Sobre a visão errada que temos da imigração... e os exemplos de Trump e do Chega
I — Repatriar imigrantes americanos não é uma novidade do Trump. O democrata Barack Obama fartou-se de repatriar luso-americanos dos Açores para o arquipélago (Público). Desde então a criminalidade voltou aos Açores e as prisões do arquipélago estão a abarrotar!
A posição da atual Administração americana, com a qual essencialmente concordo (rejeitando embora a retórica e as decisões intempestivas de Trump), assenta em três pilares:
1) repatriar os imigrantes com cadastro criminal (como vimos, a medida começou com Obama, se não antes);
2) repatriar imigrantes ilegais (indocumentados);
3) travar drasticamente novas entradas de imigrantes ilegais no país, nomeadamente através do México.
II — Não há razão para políticas histéricas anti-imigração em Portugal
Segundo a PORDATA (2023), em cada 10 estrangeiros residentes em Portugal, 2 são provenientes de um estado-membro da UE e 8 são provenientes de países fora da UE [na sua maioria, acrescento eu, das ex-colónias portuguesas: 42,4%).
As nacionalidades estrangeiras mais representativas em Portugal são a brasileira (29,3%), britânica (6%), cabo-verdiana (4,9%), italiana (4,4%), indiana (4,3%) e romena (4,1%). Os imigrantes com religiões não cristãs (hinduísmo, budismo, taoísmo, islamismo, etc.) representam 12% da totalidade dos imigrantes, ou seja, menos de 100 mil pessoas em pouco mais de 800 mil imigrantes.
Ou seja, os imigrantes em Portugal representam 7,6% da população residente.
Nós temos 800 mil imigrantes, a Espanha tem quase sete milhões!
Ainda segundo a PORDATA...
Renovação demográfica
O aumento da população estrangeira a residir em Portugal reflete-se também nos diversos níveis de ensino. No ensino básico e secundário, o número de alunos inscritos nas escolas do Continente duplicou nos últimos 5 anos, tendo passado de 49.669 alunos de nacionalidade estrangeira no ano letivo de 2016/17 para 105.855 no ano letivo de 2021/22. No 1.º ciclo, uma em cada dez crianças é estrangeira.
Conclusão, que reitero:
— a imigração e a emigração são dois dos principais fatores que têm contribuído para o chamado "milagre económico português" (Paul Krugman). O que faltou foi capacidade de gerir com melhores critérios e ferramentas a avalanche de imigrantes que vieram para o nosso país. Por fim, habituarmo-nos, como no passado em que fomos império, a conviver com outras raças, cores, linguagens, hábitos culturais e religiões só nos faz bem!
A histeria xenófoba do Chega não deve ter lugar no nosso país, e deve ser rejeitada liminarmente, nomeadamente com campanhas de informação claras e bem dirigidas. Não se trata de uma questão esquerda-direita. E é bom que a direita não extremista o vá percebendo rapidamente.
É importante que discutamos com mais dados e menos impressões na mão.
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