segunda-feira, julho 26, 2010

O fiasco das SCUT

Com custos elevadíssimos para todos nós!

Uma concessão Scut (Sem Custo para o Utilizador é o que significa a sigla) é uma auto-estrada em que o pagamento da portagem é efectuado pelo Estado com o dinheiro dos contribuintes. O Estado entrega a construção, financiamento, exploração e manutenção da auto-estrada a um consórcio privado, pagando a este uma tarifa por cada veículo que circula nessa via.

(... ) Os maiores beneficiários do sistema das PPP e das SCUT são as construtoras, bancos e sociedades de advogados. É um método que foi adoptado por países com dificuldades financeiras e que tem o grave risco de gerar forte endividamento, pois nunca é feito de acordo com o rendimento disponível. — Rui Rodrigues, Público (24 Jul 2010).

O senhor ex-ministro do governo de António Guterres, João Cravinho, actualmente alto funcionário do Banco Europeu de Investimentos, foi pela certa, porventura involuntariamente, um dos mais desastrosos ministros de obras públicos que Portugal teve na história recente. Queixou-se e queixa-se, com motivo atendível, da corrupção. Mas a verdade é que comprou pelo menos duas ideias absolutamente desastrosas aos incompetentes ou agentes corruptos que o instruiram em áreas que desconhecia e continua a desconhecer de todo: a destruição do aeroporto da Portela a favor da especulação imobiliária e das depauperadas finanças da corrupta Câmara Municipal de Lisboa, que daria lugar ao embuste do aeroporto da Ota; e a virtual destruição da actual ligação ferroviária entre Lisboa e Braga, em nome de uma nova linha de alta velocidade a que deu prioridade sobre as obviamente essenciais ligações em bitola europeia para pessoas e mercadorias, entre as regiões de Lisboa e do Norte, a Espanha e ao centro da Europa.

As SCUT não foram desenhadas como se desenham autoestradas. Mas sim, como os espanhóis desenham as suas chamadas autovías. Isto é, estradas de andamento rápido, mas com perfis menos exigentes do que os das autoestradas.  Os ângulos das curvas são mais fechados, os declives são mais acentuados, há um número de acessos e de saídas mais elevado, praticamente não têm nós de acesso e apresentam-se quase sempre sem vias de suplementares para a aceleração e a desaceleração das velocidades das viaturas que entram ou saem destas vias rápidas que não são, de facto, autoestradas. O custo da sua construção é pois muito menor, nomeadamente porque não comportam os caríssimos, em expropriações e obras, nós de acesso, ao mesmo tempo que permitem uma maior proximidade das povoações que ficam no seu alinhamento. Enquanto que as SCUT foram construídas sobre ou mesmo ao lado de antigas estradas nacionais e/ou municipais, distando 1 a 3 Km das povoações que quase atravessam, as saídas das autoestradas chegam a estar afastadas 15 Km das cidades e vilas!

Ou seja, as autovias, ou vias rodoviárias rápidas, estão mais próximas das cidades e vilas, são menos caras de construir, e por tudo isto não têm portagens! Alterar as regras do jogo nesta altura é um embuste monumental.

Os governos e os partidos parlamentares alinham em tudo isto porque sabem que levaram o país à falência. Mas pior do que isto, o verdadeiro escândalo das SCUT é este: o sector financeiro especulativo e as grandes empresas do Bloco Central da Construção Corrupção (BCCC) têm vindo a usar as grandes obras públicas como um estratagema de expropriação ilegal e criminosa da poupança pública e privada nacionais, usando os políticos como mandantes! É isto mesmo, com outras palavras, que o Tribunal de Contas tem vindo a denunciar perante a passividade da corja partidária.

O resultado das SCUT, se não forem paradas, ou se não renacionalizarmos já a Brisa, vai ser este:
  • os encargos impostos ao Estado pela máfia da construção e da especulação financeira serão de tal modo gravosos que não restará aos governos outra solução que não passe pela subida paulatina do IVA, do IRS, do Imposto Automóvel e das portagens, ao mesmo tempo que eliminam um número crescente de benefícios sociais;
  • o IVA, por exemplo, estimo que chegue aos 25% antes de 2015;
  • finalmente, quando o barril do petróleo estabilizar acima dos 100 dólares, os preços dos cereais dispararem de forma consistente em consequência do aquecimento global (secas, falta de água e pragas), e o endividamento público atingir níveis incomportáveis e inadiáveis, as autoestradas esvaziar-se-ão, as receitas das portagens cairão a pique, e as Brisas deste mundo irão à falência, tendo então o Estado que nacionalizar todos os prejuízos acumulados e futuros!
Se é fácil antever este cenário, porque esperamos para exigir do Estado a imediata renacionalização dos principais recursos vitais que hoje servem de plataforma especulativa para um bando de piratas viciados na corrupção e no crime?

Demografia


"[...] all governments, everywhere, are increasing taxes, and will continue to do so in the coming years. But most of them are denying that they are doing this. How can one hide raising taxes? There are multiple ways to do this."

"Whose Taxes Are Going Up?", by Immanuel Wallerstein (LINK)

A primeira coisa que há a fazer em Portugal é olhar para a demografia. O vórtice de qualquer política ajuizada ou desastrosa para os próximos 40 anos deve começar por aqui. Política fiscal, investimento público, sistema educativo, saúde e segurança social, sistemas de mobilidade e transportes, tudo deve ser analisado à luz dos horizontes demográficos que temos pela frente. E, claro está, não nos devemos deixar embalar pela mistificação populista permanente dos governos e respectivas oposições parlamentares. As suas declarações e estatísticas não têm passado ultimamente de engenharias da mentira. Somos nós, o povo, que devemos estar especialmente atentos e exigir que aqueles a quem pagamos os ordenados e as pensões vitalícias façam de forma séria o seu trabalho.

POST SCRIPTUM — (26JUL2010) Chamaram a minha atenção para o programa Plano Inclinado deste Sábado. Não vi. A verdade é que o Medina Carreira se transformou numa maçada, demasiado repetitivo..... deixando de fora assuntos importantes...., e abusando dos convidados como mero pretexto para fazer passar a sua mensagem monocórdica.

A classe política desqualificada é uma consequência, e não a principal causa da situação actual. No Canadá, Alemanha ou China, as coisas não são muito diferentes.... os amigos que por estas bandas tenho, ou os artigos que leio, afirmam e mostram exactamente a mesma deterioração das classes dirigentes...

Os melhores emigram ou fazem revoluções! Por enquanto emigram; ou seja, além de vermos encolher a nossa população activa, esta perde qualidade a um ritmo muito preocupante.

Soluções? É sobre isto que gostaria de me concentrar nesta segunda série do António Maria.

domingo, julho 25, 2010

Luis Amado

O homem certo no lugar certo

Seria bom que houvesse uma política externa estável, ou melhor que a "direita" e a "esquerda" portuguesas afinassem por um mesmo diapasão estratégico em matéria de diplomacia, nomeadamente energética e económica (e que deixássemos de parte o infantilismo oportunista da caldeirada ideológica que é o Bloco de Esquerda e dos órfãos comunistas do PCP). As nossas prioridades passam, como bem esclarece Luís Amado —numa importante entrevista dada ao Expresso deste fim-de-semana— por uma atitude cosmopolita, sem complexos de inferioridade, fazendo valer um património histórico muito relevante em tudo o que se reporta à ideia de globalização e cooperação internacional.

Estou 100% de acordo com o desenho estratégico de Luís Amado.

Prioridades: América do Sul (e América em geral), África (sobretudo Angola, Moçambique, São Tomé e Príncipe e Cabo Verde) e Ásia (China, Índia, Vietname, Malásia, ...) Isto e uma política de diálogo permanente com o mundo árabe muçulmano, distanciando-nos claramente da agenda Sionista, parece-me ser o essencial. Como dá a entender subtilmente Luís Amado, o ciclo dos fundos comunitários chegou ao fim. Os alemães voltam-se claramente para Leste, o nosso destino sempre foi o Atlântico, e os luteranos nunca nos compreenderão completamente. Ainda bem!

Há umas semanas actualizei a minha visão do mapa da estratégia diplomática portuguesa. Ora vejam o que apontei no Mapa Google (usar todo o écrã).

Gazeta do Dia

Não sei se já repararam, mas o António Maria - Série II, contem funcionalidades novas e interessantes. Uma delas é a Gazeta do Dia, uma coluna de referências sindicadas que permite uma consulta sistemática sobre uma vasta gama de temas do dia a dia, a qualquer hora, e permanentemente actualizada. O idioma escolhido foi naturalmente o Português, e pretende-se saber o que se diz e escreve neste idioma —na maioria dos países que a têm como língua mãe. Resumindo: uma ajuda de leitura com propósito estratégico.

sexta-feira, julho 23, 2010

Stress test não convence

Euro cai com "falta de transparência dos testes",  relata o Económico

Já se comentava há algum tempo nos "mentideros" da análise estratégica que a prova de esforço engendrada por Bruxelas tinha fortes possibilidades de ser vista como uma engenharia de supervisão. Na realidade, falta-lhe um critério de base: independência!

De qualquer modo, o cancro existe. E não vale a pena substituir a cura por pensos rápidos. Se algo o BCE não pode continuar a fazer é defender a expropriação da riqueza dos cidadãos europeus em nome da salvação dos piratas banqueiros, dos banqueiros anarquistas, e dos paraísos fiscais da decadente realeza europeia!

Plataforma colaborativa

Na nova versão do António Maria —desejavelmente colaborativa— seria porventura útil para todos nós mimá-la com widgets úteis a uma mais certeira filtragem da informação e partilha de ferramentas de disseminação conceptual em rede.

Façam pois o favor de me manter actualizado neste supremo mundo virtual. Conhecem certamente o PORDATA. E SHAPES OF PORTUGAL, conhecem? Dois caminhos demonstrativos de que o país não é só a indigesta sopa partidária e burocrática que nos querem fazer engolir.

Isso é uma forma de celebrar os 500 milhoes de utilizadores do Facebook

Parabens Antonio por ter regressado ao Antonio Maria, depois de sua catastrófica comunicação anterior....Como sempre fostes um precursor, não é surpresa que tenhas optado por regressar ao Blogger, no momento exacto do anúncio do "half billion users" do Facebook, o qual esta acompanhado dum aviso de desinteresse crescente pela rede social em questão.
As análises mais profundas às quais nos tem acustumado não se padecem muito com o Facebook, é melhor deixa-lo para os anúncios espanpanente do CR7. Vou contribuir na medida do possivél, e enquanto os outros leitores não se chatearem demasiado com o meu Portugnol abrasileirado:)