the morning latte run.

But what they didn't know was that hundreds of thousands of Americans woke up yesterday morning and decided it was time for revolt. The politicians never saw it coming. Millions of phone calls and emails hit Congress so hard it was as if Marshall Dillon, Elliot Ness and Dog the Bounty Hunter had descended on D.C. to stop the looting and arrest the thieves.

The Corporate Crime of the Century was halted by a vote of 228 to 205. It was rare and historic; no one could remember a time when a bill supported by the president and the leadership of both parties went down in defeat. That just never happens.

A lot of people are wondering why the right wing of the Republican Party joined with the left wing of the Democratic Party in voting down the thievery. Forty percent of Democrats and two-thirds of Republicans voted against the bill. -- Michael Moore.

Why the bail-out would not work… on BBC News Online
By Ann Pettifor

Monday, 29 September, 2008 (Debtonation). Is Warren Buffett right? If this bail-out had been passed by congress, would it have halted the meltdown?

I don’t believe so. Here’s why…

First, this is a bail-out of a small number of shareholders and creditors with stakes in Wall Street financial institutions - people like investment guru Warren Buffett - and potentially some foreign banks.
...

Second, Second, the Fed, as with other central banks, effectively gave up its powers to control the rate of interest across the board, for safe and risky, and short and long-term loans. Instead interest rates - the price of credit - were effectively privatised.
...

Third, all that ‘easy money’ or credit acted like a giant pump, and inflated the price of assets e.g. property. The rich on the whole own assets, and could use their assets to borrow even more ‘easy money’, flip condos, move up the property market, buy stocks, race horses, works of art etc.

So asset prices rose higher, and higher. This helps explains why the rich became richer and the poor, poorer.
...

What would it take to fix the system. A bail-out of banks?
No, what is required is an overhaul of the whole economic system; a system-wide fix.

* That means, first, dumping the orthodox free-market zealots responsible for the policies that got us into this mess. (...)

* Second, it will be vital to restore to the Federal Reserve and other central banks the power to set the rate of interest (...)

* Third, we must abandon the policy of holding down wages and other forms of compensation, especially if we want people to repay debts, and help salvage the banks. Jobs will have to be protected, or even created by government, and incomes must rise.

* Fourth, we have to simply write off the debts of those poor people who cannot ever repay. Just as we write off the debts of companies or governments that can no longer pay, so we must recognise that many citizens are effectively insolvent. The refusal to acknowledge this truth lies at the heart of Mr Paulson’s plan - and that is why his plan will fail.

Bring back Keynes
The best way out of the economic crisis is to cut interest rates, create jobs and raise incomes. By Ann Pettifor.

Tuesday, September 30 2008 (Debtonation). Anglo-American finance ministers and central bankers, like little Dutch boys, try desperately to plug leaks in the bursting dyke that is the international financial system. In the US, treasury secretary Hank Paulson hoped for $700bn to plug the gaping hole in Wall Street's banks. In the UK, the government is not just plugging holes, but setting aside competition rules to encourage the monopolisation of finance. Alistair Darling suspended competition rules to allow the Lloyds Bank takeover of HBOS because of the crisis. This is like suspending the law during hurricanes. The demise of another independent bank, Bradford & Bingley, and the transfer of its savings business to Santander, will increasingly monopolise finance.

Will these plugs and private-sector fixes work? No, because a) they are not system-wide fixes and b) they are based on the same flawed economic policies that spurred this crisis in the first place.

OAM 448 30-09-2008 16:48

segunda-feira, setembro 29, 2008

Crise Global 28

O colapso da América IX

Num abismo perto de si: Plano Bush rejeitado! Quatro bancos europeus caem em dois dias! Banca portuguesa a caminho da falência?

29 SET 2008 | DOW 10,365,45 | -777.68

Congresso 'chumba' plano de salvamento financeiro de Wall Street

2008-09-29 18:55 (Diário Económico) O plano de salvamento foi rejeitado com 226 votos contra e 207 a favor.

Um total de 141 representantes democratas votaram favoravelmente e 66 representantes republicanos votaram no mesmo sentido.

Contra votaram 92 democratas e 132 republicanos. Um republicano absteve-se.

Esta votação coloca em dúvida a sobrevivência da maior parte das instituições financeiras norte-americanas. Recorde-se que o multimilionário Warren Buffett alertou ontem o Congresso para 'um derreter total' do sistema financeiro, caso a moção não fosse aprovada.

A reacção de Wall Street a esta notícia foi bastante negativa, tendo o índice Dow Jones chegado a cair mais de 600 pontos.

House votes down bail-out package


Monday, 29 September 2008 19:14 UK (BBC).The lower house of the US Congress has voted down a $700bn (£380bn) plan aimed at bailing out Wall Street.

The rescue plan - the result of tense negotiations between the government and lawmakers - was voted down by 226 votes to 207 votes.

Members of President George W Bush's Republican party were strongly opposed to it and many refused to back it.

Shares on Wall Street plunged within seconds of the announcement, following steep fall in earlier trading.

Fed Pumps Further $630 Billion Into Financial System

Sept. 29 (Bloomberg) -- The Federal Reserve will pump an additional $630 billion into the global financial system, flooding banks with cash to alleviate the worst banking crisis since the Great Depression.

Citigroup Agrees to Buy Wachovia's Banking Business

Sept. 29 (Bloomberg) -- Citigroup Inc., the biggest U.S. bank by assets, will acquire banking operations of Wachovia Corp. for about $2.16 billion after shares of the North Carolina lender collapsed under the weight of overdue mortgages.

Europe Sees Three Bank Bailouts in Two Days

Sept. 29 (Spiegel) The crisis sparked by the collapse of Wall Street investment banks continues to spread through Europe. Three major banks were bailed out by private banks or governments on Sunday and Monday, including Germany's Hypo Real Estate, the Dutch-Belgian Fortis and Britain's Bradford & Bingley.

A consortium of banks has stepped in to bailout Munich's Hypo Real Estate.

Overview: Europe bank failures trigger equities collapse

September 29 2008 18:48 (Finantial Times) ... Credit default swaps saw Iceland come under pressure as Glitnir, one of its leading banks, was nationalised. The country’s CDS, a kind of insurance against bonds defaulting, rose 23bp, or €2,300 for every €10m of debt, to 390bp. The spread is 130bp higher than at the start of the month.

Bancos portugueses são dos menos saudáveis da Europa

2008-07-17 00:05 (Diário Económico) Num ‘ranking’ com 62 bancos europeus, BCP, BPI e BES surgem entre as instituições com rácios de capital mais baixos.

Historicamente os bancos portugueses apresentam rácios de capital inferiores à média europeia. O problema é que, com a crise do ‘subprime’, as bases de capital do BCP e do BPI caíram abaixo dos níveis aconselhados pelo Banco de Portugal (BdP). O regulador recomenda que o ‘core tier I’, um dos indicadores mais utilizados para avaliar a saúde financeira de um banco, deva estar acima dos 5% e, no final do primeiro trimestre de 2008, o BCP e o BPI tinham este rácio nos 4% e 4,3%, respectivamente. Os dois bancos viram-se obrigados a pedir dinheiro aos seus accionistas mas, com a queda de 39% da bolsa portuguesa este ano, o mercado começou a questionar se estes aumentos de capital serão suficientes para manter o BPI e o BCP em níveis confortáveis.

Antes de mais há que perguntar: tem o Banco de Portugal, ou tem a CMVM, algo a dizer sobre a situação cada vez mais avermelhada dos bancos portugueses? Ou será que vamos continuar a aturar o optimismo idiota do ministro das finanças e do senhor Carlos Tavares sobre estes assuntos?
26-09-2008 (Jornal de Notícias). Em linha com as declarações de Teixeira dos Santos, o presidente da Comissão de Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), Carlos Tavares, afirmou, numa visita à Bolsa de Nova Iorque, que em Portugal não há riscos de falências de instituições financeiras. "Não há nenhuma situação de alarme, nem os consumidores portugueses devem ter mais preocupações do que as que resultam" da situação internacional, referiu o presidente da CMVM.

Quanto ao resto, como aqui se vem escrevendo há pelo menos dois anos, as economias consumistas da América e da Europa, afogadas num mar de dívidas, estão literalmente à afundar. Os computadores piramidais do casino mundial de derivados vão sofrer dentro em breve um tenebroso RESET, seguido de CONTROL-ALT-DELETE e, finalmente, SHUT DOWN. Vamos ter que recomeçar de novo!


OAM 446 29-09-2008 19:45 (última actualização: 30-09-2008 01:30)