quinta-feira, julho 10, 2008

Portugal 32

Ave, ICE-3
Alta Velocidade gasta menos energia do que maioria das alternativas!

O Estado da Nação

De uma coisa Manuela Ferreira Leite pode gabar-se: levou o governo socialista a tomar uma série de medidas sociais que este nunca pensaria lançar, não fora o súbito agravamento da crise petrolífera, financeira e geo-estratégica mundial, e a ameaça de perder as próximas eleições face ao alarme populista vindo não apenas do PCP e do BE, mas também, pasme-se, do partido com quem partilha o poder deste país há mais de vinte anos. As medidas "corajosas" anunciadas por José Sócrates no debate de hoje têm certamente potencial para sustar a derrocada eleitoral que se anuncia no horizonte. Tudo vai depender da escalada petrolífera, dos juros bancários e da inflação. Se, como se prevê, o petróleo chegar aos 200 dólares por alturas das próximas eleições, e o casino dos derivados estourar com inimaginável estrondo planetário, então não vejo como possa José Sócrates sobreviver ao seu até agora sorridente destino. Ou seja, no fundo, continuo a suspeitar que o ciclo da tríade Macau se interromperá inexoravelmente em 2009.

Outra coisa é saber, depois deste deprimente debate parlamentar, se o PSD estará em condições de ganhar com maioria absoluta as próximas eleições. Diria que tudo vai depender da gravidade da crise mundial, da nossa peculiar crise doméstica e sobretudo do pouco tino de que padece a generalidade dos políticos galhofeiros que se sentam no hemiciclo de São Bento.

Se o PSD continuar a marcar a agenda política através de intervenções pontuais bem estudadas, bem medidas e com uma boa percepção dos tempos --coisa que Manuela Ferreira Leite já demonstrou ser capaz de fazer--, as probabilidades de êxito são reais. Se o novo chefe da bancada parlamentar do PSD, o auspicioso Paulo Rangel, conseguir consolidar os ataques da líder do seu partido, então o PS estará mesmo em maus lençóis. Mas para que a sorte sorria de novo ao PSD, Manuela Ferreira Leite precisa, por um lado, de praticar uma cirurgia urgente (i.e. despedir o "homem da mala", José Luís Arnaut) e, por outro, criar rapidamente um sólido governo sombra, com um decente tanque cognitivo, sem o que questões como a definição de uma política energética de emergência, a criação de uma rede de apoio às vítimas do endividamento, ou a definição de prioridades relativamente aos grandes investimentos ficarão sem a necessária resposta.

De cada vez que o preço do petróleo aumenta, sobem os preços do gás, dos transportes e da alimentação. Esta tendência é uma tendência de fundo, causada simultaneamente pelo decréscimo da oferta mundial derivada de uma escassez efectiva de recursos, bem como pela especulação racional dos compradores e investidores financeiros. Ou seja, a inflação é uma nuvem monstruosa que todos já viram no horizonte, que se aproxima a passos largos, e que irá desabar sobre todos nós de uma forma impiedosa. Perante esta fatalidade, o Estado não pode ser mais um especulador oportunista da tragédia alheia. Se tudo sobe e o IVA permanece na mesma, e se prossegue a dupla tributação ilegítima dos produtos petrolíferos, isso significará um aumento de receitas fiscais não apenas imoral, como completamente absurdo.

Mais cedo ou mais tarde, nem que seja por imposição de Bruxelas, o vampirismo fiscal terá que ser sustado. É sempre mais prudente assegurar que tais ajustamentos ocorram na tranquilidade dos gabinetes de estudo do que na rua. A dita "taxa Robin dos Bosques" não passa de uma panaceia precária e temporária. Melhor será começar urgente e seriamente a pensar desgravar a fiscalidade brutal que incide sobre os produtos petrolíferos, introduzindo ao mesmo tempo um esquema de racionamento dos consumos, inteligível, prático e justo. O argumento cínico do governo para manter a elevada carga fiscal sobre os produtos petrolíferos, i.e. invocar a baixa da receita bruta dos impostos por efeito da retracção do consumo, é de uma insensibilidade e estupidez completas. No fundo, é exactamente a mesma história do burro a quem um cretino tentou ensinar a não comer!

Sobre as "grandes obras", talvez valha a pena fazer algum trabalho de casa, em vez de nos perdermos na algazarra dos papeis. Qual papel? O papel! A isto se resumiu o folclore acéfalo de boa parte do debate parlamentar de hoje.

Quando me sentei ao computador para escrever este postal comecei, como invariavelmente faço, a procurar imagens e palavras-chave que me aproximassem de alguma boa descoberta. A primeira ideia que tive foi fazer uma simulação sobre os preços de uma viagem entre Madrid e Barcelona, optando pelos voos Low Cost, ou pela nova ligação de Alta Velocidade ferroviária que liga as duas mais populosas e dinâmicas cidades ibéricas. O resultado foi este:
  • Viagem em comboio de Alta Velocidade, ida e volta, entre 3 e 8 de Setembro de 2008, em Classe Turística: 168,50 EUR
  • Viagem de avião no fim de Agosto na Vueling: 100,00 EUR
Entretanto, resolvi comparar estes preços com os preços de uma viagem de comboio (ida-e-volta) entre Lisboa e Porto:
  • Alfa Pendular 2ª Cl. = 55,00 EUR
  • Intercidades 2ª Cl. = 39,00 EUR
Sabendo-se que o Alfa poderá fazer a ligação entre as duas principais cidades portuguesas em 1h55mn, desde que acabem o trabalho de renovação da Linha do Norte, iniciado há mais de uma década e nunca acabado (porque será?), quem estaria disposto a pagar 1,5x o preço do Alfa para ganhar 30 minutos na duração de uma viagem que já não deveria ultrapassar as duas horas? Alguns estariam. Mas quantos? A experiência actual mostra que o Inter-cidades tem retirado muitos passageiros ao Alfa. Por que será?

Este argumento é pesado, não acham?

Eu também penso que sim! No entanto, encontrei na Net (que hoje foi uma das meninas bonitas do "debate da nação" -- até que enfim!) uma análise curiosa. Segundo o artigo que li, publicado na Wikipedia, as taxas médias de ocupação efectiva dos diversos modos de transportes disponíveis são mais elevadas nos aviões e nos comboios de Alta Velocidade (65%-66%), do que nos demais sistemas de transportes, nomeadamente comboios regionais e suburbanos, metros e metros de superfície, autocarros (21%-30%) e automóveis particulares (34%). Daqui decorre, surpreendentemente, que o consumo de energia por passageiro transportado é mais alto nas ligações ferroviárias regionais e inter-cidades convencionais do que nos sistemas de Alta Velocidade tipo ICE-3 e TGV. Por outro lado, o balanço energético é claramente favorável à Alta Velocidade, quando comparado com o avião, gastando este 3x mais energia por passageiro do que os comboios de Alta Velocidade (ICE-3 e TGV), em distâncias acima dos 500Km (tipicamente a ligação Lisboa-Madrid), e 5x mais energia para distâncias na ordem dos 250-300Km (tipicamente as ligações Lisboa-Porto e Lisboa-Faro). Imaginem a diferença que fará quando o petróleo chegar aos 200, aos 300 e aos 500 dólares, antes de 2013!

Isto quer dizer que, numa situação economicamente saudável, e sobretudo no contexto da actual crise petrolífera (que vimos antecipando desde Maio de 2005...), a prioridade estratégica pelo transporte ferroviário de Alta Velocidade, seja para ligar Portugal à rede europeia de Alta Velocidade, seja para ligar as principais cidades do País, faria todo o sentido. Pelo contrário, a prioridade dada até agora ao programa aeroportuário deveria ser, pelas mesmas razões, imediatamente suspensa e substituída pela prioridade por um programa de investimento público na frente portuária marítima. O paradigma energético mudou para sempre, e com esta mudança, mudará também a própria ideologia do crescimento, da produção e do consumo. Vai ser um longo e doloroso período de adaptação, para o que, parece evidente, os actuais partidos políticos não só não servem, como são e serão cada vez mais um poderoso e potencialmente letal obstáculo. Precisamos de encontrar formas novas cooperação social e administração política.

Voltando à xicana parlamentar de hoje, e dando resposta às perguntas de José Sócrates, direi que, em primeiro lugar, os célebres papeis da Net, produzidos pela corrupta indústria de pareceres que há muito alimenta o Bloco Central, não servem para nada, pelo mesmo motivo que o orçamento de estado feito para este ano não serve para nada. Isto é, todos estes papeis foram imaginados segundo um paradigma hoje inexistente. O petróleo que serve de base a todos os cálculos orçamentais valia menos de metade do que custa hoje, na data em que o governo escreveu o orçamento de 2008, e cerca de 1/4 do seu valor actual quando o PSD sonhava com aeroportos e TGVs! A pergunta do primeiro ministro é, por conseguinte, improcedente e demagógica.

Tem Manuela Ferreira Leite toda a razão para afirmar que as apostas nas grandes obras devem ser radicalmente revistas e radicalmente re-discutidas. Provavelmente até tem razão quando presume que todas as grandes obras terão que parar para pensar, devendo seguramente ser adiadas para melhor oportunidade. Quanto ao QREN, o que precisamos é de coragem política para enfrentar a Comissão Europeia e propor uma revisão radical de prioridades, bem fundamentada, que Bruxelas naturalmente compreenda e aceite. Mas para isso teremos que correr com a actual maioria do poleiro.

Resta apenas saber até que ponto Manuela Ferreira Leite saberá resistir aos tubarões aflitos que procuram comer o último atum! Se ceder, é mais um regime político que irá para o caixote do lixo a nossa história, felizmente longa.

OAM 390 10-07-2008, 2:35

10 comentários:

Anónimo disse...

Ainda ando por aqui Sr.António Pinto! =P É verdade que continuo a não perder um post do senhor. De facto é melhor ler uma boa referência noticial escrita pelo senhor, do que olhar para a sic notícias e seus homogéneos a relatarem sempre a mesma notícia 20x por dia sem qualquer rigor ou profundidade (já se sabe porquê..).
Agora o que eu gostaria de perguntar, e não me leve a mal a pergunta (ainda sou um pouco cru nestas coisas da política), mas porque é que com tantos desaires do PS e do PSD na política ao longo de quase 35anos, será assim tão errado continuar a não votar no CDU ou BE por serem de esquerda? Serão eles assim tão ou mais demagogos do que os que já lá estiveram (PS, PSD e PP(coligação))?! É que sempre os vi ao lado do povo...poderiam sempre ir ao lado dos monopólios capitalistas e ganhar votos...mas não! Estão ao lado de quem mais precisa ao longo dos tempos. Já os outros só o estão quando pedem votos... Não concorda um pouco comigo? Cumprimentos saudantes!

Jose Silva disse...

Caro António,

Se os eleitores nacionais lessem o seu blogue, efectivamenteo teriamos uma revolução no panorama partidário. Como isso não acontece em número eleitoralmente significativo, teremos em 2009 o bloco central. A seguir teremos falência ou golpe de estado como ontem Joaquim Aguiar insinuou numa excelente entrevista na SIC Notícias.

Como você escreve e bem, o PSD de MFL e também de LFM, diga-se, são o tubarão à procura do últmo atum.

É bem visível que o pradigma actual (energia barata) acabou. Até à emergência da economia do hidrogénio/nuclear ou até que tecnologias tipo LS9.com (recomendo a visita) efectivamente substituam o petroleo, vão passar alguns anos. Se eu consigo ver isto, não é admíssivel que o PSD não o veja. Se nesta altura ainda não vê, por incompetência ou venda a interesses, não podemos ter expectativas quanto à emergência de alternativa realista às obras interesseiras do Sócrates. Assim a meu ver, realisticamente os cenários são os seguintes:

- BE e PCP, com 30%, apesar de keynesianistas conseguem impor moralidade no regime; Duvido. Em 2009 teremos bloco central.
- Da UE vem um sério aviso para a mudança de rumo. Duvido. Barroso continua vendido também a interesses centralistas, financeiros/betoneiros que lhe pagarão a campanha presidêncial pós-Cavaco. França é o grande fornecedor de TGV e tecnologia aeroportuária...
- O pais implode. Duvido. EM situações de crise, historicamente, o país emigra. A única novidade é que a emigração chega finalmente a Lisboa. O resto do país, sempre emigrou, para fora ou para Lisboa. Os que ficarem e descendência pagarão impostos até à cova e terão menor nível de vida dos que os que emigrarem. Já agora a título de exemplo, o meu irmão trabalha desde o final do ano passado na Austria e está cá ao fim de semana. Foi ganhar 3 vezes mais e tem estadia e viagens pagas. Com ele, seguem mais 6 portuenses que preferiram isto a emigrar para a capital;
- A Blgosfera faz um golpe de rins e consegue ultrapassar o jornalismo tradicional completamente hipotecado aos grandes interesses e consegue replicar o movimento anti-OTA. Remeto para a entrevista de ontem de Joaquim Aguiar ou o artigo de Constança Cunha e Sá ontem no Público. Começo a ouvir e ler pela 1ª vez aquilo oque há muito detecto: Portugal é governado por máfias de Lisboa que manipulam as decisões do Estado Central em proveito das suas carteiras de encomendas e fornecimentos. Basicamente, se multiplicassemos o seu blogue por 50, conseguiriamos efectivamente condicionar os partidos. Apesar de tudo o povo ainda é honesto. Acredito que esta alternativa tenha pernas para andar. É a única que nos resta.

Abraços

Jose Silva disse...

Acabei de comentár e fui ler o Semanário. Pois.

«A homenagem a Fausto Correia, falecido há quase dois anos, homem que chegou a ser apontado para grão-
-mestre do Grande Oriente Lusitano, juntou esta terça-
-feira, no restaurante da antiga FIL alguns notáveis do PS e do PSD, como Dias Loureiro, Jorge Coelho, Almeida Santos, Pedro Santana Lopes, Luís Nazaré, Álvaro Amado, Arlindo de Carvalho e Paulo Mota Pinto, actual vice-presidente do PSD. Segundo apurou o SEMANÁRIO, um dos temas mais falados ao jantar foi a possibilidade de a realidade da crise económica, deste ano e do próximo, e de um resultado muito equilibrado entre o PS e o PSD nas legislativas de 2009, com nenhum partido a ter maioria absoluta, a obrigar, forçosamente, o país a um Bloco Central.»

António Maria disse...

O Estado da Nação (comentário)

Caro David,

Nas próximas eleições o PCP e o Bloco de Esquerda irão aumentar significativamente as respectivas votações, contribuindo decisivamente para retirar a maioria absoluta ao PS. Se V. costuma votar nalguns destes partidos, o meu conselho (sem ponta de hipocrisia) é: não deixe de votar no partido em que acredita.

Comigo vai ser mais difícil. Sou um crente sem Deus!

Espero ainda que o PS se parta ao meio antes das eleições, ou pelo menos, que uma parte dos socialistas furiosos com a tríade de Macau e o Pinóquio da Independente, anunciem um voto de protesto ao lado do Bloco, e que isso provoque uma recomposição da "esquerda".

Espero igualmente que a Manuela Ferreira Leite consiga dar um murro na mesa (contra a própria passividade oportunista de Cavaco Silva) e empurre Santana Lopes para os braços do Paulo Portas, colocando-se assim na posição de obter a maioria nas próximas eleições.

Se isto acontecer, haverá um reboliço político-partidário propício ao despertar das consciências, de que necessitamos como de pão para a boca.

Se as minhas previsões (e desejos) fracassarem, então a formação de um Novo Bloco Central (NBC) será inevitável, contando aliás com o patrocínio de Cavaco Silva.

Um tal bloco, a formar-se, será muito fraco, dadas as dramáticas circunstâncias que se avizinham, e o reforço da esquerda parlamentar. O PS que sobreviver a tanta traição será tão só um bando de oportunistas sem credibilidade e sob vigilância pública apertada. Manuela Ferreira Leite abandonará o PSD, e algum imbecil irá ocupar o seu lugar.

Com o agravamento político da crise, sob a pressão enorme dos cidadãos na rua, cuja ira nem o PCP, nem o Bloco de Esquerda, terão qualquer capacidade de enquadrar, Cavaco Silva será levado a dar um golpe de Estado constitucional, que o povo desesperado com hipotecas insolventes e o emprego a fugir, receberá de braços abertos -- incluindo aqueles que votaram no PCP e no BE!

O Novo Bloco Central, alargado, populista e com a efígie de Cavaco Silva impressa nas bandeiras que encherão praças, ruas e avenidas, procederá então a uma revisão constitucional apressada, com o único fito de colocar Cavaco Silva na posição de primeiro Bonaparte do regime presidencialista que substituirá a corrupta e falida III República.

Veremos então nascer a IV República Portuguesa!

Para uns, será a realização do esperado sonho de estabilidade governativa, onde a autoridade do Estado existirá por fim. Para outros será um pesadelo.

Quer num, quer noutro cenário, nada será como dantes depois do ciclo eleitoral de 2009. E o melhor é que cada um de nós se prepare para ele com exigência ética, vontade, informação e criatividade.

Os deuses não importam. A fé, sim!

António Maria disse...

Caro José,

As suas dúvidas são bem pertinentes. O problema principal é que a Europa do Euro já se dividiu em duas: a do Euro forte, e a do Euro fraco. Como é que isto se fez? Pois bem: recorrendo a uma diferenciação efectiva dos juros inter-bancários e à imposição de filtros à concessão dos créditos. Os bancos portugueses verão o seu acesso ao crédito bancário cada vez mais dificultado. E nós levaremos por tabela, sem dó nem piedade!

Para além das exportações, que poderão paradoxalmente beneficiar da crise petrolífera (na Europa, e sobretudo em Espanha, é mais barato importar de Portugal do que da China!), restarão apenas três fontes de financiamento da dívida pública, nada ortodoxas:

-- a emigração em massa,
-- a venda ao desbarato de activos patrimoniais, públicos e privados,
-- e uma expansão sem precedentes da economia paralela (nomeadamente por captações massivas de dinheiro negro das muitas economias corruptas deste mundo)

Tudo isto será duro e caótico. Sobretudo se não surgir entretanto um contra-poder cívico, plasmado em rede, apostado na criação literal de soluções económicas e de vida, à escala nacional, mas cujos nós iniciáticos devem acontecer à escala comunitária das paróquias, freguesias, aldeias, vilas, cidades, e grupos de interesse. Exemplos do novo paradigma de criatividade e harmonização social são, por exemplo, estes dois, bem recentes:

1) a reciclagem dos óleos alimentares iniciado pela Junta de Freguesia da Ericeira;
2) a organização de alternativas aos cuidados de saúde inexistentes (ou corrompidos) na área da oftalmologia, seja pela deslocação de paroquianos e fregueses à Ilha de Cuba para operações às cataratas, seja através da reportagem televisiva que denunciou o comportamento criminoso de uma parte dos cirurgiões oftalmologistas portugueses.

À macro-corrupção da política contemporânea, devemos opor uma espécie de acupunctura política, baseada no exercício local e micrológico da cidadania.

Desde logo, a blogosfera tem a obrigação de se propor derrotar todos os grande investimentos públicos insustentáveis (Novo Aeroporto de Lisboa) e/ou inúteis (barragem do Sabor e destruição da linha férrea do Tua.)

O Verão quente vai começar, verdadeiramente, a partir de Setembro!

Jose Silva disse...

Este post vai interessante...

1. A comparação TGV/Avião não pode ficar pelo custo energético por passageiro transportado. Tem que ser custo total por passageiro, incluindo infra-estruturas. O avaião gasta mais, mas o comboio precisa de carris.

2. Cavaco acha que está tudo bem, disse no outro dia Medina Carreira. Nunca será ele a golpear o Regime. Acontecendo, isso virá de um Portoas ou de um PSLopes ou de um Rio. POrtas está quimado. Eu votarei PP se ele sair de lá. Caso contrário votarei PCP ou pequeno partido. Cavaco e MFL são avós, já com problemas de memória. Esperar dai grandes novidades é insensato...

3. «recorrendo a uma diferenciação efectiva dos juros inter-bancários e à imposição de filtros à concessão dos créditos. Os bancos portugueses verão o seu acesso ao crédito bancário cada vez mais dificultado.» Muito bem visto.

4. Efectivamente com o incremento dos custos de longa distancia o near-shore será mais competitivo do que o off-shore. Imagine quem vai ganhar ? Os industrializados e exportadores concorrentes da China (Norte de Portugal) irão ganhar. Liboa, onde se situam os importadores, com economia de mercado interno, com especialização em telemarketings e delegações de multinacionais em deslocalização para Madrid irão perder...

5. Emigração, venda de aneis e lavagem de dinheiro em larga escala. Pois já li, que esta última medida poderia ser a forma de recapitalizar a nossa falida banca... Não se esqueça de acrescentar às consequencias a multiplicação dos acontecimentos de ontem em Loures. Casa onde não há pão...

6. Pois António, em Portugal há muitos bananas, bastantes sacanas e poucos Quixotes... Podemos tentar mas não sei se resulta.

Anónimo disse...

E eu que pensava que que este blog era dominado pelos esquerdoides!Afinal faz-se a adoraçao a Tia Manuela....
R.F

António Maria disse...

Caro R.F.,

Este blogue não é dominado se não por mim, um ex-Trotsquista (1972-1976), que há mais de duas décadas acredita que o diferendo Esquerda-Direita nas democracias ocidentais não passa dum equívoco destinado a alimentar simultaneamente a ilusão dos eleitores e a barriga dos eleitos.

Daí que seja completamente livre para observar a política como quem observa o comportamento de uma colónia de formigas perturbadas.

Hoje posso elogiar Sócrates e amanhã dizer a todos que me saíu um "socratintas"! Assim como posso apostar no efeito MFL, e se me enganar, denunciá-la pelos erros graves q venha a cometer. Etc.

Além do mais, neste blogue nunca lerá comentários de raça, género ou de geração. Para mim as pessoas valem pelo que fazem e dizem, não pela cor da pele, sexo ou idade.

Jose Silva disse...

António,

O regresso da industrialização:

http://dn.sapo.pt/2008/07/14/economia/ursinhos_estao_volta_apos_cinco_anos.html

Anónimo disse...

Caro Antonio , quem sou para o criticar pelas suas opçoes, sendo uma pessoa com mais experiençia da vida do que eu, agora nao posso e deixar de manifestar alguma indeferença a alguns dos textos aqui escritos.
Podemos e devemos exigir , o exigivel sempre , mas nao duvide que a maioria dos Portugueses, tal como voçe disse nao passam de uma colónia de formigas perturbadas.
Que muitas vezes nao teriam o direito ao exigivel.
Depois da Tormenta chegara a bonança.
R.F