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Vasco Pulido Valente: um ácido em estado puro. |
Freak showNunca tinha visto a Manuela Moura Guedes em acção. Alguma vez passara por ela em velocidade
zapping, mas nunca me detivera a vê-la, nem escutá-la, verdadeiramente. A TVI, para mim, começou por ser coisa de sacristia bolorenta, que dispenso, e depois metamorfoseou-se numa espécie de
Freak TV, a partir do primeiro e famoso
Reality Show desembarcado na basbaque praia lusitana, onde aparecia um Zé Ninguém que se tornou, do dia para a noite, herói nacional. Nunca me detive no canal, mas era impossível, mesmo assim, escapar à omnipresença mediática daquela anedota oriunda de uma fronteira onde insistem matar os touros como se ainda vivessem dentro de um filme do Buñuel. Recentemente, por recomendação de amigos, lá tenho ido uma que outra vez escutar o vozeirão do matador e fumador viril todo-o-terreno, filho de excelente poetisa, ao que dizem escritor (que nunca li) de sucesso: Miguel Sousa Tavares. Fala e escreve como um impressionista, pelo que em nada difere da leveza algo histérica e feminina que caracteriza a esmagadora maioria dos opinocratas lusitanos. O seu horror aos números e aos factos leva-o inexoravelmente à facilidade demagógica. É, no fundo, mais um dos responsáveis pelo populismo jornalístico e mediático actual. No caso deste MST, o modo como defende a nicotina que toma e impinge aos demais, ataca a regionalização administrativa e defende ao mesmo tempo a pulverização da linha de costa e a distribuição dos estilhaços às autarquias ávidas de receitas fáceis, mostra bem a pouca confiança a depositar nas suas palavras semanais.
Entretanto, alguém me telefonou e insistiu que visse o debate entre os candidatos à liderança do PPD-PSD. Lá
zapei para a TVI. O que vi foi, no mínimo, espantoso! A personagem apresentada como sendo Manuela Moura Guedes (aceito que fosse) pareceu-me coisa de pura ficção, espécie de comediante
Botox saída do
MADtv, ou melhor, regressada de um filme que vira há muitos anos e que não resisti a rever após o debate:
Freaks (1932) de Tod Browning.
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