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domingo, novembro 02, 2014

Corrupção e economia

Em Portugal a corrupção não é menor, mas continua protegida pela partidocracia

Chegámos aos picos da corrupção e do desemprego


A corrupção em Espanha está onde estão os bancos, a especulação imobiliária e o poder. Em Portugal é a mesma coisa e a pandemia tem proporcionalmente a mesma dimensão, mas continua muito protegida pela partidocracia populista e pelo neo-corporativismo empresarial e sindical que temos.  Já alguém investigou o comportamento do líder da UGT depois dos acordos secretos que terão sido negociados em volta do colapso do BES e do fundo de pensões dos seus trabalhadores? É uma suposição, claro, mas ainda não ví nenhum opinocrata perguntar-se sobre este estranho caso.

Só empurrada pelos credores externos e pelos que foram vigarizados no estrangeiro é que a pachorrenta Justiça que temos lá vai fazendo o seu trabalho. Quando lhe mexem na travessa dos privilégios exalta-se e faz umas horas extraordinárias, vai ao baú dos casos que está farta de conhecer e puxa um fio para assustar a malta. De resto, o que vemos é uma conspiração permanente para proteger os cleptocratas e vigaristas lusitanos, por mais dor que semelhante crime, cometido descaradamente pelos bonzos deste regime falido e em fim de vida (na realidade é uma plutocracia parlamentar), cause aos portugueses que empobrecem e se veem despedidos e sem emprego.

A corrupção é um mal antigo, todos o sabemos. Mas o problema recente é que se transformou numa pandemia mundial, muito pior que o Ébola! 

Numa economia global assimétrica onde as grandes regiões demográficas (China, Índia, Indonésia, Brasil, Paquistão, Nigéria, Bangladesh, Rússia, México, Filipinas, Vietname, etc.) ganham finalmente acesso a uma parte crescente do riqueza mundial, mas na qual ao mesmo tempo declina a era da energia barata oriunda do carvão, do petróleo e do gás natural (1), e se inicia a transição para um mundo baseado em energias renováveis não poluentes, necessariamente mas caras (pelo menos na sua fase inicial), e por causa deste declínio declinam as sociedades perdulárias do consumo conspícuo, do emprego burocrático não produtivo e da ineficiência energética, numa economia global que caminha nesta direção, em suma, a mudança de paradigma conduziu a uma exacerbação dos fenómenos de corrupção por efeito de um fenómeno a que poderíamos chamar encher a despensa. A maioria das pessoas começou a gastar menos e melhor, a poupar mais, ao mesmo tempo que uma certa minoria desatou a roubar o que pode, sem medo das consequêcias. Banqueiros, rendeiros, devoristas e os partidocratas estão obviamente na linha da frente desta deriva exacerbada da corrupção. Nem todos são corruptos, mas os que são lançam a vergonha sobre os demais.

Para que a tempestade fosse perfeita, e foi, só faltaria mesmo que os países começassem a quebrar por causa de uma, duas ou três décadas de sobreendividamento sucessivo, público e privado, com o qual se foi disfarçando e adiando as decisões de transição necessárias à evolução estrutural dos paradigmas energético e económico mundiais. Foi o que aconteceu. A tempestade começou nos Estados Unidos, em meados de 2006, com a crise hipotecártia conhecida por subprime, e em setembro de 2008 com o colapso do Lehman Brothers, passou depois, em outubro de 2007, à Islândia, em 2008, à Irlanda, em 2010 à Grécia, em 2011, a Portugal, em 2012, a Espanha, em 2013, a Chipre, e no mesmo ano colapsa o mais antigo banco do mundo, Monte dei Paschi, em Itália. Em 2014 a crise financeira continua a avançar com toda a sua força destruidora sobre a França e o Reino Unido. As consequências são sempre as mesmas: crise aguda do sistema financeiro, colapso orçamental dos governos, falências de milhares de empresas, milhões de desempregados, assalto fiscal seletivo aos rendimentos do capital e do trabalho, ao estado social, e às poupanças supostamente seguras: depósitos (cujas condições de resgate e taxas de rentabilidade são alteradas), fundos públicos de pensões, alguns dos quais foram obrigados a 'investir' em dívida soberana de países na pré-bancarrota, como foi o caso em Portugal, e até os fundos privados de pensões, parte dos quais foram literalmente sugados pelos buracos negros dos derivados financeiros OTC (especulativos). 

A situação começou a inverter-se lentamente entre 2009 e 2010, mas só no biénio de 2013-2014 os sinais começaram francamente a animar na direção certa. Mas a que preço? E por quanto tempo? Haverá transição, ou uma crise financeira incontrolável em França, ou na Itália, poderá ainda fazer descarrilar de novo a União Europeia?



O desemprego começou a recuar em 2013, ao contrário do que a nossa esquerda oportunista mente em uníssono, sem qualquer preocupação de cair no ridículo. Sabe-se agora que esta esquerda oportunista e populista tudo fez para derrubar na rua, recorrendo a manobras golpistas descaradas, o governo de maioria em funções. Mário Soares até falou num dead line: setembro de 2014!

Percebe-se, depois do que aconteceu ao BES, porquê

Era preciso defender o guarda-livros Ricardo e era fundamental impedir que Passos Coelho e Paulo Portas colhessem os frutos da viragem, por mais ténue que fosse. Paulo Portas, numa intervenção acutilante sobre o Orçamento de 2015, serviu a réplica ao golspismo da esquerda mostrando até que ponto esta pseudo esquerda, além de oportunista e oca de ideias, se presta a exercícios de pendor claramente anti-democrático e populista.

Basta olhar para os gráficos oficiais da evolução do emprego e do desemprego, em Portugal, Espanha e União Europeia, para se perceber que a falsa esquerda mente sem rebuço, mas também que o mérito da inversão de tendência é algo que extravasa a mera competência dos governos em funções, seja onde for. O desemprego deixou de cair, e a criação de novos empregos começa a aparecer nas estatísticas, por causas objetivas e estruturais, mas também porque a crise financeira abriu caminho ao fortalecimento da governação política, orçamental e financeira da União, com reforço de Bruxelas (Conselho Europeu e Comissão Europeia), Frankfurt (BCE) e Estrasburgo (Parlamento Europeu).

Os de cá, ou pelo menos uma parte deles, de que a desintegração do BES é o principal paradigma, já não mandam nada. Ou, pelo menos, já não podem fazer as patifarias que fizeram até atirarem o país para o lixo. Ainda bem!

Os gráficos desmentem a esquerda populista que temos


Também em Espanha o desemprego parou de aumentar
 
 
A União Europeia é mais sustentável do que dizem os eurocéticos

A taxa de desemprego tem vindo a cair desde finais de 2013
 
A criação de novos empregos é visível desde 2012


Notas
  1. O mito do fracking não passa disto mesmo, de um mito e de um embuste deletério, apesar do que irresponsavelmente diz, sem provar o que diz, o Prof. António Costa e Silva, da Partex. Consultar a este propósito vários artigos publicados em Collapse Link, também sobre o problema mais geral do Pico do Petróleo.

domingo, outubro 19, 2014

Orçamento Cidadão

O principal aborto do populismo 'socialista' chama-se Dìvida Pública

2015 —se a Grécia não cair em novo resgate— será parecido com 2014, mas menos agressivo


O Governo publicou um pequeno manual destinado aos cidadãos cujo objetivo é ajudar-nos a perceber num ápice o que está em causa num Orçamento de Estado, nomeadamente no proposto para 2015. Chama-se Orçamento Cidadão e poupa-nos seguramente horas de ruído e tédio a ouvir as cagarras do parlamento e a turma de economistas que desfilam sem dizer nada de relevante nas passerelles televisivas. Os gráficos e quadros aqui publicados, e comentados in situ, resumem sem retórica a situação em que nos encontramos, e revelam claramente quem nos trouxe até à fossa da pré-bancarrota, da estagnação, do empobrecimento e do descaramento inimputável da partidocracia que deixámos proliferar como uma praga insaciável.

Os 'socialistas' não sabem sequer gastar, mas gastam (e alguns roubam) que se fartam!

Enquanto o investimento caía desde 2001, o consumo cresceu alegremente entre 2005 e 2010

A elasticidade fiscal morreu e a classe média está a ser sacrificada pela irresponsabilidade criminosa da partidocracia instalada

Não há nenhum motivo válido para adiantar a data das próximas eleições legislativas.

A corja rendeira e devorista que aruinou o país, representada pelos senhores Costa, Sócrates, Soares e Companhia, e pelos senhores Marcelo, Rio, Mendes e Companhia, quer desesperadamente regressar ao poder. E quer tal regresso por duas razões vitais: controlar os estragos e evitar a defenestração do seus principais protagonistas (Ricardo Salgado não os deixa dormir em paz) e, se possível, regressar à faina da delapidação fiscal do país e à engorda da nomenclatura incompetente e corrupta que continua protegida pelos indigentes da nossa imprensa e da nossa Justiça.

Esperemos, em nome do que resta da inteligência coletiva indígena, que os eleitores que ainda votam pensem um pouco melhor no amor súbito pela criatura que nada fez para evitar as cheias em Lisboa, que reitera que é mesmo assim e que os lisboetas devem tropeçar nos buracos e afogar-se nas avenidas votando alegremente no seu anunciado coveiro.

O caminho, com ou sem Costa, é outro, e esperemos que não seja liderado pela Brigada do Reumático arrogane e cega que nos insulta diariamente nas págnas dos pasquins impressos e audiovisuais.

O serviço da nossa dívida pública equivale já a um ministério da grandeza do da educação: 10%!

Não é preciso dizer mais nada para percebermos que continua a ser urgente e inevitável trilhar o caminho da extinção progressiva e consistente da nossa dívida. E porque o pagamento da mesma não é possível se não atacarmos as causas do excesso de despesa pública, aqui vão algumas ideias estratégicas para resolvermos os nossos gravíssimos problemas antes de 2020:
  1. racionalizar o Estado central e acabar com as burocracias inúteis;
  2. reduzir para metade o número de municípios, sem extinguir um só concelho que seja!
  3. diminuir o número de deputados da AR para o limite inferior previsto na lei, ou seja, dos atuais 230, para 180;
  4. impor a redução de mandatos (1, 2 ou 3) em todos os cargos eletivos de instituições e órgãos de administração que dependam do orçamento de estado;
  5. atrair investimentos e residentes estrangeiros;
  6. aumentar as exportações;
  7. avançar criteriosamente no investimento público estratégico: portos de águas profundas para transhipment (Sines e Trafaria), ferrovia de bitola europeia (eixos prioritários já definidos pela UE), plataforma continental e novas atividades industriais, científicas e tecnológicas associadas ao mar, aproveitamento inteligente da floresta nacional, desenvolvimento de um setor de agricultura biológica e dinâmica de ponta, expansão da produção autónoma de energia (off-grid), aposta no turismo associado à saúde, ao desporto e à cultura, aposta no enriquecimento científico e tecnológico das indústrias tradicionais: calçado e vestuário, máquinas, turismo, pesca e aquicultura, azeite, vinho, cortiça, frutas, etc.;
  8. privatizar o que não tem que ser público e, ao mesmo tempo, assegurar o completo controlo dos bens estratégicos do país —ar, espectro radiolétrico, água, mar, rios, florestas e vias de comunicação—, subordinando a sua exploração privada a critérios inalienáveis de defesa do interesse público, imediato e futuro.
  9. alargar a governança democrática do país à sociedade civil, através da criação e expansão de modelos inovadores de formação democrática das decisões, a nível local, regional e nacional.
  10. aumentar os níveis de transparência, liberdade e igualdade democráticas.

PS — Em vez de de nos perdermos na litania noticiosa sobre o OE2015 é preferível ler este curto mas esclarecedor texto sobre a miséria patente e crescente do Keynesianismo sem Keynes, sem energia barata, com excesso de ‘socialismo’ social-democrata ou neo-liberal e uma descarada e cada vez mais perigosa hipertrofia burocrática das sociedades capitalistas, com ou sem democracia. Aliás, liberdade e democracia são bens cada vez mais escassos. O clima de implosão autoritária e belicista do capitalismo está à vista de todos. Só quem for muito cego é que não vê.
The IMF and Austrian Theory
Friday, October 17th, 2014 by James E. Miller
Mises Canada

Half a century later, the IMF has overseen a tumultuous business cycle that came to a screeching halt in 2008. Big, overleveraged banks were on the verge of collapsing; millions of people lost their jobs and their homes; governments spent billions of dollars to maintain their welfare safety nets. The end result, which is still ongoing, is stagnant economic growth with dim prospects for recovery.

The IMF not only failed to stop the financial crisis from occurring, it encouraged the coordinated credit expansion that allowed housing bubbles in various industrialized countries. But now, the global financing giant appears to be having a “repent thy sinner” moment. In the Fund’s recent bi-annual report, the organization warns that the ultra-low interest policies of central banks is setting the stage for a new bust. According to the Guardian, the IMF says that “more than half a decade in which official borrowing costs have been close to zero had encouraged speculation rather than the hoped-for pick up in investment.”