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Os motins da fome
Os cereais, quer dizer, o pão e o arroz, entre outros alimentos básicos, entraram numa espiral inflacionista extremamente perigosa. Estas são algumas das causas evidentes:
- crescimento da população mundial (estima-se que a Terra terá que suportar 9,5 mil milhões de seres humanos em 2050);
- melhoria das condições de vida e aumento exponencial do consumo de matérias primas, bases alimentares e alimentos derivados ricos em proteínas (aves, suínos e bovinos) nalguns países particularmente populosos (China, India, Indonésia, Brasil, Paquistão, Rússia, Nigéria, Filipinas, Vietnam...);
- transferência do uso dos solos agrícolas e florestais e respectivas produções alimentares e cinegéticas, para a produção de biocombustíveis (os preços dos óleos de soja e milho estão cada vez mais perto dos preços do azeite!);
- diminuição dramática dos solos disponíveis para a produção agrícola e florestal provocada pela sua prolongada sobre-utilização (que a produção de biocombustíveis não fará senão acelerar);
- alterações climáticas e aquecimento global;
- pico petrolífero e consequente encarecimento dos preços dos combustíveis, bem como dos derivados do petróleo e do gás natural: adubos sintéticos, remédios, plásticos, tintas e vernizes, etc...
- globalização e consequente destruição das barreiras alfandegárias, assente num modelo de mobilidade intensiva de pessoas e mercadorias, a prazo insustentável;
- especulação desenfreada dos preços da alimentação a partir dos mercados bolsistas, os quais procuram compensar nesta nova deriva criminosa o colapso catastrófico do grande casino de Wall Street e das dezenas de réplicas existentes pelo mundo.
OAM 345 15-04-2008, 19:20
2 comentários:
Antonio, é de sublinhar que os dados duma inflação em alta forte em Portugal, publicado ontem, apontam a totalidade da alta du custo de vida ao "vestuário e calçado" com a chegada das novas colecções de primavera/verão. E quasi hilariante, de tão ligeiro...vão me dizer que a alta do petroleo não entra nessas contas, nem da alimentação? Mas não convem falar muito da alta dos preços da alimentação ja que Portugal é um dos pais da Europa onde a alimentação ocupa a maior fatia do cabaz de consumo das familias, seja ao minimo 20%, enquanto esta a baixo de 15% na média Europea. No teu mapa de disturbios relacionados com o custo da alimentação poderia ter acrescido a Itália, que tive uma manifestação contra a alta do preço das massas, e brevemente poderá acrescentar Portugal, se houver um despertar do "Portugal Oculto" para utilizar o eufemismo de Maria José Nogueira Pinto...
When the United Nations' World Food Program issued an "extraordinary emergency appeal" to fill the $500 million funding gap last month, executive director Josette Sheeran said it was the first emergency appeal ever issued over a "market-generated crisis".
Isso deveria nos fazer refletir porque é mais um indicador da produndeza da crise na qual estamos a mergulhar.Mas o que a Diretora do WFP não diz, é que apesar dos compromissos da Década contra a pobreza, a quasi totalidade dos paises desenvolvidos baixaram substancialmente nos ultimos anos as suas contribuções para a ajuda aos mais pobres, mas muitos aumentaram as despesas militares.Quem sabe, são eles que estão com a razão!?
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