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quinta-feira, março 03, 2016

Da austeridade às restrições do pós-capitalismo burocrático



Uma das formas de restruturar as dívidas públicas e privadas, e salvar bancos TBTF, é expropriar paulatinamente o capital, as poupanças e o rendimento do trabalho.


Remuneração dos depósitos a prazo abaixo dos 0,5% pela primeira vez 
Económico, 00:07 Catarina Melo 

A banca nacional está cada vez menos generosa a remunerar os depósitos dos portugueses. Dados disponibilizados ontem pelo ‘site’ do Banco Central Europeu (BCE) mostram que, em Janeiro, a remuneração dos depósitos a prazo, em Portugal, baixou pela primeira vez a fasquia dos 0,5%. Nesse mês, a taxa de juro das novas aplicações em depósitos a prazo fixou-se, em média, nos 0,49%, o que corresponde ao nível mais baixo de sempre tendo em conta o histórico disponível que remonta ao início de 2003.  
A quebra da remuneração dos depósitos a prazo acompanha o rumo descendente das taxas de juro de referência e a cada vez menor aposta dos bancos nesta classe de produtos financeiros, já que não têm urgência em captar depósitos de modo a equilibrarem o rácio de transformação. Além disso, a banca nacional defronta ainda uma menor concorrência pela via dos produtos de poupança do Estado desde que estes sofreram um corte de remunerações no arranque do ano passado.

No entanto, a nomenclatura partidária e nepotista instalada autoriza subidas nas faturas da EDP acima dos 2,4%, e aumentos no salário mínimo acima dos 18%! Depois admiram-se que os bancos portugueses estejam todos mortos ou a morrer na praia (exceto, ao que parece, a Caixa de Crédito Agrícola e a até agora blindada Caixa Geral de Depósitos).

Eis em síntese a situação portuguesa (2015-2016)

  • Crescimento do PIB em 2016: menos de 1,5% (est.) ; 1,3% em 2015 ; 0,39% entre 1988-2015
  • Dívida pública (2015): 129%
  • Dívida total: acima dos 350%
  • Inflação (2015): 0,6%
  • Taxa de juro de referência (BCE): 0,05%
  • Remunerações dos depósitos a prazo (jan-fev 2016): abaixo dos 0,5%
  • Salário mínimo (2016): +18,85% (previsão) ; entre 2008-2015: +19%
  • Pensões até €628,8: +0,33% a +0,4% ; uma pensão de 628€ subirá de 1,88€ a 2,51€/mês
  • Energia elétrica: +2,5% (mais 400% x inflação)
  • Telecomunicações: +2,5% (mais 400% x inflação)
  • Livros escolares: +2,5% (mais 400% x inflação)

Um artigo recomendável
Portugal’s Debts Are (Also) Unsustainable 
Erico Matias Tavares | Sinclair & Co. | Linkedin 
Everyone seems to be focusing on Greece these days – a country so indebted that it needs even more loans to repay just a fraction of its gigantic credits. Clearly this is unsustainable and something has to give. Even the IMF agrees 
But what about the other Southern European countries? 
Actually, Portugal’s financial situation is looking particularly shaky, and any hiccups could have serious cross-border repercussions from Madrid all the way to Berlin.
The prevailing narrative is that Portugal has been a star pupil compared to Greece, with austerity delivering much better results 
The government, a coalition of a center party and center-right party that together have held the majority of parliamentary seats since the 2011 election, pretty much followed all the major guidelines demanded by its creditors (the famous “Troika”) pursuant to the 2010 bailout, and was even praised for it. 
Exports have performed exceedingly well given everything that was going on domestically and abroad; 
the managers of small and medium enterprises in Portugal are true heroes, operating in difficult conditions and with limited access to credit. 
Portugal has recently become a darling of international real estate investors and tourists. 
The country’s citizens have stoically endured a range of tough austerity measures with surprisingly little social disruption. 
So it is understandable that hopes for Portugal’s future are much rosier than in Greece… AND YET ITS FINANCIAL SITUATION IS ALSO UNSUSTAINABLE! 
We realize that this is quite a bold statement. So to support our argument we will use some simple math to show where government finances stand after five years of austerity.

sábado, agosto 08, 2015

A verdade do emprego num só gráfico

Gráfico da esquerda: A. S. Pereira; gráfico da direita: INE
Clique para ampliar

Não vale a pena tapar o Sol com a peneira do populismo partidário


A guerra eleitoral em curso sobre as estatísticas do emprego e do desemprego é o exemplo típico da demagogia de que padece a maioria dos partidos há quatro décadas sentados na Assembleia da República e em todos os escaninhos da comunicação social enquanto o país foi caindo, uma vez mais, paulatinamente, na fossa: bancarrota, salva in extremis pelos próprios credores, desequilíbrio fatal das contas externas, emigração em massa, colapso do sistema financeiro, balbúrdia no seio da nomenclatura (1% da população)—ou seja, na presidência da república, governos central e regionais, parlamentos, poder local e agremiações corporativas de todas as cores e feitios— em suma, fim de mais um regime, atingido na sua fase final por uma corrupção galopante e sem vergonha.

Haverá saída para isto? Há. Mas é preciso começarmos por eliminar o ruído e o fogo-de-artifício atrás do qual os piratas do regime continuam a esconder-se.

domingo, dezembro 22, 2013

Quem nos lê

Visualizações da semana 50 de 2013

O António Maria tem leitores em Portugal, mas não só ;) 
Temos que visitar mais vezes Angola, Moçambique, Cabo Verde e Timor!

Visualizações desde maio de 2007

sexta-feira, fevereiro 25, 2011

Portugal estatístico

Oito curvas fatais

Recebi dum amigo o link para este post de Alvaro Santos Pereira, professor em Vancouver, e autor do blogue Desmitos. São sete, aliás oito gráficos fatais, que curiosamente não encontramos em nenhum documento oficial. Nem na Pordata parece haver a noção prática de que todos precisamos de conhecer os números básicos da nossa economia sem precisar de uma hora para os encontrar. Tentem, por exemplo, ler o Relatório do Orçamento de Estado, e digam-me em que página aparece escrito o valor em euros do PIB português em 2008, 2009 e 2010. Ofereço uma assinatura grátis deste blogue a quem mo disser!

Em síntese, os dados são estes (ver mapas nesta página e nesta — cortesia de Alvaro Santos Pereira):
  1. A média do crescimento económico é a pior dos últimos 90 anos
  2. A dívida pública é a maior dos últimos 160 anos
  3. A dívida externa é, no mínimo, a maior dos últimos 120 anos (desde que o país declarou uma bancarrota parcial em 1892)
  4. O desemprego é, no mínimo, o maior dos últimos 80 anos. Temos 610 mil desempregados, dos quais 300 mil são de longa duração
  5. Voltámos à divergência económica com a Europa, após décadas de convergência
  6. Vivemos actualmente a segunda maior vaga de emigração dos últimos 160 anos
  7. Temos a taxa de poupança mais baixa dos últimos 50 anos
  8. A dívida externa líquida tem vindo praticamente a duplicar de valor de ano para ano desde 1996 (de 10% do PIB em 1996, para um pico de 112% do PIB em 2010)

segunda-feira, julho 26, 2010

Demografia


"[...] all governments, everywhere, are increasing taxes, and will continue to do so in the coming years. But most of them are denying that they are doing this. How can one hide raising taxes? There are multiple ways to do this."

"Whose Taxes Are Going Up?", by Immanuel Wallerstein (LINK)

A primeira coisa que há a fazer em Portugal é olhar para a demografia. O vórtice de qualquer política ajuizada ou desastrosa para os próximos 40 anos deve começar por aqui. Política fiscal, investimento público, sistema educativo, saúde e segurança social, sistemas de mobilidade e transportes, tudo deve ser analisado à luz dos horizontes demográficos que temos pela frente. E, claro está, não nos devemos deixar embalar pela mistificação populista permanente dos governos e respectivas oposições parlamentares. As suas declarações e estatísticas não têm passado ultimamente de engenharias da mentira. Somos nós, o povo, que devemos estar especialmente atentos e exigir que aqueles a quem pagamos os ordenados e as pensões vitalícias façam de forma séria o seu trabalho.

POST SCRIPTUM — (26JUL2010) Chamaram a minha atenção para o programa Plano Inclinado deste Sábado. Não vi. A verdade é que o Medina Carreira se transformou numa maçada, demasiado repetitivo..... deixando de fora assuntos importantes...., e abusando dos convidados como mero pretexto para fazer passar a sua mensagem monocórdica.

A classe política desqualificada é uma consequência, e não a principal causa da situação actual. No Canadá, Alemanha ou China, as coisas não são muito diferentes.... os amigos que por estas bandas tenho, ou os artigos que leio, afirmam e mostram exactamente a mesma deterioração das classes dirigentes...

Os melhores emigram ou fazem revoluções! Por enquanto emigram; ou seja, além de vermos encolher a nossa população activa, esta perde qualidade a um ritmo muito preocupante.

Soluções? É sobre isto que gostaria de me concentrar nesta segunda série do António Maria.

quinta-feira, outubro 15, 2009

Portugal 134

A Quarta Geração
"Todas as coisas humanas são redondas" — inscrição no templo de Atenas, Atenas (Grécia)
Porque é que as sondagens e os palpites falharam tanto no ciclo eleitoral que agora termina? Pois por uma razão simples mas ignorada: a Geração Silenciosa está a morrer! E morrendo esta geração (1925-1942), morre a base dirigente e os segmentos mais estáveis e importantes das coutadas eleitorais do PSD e... do PCP!

Estas duas forças políticas têm um dilema pela frente: já não podem confiar no que a lei natural aparta aceleradamente deste mundo, e não têm, por outro lado, gente nem solidariedades suficientes na geração seguinte (1943-1960), pelo que estão confrontados entre pescar algumas almas penadas insuficientes na geração X (1961-1981), ou esperar que da Geração Milénio (1980-2001) surjam os heróis capazes de enfrentar uma crise mundial e nacional cujo pico mais dramático será atingido entre 2015 e 2030.

As mortes da minha mãe (1923-2002) e do meu pai (1926-2009) fizeram-me pensar em algo que até à leitura do magnífico livro de William Strauss e Neil Howe —The Fourth Turning, An American Prophecy— me escapara: o determinismo teleológico de que todos padecemos desde os alvores da Modernidade. Isto é, desde o século 16 (se não mesmo desde a emergência traumática —até hoje— do Judaico-Cristianismo), e mais radicalmente desde que o Darwinismo, o Positivismo, o Idealismo Hegeliano e o Marxismo instauraram os mitos da Individuação e da História. Há muito, pois, que deixámos de olhar para uma faceta simples da vida: todos morremos, e damos continuidade à vida através dos nossos descendentes. Ou seja, o determinismo histórico e as teleocracias que continuam a dominar a estrutura mental da maioria das organizações —nomeadamente partidárias— são afinal ilusões efémeras do ciclo contínuo/descontínuo da realidade. Lutar contra este dinâmico mas imutável círculo tem conduzido a várias desgraças humanas, entre as quais o possível suicídio demográfico do Ocidente.

Portugal: em cada 100 pessoas com mais de 15 anos, terão 65 anos ou mais, em 2010, 27 delas; 39 em 2030; e em 2050, 61 (1). Como se este envelhecimento não bastasse, seremos em 2050 menos 693 mil portugueses do que hoje somos —i.e. o equivalente a mais do que população actual das cidades de Lisboa e Setúbal (2).

Para termos uma ideia da gravidade desta situação, convém observar as implicações da mesma na nossa economia: sem um boom no sector das exportações (3), para o que faltam capital, pessoas qualificadas, energia e um adequado sistema de transportes e mobilidade, será impossível escapar ao garrote das dívidas pública, privada e externa a que já começámos a sucumbir. Pior: se nos metermos pelo programa de obras públicas especulativas do Bloco Central, assassinaremos de vez qualquer hipótese de preparar o que se afigura cada vez mais como um programa de salvação do país.

Se continuarmos como até aqui, sob o império do oportunismo ou da indolência, seremos comidos vivos por uma Espanha dramaticamente a braços com a sua própria e gigantesca crise de identidade e de paradigma económico. É o mínimo que nos poderá acontecer. Mas também poderemos voltar à tragédia duma prolongada guerra civil imposta pelos grande interesses geo-estratégicos que neste preciso momento se preparam para uma grande crise, provavelmente bélica, de gigantescas proporções, lá para 2015-2020. Basta para tal que nos afundemos, como prometem o Bloco Central e o Bloco de Esquerda, no endividamento público e externo ao ritmo das últimas duas décadas (4).

Os Baby Boomers —geração de que faço parte (1943-1960)— tem em cima dos ombros a pesada responsabilidade de entender e corajosamente enfrentar os sérios desafios que temos pela frente. E tem-na quase exclusivamente, pois, por um lado, a "heróica" geração anterior está a desaparecer muito rapidamente, por outro, só marginalmente poderá contar com a ajuda dos egoístas compulsivos (5) da Geração X (1961-1981). Por fim, a esperada geração do milénio, metade física, metade virtual, omnipresente no território cultural, da eco-economia, bem como de uma nova filosofia, simbiótica, da política, tarda em chegar. Não chegou a tempo, por exemplo, do ciclo eleitoral deste Outono. Mas já cá estará, esperemos que em força, em 2012 e em 2013! Os primeiras aves do novo heroísmo acabam de chegar ao Parlamento: Isabel Maria Sequeira e Rita Rato. Bem-vindas!

Farão bem Manuela Ferreira Leite e Cavaco Silva se segurarem a actual direcção do partido, dando força ao seu grupo parlamentar, e sobretudo lançando-se numa corrida louca pelo sangue verdadeiramente novo de que o corpo envelhecido do PSD precisa urgentemente para morrer em paz, dando lugar a uma boa descendência. Dos néscios que agora exigem a cabeça da líder, nada podem esperar. Pelo que o melhor mesmo é expulsá-los do corpo partidário onde se alojaram como vírus perniciosos e carga inútil. Quanto ao boomer Jerónimo de Sousa, um conselho: que mil Ritas se multipliquem no seu partido, pois dessa proliferação depende o futuro ou o naufrágio de uma energia política essencial ao país. Bloquistas, muito cuidado no que dizem e fazem. Não se esqueçam que apenas vos emprestámos os votos por algum tempo. É um swap com retorno prometido! Se falharem a entrega dos juros, estarão arrumados bem antes das vossas legítimas expectativas. Até porque o Partido Socialista talvez tenha mesmo começado a mudar neste ciclo eleitoral.

Para quem pensar que estou a delirar, recomendo uma meditação prolongada sobre a arrumação generativa que fiz à luz da metodologia de Strauss e Howe. Se me quiserem dar o prazer de ampliar o exercício, façam favor!

Aplicando a cronologia das "grandes descontinuidades" (ekpyrosis ) elaborada por William Strauss e Neil Howe ao caso português, poderemos olhar para os protagonistas da grande crise que vai de 1961 (início da luta armada nos ex-territórios coloniais portugueses) a 1974-76 (golpe de Estado militar seguido de uma crise pré-insurreccional e estabilização constitucional) enunciando as correspondentes gerações desta forma:


G.I.Generation
/ Hero (Civic) - 1901-1924

Adquire consciência política entre a Grande Depressão, a Ditadura Salazarista, a Guerra Civil Espanhola e a II Guerra Mundial). Inicia os confrontos que levarão ao fim da ditadura Salazarista.

Bento de Jesus Caraça (1901-1948)
Adelino da Palma Carlos (1905-1992)
Humberto Delgado (1906-1965)
Adolfo Casais Monteiro (1908-1972)
Gen. Spínola (1910-1996)
Álvaro Cunhal (1913-2005)
Gen. Costa Gomes (1914-2001)
Almirante Pinheiro de Azevedo (1917-1983)
Jorge de Sena (1919-1978)
Eduardo Mondlane (1920-1969)
Agostinho Neto (1922-1979)
Vasco Gonçalves (1922-2005)
Francisco Salgado Zenha (1922-1993)
Amílcar Cabral (1924-1973)
Mário Soares (1924-)


Silent Generation
/ Artist (Adaptive) - 1925-1942

Adquire consciência política durante a II Guerra Mundial, a Guerra Fria e os movimentos anti-coloniais na Ásia e em África. Desencadeia a oposição institucional à ditadura Salazarista, e finalmente o golpe militar que em 24 horas a derruba (1974).

António Almeida Santos (1926-)
Maria de Lourdes Pintassilgo (1930-2004)
Medina Carreira (1931-)
José Silva Lopes (1932-)
Álvaro Siza Vieira (1933-)
Francisco Sá Carneiro (1934-1980)
Américo Amorim (1934-)
Paula Rego (1935-)
Jorge Jardim Gonçalves (1935-)
Magalhães Mota (1935-2007)
Manuel Alegre (1936-)
Francisco Pinto Balsemão (1937-)
Belmiro de Azevedo (1938-)
Jorge Sampaio (1939-)
Aníbal Cavaco Silva (1939-)
Manuela Ferreira Leite (1940-)
Boaventura Sousa Santos (1940-)
Artur Santos Silva (1941-)

Capitão Melo Antunes (1933-1999)
General Ramalho Eanes (1935-)
Major Otelo Saraiva de Carvalho (1936-)
Coronel Jaime Neves (1936-)
Capitão Vasco Lourenço (1942-)


(Baby) Boom Generation
/ Prophet (Idealist) - 1943-1960

Adquire consciência política com a Revolução Cubana, a ocupação e fim do Estado Português da Índia, o início da guerra colonial na África Portuguesa, a eleição de John F. Kennedy para a presidência dos EUA, a crise dos mísseis em Cuba, a Guerra do Vietnam, a cultura Hippie e Pop e os movimentos estudantis radicais da década de 60. É protagonista decisiva no eclodir da crise social, política e militar que conduz ao 25 d Abril. O seu idealismo radical afasta-a, porém, da condução da política, que viria a ser protagonizada por uma aliança pragmática entre a geração de Álvaro Cunha a Mário Soares e a geração silenciosa, que com vagar e prudência lá foi alinhando com a transformação do regime. O destino desta geração, cujos sobreviventes, em regra, só a partir da década de 80 acedem ao patamar da liderança política e cultural, é preparar a emergência e acolher a geração do milénio.

Mota Amaral (1943-)
Alberto João Jardim (1943-)
Vítor Constâncio (1943-)
Capitão Salgueiro Maia (1944-)
José Luís Saldanha Sanches (1944-)
António Damásio (1944-)
Ricardo Salgado (1944-)
Joe Berardo (1944-)
Capitão Diniz de Almeida (1945-)
Joaquim Ferreira do Amaral (1945-)
Ângelo Correia (1945-)
Jaime Gama (1947-)
Ruben de Carvalho (1947-)
Jerónimo de Sousa (1947-)
Helena Roseta (1947-)
Marcelo Rebelo de Sousa (1948-)
António Guterres (1949-)
José Pacheco Pereira (1949-)
Fernando Teixeira dos Santos (1951-)
Fernando Ulrich (1952-)
Luís Amado (1953-)
Luís Filipe Menezes (1953-)
Jorge Coelho (1954-)
Luís Campos e Cunha (1954-)
Francisco Louçã (1956-)
José Manuel Durão Barroso (1956-)
António Vitorino (1957-)
António Mexia (1957-)
José Sócrates (1957-)
José Pedro Aguiar Branco (1957-)
Rui Rio (1957-)


Generation X/ Nomad (Reactive) - 1961-1981

Adquirir consciência política no ambiente exuberante do Cavaquismo e dos efeitos surpreendentes da entrada de Portugal na União Europeia e no paraíso artificial do Euro. Não se reconhece em causas de qualquer espécie e instaura a cultura do egoísmo competitivo, das praxes académicas violentas, dos shots e da "natural" condescendência perante os fenómenos de corrupção. Factores internacionais que contribuíram para a atitude anti-política desta geração: Perestroyka, Queda do Muro de Berlim, corrupção das sociais-democracias.

António Costa (1961-)
Paulo Portas (1962-)
António José Seguro (1962-)
José Luís Arnaut (1963-)
António Filipe (1963-)
Pedro Passos Coelho (1964-)
Paulo Pedroso (1965-)
Francisco Assis (1965-)
Nuno Melo (1966-)
Zeinal Bava (1966-)
Marco António (1967-)
Paulo Rangel (1968-)
José Eduardo Martins (1969-)
Teresa Caeiro (1969-)
Bernardino Soares (1971-)
Sérgio Sousa Pinto (1972-)
Luis Figo (1972-)
Ana Drago (1975-)
Joana Amaral Dias (1975-)
Miguel Teixeira (1977-)


Millennial Generation / Hero (Civic) (1982-2003?)

Adquire consciência política com a Guerra Civil na ex-Jugoslávia, o 11 de Setembro, a Guerra no Iraque, as devastações do ciclone Katrina e do tsunami na Tailândia, a percepção das ameaças climáticas e do actual modelo de crescimento à sobrevivência das espécies, incluindo a humana, além de perceber, pela primeira vez, que apesar da sua exigente preparação académica, só poderá esperar um cenário de desemprego e falta de emprego estrutural pela frente (6).

Pedro Rodrigues (1982-)
Rita Rato (1983-)
Cristiano Ronaldo (1985-)
Isabel Maria Sequeira (1986-)
?


NOTAS
  1. UNdata - Elderly-dependency ratio (per cent).
  2. World Population Prospects: The 2008 Revision. UN.
  3. Modigliani's work implies that a country with an ageing population must grow its exports aggressively in order not to build up an unsustainably large current account deficit.

    The IMF has calculated that the cost of age-related spending in the average advanced G20 country will cause public debt-to-GDP to grow to over 400%, with Spain and Greece reaching over 600% unless the existing welfare model is cut back. -- Niels C. Jensen for John Mauldin's "Outside The Box". Ver ainda Ageing and Export Dependency on the Agenda. Por Claus Vistesen. Alpha.Sources (13-10-2009)
  4. Recomendo a este propósito a leitura do oportuno Portugal, que Futuro — o tempo das mudanças inadiáveis, de Medina Carreira (2009).
  5. É sempre perigoso e indelicado generalizar, como bem me avisa José Silva (do importante blog Norteamos). Levar-nos-ia, porém, longe elucidar de forma precisa o retrato comportamental da chamada Geração X. Basta, para já (voltarei ao tema), dizer que esta geração se deparou simultaneamente com a perda pública de inocência relativamente aos sonhos que cantam do "socialismo real" e súbita afluência de um Capitalismo virado agressivamente para o consumo ostensivo, para a desregulamentação dos mercados, para a competição sem freio e para uma cultura cada vez mais cínica, manipuladora, enfatuada e especulativa. Alérgica ao hedonismo intelectual dos boomers que progressivamente tomavam conta do poder, a dita geração MTV, ou Reagan Generation, de que os personagens Beavis and Butt-head são geniais protagonistas, é certamente mais do que uma geração egoísta. Não deixa porém de ser uma geração de transição. Ler a propósito: GenXegesis: essays on alternative youth (sub)culture, por Por John McAllister Ulrich,Andrea L. Harris.
  6. Esta perspectiva vem aliás assinalada num recente artigo da Christian Science Monitor online, que uma leitora amiga enviou depois de ler este artigo.
    "This is the worst time in a generation for young people, but it's the 16-to 18-year-olds who are worse affected" [...] "Almost a million young Britons are now called 'neets' – not in education, employment, or training." — in Will recession create another 'lost generation' of British youth?, CSMonitor.


OAM 635 15-10-2009 16:31 (última actualização: 16-10-2009 00:50)

sexta-feira, agosto 08, 2008

Contabilidade criativa

Contas "erradas" escondem recessão americana

O antigo estratego eleitoral de Richard Nixon, Kevin Phillips, hoje um opositor declarado do Partido Republicano, publicou no prestigiado Harper's Magazine um demolidor artigo sobre a fraca fiabilidade das estatísticas norte-americanas. Segundo ele, os números oficiais são o resultado de uma descarada manipulação dos critérios de medição e cálculo. Assim, a inflação real em 2007 anda mais perto dos 7-10% do que dos 5% declarados. O PIB efectivo de 2007 ronda os 7,1E12 USD, em vez de 11E12 USD. E a taxa de desemprego oscilou em 2007 entre 9 e 12%, bem acima dos números oficiais.

O contraste entre a percepção pública da recessão e a grave crise financeira que há um ano varre os Estados Unidos e fustiga a Europa, não podia ser mais evidente. Mas a ladainha dos média, que repetem ad nauseam a cabalística confeccionada pela Casa Branca e pela Reserva Federal (o cartel bancário privado da América, erradamente confundido com um banco central), deixa-nos confusos. Pois bem, vale a pena ler este esclarecedor artigo sobre o tema.

Alguém em Portugal teve já a paciência de analisar a metodologia das nossas estatísticas, em grande medida formatada a partir de Bruxelas? Será que são tão criativas como as americanas? Afinal que raio de produtos entram na avaliação da inflação europeia e portuguesa? Como são contados os desempregados que não se apresentam nos Centros de Emprego? Onde estão os números da emigração? Será que um emigrante português no Reino Unido figura como emigrante, ou como simples cidadão europeu, activo em Portugal?! Que números são compilados para a determinação do PIB real?

Hard numbers: The economy is worse than you know
By Kevin Phillips, Harper's Magazine
In print: Sunday, April 27, 2008, in Tampabay.com

Ever since the 1960s, Washington has gulled its citizens and creditors by debasing official statistics, the vital instruments with which the vigor and muscle of the American economy are measured.

The effect has been to create a false sense of economic achievement and rectitude, allowing us to maintain artificially low interest rates, massive government borrowing, and a dangerous reliance on mortgage and financial debt even as real economic growth has been slower than claimed.

The corruption has tainted the very measures that most shape public perception of the economy:
  • The monthly Consumer Price Index (CPI), which serves as the chief bellwether of inflation;
  • The quarterly Gross Domestic Product (GDP), which tracks the U.S. economy's overall growth;
  • The monthly unemployment figure, which for the general public is perhaps the most vivid indicator of economic health or infirmity.

OAM 411 08-08-2008 18:55