Me — Mr. Bannon, if you’re serious about reviving Mahan’s (1) strategic theory about sea dominance, you should consider closing Russia’s access to the open sea through Turkey, the Baltic Sea, and the Arctic. This would make defeating Putin’s invasion of Ukraine (which would cause Russia long-term pain) essential to America’s new world nationalist strategy. I hope you’ll be able to tell us more about this soon.
Desde que Donald Trump se tornou, pela segunda vez, presidente dos Estados Unidos, que a avalanche de informação e contra-informação desassossegou o mundo inteiro. E a razão é simples de entender: boa parte das mensagens e do ruído tem origem no próprio presidente da mais rica e poderosa potência do planeta! Acontece que num ambiente destes a entropia toma rapidamente conta das mensagens, desvalorizando-as paulatinamente. E no entanto, a aparente senilidade de Trump esconde objetivos estratégicos que ele e o movimento MAGA perseguem e estão, em princípio, em condições de atingir.
Ninguém melhor do que Steve Bannon explica o que está a acontecer nos Estados Unidos neste momento. Trata-se de uma revolução, e não de um golpe de estado constitucional. A constituição americana nem sequer está em causa nas exigências do movimento MAGA.
O que está em curso é uma revolução nacionalista e populista, anti-globalista, visando, na minha terminologia, o estabelecimento dum Tratado de Tordesilhas 2.0, onde já não há geografia para descobrir e conquistar, mas tão só a urgência da dividir pacificamente os recursos que ainda restam e são vitais ao estado atual da civilização, antes de uma possível transição para outro paradigma energético, demográfico, antropológico (na realidade, pós-humano, ou trans-humano), assegurando ao mesmo tempo uma paz perpétua, necessária pela simples razão de já não existirem recursos suficientemente abundantes para criar um novo ciclo de guerras mundiais num planeta habitado por oito mil milhões de seres humanos e antes de se precipitarem pelas arribas abaixo de um inevitável colapso demográfico, provavelmente antes de 2100, cujos contornos se podem já adivinhar, mas não conhecer em detalhe.
A América de Bannon voltará a ser, no espírito geoestratégico de Alfred T. Mahan, mas também da Doutrina Monroe, uma potência marítima hegemónica no seu hemisfério, formado por dois grandes oceanos e o continente americano ligado nas suas pontas, norte e sul, ao Ártico e à Antártida. Sobre esta base irá disputar, ou no mínimo partilhar, o mundo com a China. Não sem o apoio ou, pelos menos, a neutralidade da Europa, da Índia, das Filipinas, da Coreia do Sul e do Japão.
Não vejo melhor metáfora para descrever este desenrolar dos acontecimentos do que o Tratado de Tordesilhas assinado entre Reino de Portugal e a Coroa de Castela em 7 de junho de 1494.
Por fim, para evitar que o ruído mediático nos force, pequenos leitores que somos, a tomar partido em algo que de momento nos ultrapassa, recomendo vivamente ir ouvindo a iminência parda de Trump e do movimento MAGA: Steve Bannon.
PS — Uma derrota pesada da Rússia poderia enfraquecer de tal modo aquele país continental que a sua fragmentação seria praticamente inevitável. Uma tal fragmentação, por sua vez, abriria as portas a uma rápida penetração da China em vastas regiões da Federação Russa, reclamando território seu na Manchúria, ocupado abusivamente pela Rússia, mas avançando também até à Sibéria, para se fazer ressarcir de prejuízos e dívidas de Moscovo ao ex-Império do Meio. Este cenário, por fim, num tempo pós-Putin, poderia aproximar Moscovo a Berlim, Paris, Atenas, Roma, Madrid e Lisboa! Parece evidente que Biden e os seus conselheiros estudaram aturadamente este cenário. E que Trump estará também a dar-se conta do mesmo problema. Uma Sibéria independente, rica em gás natural, faria da Rússia um país irrelevante no tabuleiro mundial, ajudando, por outro lado, a Índia a demover Pequim dos seus devaneios no Índico.
Steve Bannon, nesta entrevista:
— “Arctic’s the new great game”.
— “...you’re seeing Monroe Doctrine to look at our hemispheric defence”
— “...the years of us spending hundreds of billions of dollars around the rim of the Eurasian landmass may be over...”
— “[Trump]’s telling NATO, the countries of the continent and the United Kingdom: the Russian army is your problem. We’re a naval power, and the Russian Navy is our problem (...) Russian army in that part of the Eurasian landmass, in, you know, near Kursk and Stalingrad, it’s not an English problem (...), it’s not an American problem, it’s not in the vital National Security interest of the United States (...) We can’t afford it anymore...”
NOTA (1) — Mahan (who famously said: “Whoever rules the waves rules the world”) argued for a universal principle of concentrating powerful ships in home waters and minimising their strength in distant seas. At the same time, Fisher reversed Mahan’s position by utilising technological change to propose submarines for defending home waters and mobile battle cruisers for protecting distant imperial interests.
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