Raios Te Partam! ou Rendas Novas?
Não há nenhuma televisão pública em Portugal, no sentido em que podemos falar da BBC como um serviço público de televisão. A RTP é uma televisão privada paga com dinheiro dos contribuintes ao serviço da partidocracia instalada, e é culturalmente nula.
Como se isto não fosse suficiente para proceder à sua alienação imediata, acresce que alguns dos seus distintos trabalhadores, não satisfeitos com a promiscuidade mal-disfarçada entre negócios públicos e privados de que beneficiam há décadas, chegam a promover alegremente os seus negócios pessoais e as suas criações literárias no prime time dos vários canais da televisão pública!
Tal como o Diário de Notícias foi alienado e bem, a RTP/RDP e as suas intermináveis sucursais, deve ser pura e simplesmente vendida a privados, com duas ressalvas: as marcas RTP e RDP não serão transmitidas na venda, nem os arquivos audio e audiovisuais, devendo as marcas e o património audiovisual permanecerem propriedade do Estado.
Nos tempos tecnológicos que correm, quer o governo, quer o parlamento, quer os governos regionais, quer as autarquias, quer as universidades, podem, a custos residuais, montar serviços próprios de comunicação audiovisual interactiva e realidade expandida online. E com a vantagem de promoverem muito mais emprego, diversidade de conteúdos, criatividade e competitividade.
Portanto, senhor Borges, deixe-se de meias tintas, ou pior ainda, de tentar criar mais uma PPP (neste caso, uma RTPPP!) para alimentar mais uma família esfomeada da tribo de cleptocratas que arruinou o país.
Acabe com a RTP/RDP e pronto. Já basta de economia extractiva e de rendas.
O Estado tem que encolher onde está a mais, e não onde está a menos!
RTP, Centro de Produção, Chelas, 2007 (antevisão) |
A RTPPP do Borges
A notícia do Sol reproduzida pelo Jornal de Negócios não passa de mais um balão a ver se sobe!
O essencial do recado é tenebroso: o senhor Borges que foi (é?) da Goldman Sachs parecia bem encaminhado na entrevista: é preciso acabar com a RTP e pronto, mas depois borrou a pintura.
Privatizar, não... concessionar a privados, sim!
Ou seja, eles tomam conta da coisa e emagrecem a casa (suponho), mas ficarão obrigados a prestar serviço público. Pergunta: que entende o senhor Borges por serviço público?
O preço da iguaria chamada "serviço público" será o Zé Povinho que continuará a pagar, pagando a taxa, a qual continuará a ser extraída ilegitimamente do seu bolso através da fatura de eletricidade que lhe é enviada mensalmente pela empresa pública chinesa Três Gargantas. Isto se, temo bem, a Troika continuar a assobiar para o ar a propósito desta ninharia que consta dos objetivos do Memorando.
Como a maioria dos portugueses subscreve hoje serviços privados de televisão, telefone e dados, o senhor Borges pretende que o lorpa português continue a pagar duas vezes pelo lindo serviço público da RTP (a propósito, qual é?)
Outra pergunta: mas concessionar não significa que os concessionários terão que pagar algo ao concedente, isto é ao Estado, isto é, a nós, contribuintes? Em que ficamos: pagam eles, ou pagamos nós?
Até onde este governo pensa que vai continuar a enganar os contribuintes que anda a roubar diariamente para manter banqueiros criminosos, governantes irresponsáveis e burocratas inúteis?
Governo admite concessionar a RTP e fechar a RTP2 (act)
O conselheiro especial do Governo para as privatizações, afirmou que a RTP pode ser "concessionada" a operadores privados e não vendida, como previsto anteriormente. [...]
António Borges admitiu, porém, que o destino da RTP 2 deverá ser o encerramento. "Muito provavelmente. É quase inevitável. É um serviço que custa extraordinariamente caro para uma audiência muitíssimo limitada."
No caso da RTP 1, Borges admitiu que a possibilidade de uma concessão a privados "é uma hipótese muito atraente sob vários pontos de vista". "Por um lado não se vendia a RTP, mantém-se propriedade do Estado, mas entrega-se a um operador privado que tem provavelmente melhores condições para gerir a empresa", disse nesta entrevista à TVI.
"O operador vai ficar, evidentemente, com as obrigações de cumprir o serviço público e continuar a receber pelo serviço público um apoio do Estado com a diferença que esse apoio será bastante, seguramente, inferior aquele que a RTP recebe hoje".
Borges avançou ainda que esse valor poderá ser equivalente à taxa do audiovisual, 140 milhões de euros anuais." A RTP tem custado ao Estado 200 a 300 milhões de euros por ano", disse.
Antes da entrevista de António Borges, o jornal “Sol” avançava na sua edição online que o Estado fará a concessão total do serviço público de televisão e rádio (RTP e RDP) a um operador privado, por um período de 15 a 25 anos, mantendo a propriedade pública da empresa.
Segundo a mesma fonte, esta solução de privatização cumpre três objectivos do Governo: libertar o Orçamento do Estado dos elevados custos que o grupo RTP/RDP tem representado (em média dos últimos cinco anos, cerca de 240 milhões de euros anuais); garantir o cumprimento do serviço público de conteúdos, através de um contrato a assumir pelo concessionário privado que ganhar o concurso; e manter a propriedade pública da empresa.
in Jornal de Negócios, 24 agosto 2012
1 comentário:
Este (des)governo está a ser uma nódoa ainda maior do que o governo que o precedeu.
Como poderemos ver-nos livres destes políticos?!
Como poderemos pôr a justiça a funcionar?!
Como poderemos ser um país decente, com gente decente?!
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