segunda-feira, abril 19, 2010

CO2

Aviões ou vulcões?
O impacto do vulcão Eyjafallajokull deveria levar-nos a reflectir sobre o colapso civilizacional para que caminhamos como mortos-vivos endividados.


Informação detalhada sobre o cálculo que levou a este gráfico (LINK)


OAM 685—19 Abril 2010 14:50

sábado, abril 17, 2010

Crise Global 76

Inglaterra, a porca que se segue!


Zhu Min, vice-governador do Banco da China: « o mundo não tem dinheiro que chegue para comprar mais títulos do Tesouro americano ».

U.K. Is Vulnerable After Greek Deal, Strategists Say

 April 12 (Bloomberg) -- The pound, gilts and FTSE 100 Index may be the weak spot of European markets after Greece was offered a bailout over the weekend, strategists said.

“The Greek problem should calm down, and we should look at the next one on the agenda for markets to watch,” Alain Bokobza, Paris-based head of global asset allocation strategy at Societe General SA, said in a phone interview. “The next one to be watched for is the U.K.” 

Ao contrário do que a manobra Anglo-americana de ataque ao Euro tem querido fazer crer ao mundo —que controla através da sua gigantesca máquina de propaganda e das indecorosas agências de rating—, não será Portugal que se vai seguir à Grécia na grande tragédia das bancarrotas soberanas, mas muito provavelmente o reino de sua majestade pirata Isabel II de Inglaterra! O empate técnico entre o irascível Gordon Brown e o oco David Cameron, dois velhos responsáveis pela crise inglesa, nas palavras do "democrata liberal" Nick Clegg (que claramente venceu o primeiro debate televisivo pré eleitoral da passada quinta feira), conduzirá o Reino Unido (com uma dívida pública por pagar este ano que ultrapassa os 200 mil milhões de euros!) para uma situação potencialmente muito mais perigosa do que a situação em que se encontra a Grécia. Depois das eleições de 6 de maio próximo, o Reino Unido iniciará muito provavelmente a sua marcha triunfal para uma longa decadência económico financeira, política, social e diplomática.

Como assinalou o GEAB de março último publicado pelo Laboratoire Européen d'Anticipation Politique (LEAP), o facto de a China se ter transformado no principal parceiro comercial do Brasil (os grandes parceiros anteriores foram os EUA, o Reino Unido e Portugal) mostra até que ponto estamos perante uma mudança das placas tectónicas da diplomacia mundial e face à emergência inexorável duma nova hegemonia — a Oriente!


O confidencial GEAB deste mês aponta três causas para a situação de declínio inevitável e potencialmente explosivo do Reino Unido depois das eleições de 6 de maio, de onde aliás não se prevê que resulte uma maioria estável:
  1. o endividamento explosivo do país e o colapso da City londrina, 
  2. o declínio à vista dos grandes investimentos no sector da defesa,
  3. a descolagem do amigo americano, pois nenhum pode já ajudar o outro na zona crítica das finanças públicas e do sector financeiro.
Porque será então que perante estatísticas tão preocupantes apenas ouçamos falar de Atenas e de Lisboa? Eu não desculpo a insanidade, o cabotinismo político e profissional, e a corrupção que conduziram os PIIGs à situação dramática em que se encontram. Nem me dispenso de criticar duramente a irresponsabilidade das democracias populistas que actualmente regem Portugal, a Espanha, Itália, a Grécia e a Irlanda. Todos este países terão que sofrer profundas metamorfoses de regime antes de voltarem a levantar as respectiva cabeças. Muita gente deverá ser posta no banco dos réus, para que uma verdadeira catarse redentora destas democracias doentes possa ter verdadeiramente lugar. O preço da falta de coragem e da falta de lucidez num período histórico como aquele que atravessamos será um doloroso e grave declínio civilizacional. Quanto mais depressa os jovens líderes políticos e a geração milénio entender isto, menor será o preço a pagar por todos nós.

U.K. Is Vulnerable After Greek Deal, Strategists Say

 April 12 (Bloomberg/ Business Week) -- The pound, gilts and FTSE 100 Index may be the weak spot of European markets after Greece was offered a bailout over the weekend, strategists said.

“The Greek problem should calm down, and we should look at the next one on the agenda for markets to watch,” Alain Bokobza, Paris-based head of global asset allocation strategy at Societe General SA, said in a phone interview. “The next one to be watched for is the U.K.” 

Apesar de a imprensa e as agências de rating terem concentrado até agora os holofotes sobre todos (Islândia, Letónia, Grécia, Portugal, Espanha, Dubai, ...) menos a Inglaterra e os Estados Unidos, num ataque concertado sem precedentes contra a moeda única europeia (Euro Zone Grapples With Debt Crisis - WSJ.com), a hora da verdade para a orgulhosa City londrina chegará, porém, antes de a Grécia e Portugal declararem falência junto do FMI.

Só não será assim se o "democrata liberal" Nick Clegg conseguir um grande resultado eleitoral, se entrar no próximo governo de sua majestade, e finalmente impuser o fim da Libra em favor do Euro. Se o Reino Unido aderir à moeda única europeia, no que seria um surpreendente golpe de rins, a sua descomunal dívida externa (a 2ª maior do planeta) reduzir-se-ia como que por magia e o Euro, por sua vez, recuperaria rapidamente do seu lamentável estado actual.

O grande problema actual não reside, porém, nas percentagens do endividamento relativamente ao que cada país produz, mas nos valores absolutos do endividamento! Não há, pura e simplesmente, nenhum país do mundo capaz de refinanciar o endividamento colossal dos Estados Unidos, ou sucessivamente as grandes dívidas públicas e externas do Japão, do Reino Unido e da Espanha. Ou seja, o grande buraco negro dos derivados financeiros, que permitiu acomodar temporariamente o maior esquema Ponzi alguma vez gerado na história da humanidade, equivale a qualquer coisa como 8x o PIB mundial. E para tamanha loucura não haverá nunca dinheiro que chegue. Vai ser inevitável colocar os contadores a zero. E muitos pagarão, injusta ou justamente, por isso.

Buffett’s Goldman Sachs Warrants Drop by $1 Billion

April 16 (Bloomberg) -- The value of Warren Buffett’s options to buy Goldman Sachs Group Inc. shares dropped by $1.02 billion after regulators sued the bank for misleading clients on the sale of securities tied to the subprime mortgage market.

Saint-Etienne Swaps Explode as Financial Weapons Ambush Europe

 April 15 (Bloomberg) -- The worst global financial crisis in 70 years arrived in Saint-Etienne this month, as embedded financial obligations began to blow up.

A bill came due for 1.18 million euros ($1.61 million) owed to Deutsche Bank AG under a contract that initially saved the French city money. The 800-year-old town refused to pay, dodging for now one of 10 derivatives so speculative no bank will buy them back, said Cedric Grail, the municipal finance director. They would cost about 100 million euros to cancel today, he said.

Goldman Sachs falls the most since January 2009

SAN FRANCISCO (MarketWatch) -- Shares of Goldman Sachs Group Inc. closed down nearly 13% on Friday, the most in more than a year, after the Securities and Exchange Commission announced fraud charges against the company.

Ninguém na realidade sabe como tudo isto vai acabar. Até os grandes navios-pirata do sistema, como a Goldman Sachs, caminham já na direcção do cadafalso! Quando os Estados vão à falência há uma regra muito simples: quem tem o dinheiro, fica sem ele, de uma maneira ou doutra. As grandes guerras nascem quase sempre deste tipo de eventos.

O Reino Unido será corrido das Malvinas (Falklands) antes de 2020… e se refilar muito sofrerá um bloqueio conjunto de toda a América Latina. A rejeição africana virá depois.

A ligação recente de Londres a Madrid parece-me, por outro lado, um erro de cálculo. Cá estaremos para vê-la regressar às velhas alianças.

A Espanha continua a ser um país autoritário, com grandes doses de ódio ideológico reprimido nas entranhas das suas classes dirigentes, pronto a explodir ao menor contratempo interno. De lá, nem bom vento, nem bom casamento! E olhem que tenho grandes amigos por lá.



OAM 684—17 Abril 2010 19:45 (última actualização: 18 Abril 2010 16:14)

Alta Velocidade 7

O que o vulcão Eyjafallajokull nos ensina



Europa precisa de uma rede ferroviária única, de alta velocidade!

  • Angela Merkel vai de avião, de Lisboa para Milão, de onde apanhará depois um TGV para Berlin.
  • Cavaco vem de automóvel blindado, de Praga para Barcelona, onde apanhará depois um avião para Lisboa (se for possível, claro!)

Imaginem que Lisboa estava já ligada à rede ferroviária europeia de alta velocidade (AV/VE), incluindo o Eurostar. Não está...

De todas as grandes obras públicas previstas, a única que faz sentido económico e tem futuro é a ligação de Portugal, via Lisboa-Madrid, e via Porto-Aveiro-Salamanca, a Espanha e ao resto da Europa.

A breve trecho, com vulcões, aumento exponencial dos temporais (tornados), e petróleo no fim da linha (chegará de novo aos 100 dólares/barril antes do fim do ano), só a ferrovia e os comboios eléctricos serão alternativa credível para o transporte rápido, fiável e seguro de pessoas e, sobretudo, de mercadorias!

O que Portugal tem que fazer é ter ideias claras e estrategicamente inteligentes, coisa que não tem tido. E não tem tido porque os partidos políticos (todos eles!) foram engolidos pelos barões da finança e pelos limitados construtores civis que temos. Em vez de dirigir uma acusação sexista contra Sócrates, Francisco Louçã deveria ter antes falado do que terá levado o centro político-partidário do país a transformar-se num colégio de mordomos subservientes e corruptos do capital rentista que continua a dominar Portugal.

No caso, o que a diplomacia portuguesa deveria exigir de Espanha, como contrapartida da entrada do país na rede ibérica de Alta Velocidade, era a criação dum cluster ibérico no sector ferroviário, nomeadamente através do estabelecimento de parcerias científicas, tecnológicas e industriais de ponta, com vista à criação de uma nova indústria ferroviária europeia, de que Portugal e Espanha seriam um importante pólo de desenvolvimento.

Enfim, enquanto Cavaco regressa de BMW, Audi, Mercedes (todos blindados!), e Merkel aproveita o TGV, meditemos nas lições que o poderoso vulcão da falida Islândia nos dá.


POST SCRIPTUM — Vale pela espreitar o Flight Radar 24, para ver em tempo real a alteração profunda da paisagem do tráfego aéreo sobre a Europa em consequência da pluma de poeiras do vulcão Eyjafallajokull.


OAM 683—17 Abril 2010 13:48 (última actualização: 20 Abril 2010 18:09)

quinta-feira, abril 15, 2010

Portugal 180

Acordem Portugueses!


  • Former IMF economist says Portugal must be helped now to stop domino effect (FT, April 15 2010
  • Presidente checo ataca países com défice excessivo
    Num encontro com Cavaco Silva, o seu homólogo checo e anfitrião disse que nunca permitiria no seu país uma situação semelhante. Cavaco Silva não fugiu ao tema, mas evitou entrar em polémicas. (RR, 15 Abril 2010
  • Governo aceita parceria na gestão do aeroporto
    Norte duvida da possibilidade do "Sá Carneiro" ser gerido autonomamente (JN, 15 Abril 2010)

UMA DEMOCRACIA DE PIRATAS (A NOSSA) ESTÁ A VENDER LITERALMENTE A INDEPENDÊNCIA DE PORTUGAL AO ESTRANGEIRO - COM ESPECIAL DESTAQUE PARA ESPANHA !!!

  O Estado e a Câmara Municipal de Lisboa estão falidos. Esta é a simples realidade por trás da privatização da TAP e da venda de monopólios de Estado (REN, ANA, EDP) aos especuladores privados internacionais. A outros, como as ÁGUAS DE PORTUGAL, chegará também a vez, se nada fizermos entretanto. Isto é, se não pusermos rapidamente o PS de quarentena, e não formos capazes de eleger um novo presidente da república independente — que nem Alegre, nem Cavaco são (além de que são muitíssimo co-responsáveis pelo estado a que chegámos!)

A venda da ANA serve apenas para financiar a construção do novo aeroporto, o maior elefante branco que a tríade de piratas que nos governa insiste em levar por diante, com o seu exército de advogados e professores-economistas corruptos, para gáudio do BES e da Mota-Engil. Ou seja, entrega-se um negócio público aos especuladores privados para que estes, depois, enquanto monopólio privado, ponham e disponham no transporte aéreo de e para o nosso país!

No entanto, assim como não haverá quem pague as SCUTS, também não haverá quem pague o NAL. O que vem a querer dizer que, seremos todos nós, indiscriminadamente, que pagaremos estes assaltos à riqueza nacional através duma carga letal de impostos e do empobrecimento inexorável da sociedade portuguesa. Os partidos parlamentares são todos responsáveis!

Lembro que uma das causas da falência da Grécia foi precisamente o novo aeroporto de Atenas e a corrupção das Olimpíadas. Por cá será, se não travarmos imediatamente este assalto ao país, o NAL da Ota em Alcochete e o Mundial de Futebol a que Portugal e Espanha concorrem "juntos".

A Espanha (através da FCC), que não brinca em serviço, está a beira de ter as chaves de entrada em Lisboa através da anunciada Terceira Travessia do Tejo (TTT)

A Espanha (através da Ferrovial, que hoje controla os principais aeroportos ingleses), mais cedo ou mais tarde, terá nas mãos a futura ANA , começando obviamente por entrar no consórcio vencedor da privatização da ANA/construção do NAL.

A Espanha, através da Ibéria (que acaba de ver aprovada a sua fusão com a British Airways, indo ambas agora avançar para uma fusão com a American Airlines), fez uma aliança estratégica com o Reino Unido e com os EUA para controlar o espaço aéreo do Atlântico Norte.

Por fim, Espanha tem em marcha uma operação fortíssima para estender a sua plataforma marítima continental atlântica por cima da plataforma portuguesa!

Resumindo: a Espanha tem um plano claro de absorção pacífica de Portugal, posicionando-se como novo vértice de um triângulo estratégico com o Reino Unido e a América. Foi este o sentido profundo da Cimeira das Lajes, em cujas fotografias publicadas em Espanha, nunca apareceu a figura subserviente do cicerone Durão Barroso! Ou muito me engano, ou este gajo é mesmo um agente duplo da CIA.

Precisamos mesmo de um Vladimir Putin antes que o país desapareça!

Ou então que a Maçonaria e os militares retomem seriamente os seus deveres patrióticos.


ÚLTIMA HORA  — Grécia pede reunião com BCE, FMI e Bruxelas

Numa carta endereçada a Jean-Claude Trichet, Dominique Strauss-Kahn e a Olli Rehn, o ministro grego das Finanças, George Papaconstantinou, “solicita conversações” com os três dirigentes, referindo que o faz na sequência do acordo político alcançado neste domingo sobre uma eventual ajuda dos países da Zona Euro à Grécia. (Jornal de Negócios, 15 Abr 2010)

Com as dores da Irlanda, da Bélgica, do Reino Unido, do Japão, ou dos Estados Unidos, todos países com endividamentos descomunais, podemos nós bem! Isto é, devem preocupar-nos menos do que as nossas próprias mazelas. Agora que a Grécia resolveu, por fim, dirigir-se a Bruxelas e ao FMI para que ponham em marcha uma operação de salvamento do endividado e corrupto país onde um dia habitaram filósofos imortais, aproxima-se um fim de semana de cortar à faca! O euro já começou a cair e os detentores de dívida grega já começaram a desembaraçar-se de algo que vale cada vez menos.

Leiam-se estes dois textos —Greece Saved For Now – Is Portugal Next? By Peter Boone and Simon Johnson (The Baseline Scenario, April 11) e Greece And The Fatal Flaw In An IMF Rescue. By Peter Boone and Simon Johnson (April 6, 2010)— em vez da versão grosseira do pensamento destes dois autores publicada pelo Económico de hoje.

Seria preciso qualquer coisa como 150 mil milhões de euros para salvar a Grécia da bancarrota, isto é, os 40-45 mil milhões sugeridos a medo por Bruxelas e pelo FMI não teriam outro efeito que não fosse empurrar o problema com a barriga até ao próximo colapso. Aparentemente, o actual presidente do FMI tem ambições presidenciais em França, ou seja, o socialista Dominique Strauss-Kahn pensa suceder a Sarkozy em 2012. E por este simples motivo de carreira gostaria muito de deixar o problema grego para quem lhe suceder, algures em 2011. Claro que estes cálculos podem sair furados, e o dominó dos defaults soberanos começar muito antes do que todos esperam. Por exemplo, na próxima Segunda Feira!

Os cálculos do senhor Cavaco Silva, que hoje levou um inesperado e muito bem dado raspanete do presidente checo, podem pois estar também viciados por um erro de estimativa. A Alemanha vai tentar salvar o euro a todo o custo, mas este desiderato poderá mesmo implicar uma quarentena de 1, 2, 3, 4 anos fora do euro, para países como a Grécia, a Irlanda, Portugal... e Espanha! Seria o fim do euro? Não creio. Seria o fim dos PIIGs? Também não creio. Mas lá que vai ser um período de lágrimas e ranger de dentes, disso não tenho dúvidas há já muito tempo.


POST SCRIPTUM — O raspanete a Cavaco foi muito bem dado, objectivamente, ou não?

O calculista de trazer por casa, Aníbal Cavaco Silva, inepto presidente da nossa república, em vez de reconhecer os factos denunciados e bem pelo presidente checo, e anunciar que o seu (nosso) país irá corrigir os erros do passado e começar uma nova vida, não! Desculpou-se com o cargo: "eu desde o início vou responder como presidente da república" (não sou primeiro ministro, queria ele dizer na sua). Ora porra!

Cavaco Silva é pelo menos meio responsável pelo estado a que o país chegou. Desde logo porque nunca enviou à Assembleia da República uma mensagem formal e clara sobre o desvario orçamental e a corrupção de Estado, exigindo ao parlamento que fizesse a sua obrigação. Também não denunciou formal e claramente aos deputados a promiscuidade entre o Banco de Portugal, a banca comercial, alguns grandes grupos económico-financeiros e as redes de interesses instalados nos partidos com assento parlamentar (e que capturaram mesmo, para já, um deles — o PS).

Numa palavra (e escrevo agora directamente ao actual presidente da república do meu país):

— senhor Aníbal Cavaco Silva, não peça votos ao povo português para reeleger quem num período crucial da nossa anunciada decadência, nada fez para o impedir, salvo balbuciar algumas mensagens encriptadas que ninguém entendeu! Ou pior ainda, deixar que o seu sinistro Chefe da Casa Civil, Nunes Liberato, tivesse orquestrado a telenovela patética das escutas ao Palácio de Belém. Para quem, como eu, chegou a crer que não havia fumo sem fogo, e depois verificou que tudo se tratara afinal duma operação de contra-informação armadilhada por um aprendiz de feiticeiro ambicioso, mas burro, a confiança em si, Senhor Presidente da República, não poderia deixar de esmorecer e acabar por morrer depois de tão imbecil episódio palaciano.

Como tenho vindo a recomendar, Cavaco Silva deve anunciar quanto antes que não irá recandidatar-se ao cargo que hoje ocupa. O país não irá à falência por isso. Vai à falência, sim, porque tem sido dirigido por gente inepta, corrupta e sem coragem política.


OAM 682—15 Abril 2010 12:41 (última actualização: 16 Abril 2010 15:46)

quarta-feira, abril 14, 2010

Hilarious

10 drugs you shouldn't be on while driving

terça-feira, abril 13, 2010

Portugal 179

Passo a passo...



Aos que esperam de Passos Coelho uma varinha mágica que nos traga de novo a fartura fácil do cavaquismo, desenganem-se! O cavaquismo não passou de uma inundação de fundos comunitários que não voltará.

É por isso que o novo líder laranja não tem pressa. O que há para distribuir é pouco, e o que houver para redistribuir vai ser uma arena de conflitos sociais crescentes.

A economia real deslocou-se para a Ásia nos últimos vinte anos, ficando nos Estaods Unidos e na Europa uma economia cada vez mais virtual, alimentada pelos endividamentos (deficit spending) crescentes das empresas, dos governos e das pessoas. A China, mais o Japão e a Coreia transformaram-se nas locomotivas industriais do planeta, corroendo a um ritmo alucinante os potenciais produtivos do Ocidente, nomeadamente dos Estados Unidos, da Alemanha, do Reino Unido, da França e da Itália.

Se a China —que vende bens e serviços baratos a todo o mundo— está hoje enredada na armadilha do endividamento, pelo facto de ter comprado a dívida americana para além de tudo o que seria imaginável, que diremos da Alemanha que (pela via da criação do euro-marco) alimentou nos últimos vinte e cinco anos um gigantesco mercado, a União  Europeia, com bens e serviços caros — cada vez mais caros?!

Tal como a China não conseguirá cobrar tudo o que emprestou aos Estados Unidos, também a Alemanha terá que se habituar à ideia de que uma parte substancial da Europa lhe pagará parte das suas dívidas com Sol e mar. A alternativa das grandes guerras parece-me, para já, irrealizável, além de só poder agravar, e muito, os problemas!

Na origem da crise encontram-se dois fenómenos registados estatisticamente em 1972 no relatório Limits to Growth: o crescimento exponencial da população humana mundial e o consequente desgaste acelerado dos recursos energéticos e alimentares necessários a suportar um tal crescimento sem futuro.

Já em 1956 M. King Hubbert havia chamado a atenção do governo americano para o fim anunciado da era petrolífera (Peak Oil) e para a consequente necessidade de encontrar novas fontes de energia alternativa ao carvão e aos hidrocarbonetos líquidos e gasosos (ele propôs claramente o desenvolvimento da energia nuclear).

Em Fevereiro de 2005 Robert Hirsh veio confirmar estas previsões num hoje célebre relatório encomendado pelo Departamento de Energia dos EUA, Peaking of World Oil Production: Impacts, Mitigation, and Risk Management.

"The peaking of world oil production presents the U.S. and the world with an unprecedented risk management problem. As peaking is approached, liquid fuel prices and price volatility will increase dramatically, and, without timely mitigation, the economic, social, and political costs will be unprecedented. Viable mitigation options exist on both the supply and demand sides, but to have substantial impact, they must be initiated more than a decade in advance of peaking."

A equação energia cara+trabalho caro torna impossível a manutenção de economias competitivas num ambiente onde a própria impossibilidade de tomar de assalto as fontes energéticas mundiais (em resultado dos movimentos anti-coloniais do pós-guerra e sobretudo depois da constituição da OPEP em 1960) obrigou o Ocidente a promover a abertura multilateral dos mercados mundiais e a livre circulação de mercadorias e capitais numa lógica de modificação profunda dos termos de troca mundiais.

Sabe-se hoje que a resposta americana e europeia ocidental foi esta: exportar a economia real para os países de mão-de-obra barata, ou ricos em matérias primas energéticas e alimentares. Um dos objectivos seria levar a uma inflação crescente dos preços dos bens e serviços nas economias industriais avançadas (beneficiando assim os mercados internos), ao mesmo tempo que se pressionava uma simultânea perda progressiva do poder de compra da classe média e dos trabalhadores em geral nestes mesmos países, por via dum ataque constante aos respectivos rendimentos do trabalho. Foi o que aconteceu, embora sem os resultados esperados.

O chamado crony capitalism, que chamou a si a tarefa de realizar este trabalho sujo em nome da liberdade dos mercados, da competitividade e da flexibilidade laboral, porque apenas serviu os especuladores financeiros mundiais, com particular destaque para a cúpula formada pelos grandes bancos e sociedades financeiras americanas: Goldman Sachs, Bank of America Corp., J. P. Morgan Chase & Company, Citigroup, etc., nem sequer se preocupou com as consequências previsíveis dos seus actos.

O resultado está à vista: ao disfarçarem a destruição efectiva dos tecidos produtivos do Ocidente com um inefável manto de consumismo festivo e ensino permanente, e a promessa de uma protecção social ilimitada, esconderam uma realidade que se viria a revelar fatal: a implosão sucessiva das capacidades produtivas competitivas do Ocidente e o endividamento geral das sociedades. Este foi o Cavalo de Tróia que a ganância financeira do Ocidente comprou ao Oriente. O declínio da Europa e dos Estados Unidos parece, pois, um cenário irreversível.

Resta saber se teremos uma aterragem suave, ou com muitos acidentes de permeio.


POST SCRIPTUM — a entrevista dada por Pedro Passos Coelho a Miguel Sousa Tavares confirma a boa impressão que tenho deste candidato a primeiro ministro do meu país.


OAM 681—13 Abril 2010 11:07

Crise global 75

Empire - What future for capitalism?



Empire - What future for capitalism? - Part 2

Um debate esclarecedor sobre as implicações profundas da crise actual. Participam Joseph Stiglitz,  Tariq Ali,  Ann Pettifor,  Ruth Lea,  entre outros.


OAM 680—13 Abril 2010 00:14